Fotos e muito sorvete

Fotos e muito sorvete



Capítulo 2

FOTOS E MUITO SORVETE

Gina abriu os olhos para dar de cara com o rosto animado de um menino de sete anos de olhos verdes vivos.


- Acorda mãe! Acorda, acorda, acorda!


James estava em cima dela batendo uma pequena panela com uma colher e já vestido para sair.


- Não pode me deixar dormir mais uns minutinhos? – reclamou sorrindo.


- Vovó mandou te chamar pro café!



- Você tem que me obedecer, não sua avó.


- Ela tem doces.


- Seu interesseiro! – riu, sentando na cama e fazendo cócegas na barriga de James.


O menino começou a rir e caiu para trás, tentando desviar das cócegas da mãe.


- Pára mãe – pediu entre risadas. – Assim não vale!


- Vai me obedecer para o resto da sua vida? Vai resistir aos doces da sua avó?


- Vou! Vou! Prometo!


- Ha! Vitória!


Parou e o colocou no chão, para que pudesse se levantar. Se espreguiçou longamente, tentando tirar a sonolência que ainda restava.



- Agora vá avisar sua avó que já estou indo.


- ‘Tá.


James saiu correndo animado como se tivessem lhe dado uma tarefa muito importante e seus passos apressados na escada ecoaram pela casa. Gina sorriu sozinha, não se cansando de adorar cada pequena coisinha que o filho fazia. Era um menino tão doce e se animava com qualquer coisa... Às vezes um pouco além da conta mas era parte de sua personalidade adorável.


Seu berço pequeno ainda estava lá perto da janela e apesar de ter seu próprio quarto agora (o antigo de Rony), James muitas vezes dormia com a mãe, algumas vezes por medo dos trovões ou graças a um pesadelo ruim. Perto do berço estava o baú onde ela guardava suas roupinhas e brinquedos de bebê que Gina ainda não tivera coragem de levar para o sótão, era difícil se separar daquelas pequenas lembranças. De fato, toda vez que o aniversário dele estava próximo, Gina ficava mais sentimental e se perguntava como lidaria quando ele fizesse 11 anos e partisse para Hogwarts.


Bocejando um pouco, escolheu vestes mais leves já que passaria o dia todo fazendo compras no Beco Diagonal, estava sol e calor lá fora. Sentiu o cheiro gostoso do café da mãe, com panquecas, torradas amanteigadas e suco de abóbora e se trocou mais rápido ainda.


Já arrumada desceu as escadas e encontrou os pais e James na cozinha tomando o café. Molly enchia o copo do neto com mais suco e lhe dava mais bolachas com cobertura de morango enquanto Arthur contava para ele tudo sobre o magnífico patinho de borracha trouxa e todos os significados misteriosos do objeto.


- Eu não acho que o pato faz nada disso, vovô.


- Não?


- Acho que os trouxas só gostam de ter companhia na hora de tomar banho!



Gina riu da conclusão do filho, anunciando sua presença para a família.


- Bom dia, Gina. Vocês vão no Beco hoje? – perguntou o pai, passando mais manteiga em sua torrada.


- Vamos! E aí eu vou comprar um presente bem legal para o tio Rony!


- É mesmo? E o que você vai comprar? – sorriu Molly. – Coma mais uma bolachinha, querido.


- Surpresa!


- Ele não quis contar nem para mim – riu Gina. – Parece que tem todo um plano secreto preparado.


- Então é melhor passar no Gringotes também – disse Arthur.


Os três adultos riram, deixando James confuso com a piada. Continuaram a tomar o café, conversando animadamente sobre o resto da família, das crianças e suas confusões e assim o tempo passou até que chegou a hora de irem.


Mãe e filho foram até a lareira e Gina pegou um pouco de pó de flu.



- Vamos lá James... Está pronto?


O menino virou para os avós.


- Tchau vovó. Tchau vovô!


Os dois sorriram e acenaram.


- Tenham um bom dia – disse Molly.


- Pronto? – perguntou outra vez Gina.


- Só mais uma coisa!


James saiu correndo da cozinha e foi até a sala, acenando para uma foto antiga de Harry jogando Quadribol no campo improvisado atrás da Toca.


- Tchau papai!



Com a mesma animação voltou para a cozinha e assentiu para a mãe, avisando que estava finalmente pronto. E os dois entraram na lareira de mãos dadas, girando sem parar até saírem na lareira d’O Caldeirão Furado.


