Moira e James
MOIRA E JAMES
N/A: Essa é uma fanfic bem light, sem muitas pretensões. Queria fazer algo mais fluff para variar... Ela é D/G e espero que gostem.
Ele não queria aquilo. Estava totalmente fora de seus planos, de sua rotina, sua vida e ainda por cima tinha que agüentar um discurso longo e irritante da sua ex-esposa nauseante? Era além do que sua paciência já limitada suportava.
Não bastava mandar um grande e pesado saco de galões todo mês para aquela mulher? Teria que agora também cuidar da... Menina? Tudo porque Pansy resolveu encontrar um novo panaca para sugar a força vital até sobrar apenas o bagaço do infeliz!
Controlando-se para não enforcar sua ex-mulher com suas próprias mãos, Draco continuava a ouvir cada besteira que falava e para sua surpresa até que estava conseguindo manter a calma.
- Não deixe seu elfo-doméstico amarrotar nenhum dos vestidinhos dela, nem quebrar as bonecas de porcelana francesas. São caras e nunca foram tiradas das embalagens pois valem mais que qualquer elfo-doméstico estúpido. Não dê pra ela balas, doces, bolachas ou qualquer outra comida que engorde e dê espinhas.
- Ela tem sete anos... Nem pode ter espinhas ainda, Pansy.
- Mas vai ter se não cuidar da pele desde cedo. Acha que aquela pelinha lisinha vai durar para sempre se ficar se enchendo de chocolate? Nem pense em levar ela para passar em qualquer lugar sujo ou que possa vir a ficar sujo, os sapatos são feitos por encomenda e, também, ela não vai querer ir de qualquer jeito.
- Só isso? Ou tem mais alguma coisa? – perguntou sarcasticamente.
- Onde está a babá? Você disse que ia contratar uma babá!
- A mulher ainda não chegou.
- Mas quero saber se ela presta! Não posso ir embora até ter certeza que não vai ser uma má influência para a minha bonequinha!
Sua ex-sogra, que até então estivera parada como uma árvore seca, resolveu se manifestar antes que a filha exigisse algo mais.
- Estamos atrasadas querida. Tenho certeza que a babá é competente, Draco vai garantir isso, não é mesmo? – perguntou, suas palavras gentis estragadas pelo tom ácido.
- A mulher é babá dos Nott e já trabalhou com os Blaise. Altamente recomendada, não ia contratar uma imbecil – respondeu revoltado com a insinuação que não era capaz de checar referências de empregados.
- Está vendo? Agora vamos ou então perderemos o navio.
- Está bem, está bem. A senhora está certa mamãe.
Pansy se abaixou um pouco, ficando na altura de uma menina de sete anos com cabelos loiros brilhantes lisos e usando um vestido rosa bufante cheio de rendas. A expressão da menina era séria e emburrada, nem mesmo o rosto redondo pálido e nariz arrebitado de boneca suavizava o frio de seus olhos cinza e o mau-humor que irradiava.
- Dê um beijinho na mamãe.
- Não. Você vai embora sem beijo.
- Ah não seja assim. Tem que se despedir de mim... Não vamos no ver por muito tempo!
- Por isso mesmo.
Pansy soltou um suspiro cansado e olhou para a mãe.
- Ande logo Moira e se despeça de sua mãe de forma apropriada – mandou impaciente a velha.
A menina não parecia contente mas obedeceu a avó, dando um beijo rápido na bochecha da mãe e depois cruzando os braços, empinando o nariz em revolta. Pansy voltou a ficar de pé ainda não satisfeita mas desistindo de tentar partir com Moira contente.
- Então é isso Draco. Cuide bem dela – avisou com o tom irritado. – Se alguma coisa acontecer com minha filhinha, tiro até seu último centavo.
- Está atrasada, Pansy. Melhor correr ou vai perder o navio – retrucou Draco também irritado.
Pai e filha observaram de mau-humor as duas mulheres entrarem na carruagem e partirem do pátio na mansão Malfoy. Quando o veículo desapareceu por completo por entre as árvores que rodeavam o lugar, Draco teve que abaixar o rosto para fitar sua filha. A menina o encarou de volta, inclinando o pescoço para cima até o limite, com uma expressão de desafio no rosto de boneca.
Quase ao mesmo tempo ambos bufaram, nada contentes com a situação que foram forçados a viver. Não queria ela e ela não queria ficar com ele. Nenhum sabia como lidar com o outro. Era a primeira vez que Draco a encontrava sem a menina estar usando fraldas. E era a primeira vez que Moira o via sabendo quem ele era.
Imediatamente ambos não gostaram do que viram e bufaram outra vez.
Draco só observou, confuso, enquanto ela bateu o pequeno pé, que calçava um sapatinho branco, contra o chão, saindo correndo para dentro da mansão. Só parou de correr quando bateu contra um elfo-doméstico que tinha sua mesma altura.
