A Outra Descoberta e o Resgate



Capítulo 8

A OUTRA DESCOBERTA E O RESGATE

- Qual o seu problema?! – gritou Gina, levantando da cama, querendo se afastar o mais rápido possível dele (ou então ficaria muito difícil resistir alguma coisa).


- Pergunto o mesmo! – respondeu Draco em um tom confuso, massageando a bochecha atingida pelo tapa.


Sem saber o que exatamente fazer, começou a andar de um lado para o outro, tentando não olhar para ele e organizar seus pensamentos. Draco não parecia afetado com nada do que acontecia, como se apenas esperasse que chegasse a conclusão óbvia: que era irresistível ou algo idiota assim.


- Quem você acha que eu sou? Pansy, que cai aos seus pés quando bem entende? Não importa quantas vezes é mal tratada e humilhada? Desde que entrei nessa casa você parece que tem algum tipo de distúrbio bipolar ou coisa parecida! E agora isso? O que você quer de mim? Já não basta o trabalho que foi tentarmos ser amigos?



- Verdade é, Weasley, que não podemos ser amigos. Não quero ser seu amigo. Nada de amizades da minha parte. O que eu quero de você é que... Largue Potter e fique comigo. Você é uma Weasley pobretona mas... Dane-se.


Gina soltou uma risada amarga, colocando uma das mãos na testa, ainda não acreditando no que estava acontecendo.


- Isso foi uma confissão? – riu. – Você é completamente insano!


- O que quer? Jantar à luz de velas? – retrucou, irritado.


- Para começar seria bom um pouco de confiança... Eu não sei o que passa na sua cabeça... Achei que sabia. Agora minha única certeza é que não confio em você. Como sei se está sendo sincero?


- Você quer provas? – foi a vez de ele rir.


- Não. Quero alguém em que possa confiar. E esse alguém é Harry. Não estou aqui para ser usada quando você bem entende. Um dia fala que está apaixonado por mim, no outro me trata como um lixo. Qual vai ser daqui uma hora? Ah, e vai, além disso, é claro... Tem o fato que não estou apaixonada por você e mesmo se estivesse me internaria pessoalmente em St. Mungos. A única coisa que é capaz de amar é você mesmo, Draco. Provavelmente acha que gosta de mim só porque sou a única coisa viva, além daquele elfo corcunda que te agüentou por mais de cinco minutos. Não existe sentimento altruísta vindo de você... E, sabe, amor requer não pensar em si mesmo. Por acaso pensou em mim no momento que decidiu que seria divertido me beijar quando estou com o Harry, estou preocupada, deprimida... Quando você me tratou a noite toda como um trasgo?



Parou para respirar, estava vermelha no rosto todo, cabelos desarrumados e se sentia tonta. Nada daquilo deveria estar acontecendo... Não daquela maneira.


Pelo menos Draco também não parecia contente com o rumo das coisas. A expressão de raiva dele ficava clara mesmo por trás da máscara. Para seu susto, levantou da cama rápido como um raio e a pegou pelos ombros.


- Será que pode parar de gritar com essa voz de gralha faminta?! – ele a encarou, furioso. – Minha vez de fazer um monólogo. Percebe o quanto é repulsivo estar apaixonado por você? Não acha mesmo que fiquei feliz quando descobri?


- Que romântico – interrompeu, tentando se soltar das mãos dele.


- Você conseguiu Weasley. É tudo sua culpa. Quem insistiu em falar comigo? Em me fazer “abrir”? Encheu meu saco em Azkaban? Não se esqueça de quem me colocou lá em primeiro lugar! Você. Invadiu minha vida... Destruiu meu orgulho... Interrompeu minha solidão... A culpada de tudo isso é você. Não sou Potter Herói da Nação nem quero ser, mas o mínimo que podia fazer para compensar o estrago que fez na minha vida é me dar uma chance.


Gina riu apesar das lágrimas que ameaçavam cair. Quem era aquela pessoa em sua frente?


- Estrago? Você é tão centrado! E pensar que estava chorando por sua causa há poucas horas! – ela o empurrou outra vez com força. – Saia do quarto.


- É meu quarto, minha casa.



- Que seja. Eu saio então.


Andou até a porta, não se importando em estar ainda com o vestido da festa, cansada e descabelada... Dali uma hora iria embora definitivamente daquela mansão para resgatar Harry e naquele momento só queria sair de perto de Draco.


Infelizmente ele era insistente e a segurou pelo braço.