Ele nunca saía de casa sem se despedir do pai... Gina sempre fizera questão de espalhar fotos de Harry pela casa toda desde que James era bebê. Seu filho cresceu rodeado não só de Weasleys, mas da presença do pai através de recordações, histórias e retratos. James sabia tudo sobre Harry... Suas aventuras, coragem e talento para Quadribol, entre tantas coisas. Tentava assim quase fingir que, na verdade, Harry só estava de viagem e voltaria algum dia. O filho, apesar de saber que o pai não estava mais vivo, conversava com as fotos e pedia ansiosamente à mãe que contasse toda noite uma aventura diferente dele.


Não havia um dia que não dissesse a James o quanto Harry o amava e sempre estaria com ele antes de colocá-lo na cama para dormir. Era o seu jeito de mantê-lo vivo e perto deles para sempre. Nunca seria o suficiente, no entanto... Sentia tanta falta de Harry que chegava até a doer certas vezes. Se não fosse por James...


- Mamãe... Que foi?


Gina olhou para o filho, percebendo que estavam parados no meio d’O Caldeirão Furado sem se moverem por tempo demais.


- Só tentando lembrar como chegar no Beco – sorriu brincando.


- Sei! Até eu consigo lembrar!


- Ah mas eu estou ficando velha e minha memória não é tão boa como era antigamente!


James torceu o nariz.



- Você não é velha... Você é minha mãe.


- Isso também – riu. – Vamos indo... E não sai de perto de mim dessa vez.


- ‘Tá.


Caminharam até a entrada do Beco Diagonal de mãos dadas até que foi impossível segurá-lo de tanta agitação. James simplesmente adorava passear pelas ruelas estreitas, observando tudo com seus olhos verdes atentos. Sempre arranjava algo para se distrair sozinho, criando histórias fantásticas sobre o que aquele bruxo de chapéu engraçado fazia de noite... Ou como a menininha com a boneca de porcelana na verdade era uma princesa de um país distante disfarçada...


Algumas vezes ele compartilhava de suas teorias com a mãe mas normalmente ela só descobria o quanto sua imaginação voava longe quando ele explicava a razão para ter pulado em cima de uma velha bruxa de chapéu com penas de urubu ou porque decidiu que seria uma boa idéia pegar um graveto e espetar na cara de um lagarto venenoso do Sirilanka. Não era anormal ter que levá-lo a St. Mungos com uma pérola negra rara enfiada no nariz ou um livro mordendo seu braço e recusando-se a largar.


James era um menino quieto e educado... Mas sua imaginação às vezes vencia a timidez e em um minuto estava do seu lado, em outro, desaparecera sem querer.


Enquanto o filho olhava fascinado a movimentação da rua Gina procurava algo de interessante para dar a Rony nas vitrines das lojas... Claro que compraria o presente que James estava pensando em dar, mas... Só por garantia queria ter uma segunda opção, caso ele quisesse comprar algo não-ortodoxo como luvas de Quadribol que brilham no escuro e cantam hinos de times (Talvez Rony até gostasse de um par de luvas assim... Mas duvidava que Hermione teria a mesma opinião e agora que estavam casados não bastava comprar presentes pensando neles separadamente).


Era uma segunda-feira agitada como outra qualquer no Beco, pessoas indo e vindo... Alguns tombos e empurrões como de costume e vendedores em carinhos oferecendo as mais variadas delicias para as crianças animadas. Quando passou pela sorveteria do velho Florean Fortescue o calor estava tanto que pensou em comprar um picolé para ela e James...


Quando virou para perguntar que sabor ele queria... Ele não estava mais ao seu lado.



“Merlin... De novo não.”



- Srta. Malfoy não que sair do quarto, m-mestre.


- Claro que não – suspirou Draco, sentindo a cabeça explodir. – Seria fácil demais.


Não bastou passar a noite inteira convencendo ela a entrar no quarto, agora a menina resolveu que não saia mais. Draco tinha negócios urgentes para resolver em Gringotes e não podia, para sua infelicidade, deixar Moira aos cuidados de Trotter, que mal conseguia chegar perto da criança sem se esconder atrás do móvel mais próximo.


