A Descoberta e o Achado



Capítulo 6

A DESCOBERTA E O ACHADO

Draco estava sonhando. Mas pela primeira vez não era um pesadelo, cheio de olhares frios ou risadas secas, feitiços dolorosos ou gritos distantes. Draco estava sonhando com um dia calmo, em uma sala ensolarada com janelas abertas por onde uma brisa suave de mar entrava e batia gentilmente contra seu rosto.


Talvez não fosse seu rosto. Não sabia de quem era, tinha jeito de ser dele mas, realmente, podia ser qualquer um. Em um sonho não há lugar para pensamentos lógicos ou racionais, você simplesmente vive o momento sem questionamentos. Coisa que devíamos fazer mais vezes.


Os sons de seus passos ecoavam e o lugar mais parecia um salão gigantesco do que uma agradável pequena e iluminada sala. Não havia móveis, apenas ele e as janelas gigantescas abertas.


Ouviu, de repente, um som doce de uma risada distante e seu olhar procurou a origem da melodia. Começou a andar em direção a uma das janelas... Até que passou por ela como se não estivesse lá, a imagem falsa de sua presença desaparecendo suavemente.


Sentia debaixo de seus pés o áspero da areia. Não estava mais em uma sala, agora via à sua frente uma longa praia, cheia de rochas e ondas batendo contra elas. Podia até sentir o gosto do sal do mar.



Havia algo de familiar ali. Algo que perdera a tempos atrás sem saber nem que possuía: paz.


Correndo em direção ao mar calmo havia uma silhueta longínqua de uma mulher. Ela o chamava, sua voz primeiro suave, depois insistente.


- Malfoy!


Conforme repetia seu nome o tom doce se tornou indiferente, prático e impessoal.



- Mestre Malfoy!


Os olhos de Draco se abriram subitamente e a primeira coisa que sentiu foi uma completa sensação de confusão. Onde estava? Tinha caído no sono no seu escritório?


Levantou o rosto e sentiu uma leve dor no pescoço, provavelmente fruto de ter dormido em uma posição estranha. Então pela primeira vez percebeu que não estava em um lugar em que costumeiramente se via perdendo a consciência por algumas horas (porque chamar de “dormir” era exagero).


Na sua frente estava uma cama... Onde tecnicamente devia ter acordado. Mais bizarramente foi o fato que a cama estava ocupada por alguém que não era ele.



Os eventos da noite anterior em um piscar de olhos chegaram ao seu cérebro e foram registrados com espanto. Era surreal, no mínimo.


Seria mesmo, por Merlin, que Draco havia caído no sono, dormido de verdade pela primeira vez em um bom tempo, do lado de Weasley para... Para... Consolá-la? Teria entrado em algum tipo de realidade alternativa onde tinha tomado uma poção polissuco e trocado de corpo com Potter? Fazendo assim como que... Aquilo tudo não fizesse absolutamente nenhum sentido?


Porque o pior de tudo não era o fato ter acontecido mas que não via nada de errado em ter feito aquilo. Fazia muito sentido ficar ao lado dela, esperando que dormisse...


Draco arregalou os olhos, engoliu seco e sentiu um frio na barriga que nenhum Malfoy admitiria sentir. O que estava acontecendo com ele? Estava doente? Passando mal? Mas não se sentia tão bem em anos! Que tipo de maldição era aquela que o deixava dormir em paz, relaxar e sentir bem?



Levantou da cadeira rapidamente, ignorando a dor no pescoço, e encarou Weasley dormindo tranqüilamente, como se a estivesse vendo pela primeira vez. Fez isso por um longo tempo, analisando cada pensamento que tinha, observando suas próprias reações pela primeira vez.


Nada mudara nela, se fosse pensar de um modo racional e lógico, continuava a mesma garota sem graça, de sardas e cabelos com cheiro de shampoo barato. Jogando fora a lógica e a razão, coisa que Draco havia jogado pela janela há muito tempo, havia algo irresistivelmente atraente em Ginevra.


