Dúvidas e romance?
Capítulo 7 – Dúvidas e romance?
Conforme os dias passavam, Moira e ele formaram um tipo de laço estranho, mas que começava a agradar ambos os lados. E em casa, suas interações eram menos desconfortáveis, descobriram uma paixão em comum (além dos doces): poções.
Poções era sua matéria predileta em Hogwarts e obviamente seria a dela também. Nunca duvidou do talento de sua filha, estava no sangue a habilidade com o assunto, mas teve a surpresa agradável de descobrir que além de talento, Moira tinha interesse em aprender.
Se seu pai estivesse vivo...
Draco nunca fora o melhor de seu ano (maldita Granger) por mais que tentasse. Era frustrante e desnecessário dizer que a principal razão era porque desejava impressionar seu pai. Uma neta prodígio o agradaria acima de tudo.
Quando ambos estavam de bom humor (o que não acontecia com muita freqüência), Draco a levava até a cozinha e a ensinava algumas poções simples. Ela tinha, sem grandes dificuldades, preparado uma poção de Cura de Furúnculos depois de algumas lições.
A única falha (se é que é possível chamar assim) de Moira estava em sua relutância de chegar perto dos ingredientes mais “suspeitos”. Não tinha vontade alguma de cortar lesmas ou pegar rabos de rato. Draco simpatizava com seu nojo.
- Não faz diferença, quando você for para Hogwarts, vai ter algum colega idiota o bastante para fazer isso por você – contou a ela, durante uma lição.
Faziam um par interessante e Draco se viu orgulhoso de que aquela menina era sua filha. Claro que ainda existiam os eventuais chutes na canela, gritos e reclamações. Nada era perfeito, mas estava bem próximo.
Existia, no entanto, o outro fator influenciando a aproximação entre pai e filha. Um fator ruivo com curvas sugestivas e outro baixinho e cabeçudo. O que o trazia ao momento atual, esperando os dois em frente à bilheteria do aquário de Londres, comprando uma entrada de nome estranho (Super Promoção para a Exposição de Pedras Submarinas) e entrando por uma porta com a placa “Em manutenção, proibida entrada”; onde os bruxos podiam visitar os peixes mais interessantes como o hippocampus ou peixe ramora indiano.
Não fingia ignorância. Draco sabia muito bem que provavelmente já saíra com Weasley e seu filhote mais ou menos dez vezes. Ainda estava em dúvida de qual era sua opinião sobre o fato. De um lado, seu orgulho Malfoy exigia que parasse imediatamente com a maluquice, do outro, seu lado de pai solteiro (e solitário, não que admitisse!) estava mais que satisfeito com a situação.
Para tranqüilizar sua consciência, argumentava consigo que sua opinião não era realmente relevante. Moira faria as coisas do modo dela, independente do que ele queria, o arrastando junto.
- Estão atrasados – comentou sua filha, batendo o pé no chão impacientemente.
Draco concordou. Talvez Weasley tivesse criado juízo e decidido que a influência Malfoy sob o filho do Santo Potter era algo negativo. Independente de sua opinião anterior, não ficou surpreso quando viu a dupla se aproximar finalmente.
Moira correu e abraçou Gina, depois disse um “Oi” para James. A ruiva acenou para ele sorrindo e Draco assentiu com a cabeça, indicando que tinha notado sua chegada.
Entraram no aquário. Havia tanques de todos os lados, com as espécies mágicas marinhas. O lugar todo era escuro, com a luz azul dos tanques deixando o clima tranqüilo e relaxante. Não que fizesse diferença para as duas crianças que estavam agitadas, Moira batia contra o vidro quando qualquer peixe ousasse dormir em sua presença, James tentava impedi-la, mas era inútil.
Weasley ocupava-se educando os dois sobre natureza e vida marinha enquanto ele deixava suas lições mais interessantes contando histórias duvidosas e potencialmente assustadoras para futuros alunos da Grifinória.
- Essa é uma lula pequena, mas em Hogwarts existe outra espécie bem maior. A Lula Gigante mora no lago que fica no terreno da escola.
- É tradição jogar lá alunos do primeiro ano que entram na Grifinória.
James arregalou os olhos. Moira riu.
- Na verdade, quem acaba jogado lá são os da Sonserina – retrucou Gina.