- O que Potty tem que eu não tenho Weasley?


- Para começar ele gosta de mim de verdade. Você nem consegue me chamar pelo primeiro nome, Draco - e se soltou, fazendo movimento para fechar a porta.


- Não, eu saio – disse, tirando-a do caminho.


Para sua surpresa, finalmente a deixou sozinha, fechando a porta atrás de si. Gina se encostou nela e chorou de uma maneira que jamais tinha feito.


Colocou as mãos no rosto e sentiu seus olhos arderem com lágrimas. Não era justo, por que ele tinha que ser tão... Estúpido? Egoísta... Centrado... Rude...


Mas podia realmente culpá-lo? Draco tinha avisando dezenas de vezes quem era. Fora Gina que insistiu em ignorar todos os sinais... Quando se tratava dele estava cega. Por quê?



Todas as ofensas que escutou, as brigas que tiveram... Tantas vezes teve razões e oportunidades de virar as costas e ir embora... Mas continuou perto dele. Não era por que tinha que se esconder na mansão... Ou por que precisava de Draco para achar Bellatrix... A verdade era que... Talvez...


Será que... Estava apaixonada por ele?


Não. Não... Não! Simplesmente não era possível. Completamente fora de questão. E infelizmente, a única explicação para tudo aquilo. Ela não era do tipo que se magoava com algo que uma pessoa qualquer faz... Mas se era alguém com que se importava... Alguém que gostasse...


Mas não fazia diferença!


Mesmo que... Mesmo que estivesse... Depois do que fez, do modo egoísta que agiu... Não havia como Gina perdoá-lo. Não podia ficar com alguém que só pensava em si. Que tipo de relacionamento teriam? Acabariam se destruindo... E o coração partido seria o dela.


Enxugou o rosto, piscando algumas vezes para secar as últimas lágrimas. Respirando fundo, começou a se trocar e depois arrumaria suas malas para sair definitivamente daquela mansão.


Salvaria Harry, era só isso importava.



“Tudo vai voltar ao normal...” pensou, parte dela sabendo que era mentira.



Ficou parado perto da porta do quarto dela por muito tempo. Não sabia exatamente o que fazia lá mas era incapaz de ir embora. Ouviu seu choro do outro lado e fechou os punhos entre raiva e frustração.


Nada tinha acontecido do jeito que planejara. A situação ficou fora de seu controle. O beijo deveria ter sido só o começo... Parte dele realmente acreditou que assim que se confessasse ela cairia aos seus pés e seria sua. No máximo pensou que fosse dizer “Sinto muito, Draco, sou uma idiota e ainda gosto do Potty, mas quem sabe quando ele sumir?”. Ele aceitaria aquela resposta, principalmente porque planejava matar Potter logo após. Agora, não acreditar nele? Falar que era incapaz de amar alguém?


Aquilo não tinha sido rejeição, foi destruição. E teve seu efeito.


Olhando uma última vez a porta dela, admitiu derrota e se afastou, andando pelos corredores escuros da mansão com uma sensação de vazio o obrigando a se curvar um pouco, como se nas suas costas carregasse sua ruína. Os quadros aos seus lados o fitavam com curiosidade, reprovação e, raramente, tristeza, mas não estava prestando atenção, sua mente mais ocupada com pensamentos amargos.


Quando chegou a seu quarto só teve ânimo para cair na grande cama e olhar para o teto por um longo tempo, reparando nos primeiros raios de sol aparecendo devagar, passando pelas grossas cortinas e iluminando o cômodo.


De volta ao início e nada para mostrar. Suas tentativas de voltar a ter uma posição de prestigio entre as famílias puro-sangue falhara em todos os aspectos. Sua mãe não mostrava sinais de melhora e agora nem mais Weasley tinha para atormentar.


Estava congelado no tempo, incapaz de se mover nem para trás nem para frente.



A porta foi aberta devagar e Groger colocou seu enorme nariz para dentro do quarto.


- Mestre Malfoy? A senhorita está indo embora.


Ignorou o elfo-doméstico e esperou até que fechasse a porta para levantar. O que deveria fazer? Descer para tentar se despedir, ferindo seu orgulho mais ainda e agüentando Ginevra o olhando com raiva, ou permanecer enfiado em seu quarto e perder a última chance de vê-la?


No fim, não fez diferença, quando finalmente tomou uma decisão e desceu ela já tinha ido embora.