O modo como a luz do sol batia em seu rosto, o meio-sorriso em seus lábios... Os cabelos ruivos espalhados pelos travesseiros... A preocupação que sentiu por ele. As provocações que trocaram... Sua proximidade quando tocaram o piano juntos...


Virou o rosto rapidamente, engolindo seco e colocando a mão na testa, para ter certeza que não estava febril. Era... Era absurdo! Estava ficando insano... Louco... Quase delirante... Estava ficando apaixonado.


Draco não era burro. Talvez lento, mas não burro. A conclusão só podia ser essa e estava caindo em cima dele como uma parede de tijolos desmoronando.


Sem perceber começou a andar para um lado para o outro, murmurando e passando a mão no cabelo. Sentia-se enojando, perturbado e irritado. Não era possível! Algo totalmente ridículo e sem noção! Repulsivo até!


Malfoys simplesmente não se apaixonavam.



Não logo a frase lhe veio à mente, sua consciência (insistente como sempre) lhe rebateu que seus pais eram apaixonados, que sua tia, insana e brutal como era, também mostrou ser capaz de amar seu marido verdadeiramente... Lembrou das histórias de crimes passionais e avós morrendo juntos (um deles querendo ou não).


Malfoys podiam se apaixonar, o que não queria dizer que o amor entre eles era... Normal. Muitos casos de pessoas perturbadas, ciúmes, obsessões, mortes não solucionadas por falta de provas... Não que isso viesse ao caso no momento...


Draco, no entanto, melhorou a frase rapidamente, fazendo com que se aplicasse a sua situação: Draco Malfoy simplesmente não se apaixonava. Muito menos por uma Weasley. Seria algo completamente inapropriado e perigoso.


“Você mesmo não dizia que nunca seria amigo de um Weasley? As coisas mudam”, comentou para si, não ajudando nem um pouco seu estado de nervosismo. Odiava quando estava errado, mesmo que fosse ele próprio que corrigisse.


Não, aquilo precisava ser cortado imediatamente. Teria que parar de... De estar apaixonado por ela. Ou o que quer que fosse que sentia por Ginevra.


- Mestre Malfoy?



A voz de Groger lhe deu um susto tão grande que quase tropeçou em uma mala caída no chão, foi obrigado a se segurar no armário próximo e o som fez com que Weasley se mexesse na cama, para sua apreensão.


- Sssh, Groger! – murmurou, nervoso. – O que você quer, criatura?


- Em algumas horas as visitas chegarão... Achei que seria melhor o acordar.


“Ah, maravilha... Só me faltava Pansy e seu marido pança para piorar ainda mais meu dia.”


- Certo, Groger. Agora... Vá arranjar alguma coisa para fazer, longe daqui.


O elfo fez uma reverência longa e finalmente desapareceu. Sem perceber, Draco soltou a respiração que segurava e se endireitou. Percebeu que se as visitas estavam para chegar então isso significava que havia dormido até, pelo menos, meio-dia. Havia dito uma boa noite, pela primeira vez em muito tempo.


“Que... Meloso e idiota. A cura da minha falta de sono é Weasley... Alguém jogue uma Maldição Imperdoável contra mim, por favor.”


Seu pedido não foi atendido, então apenas lhe restou encarar Ginevra dormindo suavemente sem absolutamente nenhuma preocupação. A maldita. Estava livre enquanto ele era atormentado por seu excesso de cabelos ruivos e sardas, sua personalidade teimosa e explosiva... Merlin, não conseguia parar de pensar nela!


E isso estava acontecendo desde que ela colocara seus pés na mansão! Como fora idiota em não perceber a besteira em que estava se metendo?



Não havia justiça no mundo. Se houvesse, a vida de Draco a partir do final de seu quinto ano nunca teria acontecido, Potter teria morrido há muito tempo e Ginevra seria quem estaria apaixonada por ele, sem esperanças de retribuição e desejando loucamente não estar pensando nele a cada segundo.