Foi a vez de Moira parecer preocupada. James soltou uma risada triunfal.
- Mesmo? Por que será então que o recorde de quedas no lago é de um aluno da Grifinória?
- Colin não conta. Ele gostava de nadar.
- Ah, sim. Aposto que ele adorava fazer companhia para os tentáculos da lula.
- Na verdade, você está confundindo com Flint. Ele tinha uma quedinha pelos tentáculos.
Os adultos continuaram a trocar provocações, mas as crianças se cansaram rápido da discussão e se concentraram nos peixes mais uma vez. Nenhum deles notou e não pararam de falar.
- Não é se de admirar que Grifinória ganhou a Copa das Casas por sete anos consecutivos. Vocês eram muito ruins em tudo!
- Ah, por favor. Era mais uma questão de que vocês eram os prediletos do diretor.
- Claro, porque durante todos os anos em que Dumbledore foi diretor, quase meio século, só Grifinória ganhou – respondeu sarcástica.
- Precisamente. Elementar minha cara. – Draco concordou, ignorando o sarcasmo no tom dela.
Weasley riu e Draco se viu estranhamente satisfeito consigo mesmo, por ser responsável por aquela reação agradável. Algo no modo como ela ria, ou talvez como seu rosto estava iluminado pela luz azul da água dos tanques, o fazia sentir-se satisfeito.
Estranho.
- O quê? – ela perguntou, olhando-o de modo engraçado. – Alguma coisa no meu rosto?
- Tirando as sardas e a pele mal cuidada?
- Idiota. Onde está sua educação?
Ela bateu sem muita força o punho contra o ombro dele.
- Sou uma pessoa sincera, o que posso fazer?
Ficaram em silêncio, sentados em um banco no meio do aquário. Moira e James observavam um hippocampus descansando, o menino tentava irritar o animal fazendo caretas, para agradar Moira, que estava entediada.
Por um momento, Draco se perguntou como lidaria com a partida de Moira. Pansy enviara uma carta no dia anterior, avisando que em breve voltaria para a Inglaterra. Não podia acreditar que quinze dias haviam passado tão rápido e que sua vida mudara na mesma velocidade.
E não era apenas Moira que iria embora dali à três dias, cabeçudo e Weasley também sumiriam, não tendo mais razão para ver os Malfoy. Ainda estava decidindo se aquilo era bom ou ruim.
A mansão ficaria mais silenciosa e solitária, não havia dúvida quanto a isso. E Draco seriamente duvidava da capacidade de Pansy (e o babaca francês com quem se casaria) como mãe. Moira chegou em suas mãos em estado de caos e terror, uma menina violenta e chutadora de canelas. Agora, era simplesmente um anjo extremamente talentoso em magia.
- Ai! Você pisou no meu pé! – reclamou James perto do tanque, ao ser agredido pela décima vez por Moira.
Ah bem, talvez não um anjo. Mas certamente melhor do que antes. Pansy simplesmente não tinha a capacidade para cuidar de Moira e ajudá-la a atingir seu potencial mágico.
Mesmo assim, era melhor que fosse embora. Draco não era exatamente um pai decente também.
- No que está pensando?
Draco quase levou um susto com a voz de Weasley, mas virou a cabeça para sua direção.
- Nada.
- Uma vez na vida você podia começar a conversa séria não?
- O que você quer dizer com isso?
Weasley sorriu.
- Nada.
Draco a encarou, confuso.
Era impossível para Gina segurar o riso. Gostava quando pegava Draco de surpresa por alguma razão desconhecida. Talvez fosse a forma como a sobrancelha dele levantava e sua cabeça inclinava um pouco, deixando a luz azul do ambiente se misturar ao loiro de seus cabelos.
Engraçado. Até o momento nunca tinha notado o movimento, certo? Então por que lhe parecia tão familiar?
- Alguma idéia para o próximo?
A pergunta dele a forçou parar de contemplar sua face. Sentiu as bochechas esquentarem e rezou para que a escuridão parcial do lugar escondesse o vermelho.
- Hmm...? Próximo?
- Estou ficando sem idéias.
- Acho que eu também – ela respondeu, mas na verdade nem tinha pensado no assunto antes de falar. Estava distraída demais.