Moira não tinha jantado, reclamou do gosto da comida, bebida e até do ar. Isso quando falava... Era até melhor ouvir sua voz irritada do que encontrá-la subitamente ao lado dele, o encarando como uma boneca possuída.


Para fechar com chave de ouro Pansy esquecera de avisar que a filhinha querida deles já tinha manifestado seus poderes mágicos e, claro sendo uma Malfoy, conseguia controlar algumas coisas conforme fosse seu desejo. No momento, o desejo dela era trancar a porta do quarto e não deixar ninguém entrar.


Moira, definitivamente, fazia jus a sua fama de menina-demônio.



E era apenas o segundo de quinze longos dias.


- Estou indo embora, Moira. E você vai ficar sozinha na mansão. Os fantasmas dos meus antepassados gostam de puxar o pé de meninhas pequenas que nem você. Não prefere vir comigo para o Beco Diagonal ao invés de fazer companhia para fantasmas?


Draco falou tudo aquilo com calma controlada. A noite inteira discutindo com a menina havia esmagado qualquer sarcasmo restante do seu tom. Preferia fazê-la lhe obedecer do que trocar veneno com uma criança de sete anos o dia todo.


Alguns instantes se passaram sem que ela mostrasse sinal de vida mas pôde ouvir sons de passinhos agitados vindo de dentro do quarto. Cinco minutos depois Moira abriu a porta, usando um vestidinho verde rendado cheio de frufrus e um chapéu com uma fita prateada. Estava vestida para passeio... Passeio em um clube de veraneio de bruxos ricos, não uma ruela de lojas.


- Vamos – mandou. – Anda logo. Que está esperando?


Draco quase olhou para Trotter, tentando compartilhar sua frustração com alguém, mas resistiu a tentação. Ao invés, sacudiu a cabeça desistindo de entender a menina e os dois deixaram o elfo para trás seguindo até a lareira mais próxima.


- Não quero ir de flú. Vai sujar minha roupa e a minha mãe não gosta quando eu...


- Ou isso ou os fantasmas.


Nunca tinha visto uma cara de ódio tão grande no rosto de uma criança. Será que ele tinha sido assim naquela idade? De que lado da família era aquele comportamento? Talvez fosse culpa dos casamentos entre primos...



- Dê a mão. Não quero que saia na Travessa do Tranco e decidam te vender como objeto das trevas – mandou Draco, não esperando que ela obedecesse e pegando sua mão.


Aproveitando o momento de silêncio dela, jogou o pó e os dois entraram na lareira. Moira quase explodiu seus tímpanos com o grito que deu enquanto giravam... E Draco ficou mais do que feliz quando saíram n’O Caldeirão Furado para agitação mais silenciosa.


Moira rapidamente largou a mão dele, limpando as cinzas do seu vestido e olhando para ele como se fosse sua culpa cada partícula de sujeira que era obrigada a limpar. Quando ficou satisfeita com o estado da roupa, marchou sozinha até a entrada do Beco mas não alcançava nenhum dos tijolos necessários para abrir a parede e ficou batendo o pé impacientemente até que Draco aparecesse.


Porém, no minuto que a entrada se revelou, Moira abriu a boca um pouco e arregalou os olhos, surpreendida por toda a movimentação a sua volta. Draco notou que a expressão de surpresa não durou mais que alguns segundos, mas mesmo assim ficou contente em saber que ela era capaz de outro sentimento além de raiva e mau-humor.


Finalmente após alguns segundos de silêncio, Moira tirou suas conclusões sobre o Beco Diagonal e expressou seu veredicto:


- Odeio esse lugar idiota!


Draco deu os ombros, não estava surpreso.


- Odeie quanto quiser... Vamos atravessar essas ruas de qualquer jeito.


Conforme andavam Draco ficou esperando que Moira reclamasse a cada segundo do calor, das pessoas se esbarrando, das ruas apertadas, vitrines feias e tantas outras possibilidades mas ao invés ela andou pertíssimo dele, quase segurando a manga de suas vestes. Olhava toda a agitação com curiosidade e um certo medo, mesmo que tentasse esconder ambos os sentimentos.



Podia sentir que a menina queria perguntar várias coisas para ele, estava cheia de dúvidas e era claro que aquela era sua primeira visita ao Beco Diagonal. Estranhamente... Draco sentiu uma pitada de carinho por Moira. Ela estava totalmente dependente dele e, se não fosse filha de quem era, parecia buscar segurança nele.