O dia não havia começado, a vila estava ainda estava dormindo quando Gina chegou até o local onde se encontrou com Harry antes de serem atacados. O que mais lhe afetou foi que pareciam meses desde que tinha estado lá... Era tudo muito estranho, não o fato que muita coisa havia acontecido, mas como ela tinha mudado.


Tentando se concentrar em qualquer movimento ao seu redor, manteve a mão direita perto do bolso do casaco onde sua varinha estava. Não estava nas melhores das condições, afinal estivera acordada a noite toda e a falta de descanso começava a se manifestar no peso crescente de suas pálpebras. Devia ter dormido ao invés de discutir com aquele tapado, agora era capaz de atrapalhar toda a missão.


Sentiu que estava sendo observada, olhou pelo canto dos olhos para os lados, procurando não chamar atenção. Não havia nada.



Já era seis horas, a qualquer momento algo aconteceria. Esperava que estivesse pronta. A certeza de que tudo seria fácil e simples começava a enfraquecer...


- Pegue sua varinha e jogue longe – uma voz atrás dela mandou.


Relutantemente obedeceu, interessava-lhe mais que a levassem até Harry do que lutar. Sua varinha caiu aos pés de um homem de máscara que acabara de sair das sombras à sua frente, sua própria varinha apontada contra ela... A máscara branca sem expressão parecia uma versão fraca das dos Comensais, feita para intimidar, além de esconder a identidade. Porém Gina não teve medo de sua aparência, apenas raiva.


- Onde está Harry? Quero vê-lo.


Outro homem surgiu, empurrando Harry uma venda nos olhos. Estava sujo, as mesmas roupas do dia em que foi capturado, e havia sangue seco em sua testa. Seu coração acelerou, preocupada com seu estado e com um pingo de culpa por ter pensando tanto em Draco ao invés do bem-estar de seu próprio namorado.


- Gina?! Não... – gritou mas foi interrompido brutalmente com soco no rosto pelo homem que o guardava.


- Pare! Não o machuque! O que você quer de mim?


Por mais que quisesse recuperar sua varinha e atacá-los, saindo de lá com Harry o mais rápido possível, tinha que continuar com o plano, a Ordem precisava saber quem eram aquelas pessoas e o que queriam. Se ao menos pudesse tirar uma das máscaras...


- Vingança! E vamos ter – o líder anunciou com alegria.



Só pôde esperar até que o feitiço a atingisse, fazendo com que caísse inconsciente enquanto torcia para que o plano de Hermione não os arruinassem.


Quando acordou, estava em uma sala escura, presa por cordas prateadas. Estava sozinha e não havia sinal de janelas, apenas uma porta de ferro enferrujada. Sentindo que aquele era o momento para entrar em contato com a Ordem, tentou alcançar o bolso esquerdo do casaco onde o velho galeão da Armada esperava para ser usado, Hermione havia modificado o encantamento para funcionar como um sinalizador algum tempo depois de Hogwarts, para missões como aquela.


Felizmente prenderam seus braços perto do corpo, deixaram as mãos próximas de seus bolsos... Com certa dificuldade esticou o bastante para pegar a moeda e apertar o centro para que fizesse seu trabalho. Sentiu o galeão esquentar, mostrando que havia funcionado.


Agora precisava esperar o momento certo para escapar e torcer para que o número de bandidos não fosse maior que os dos mocinhos.


Estranhamente, ninguém veio atormentá-la, física ou psicologicamente... Esperava que um deles viesse torturá-la para ter a tal “vingança” ou mesmo viesse contar vitória como sempre os vilões gostavam de fazer... Mas não. Apenas silêncio.


Havia uma pequena abertura na porta trancada por onde podia ver um corredor escuro, não havia movimento lá fora... Nem mesmo pela fenda debaixo havia pés de um guarda vigiando.


“Provavelmente fez uma pausa para ir ao banheiro”, pensou, procurando lógica naquilo. “Bem, melhor aproveitar a chance”.


Não planejava, afinal de contas, ficar lá esperando até que alguém a resgatasse... Pretendia se juntar aos companheiros e vencer aqueles homens. Pelo visto aquele era o melhor momento para se soltar.


Para completar sua sorte as cortas que a prendiam estavam um pouco frouxas graças aos seus movimentos para chegar até o bolso. Depois de mais alguns minutos se contorcendo, conseguiu soltar o braço direito e o usou para se libertar por completo.