- É mesmo? Isso é uma novidade. Weasley sem algum truque cruel na manga.
- Talvez ainda tenha algo planejado, mas acho que você precisa fazer por merecer.
- Ah é?
- Mas é claro. Está ficando mal acostumado. Acho que vou deixá-lo sozinho com Moira e James e relembrar o quanto você precisa da minha presença!
A sobrancelha levantou e a cabeça se inclinou novamente. Dessa vez Gina notou os olhos dele a fitarem intensamente. Soube de imediato que tinha analisado demais Malfoy e ficou incomodada com seu interesse nele.
- Que foi? Acha que consegue cuidar deles sozinho? – provocou quase numa tentativa de dispersar o incomodo.
- Por acaso tenho cara de louco? Capaz ou não, não tenho a mínima vontade de arriscar minha sanidade e passar tempo com eles sem você.
Arregalou os olhos, daquela vez era ela a confusa. Estava zombando da cara dela... Ou...?
Como odiou pensar por um breve instante que ele estava flertando com ela! Quase considerou se internar voluntariamente em St. Mungos. Era necessária outra tentativa de mudar de assunto.
- Mas parece que está se dando bem com Moira. Não vejo como a companhia adicional de James poderia ameaçar sua sanidade.
Malfoy soltou uma risada baixa.
- Moira é uma Malfoy. Cabeçudo é seu filho e de Potty. Preciso dizer mais?
- Acredito que sim – retrucou um pouco ofendida, mas contente por ter escapado com sucesso da situação embaraçosa.
- Com alguém Malfoy eu consigo lidar. Potter me irrita. Weasley...
- Weasley o quê?
- Me confunde.
Novamente o olhar dele era intenso. Qual era o problema de Malfoy? Estava agindo estranho, mais que o normal pelo menos.
- Irritação e confusão não se dão bem juntos – concluiu sua explicação.
- Por que Weasley te confundiria?
Reparou finalmente que Draco estava incomodado e um pouco tenso com aquela conversa. O que tornava suas aparentes respostas sinceras e diretas ainda mais estranhas.
- Porque não me irrita.
Estavam falando de James? Os Weasley em geral? Alguém em especifico?
...Dela?
- Claro que me irrita. Tudo no mundo de vocês me irrita – continuou, parecendo preocupado em esclarecer bem o fato. – E talvez por isso me confunda.
- Draco, você não falando coisa com coisa.
Os dois se surpreenderam ao mesmo tempo. Draco? Realmente acabara de chamá-lo pelo primeiro nome? Precisava se internar em St. Mungos logo. Malfoy parecia concordar.
- Se não tem a capacidade mental de entender o que digo, Weasel, não é minha culpa.
Quase agradeceu a ele em voz alta. Merlin, ainda bem que um deles tinha noção e capacidade para salvá-los daquela conversa estranha.
- Não são todos que conseguem entender o idioma trasgo.
E pronto, estavam de volta à segurança da troca de insultos de sempre. Era obrigada a admitir que suas razões para continuar os passeios tornaram-se um pouco egoístas. Claro que continuava acreditando que era muito bom para James ter uma amiga da mesma idade, que Moira também se beneficiaria de influências positivas e finalmente que Malfoy precisava de um empurrãozinho na direção certa. Mas o fato era que quando se é uma mãe solteira e todos seus amigos (e parentes) já estão casados, fica difícil sair para se divertir sem sentir-se um pouco solitária e deslocada.
Quantas vezes ela precisou olhar para o prato de comida à sua frente, enquanto Ron e Hermione se beijavam à mesa (ou brigavam) em algum restaurante? Ou então teve que encontrar uma desculpa para ir a cada trinta minutos ao banheiro para não ter que agüentar Romilda Vane avançar em cima de Dino pela centésima vez? Até mesmo Luna e Neville lhe deixavam desconfortável ao manter por horas conversas com informações e piadas tão internas que ela nem podia imaginar do que se tratava (respondendo apenas com um fraco “Verdade” ou “Puxa”).
Era bom ter a atenção de um adulto só para ela, mesmo que esse adulto fosse Draco Malfoy. Melhor ainda era poder sair com ele levando James sem culpa.