Draco merecia esse tormento? Depois de tudo que passara ainda seria obrigado a não conseguir controlar essa estúpida coisa? Seria sua sina cair aos pés de Weasley?


- Não. Isso já foi longe demais – murmurou, decidido.


Tomaria controle da situação e tudo voltaria ao normal. Normal como em Hogwarts, porque o velho e seguro ódio entre Malfoy e Weasley retornaria.


Ódio era um sentimento muito mais simples que amor. Mais fácil de lidar, de utilizar como arma, e muito mais fácil de fingir.


Amor criava ligações muito perigosas, ódio as destruiria.



Foi uma risada estridente e forçada que acordou Gina. Se não fosse por esse motivo teria aberto os olhos achando que estava tudo bem com sua vida e que a noite anterior nunca havia acontecido. Havia dormido tão bem e sem nenhum pesadelo que mesmo depois daquele som incomodativo demoraria um ou dois minutos até recordar do que estava passando antes de adormecer. Infelizmente o envelope responsável por sua angústia estava no criado-mudo ao lado da cama e a tirou da doce ignorância.



Sozinha no quarto, suspirou e trocou de roupa com nenhum ânimo. Entre pensamentos resignados e planos impossíveis para salvar Harry notou a cadeira vazia ao lado de onde dormiu. Sua memória ainda estava nebulosa e, portanto, foi difícil acreditar que realmente havia pedido para Draco ficar com ela e, principalmente, mais difícil se convencer de que tinha ficado. Porém sabia que fora o caso.


Durante a noite acordou de repente assustada e fora a mão dele segurando a sua que a acalmara o bastante para que voltasse a dormir. Precisava agradecer e pedir desculpas por tê-lo forçado em uma situação tão incomoda.


Sua idéia inicial era mandar uma mensagem urgente para Rony, exigindo que lhe explicasse uma série de coisas e a incluísse em qualquer plano que fosse mas ao sair do quarto e descer as escadas, se aproximando da sala de visitas, no entanto, começou a suspeitar que a risada desafinada que havia lhe acordado não era fruto de sua imaginação. Draco tinha visitas e Gina sabia muito bem que ser vista na mansão não seria boa coisa nem para ele e nem para ela então mudou seus planos.


Estava a alguns passos da porta da sala de visitas quando parou e escutou vozes conversando. Sua primeira reação foi andar para trás, o que a fez quase bater contra um vaso, depois se recuperou e fez o que fazia de melhor: ouviu a conversa alheia. E isso, odiando admitir ou não, por pura curiosidade.


Não arriscou nenhum tipo de feitiço, evitando chamar atenção de alguém lá dentro ou mesmo de Groger, e aproximou o rosto da brecha da porta entre aberta da sala. Não podia ver muita coisa a não ser o relógio na parede e Draco de costas sentado em um dos sofás.


- Eu fiquei tão feliz com essa festa, Draco, você nem imagina!


- Infelizmente imagino sim.


- O convite foi um pouco em cima da hora, é verdade, mas nada de grave. Muito esperto da sua parte sumir todo esse mês só para reaparecer triunfante! Como sempre um Malfoy.



Gina teve a infelicidade de reconhecer a voz de Pansy mas, pelo menos, o que ela falava atraiu sua atenção. Convite do quê?


- E ainda por cima um Baile de Máscaras! Não vejo algo tão chique assim desde que... Você-sabe-o-quê aconteceu – sussurrou como se fosse uma fofoca ao invés de um assunto delicado.


Baile de Máscaras?! Na mansão? Centenas de sonserinos esnobes alguns metros dela? Esperava que fosse depois do ano novo, quando Harry já estivesse salvo e ela livre de se esconder lá.


- Você veio aqui por algum motivo em particular, Pansy? Tenho muito que fazer hoje... Preparativos etc...


- Ah claro! Entendo completamente – riu a mulher. – Eu vim aqui para te ver, oras! Tenho saudades!


- Pensasse nisso antes de casar com Nott, e vejamos, ignorar minha presença desde aquela notícia n'O Profeta sobre o incêndio na mansão – respondeu Draco, sua voz indicando irritação plena.