Ainda não havia sinal de uma alma fora da sala. Aproximou-se da porta e olhou atrás vez da janela, apenas para fitar escuridão. Não era uma boa idéia sair e andar naquele corredor sinistro sem uma varinha.


Podia ouvir barulhos distantes e o que pareciam ser vozes gritando... Havia duas possibilidades para explicar os sons: a primeira era de que a Ordem já chegara e a segunda que qualquer que fosse o plano daqueles loucos estava prestes a ser completado.


Enquanto esperava por alguma mudança que ajudasse sua fuga, Gina tentou mais uma vez pensar na razão de tudo aquilo... Por que queriam justo ela? Não fazia sentido. Por mais que tivesse ajudado Harry, seu papel na destruição de Voldemort foi praticamente nulo. Como podia fazer parte da vingança daquelas pessoas? Se a intenção fosse usá-la para torturá-la na frente de Harry e lhe causar sofrimento, onde estavam? O que estavam esperando?


Uma explosão próxima a tirou de seus pensamentos, agora era certo que a Ordem estava lá!


Arriscando revelar que estava livre das cordas, Gina gritou por ajuda. Infelizmente, mesmo depois de várias tentativas, ninguém apareceu... Amigo ou inimigo. Decidiu sair dali de qualquer jeito.


Tirou o grampo de seus cabelos presos, deixando-os cair. Era o mesmo que há mais de um mês abrira as correntes que prendiam Draco e ela. Dessa vez usou para abrir a fechadura da porta, que pesadamente se abriu suas dobras enferrujadas, fazendo mais barulho que Gina gostaria.


Sem o bom e velho feitiço Lumos, teve que andar às cegas pelo corredor, torcendo para que não esbarrasse em nenhum problema que, ao contrário dela, tivesse uma varinha. Usando a parede mais próxima como guia, andou depressa, procurando alguma luz ou sinal de pessoas.


Até que sua mão raspou não mais nas pedras que formavam a parede e sim em uma maçaneta. Outra porta e, incrivelmente, destrancada.



Com cuidado para não fazer barulho, abriu e entrou. Qualquer coisa era melhor do que continuar sem enxergar nada andando naquele corredor. Por sorte, havia uma única lâmpada presa no teto que iluminava fracamente o pequeno cômodo. Havia uma mesa de madeira com um livro debaixo de um dos pés que mantinha o móvel firme e em cima dela, para o alívio de Gina, duas varinhas... A sua própria e a de Harry, facilmente reconhecível.


- Quem está aí?


Virou assustada na direção da voz e abriu a boca, surpresa. Sentado no chão e encostado no canto da parede estava Harry, ainda com a venda nos olhos e as mãos amarradas nas costas.


Feliz, Gina correu até ele, abaixando e tirando sua venda.


- Sou eu – sorriu.


Apesar da luz fraca, ele a reconheceu, mas não sorriu de volta.


- Gina! Você não chamou a Ordem, chamou?


- Claro que sim! Estão aqui já, pelos barulhos.


- Não! – gritou.



- Como: “não”? Não estou entendo! Seria impossível escaparmos sem eles.


- Gina... É uma armadilha!



O lugar estava em pedaços... Um esconderijo em um porto decadente de uma cidade velha. Observavam a movimentação do local, ao longe, em um barco perto da costa. Ao lado dele estava Hermione, murmurando aflita.


- Por que não colocaram algum tipo de feitiço? Qualquer um pode ver, não há nem encantamentos para impedir que trouxas entrem... Só dois guardas na porta e ainda por cima um deles está quase dormindo! É tão exposto... Tão...


- Hermione... Pára. Estamos com sorte. Ponto. Por que tudo tem que ser sempre complicado? Uma vez é bom que os caras maus sejam burros – argumentou Rony, determinado em salvar sua irmã e Harry o mais rápido o pudesse.


- Mas Ron...


- Agora não é hora de ficar com dúvidas. É seu plano, afinal de contas. Quem quis trazer Gina de volta nessa história? Quem entregou a carta?


- Vai ficar jogando isso na minha cara até o fim dos meus dias?



- Não. Só até estarem são e salvos.


- Será que os dois podem parar o argumento cheio de tensão sexual não-resolvida? – interrompeu Jorge.


- Qual a parte de “não chamar a atenção dos caras loucos com varinhas” vocês dois não captaram? – continuou Fred.


Ambos olharam emburrados para os gêmeos mas pararam. Continuaram a olhar o depósito velho, procurando uma maneira mais segura de invadir o local e ao mesmo tempo não chamar atenção, se possível.