Sim, Gina tinha tentando uma vez ou outra (três vezes, na verdade) namorar, mas todas (as três) acabaram em fracasso. Era mais raro uma mãe solteira no mundo bruxo do que Weasleys na Sonserina e ainda mais raro um bruxo que soubesse lidar com a situação. Também não ajudava ela sentir-se culpada de sair com outros homens, acabava comparando todos com Harry de uma forma ou outra.
Felizmente, James não tinha idéia de suas tentativas patéticas, então podia fingir que nunca tinham acontecido.
Talvez fosse pela sua nova razão que Gina incomodara-se com a conversa anterior, já que estava gostando dos passeios, porque tinha a atenção de um homem sem se preocupar com culpa ou compromissos, sentir atração era o passo seguinte inevitável.
Mas atração traria a culpa e o compromisso de volta na dinâmica. E assim como confusão e irritação não iam bem juntas, os dois elementos também não formavam uma dupla agradável.
E mesmo depois daqueles pensamentos e conclusões, quando levou Moira ao banheiro (acabara virando costume) se viu fazendo uma pergunta muito tola.
Moira estava na ponta dos pés para alcançar a torneira e lavar suas mãos, enquanto Gina olhava seu reflexo no espelho à frente com uma certa preocupação, passando a mão nos cabelos ruivos. Seria aquele fio, um fio branco?
- Moira...
- Quê?
- Por acaso você viu seu pai... Com alguma moça?
Moira fez uma careta, confusa.
- Sabe... Ele alguma vez mencionou alguma moça que ele gosta ou... – tentou explicar, mas rapidamente se arrependendo da pergunta.
- Minha mãe, acho.
Gina mordeu os lábios sem perceber.
- Quer dizer... Ele ficou bem bravo quando ela me deixou aqui. Eu achava que era por minha causa – Gina sentiu pena da menina, tinha a sensação de que ela estava certa. – Mas depois ele está bem legal comigo então... Acho que ‘tava bravo porque minha mãe vai casar de novo e ainda gosta dela!
Que Pansy estava para se casar não era novidade, mas que Draco estava incomodado com aquilo não tinha passado em sua mente. Talvez fosse por isso que ele evitava conversar com Gina sobre a partida de Moira? Por que o lembrava que Pansy estava casando?
- Acho que seria muito bom se eles ficassem juntos. Eu teria meu pai e minha mãe de novo! – sorriu animada enquanto secava a mão na toalha próxima.
Era difícil por alguma razão ficar feliz com a idéia, mas pelo bem de Moira tentou sorrir.
- Você sente falta dela não?
Moira fez uma careta de novo.
- Ainda estou brava por ela ter me deixado aqui! – anunciou empinando o nariz. – Quando ela voltar vou chutar a canela dela.
- Moira... Uma dama não chuta canelas, muito menos chuta a mãe! Não é educado – brincou, se abaixando para ficar com o rosto na altura do dela.
- Não me importo. Sou uma princesa, não uma dama. E princesas fazem o que bem entendem.
- Mas sua mãe vai ficar triste se você chutá-la.
- Bem feito se ficar. Ela não devia ter me deixado aqui sozinha.
Aprovando ou não o chute na canela, Gina não estava com muita vontade de defender Pansy, então deixou o assunto de lado.
Mal sabiam elas que uma conversa similar ocorria de volta no aquário.
Draco estava sozinho com o menino de novo. Agora não era tão ruim comparado à primeira vez em Hogsmeade, tinha forjado uma certa tolerância por James. Não era uma criança tão ruim, apesar de ser filho de quem era.
A opinião positiva, claro, era fruto do seu ego. Desde que James descobriu que Draco foi um apanhador e que conhecera Potter, o menino tinha criado uma admiração pelo sonserino. Ele virara praticamente o herói do momento e por isso conseguia tolerar as incessantes perguntas.
- O que é a Finta de Wolfgang?
- Quando você finge que viu o pomo, obrigando o adversário a ficar na sua cola, mas é só para ganhar tempo até que seu time tenha pontos suficientes.
- Qual vassoura é melhor? Meu pai tinha uma Firebolt, mas meu tio tem uma Starcruiser...
- Antigamente era a Firebolt. Hoje em dia a Dragonfly é a melhor.
- Por quê?
- Porque sim.
- Quantas partidas você já jogou?
- Várias.