- Eu? Ignorar? Draquinho, jamais! Você que sumiu!


- Poupe-me Pansy.


- Não fale assim! Você sabe que vai ser sempre o meu Draco!



Gina foi tomada por onda de náusea, Pansy não era só grudenta e burra, também dava em cima de Draco de uma forma tão descarada que chegava a lhe dar ânsias de vômito. Pelo jeito também não era a única a achar isso, percebeu isso graças a reação dele.


- Groger vai acompanhar você até a saída – rosnou, seco.


Para piorar mais ainda Pansy não respondeu e ao invés sentou-se do lado (ou melhor, praticamente em cima) de Draco. Irritado, ele se afastou e, conforme o fez, seu rosto virou para a direção da porta e Gina quase deu um salto para sair de vista. Não sabia exatamente o porquê mas não queria que ele descobrisse que ficava ouvindo suas conversas.


No entanto o movimento foi tão rápido que Draco não pareceu vê-la.


- Não posso ficar mais um pouquinho? Só mais uns minutinhos? – disse Pansy, tentando fazer uma voz “sedutora”.


- E o que você sugere que façamos nesses minutinhos?


Pansy inclinou-se perto dele outra vez, dessa vez não foi repelida, e murmurou algo no ouvido dele, rindo depois. Logo ela estava beijando seu pescoço, ou quase engolindo a pele dele como uma piranha faminta (descrição que combinava perfeitamente com ela).


Mas o que mais revoltou Gina foi a reação de Draco. Ele ficou simplesmente parado enquanto Pansy fazia aquilo! Deixou que continuasse e não bastasse isso o limite de paciência de Gina foi atingido quando ele retornou seus beijos.


Extremamente irritada e enjoada, se afastou da porta, incapaz de assistir aquela cena mais.



Sinceramente falando, estava decepcionada com Draco. Achava que era melhor do que aquilo. Irritava-o com invenções sobre Pansy e ele mas agora que vira com os próprios olhos o que realmente acontecia tinha vontade de gritar com Draco e dizer o quanto idiota era por dar atenção para a piranha chamada Pansy.


Assim que tivesse a chance era exatamente o que faria.



Há muito tempo havia aprendido um truque muito prático quando se tratava de Pansy: imagina outro rosto em cima de seu corpo. Facilitava sua vida imensamente e, naquele instante, salvava sua vida.


Por mais que odiasse admitir, Draco estava em uma seca interminável. Meses sem nenhuma mulher era muito, extremamente, difícil de agüentar. E quando a oportunidade se revelava, como no caso, ele não jogaria fora.


Verdade que Pansy não era o que procurava. Queria Weasley e odiava isso. Deveria ser ela sentada naquele sofá ao seu lado e por alguns momentos preciosos foi o que imaginou. Os cabelos curtos e pretos de Pansy se tornaram longos e ruivos, sua face de buldogue virou a de Ginevra. Eram seus lábios que se aproximavam bruscamente até os seus, suas mãos que se apoiavam no peito dele.


E foi então que Draco a beijou. Não foi suave, romântico, doce ou perfeito. Foi violento e egoísta... Do jeito que Pansy gostava.


A informação registrou como um raio e finalmente pode sentir as unhas grandes ficando em sua nuca e desarrumando seu cabelo preso, os gemidos estridentes e as risadinhas irritantes. Imediatamente todas as atividades cessaram e Draco empurrou para longe a mulher, com nojo.



- Volte para Nott – disse seco, para reforçar ainda mais se levantou do sofá e abriu a porta da sala.


Por alguma razão ridícula, secretamente esperava que Weasley estivesse lá, espiando a conversa e se mordendo de ciúme. O pensamento só o deixou mais irritado.


Não esperou Pansy ir embora, seguiu para seu escritório e bateu a porta atrás de si, se trancando pelo resto do dia.



O patrono de Hermione se esvaiu em sua frente rapidamente e ela só pôde deixar escapar um suspiro.