O barco, alugado de um marinheiro velho e caduco, era pequeno o bastante para se aproximar até o porto sem ser notado e grande o bastante para que os gêmeos, Hermione, Rony, Neville e Luna coubessem. Depois de colocar um feitiço silenciador no motor escangalhado navegaram pela costa até achar o esconderijo. Como já passara algumas horas desde que Gina tinha saído da mansão o sol estava alto e não havia mais como usar a noite para se esconder; foram obrigados a usar feitiços de camuflagem.


Estavam demorando demais para agir, na opinião de Rony. Deveriam ter invadido aquela espelunca no momento que Gina avisou onde estava pelo galeão... Mas não! Hermione insistira em esperar e pensar em um plano. Infelizmente, o resto dos membros que estavam na missão, concordou.


- Olhem... No telhado – a voz serena de Luna chamou. – Uma entrada.


Todos dirigiram os olhos até um tubo grosso a ponto de um homem magro caber dentro dele. Era uma saída de ar.


- Dois problemas: como vamos subir até lá? E não há como descermos todos ao mesmo tempo. O primeiro que entrar está sozinho por tempo o suficiente para ser capturado antes mesmo que o segundo consiga descer – analisou Hermione.



- Eu voto em estuporarmos aqueles dois guardas e entrar pela porta da frente. Não devem ser tantos - sugeriu Rony cansado de toda a espera.


- Mas e se forem? – notou Neville.


- Não podemos arriscar. Se formos pegos também de nada adianta todo o risco – concordou Hermione, olhos fixados no telhado.


- Podíamos usar o tubo não para descer mas para ouvir. Foi assim que Doris Purkis descobriu a conspiração das abóboras assassinas cultivadas por anões carecas – ofereceu Luna seriamente mas sem perder o ar bizarro.


Como sempre o comentário foi recebido com olhares incomodados mas foi consenso geral não perguntar que conspiração seria aquela.


- Anões ou não... É uma boa idéia – disse relutantemente Hermione. – Um de nós pode subir lá e tentar descobrir quantos são ou o que pretendem fazer com Gina e Harry.


- E como vamos subir? Voando? – a sugestão era séria e não sarcástica, infelizmente Rony sabia que ninguém tinha trazido uma vassoura.


- Eles já estão tempo demais lá dentro – comentou Jorge, sério. – Precisamos agir logo. Por que não podemos fazer o que Roniquinho falou? Esses guardas estão ali dando sopa.


- Já enfrentamos pior – concordou Fred. – Não parece difícil.



Dessa vez todos olharam para Hermione, esperando que discordasse ou finalmente desistisse e concordasse com o plano nada sutil.


- Não acham que está tudo fácil demais? – tentou outra vez. – Quero dizer... Pelo menos um feitiço anti-trouxa devia ter. Não faz sentido. É uma armadilha... Tenho certeza.


- E se for... Qual o problema? Temos outra opção além de cair nela para salvar os dois? – disse Jorge. – Não vejo outra maneira de entrar lá.


- Mas...


- O pior que pode acontecer é tentarem nos matar... E, falando sério, quantas vezes já não passamos por isso? – falou Rony. – É tudo previsível. Eles tentam, não conseguem e a gente ganha.


- Eu não sei... Tenho um péssimo pressentimento sobre isso. Alguma coisa não se encaixa.



Apesar da relutância, Hermione desistiu.


Minutos depois os dois guardas estavam caídos inconscientes e os gêmeos explodiram as portas da frente do depósito.



- Como assim?


- Eles queriam que você chamasse a Ordem. Por isso deixaram você escapar...


- Mas por quê? Quem são eles?


- Não temos tempo, precisamos arranjar um jeito de avisar Rony e Hermione. Pode me soltar?


Rapidamente Gina pegou sua varinha e soltou Harry, que se levantou como um raio. Foi então que reparou que seu rosto estava limpo do sangue que viu anteriormente. Apressado, pegou sua varinha e saiu para o corredor, Gina em seus calcanhares.


Enquanto corriam com suas varinhas acesas, Harry lhe contou o que tinha feito enquanto ela se escondia na mansão de Draco. Tentou não pensar muito na última parte, culpa ainda forte.