- É muito difícil voar numa tempestade? Minha mãe contou que o papai conseguiu pegar o pomo mesmo quando chovia muito e...
- Com alguns feitiços para ajudar não é tão difícil. E a maioria das vassouras já vem à prova d’água, assim as cerdas não ficam pesadas e atrapalham o vôo.
Silêncio. Draco respirou fundo, aproveitando a doce paz.
- Você gosta da minha mãe?
Olhou o menino, chocado. Tinha ouvido certo? James estava com uma expressão séria no rosto e totalmente diferente da normal de curiosidade que mantinha durante as longas sessões de incansáveis perguntas.
- Como é?
- Você gosta da minha mãe?
Draco não respondeu. O que não ajudava o seu caso, porque supostamente não havia razão para não responder negativamente e rir da burrice do menino.
- Porque minha mãe ainda... – James continuou, ignorando a cara de confusão de Draco. – E se você gostar dela, talvez...
- O que em nome de Merlin você está falando, cabeçudo?
O menino estava sério, mas também deixava escapar o nervosismo porque colocara as duas mãos para trás e mordia o lábio (pegara o costume da mãe, Draco imaginava).
- Ela ainda gosta do meu pai.
Draco não entendeu aonde James queria chegar com aquilo, mas era impossível negar que a notícia o irritava. Não que esperasse diferente, afinal Weasley sempre fora a fã número um de Potter.
- E? Que eu tenho com isso? – respondeu, quase ameaçando um garoto de sete anos a contestar sua indiferença.
- É que meu pai... Não vai voltar.
Segurou a vontade de responder com um “jura?” sarcástico.
- E de noite... Quando acha que eu estou dormindo, ela chora. Eu sei que é porque ela quer que ele volte. Mas se você gostar dela talvez...
- O quê?
- Talvez ela pare de chorar – terminou com firmeza. – Então: você gosta dela?
De novo, não fez nada além de encarar o moleque. James abaixou a cabeça decepcionado, olhando para os sapatos.
- Num tem problema. Tudo bem – disse finalmente voltando a olhar para Draco, abrindo um sorriso. – Pelo menos ela ‘tá mais contente agora.
- Olha... Cabeçudo... A questão é que...
James imediatamente estava com esperanças de novo. Draco queria pular dentro de um dos tanques e fugir para o mais longe possível.
- Que tal eu te dar uma vassoura na próxima vez que visitarmos o Beco?
Podia sentir o conflito interno do menino. Ao mesmo tempo em que estava decepcionado por Draco não responder se gostava de sua mãe, estava incrivelmente animado com a possibilidade de ganhar uma vassoura.
- Sério?
- Sério. Afinal, Moira não gosta muito de Quadribol, então você é a minha única chance de reviver o meu passado glorioso nesse esporte.
Estava tão alegre que não conseguia responder nada. Draco respirou aliviado. Mais uma vez o dinheiro lhe salvava de uma situação desconfortável.
Tudo bem, então Weasley estava triste com a morte de Potter. Nada mais do que o esperado. Certo, ela chorava a noite porque ele tinha morrido salvando o mundo e etc e tal. Ok, sentia-se sozinha e tentava manter a aparência de que era uma mãe independente e contente. E daí? O que ele tinha a ver com tudo aquilo? Porque o filho dela achava que ele seria capaz de parar o choro, quando o motivo do choro era saudade de Potter?
Tinha absoluta certeza de que se tentasse qualquer coisa remotamente sugestiva, Weasley lhe daria um soco. Não negava que uma vez ou outra tentou flertar com ela, mas os dois acabaram fazendo um pacto silencioso: consideravam qualquer flerte o mesmo que uma provocação ofensiva.
De qualquer forma, ela era Weasley e ele era Malfoy. Água e vinho, doce e amargo, branco e preto, ying e yang...
“E não importa que a lista tenha coisas opostas que não se misturam, mas que se completam ao mesmo tempo.”, pensou irritado. “Não muda o fato que não tenho interesse algum nela”.
No fim das contas, era até bom que Moira fosse embora. Pelo menos significava que aqueles pensamentos confusos e frustrantes iam acabar.
- Que modelo você vai comprar?
- Qualquer um. Você pode escolher.
- Nossa! E... E eu posso voar nela depois?