Logicamente que o momento terminou rápido... Logo que passaram pela sorveteria Florean Fortescue. Os olhos de Moira brilharam de ansiedade ao ver tanta variedade de sorvetes e doces em uma loja propositalmente colorida para chamar atenção de crianças e atrapalhar a vida dos pais.


- Eu quero tomar sorvete!


- Não. Já estou atrasado. Na volta, talvez. Se ficar quieta e parar de me encher.


- Eu quero tomar sorvete agora.


- Não.


- AGORA!


- Fique quieta!



- Eu vou chorar!


Seu choro na verdade não passava de uma gritaria... Começou a fazer escândalo que nem uma louca, batendo os pés no chão e chamando atenção de todos em volta. Draco queria enfiá-la num buraco mais próximo e fechar com concreto. A choradeira era tanta que se abaixou e tampou a boca dela com a mão.


- Está bem, eu compro seu maldito sorvete. Vai parar de gritar?


Moira assentiu vigorosamente, muito orgulhosa de seu feito, sorrisinho típico Malfoy no rosto. Ele tirou sua mão, os dois sentaram em uma mesa da sorveteria e Draco chamou o maldito sorveteiro para que ela pedisse seu maldito sorvete.


- Quero de creme! E com cobertura de caramelo! Sem aquelas coisinhas duras! Sem farofa! – pediu praticamente gritando no ouvido do sorveteiro. – E com uma cereja bem no topo! Não... Duas cerejas!


- E não demore – completou Draco, irritado com a idéia de se atrasar mais ainda. – Ou chamo um inspetor de saúde e fecho isso daqui.


- É! Se demorar ele vai fazer isso! – concordou Moira de nariz empinado.



O sorveteiro saiu de cara fechada, mas Draco olhou a filha como curiosidade. “Quer dizer que gosta de usar poder contra pessoas também, hein? Talvez possamos nos dar bem... Algum dia. Mas provavelmente não.”


Enquanto esperavam o sorvete chegar, pôde observar mais ainda a menina... Estava quietíssima, mas continuava a fitar a rua com curiosidade e interesse. De vez em quando olhava de lado para ele, também com curiosidade e não raiva. Moira era um mistério. Um minuto se comportava como o próprio diabo... Em outro, raro claro, parecia uma mini-Narcissa educada o suficiente para ir em festas de adultos.


- Aqui está o seu pedido senhorita – o homem deixou a taça gigante e foi embora rapidamente antes que fosse ameaçado outra vez.


Imediatamente Moira atacou o sorvete com a colher, se lambuzando toda. Parecia que nunca tinha tomado sorvete antes... Foi então que Draco lembrou de uma das inúmeras regras de Pansy: “Não dê pra ela balas, doces, bolachas ou qualquer outra comida que engorde e dê espinhas.”


“Parte da graça de ser pirralho é poder se encher de doces,” pensou lembrando de todas as porcarias açucaradas que sua mãe lhe enviava mesmo em Hogwarts... Claro que não agia que nem um porco Weasley engolindo tudo que via, mas nunca deixou de comer doces por causa de espinhas ou besteiras do tipo. Malfoys não tinham espinhas. A pele da família era perfeita, tanto do lado Black quanto Malfoy. Se Moira tivesse espinhas era culpa do lado da mãe.


Enquanto isso a menina continuava a engolir furiosamente o sorvete, lambendo os beiços e, surpreendentemente, balançando de animação os pés que não alcançavam o chão... Parecia até... Uma menina normal. Exceto que comia como Goyle ou Crabbe.


Com uma velocidade assustadora terminou a taça (Draco esperava que ela não precisasse vomitar depois, já bastava a gritaria).



- Isso foi... Rápido – comentou incapaz de esconder a surpresa. – Quer outro?


O rostinho pálido se iluminou e ela sorriu para ele pela primeira vez.


- Quero!


Grande erro... Não deveria ter oferecido, mais cinco minutos e o duende de Gringotes fecharia a porta no nariz dele. Estava muito atrasado.


- Na volta, agora precisamos ir.


E lá se foi o sorriso.


- Agora! Quero outro!


- Sua mãe não vai gostar de saber que você comeu feito uma porquinha faminta.


Abriu a boca para protestar, fechou de novo e cruzou os braços.



- Odeio você.