- Me amarram e jogaram nesse quartinho... E só. Uma vez por dia alguém me trazia comida, mas fora isso nada. Absolutamente nada. Não queriam me bater, torturar, rir da minha cara ou matar. Não fazia sentido. Mas aí... O “líder”, pelo menos achei que era, apareceu e se gabou de ter finalmente pensando em um jeito de me prender. Prender. A palavra foi a primeira pista. Depois de me torturar, dizendo que ia achar você também... Ele deixou escapar outra pista: traria meus amiguinhos aqui. Não só você. Só podia significar a Ordem.


- Mas eles insistiram que eu não chamasse a Ordem. Se fizesse isso te matariam.


- Talvez para que justamente vocês se reunissem. Somos, nesse aspecto, muito previsíveis.


As coisas começavam a ficar claras agora...


- Sabiam que eu estava escondida e ao invés de continuar a me procurar deixaram a mensagem na Toca e na loja dos gêmeos... Onde as chances de alguém da Ordem, principalmente de Rony e Hermione, achar eram muitas.


- Assim você não faria alguma coisa sozinha, seriam definitivamente incluídos no plano – assentiu Harry.



Estavam agora subindo uma escada velha de madeira que parava em um alçapão, que provavelmente daria para o andar térreo do esconderijo.


- Mas por que a Ordem? Será que são seguidores de Voldemort querendo vingança?


- Que seguidores? O único que está vivo e fora de Azkaban é Draco.


Por um pequeno instante sentiu um frio no estômago com a possibilidade de que... Talvez ele estivesse envolvido. Mas não... Era impossível. Draco não era mais inimigo da Ordem, só queria ser deixado em paz com sua mansão e dinheiro. Os únicos que desejavam destruí-los no momento era...


- O Ministério! – gritou, parando imediatamente de subir.


Harry fez o mesmo mas por outra razão, acabara de abrir o alçapão, sua cabeça saindo pelo buraco e dando de cara com um bruxo que Gina reconheceu como sendo do Esquadrão das Leis Mágicas.


- Me dê sua varinha e suba devagar.


Sem opções os dois obedeceram, irritados. Quando estavam de pé e de mãos para cima foi que viram por volta de quinze bruxos uniformizados e sem máscaras. Todos do Ministério da Magia, alguns aurores, mas principalmente o Esquadrão, que possuía muito menos liberdade que o Departamento de Quim Shacklebolt.


Infelizmente lá estavam também Rony, Hermione, Neville, Luna e os gêmeos... Todos com algemas. Para completar a cena sem saída, Theodore Nott chegou perto de Harry, sorrindo de ponta a ponta.



- Quem diria, não? Quem imaginaria que esse momento finalmente chegaria! – virou-se para Gina. – Obrigado por trazer o resto da Ordem para nós, Weasley. Duvido que conseguiríamos descobrir a identidade deles de outra forma... Mesmo por tortura. Sei o quanto são leais a seus amiguinhos.


- É assim que o Ministério prende pessoas agora, Nott? – cuspiu Rony. – Seqüestrando? Tramando contra inocentes?


- Inocentes? Longe de ser o caso de vocês, Weasley. Digam, não é verdade que torturaram o pobre Draco Malfoy? Esteve em todos os jornais, sabe. Nós estamos só fazendo nosso trabalho, garantindo a segurança da população mágica de lunáticos que querem fazer “justiça” com as próprias mãos.


- Você sabe que ele mentiu aquele fuinha imbecil! – continuou Rony.


- Ron, não adianta – murmurou Hermione, preocupada.


Nott se voltou para Harry, olhos brilhando com a vitória.


- É com enorme prazer, Potter, que declaro que você está preso. Espero que gostem do clima chuvoso de Azkaban.


N/A: TAM TAM TAMMMM! Risos. Acho que não foi lá muito surpresa que era o Ministério (mais especificamente Higgs e Nott) arquitetando todo o seqüestro, porém, em minha defesa (risos) o objetivo da fic não é ter uma trama complicada de ação/suspense. Dois capítulos (e quem sabe um epílogo se for necessário) para acabar! Próximo capítulo acho que vai ser mais legal e prometo que tem pelo menos uma surpresa. Desculpem pela demora e obrigada pelas reviews! Infelizmente não posso respondê-las aqui... Quem é registrado vai receber as respostas por email, quem não for vai ter que lê-las no fórum que criei (end aqui). Porém, não deixem isso desanimar vocês para postar reviews, chega o final da fic e eu fico insegura para saber se valeu a pena ou não escrever, haha, então please ajudem-me haha. Eu leio todos os comentários e agradeço!

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