- Acha que vou gastar dinheiro em uma coisa que não vai usar? Claro que pode.
- E posso usar em Hogwarts quando eu tentar entrar no time?
- Só se entrar na Sonserina.
- Mas... Mas toda a minha família é da Grifinória, eu não quero ser da Sonserina! Lá só tem...
- Tem o quê?
James ficou vermelho.
- Quer dizer... Todo mundo sabe que Sonserina é a casa dos, erm... – engoliu seco, pensando em uma maneira de não chatear o adulto, mas também não mentir. – Dos vilões.
- Vilões uh? – riu Draco, o menino tinha realmente usado um eufemismo para não ofendê-lo muito! – E o que tem de mal em ser um vilão? Sem eles, os heróis não existiriam.
- É, mas eu não quero ser um e meu pai era da Grifinória!
- Ótimo, mas vai ter que jogar com outra vassoura então. Não ajudo alunos da Grifinória.
James ficou decepcionado de novo.
- E se eu usar só quando jogar contra Lufa-Lufa e Corvinal? – tentou negociar.
Draco achou engraçado sua tentativa de persuasão. Talvez o menino acabasse na Sonserina afinal de contas! O que seria hilário e com certeza renderia anos de material para ele usar contra Weasley.
- Talvez. Mas só se você me prometer uma coisa.
- Prometo!
Draco revirou os olhos, nem tinha falado nada. Agora não restavam dúvidas que o bobo iria para a Grifinória mesmo.
- Você nem ouviu o que eu quero!
- Ah. Ok. Pode falar.
- Só deixo você usar a vassoura na Grifinória, se me prometer que não vai se apaixonar pela Moira quando crescerem.
A confusão de James era óbvia.
- O quê? Garotas são nojentas! Não vou gostar de nenhuma garota. Muito menos dessa daí!
- Então não é problema prometer isso não?
- Aham. Eu prometo!
- Ótimo. Pode usar a vassoura.
Não sabia exatamente porque tinha pedido aquilo do menino, talvez em parte porque suas próprias dúvidas (não existiam dúvidas!) o obrigaram a descontar na vida romântica futura alheia (não que Moira fosse ter uma! Ele não ia deixar moleques pervertidos chegarem perto dela). Ou talvez porque esperava a reação simples de James e desejava ter a mesma certeza que ele sobre assuntos relacionados a mulheres.
De qualquer forma a pequena discussão sobre a vassoura tirou qualquer tristeza da mente inocente do cabeçudo e desse modo quando Moira e Weasley voltaram do banheiro, foi como se nenhuma conversa estranha tivesse ocorrido e tudo voltara ao normal.
Sim, realmente. Tudo normal.
Era completamente normal e inocente o olhar dele viajar pela forma de Weasley enquanto iam embora do aquário. Nada de estranho passou por sua cabeça, quando Moira bateu contra suas pernas e o forçou a esbarrar nas costas (e traseiro!) de Weasley. Sentiu-se perfeitamente normal quando ela sorriu para ele na hora em que as duas famílias se despediram.
Se tivesse notado algumas ações dela naquelas horas finais depois de ter levado Moira ao banheiro, também saberia que Gina estava pensando da mesma forma. Nada mais inocente que segurar a mão dele para poder não perder o equilíbrio durante aquela trombada causada por Moira, ou encarar os lábios dele por um tempo estranhamente longo. Nem mesmo a sensação de leveza que ela teve quando ele retornou o sorriso dela podia ser considerada algo incomum.
A única razão de se agüentarem era claramente as crianças. Era apenas pelo bem delas que não se matavam ali mesmo.
Repetiu aquele mantra para si durante todo o caminho de volta para a mansão, tentando se concentrar em Moira, que não parava de contar todas as coisas divertidas que vira e no que tinha mais gostado do aquário.
Porém, tudo foi interrompido quando chegaram em casa e encontraram Pansy, seu noivo francês e a ex-sogra os esperando.
- Ah minha queridinha! Estive tão preocupada! – sua ex-mulher disse correndo na direção de Moira e a abraçando forte.
NA: Yay! Um capítulo mais rápido, agradeçam ao meu status de freelancer :). Brigada pelas reviews e por continuar lendo!
Mais informações sobre as minhas fics: aqui
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