Pelo menos agora sabia o que deveria fazer. Os planos da amiga nunca falhavam e queria pensar que aquela vez não seria diferente.


“...Não temos idéia de quem são ou por que estão fazendo isso, procuramos em toda parte por pistas mas ninguém sabe de nenhum grupo de magia das trevas agindo ultimamente. Porém, com a notícia do desaparecimento da Ordem, pode ser que alguns tenham criado coragem para voltar à ativa.


Às seis da manhã vá para o local que mandaram. Não vamos entrar em contato antes para evitar que haja suspeitas mas estaremos por perto, caso alguma coisa não dê certo. Não sabemos o que querem com você, por isso nossa prioridade é descobrir o máximo que pudermos. Use o galeão da Armada assim que chegar onde estão prendendo Harry, iremos para lá o mais rápido o possível.


A única maneira de encontrar Harry é jogar o jogo deles por um tempo. Rony não concorda comigo, não queria que você soubesse mas infelizmente não houve outro jeito e sei também o quanto você quer ajudar.



Vamos salvar ele, Gin, não perca as esperanças. A Ordem da Fênix ressurgiu das cinzas.”


Não havia nada de muito sofisticado no que Hermione pediu a ela. Seu papel era ser capturada e se manter viva o bastante até que reforços chegassem... Mas era melhor que ficar presa naquela mansão convivendo com um beijoqueiro de piranhas.


Agora era esperar... E enquanto fazia nada melhor do que importunar Draco.


Desceu novamente e procurou por ele pela mansão, depois de algumas salas fazias concluiu o lógico: estava enfiado em seu escritório. Típico dele, na verdade. De onde teria aprendido esse costume?


Bateu devagar na porta mas não esperou resposta, sabia que não teria nenhuma. Ao invés disso apontou sua varinha e com um feitiço Alohomorra entrou discretamente. Era a primeira vez que entrava naquele cômodo e por um momento se decepcionou: não havia nada de especial ali. Apenas um tedioso escritório com tudo que um deveria ter.


Contra a janela, e na frente dela, estava uma escrivaninha e uma cadeira onde Draco sentava de olhos fechados e braços cruzados. Do lado direito estava uma estante de livros velhos e de aparência suspeita, do lado esquerdo havia um grande espaço vazio na parede que aparentava ter sido ocupado há algum tempo atrás, a tinta lá era mais clara.


Será que ele estava dormindo ou só fingindo?


Ainda mais devagar Gina se aproximou dele pelo lado e quando, mesmo assim, Draco não mostrou sinais de saber de sua presença, baixou sua cabeça e murmurou no ouvido:


- Buu!



- Isso deveria me assustar? – veio a resposta irritada.


- Não, deveria fazer você mostrar sinal de vida.


- E por que isso importa para você? – disse amargo, continuando na mesma posição e de olhos fechados.


- Se você estivesse morto eu podia roubar a casa – provocou com um riso, ignorando o tom dele.


- Uma vez pobre, sempre pobre... Me diga, seu pai roubava coisas do escritório dele para mobiliar a casa horrível de vocês? Ou sua mãe pedia esmola para os vizinhos? Não... Espere... Já sei: os dois tiveram tantos filhos para usar vocês na coleta de restos de comida?


O que mais a feriu além do insulto foi seu tom. Não era de provocação ou amigável... Era apenas cruel.


- Draco...


- Não é a toa que tenho percebido que algumas coisas estão sumindo... O costume deve vir de família... E no entanto ainda está vestindo trapos! Não tem nem capacidade para ser ladra.


Gina só pôde encará-lo, confusa. De repente Draco abriu seus olhos violentamente e se virou para ela. Na verdade não era mais ele quem estava lá, era a imagem viva de Lucius Malfoy.



- Você está sujando meu carpete, Weasel. Meu ar. Retire-se.


- Qual é o problema com você? – exclamou, ficando cada vez mais confusa e irritada.