- Eu sei.


Draco se virou para chamar o sorveteiro e pedir a conta... Mas quando voltou a encará-la... Moira tinha sumido.



Logo que viu a criatura saltando da sorveteira sem pagar a conta, James teve que fazer alguma coisa! Correu atrás do dragão... Não ia deixar o monstro correr a solta pelo Beco Diagonal! Tinha que defender as pessoas inocentes de lá! Sua mãe não se importaria dele ter saído de perto dela se capturasse o dragão que nem seu tio Carlinhos fazia!


Passou por várias pessoas, tentando não ser empurrado para o chão e nem perder de vista sua caça. O monstro verde com garras prateadas tentava escapar, mas James não era bobo! Observava para onde ele ia, se escondendo atrás de caixas e latas de lixos, esperando o momento certo para continuar a segui-lo.


Até que finalmente a perseguição terminou na frente da loja de animais. Entrando sorrateiramente e não chamando atenção da vendedora, James desceu até o armazém da loja onde o dragão tinha acabado de ir se esconder. Segurando sua espada firmemente, pulou degrau por degrau, olhos e ouvidos atentos. O perigo estava espreitando por todo lugar!


Podia sentir o bafo de fogo do dragão perto agora! Sim... O monstro estava rosnando de raiva pronto para o ataque... Mas James era mais rápido!


- Peguei você! – bateu sua espada contra a cabeça do dragão gigantesco.



- AI! Olha para onde aponta essa vareta, seu coisa idiota!


James revirou os olhos.


- Não estraga a brincadeira! Você é um dragão!


- Não sou não! Sou uma menina.


- Dragão!


- Menina!


- Que menina fica correndo sozinha e rugindo por aí?


- Não estava rugindo!


- ‘Tava sim!



- Não!


- Sim!


- Cala a boca!


- Calo nada!


- Cala sim!


- Seu idiota!


- Sua feiosa!


O dragão soltou um urro de ódio, ferido mortalmente por sua espada brilhante e...


- Ninguém gosta de mim! Todo mundo me odeia!



- Também você fica estragando a brincadeira!


A choradeira só aumentou e dessa vez James teve que abaixar sua espada... Vareta. A menina estranha não parava de soluçar e passava a mão nos olhos tentando parar chorar, estava toda vermelha e o nariz escorria. Ele fez careta mas lembrou como a mãe era sempre bondosa com os seus primos chorões e resolveu dar uma chance para aquele dragão se explicar.


- Por que você está chorando?


- Não ouviu, seu surdo? Todo mundo me odeia!


- Todo mundo do mundo inteiro?


- É!


- Mentira! Como é isso se eu não te odeio?


A menina olhou para ele pela primeira vez direito, enxugando as lágrimas, um soluço fraco escapando.


- Você não me odeia?



- Não. E nem minha mãe.


- Que me importa tua mãe!


- Ei! Não fala assim dela!


- Mães são idiotas.


- Não são!


- São sim. Elas te deixam sozinhas... Largam você naquela casa estúpida com aquele idiota!


- A minha não! Minha mãe fica comigo toda hora. Estamos sempre juntos.


- Ah é? Então cadê ela agora, seu bobo!


James ficou com as bochechas vermelhas e a menina estranha deu um sorriso de triunfo.



- ‘Tá vendo! Não falei?


- Ela vem vindo.


- Vem nada.


- Vem sim! Ela deve estar procurando por mim agora mesmo!


- Aquele idiota nem deve ter notado que eu fui embora – murmurou irritada. – Mas também nem quero ver ele de novo!


James não estava entendendo muito bem do que ela falava, mas tentou ser educado.


- Se você não quer então pode vir passear comigo e com minha mãe. Aposto que ela deixa! Como você se chama?


De repente ela resolveu ficar de pé, arrumando o vestido feio cheio de frufrus e outras coisas que só meninas bestas usavam.


- Me chamo Moira Narcissa Malfoy, princesa do universo! E herdeira de muito dinheiro! É o que minha mãe diz – estendeu a mão para que ele beijasse.



- Erm... Eu sou James – pegou a mão dela e sacudiu.


- James do quê? Não tem nome de família? Nem nome do meio?


- James Potter.


- Não conheço.


- Conhece agora.



N/A: Obrigada por lerem e pelos comentários :D Espero que gostem desse capítulo também.

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