- Você é o meu problema. Estava louco quando te deixei entrar aqui. É imundo, nojento.


- Nojento é você se agarrando com Pansy! – gritou, finalmente perdendo o controle e se afastando dele. – Eu não sei qual é o seu problema mas nada te dá o direito de falar assim comigo!


- Pansy? – levantou. – Você... Você ouviu...


- Não só ouvi como vi também! Nauseante... Está tão desesperado assim?


Para sua surpresa Draco não respondeu, parecia estar congelado, sem ação. Do rosto pálido e cruel de Lucius foi para um meio sorriso e expressão convencida de Draco.


- Ciúmes, Ginevra?


- Poupe-me. Não gosto de fuinhas – respondeu, séria.



- Foi o que pensei – respondeu simplesmente e depois indicou a porta atrás dela. – Então, o que está esperando para ir embora?


- Quê?


- É surda? Vá. Embora. Você está deixando o ar mal cheiroso. Além do mais, você disse que ouviu minha conversa com Pansy, então sabe que na noite do dia 31 vai ter um baile aqui. Só não a expulso da mansão porque sou caridoso mas a partir de agora não deve mais ficar andando pela casa. Só vai poder ficar no seu quarto.


Aquilo só podia ser brincadeira! Será que tinha ficado louco de vez? Por que estava sendo tão cruel e imbecil?


- Draco, você está parecendo uma criança de cinco anos. Pare com essa idiotice!


- Weasley, tenho uma festa para terminar de organizar... E você não pode ficar mais aqui. Não tem classe ou roupa para ir num Baile de Máscaras Malfoy. Vamos ser sinceros... Estou até lhe fazendo um favor, você seria a piada da festa. Iam te estraçalhar.


- Quem disse que quero ir à sua festa imbecil, de qualquer jeito?


- Nem poderia, mesmo que quisesse. É um desastre em todos os sentidos. Sem graça, sem inteligência, sem talento, sem dinheiro... Sem nada. Não consegue nem salvar seu Pottinho.


Foi a gota d’água para seu controle. Ele não tinha o direito!



Cheia de ódio e frustração Gina lhe deu um tapa forte no rosto. Assim que o movimento terminou, fechou os punhos e tentou não bater outra vez. Enquanto isso Draco devagar colocou uma das mãos no local atingido, olhou em seus olhos e abriu um sorriso que não parecia genuíno.


- Isso deveria fazer eu mostrar sinal de vida? – riu.


Não entendeu a graça, muito menos o significado daquela pergunta. Só sabia que alguma coisa muito estranha estava acontecendo e o jeito que estava agindo a estava magoando mais do que qualquer coisa.


- Vou embora daqui no dia primeiro. Você nunca mais vai precisar me ver. Foi para dizer isso que vim aqui.


- Até lá você fica no seu quarto. E não sai – informou casualmente, como se falasse do tempo.


Sentindo seus olhos arderem e seu ódio aumentar, Gina lhe deus as costas e bateu a porta do escritório atrás de si.


- Veremos – murmurou, decidida.



Ainda com a mão na área atingida pelo tapa de Weasley, Draco virou o olhar para a parede vazia onde antigamente estava pendurado o quadro do seu pai.



- Você deve estar orgulhoso de mim agora... Agora que isso não me importa mais.


Pelo menos aquela história toda estava chegando ao fim.


N/A: Primeiro capítulo que odeio plenamente! Mas enfim... O próximo vai ser melhor! Sim, o tão mencionado baile vai começar próximo capítulo! E a fic está chegando ao fim...


Desculpe a demora, mas a faculdade foi uma loucura além da minha viagem (que foi muito boa) e da falta de inspiração! Bem, espero que tenham gostado...


N/A2: Muuuitooo obrigada por todas as reviews do capítulo 5! Tantas mensagens animadoras e demais!! Mesmo, não sei como agradecer! Fiquei bem angustiada por não estar conseguindo escrever, muito sentimento de culpa, hahah! Eu realmente agradeço de todo o coração pelas reviews!

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