- Quero meu quarto, seu coisa feia! Estou mandando!
O bicho piscou seus os olhos grandes e remelentos por uns segundos não conseguindo entender o que ela falava ou compreender quem a menina era. Virou o olhar para Draco, que acabara de chegar, e estava de pé atrás de Moira.
- Obedeça a menina, Trotter. Ela é Malfoy.
- S-sim, senhor. Venha, senhorita, venha. Trotter levar ela.
Irritada, a criança cruzou os braços e empinou o nariz.
- Não quero mais!
Seria um longo... Longo dia. “Cadê aquela infeliz da babá? Quando chegar vou descontar seu salário cada minuto que tive que agüentar.”
- Me passe a colher, querido.
- Já vai mãe.
- Não jogue Fred!
- Tarde demais.
- Ai! Olha onde joga isso.
- Sua cabeça é dura, vai agüentar Roniquinho.
- Andrew tire isso da boca!
- Deixe o menino, Percy.
- Jorge, cuidado com para não acertar...
Uma explosão lançou para longe a pilha de panelas sujas junto com Jorge, e tudo caiu para fora da cozinha. A mesa parou para observar o que se passava e depois de registrar o acontecimento, todos voltaram a comer como se nada tivesse acontecido. Mais um dia normal n’A Toca.
- Quero mais mãe!
- Você já repetiu o prato duas vezes Charles.
- Quero mais!
- Ah deixe o menino Lisa, querida, ele gosta.
- Molly, depois ele vai vomitar! Ainda não esqueci a sujeira que fez na sua sala domingo passado!
- Que isso, não foi nada grave. Deixe ele se divertir.
- Charles Júnior é um porco, Charles Júnior é um porco. Um porcão! – uma menina de sardas e chiquinhas começou a gritar a todos pulmões e logo em seguida outro menino quase idêntico que estava sentado ao lado se juntou ao coro.
O menino gordinho começou a chorar e puxou a manga de sua mãe.
- Manhêê! Eles ‘tão me chamando de porco!
- Melissa e John não falem assim com seu primo!
- Porcão! Porcão!
- Melissa!
- Manhêê!
- Non grite en meu ouvido, garçon!
De repente o único menino que não tinha cabelos ruivos (a exceção da menina de cabelos loiros prateados) levantou do seu lugar e correu até Melissa e John, colocando as duas mãos em cada boca e tampando seus gritos de “Porcão”.
- Ai! – gritou segundos depois. – Vocês me morderam!
- Santo James levou mordida! Santo James levou mordida, nhê nhê!
- Angelina, Susie controlem seus filhos! – gritou Penélope, que tinha Andrew no colo e tentava mantê-lo longe da confusão.
- Manhêê! Eu não sou um porco! Fala para eles! Paiê!
- Fred pegue Melissa!
- Jorge segure Jonh!
- Ai! Me morderam de novo! Mãe!
Gina soltou um longo suspiro. Todo almoço de domingo era o mesmo caos. Levantou de sua cadeira e caminhou sem pressa até onde a confusão estava instalada. Melissa mordia os dedos de James, John gritava “Porcão!” no ouvido de Charles Jr., Fleur quase pulava no colo de Gui para sair de perto das crianças, Angelina e Susie brigavam com seus maridos para que eles tentassem parar os filhos ao invés de rir, Penélope e Percy olhavam a cena toda com horror e o resto da mesa cuidava de segurar seus pratos caso a mesa virasse e a comida fosse junto.
Com sua varinha conjurou duas pequenas caixinhas azuis enquanto se aproximava de Melissa e John... Deu um olhar de aviso para James, que logo entendeu a mãe e parou de tentar segurar as bocas gigantes dos primos.
- Melissa... John... Titia tem um presente para vocês. Que explode.
A atenção dos dois foi logo conquistada e de imediato pararam de gritar e levantaram dos banquinhos que sentavam, estendendo as mãos, ansiosos para ganharem os presentes.
- Mas vocês tem brincar longe daqui, ok? – se abaixou, murmurando para eles. – Porque é nosso segredinho.
Acreditando que estavam participando de algo muito levado, assentiram ansiosamente. Gina deu uma caixinha para cada e, com alívio, os observou saírem correndo para o jardim de trás d’A Toca, onde suas vítimas seriam apenas os gnomos.
- O que você deu para eles? – perguntou, um pouco preocupada, Susie.
- Fogos de artifícios – respondeu dando os ombros.
- O quê! – exclamou horrorizada Penélope. – Eles têm fogos de artifício agora? Merlin, estamos perdidos!
- Calma Penny. Não são de verdade – riu Gina. – Mas pelo menos vai mantê-los ocupados até a sobremesa.
- Não muda o fato que o filho do Carlinhos é um porquinho guloso – murmurou Fred para Jorge, rindo.
- Ele ainda explode que nem o tio Archie – riu o outro gêmeo.
Ambas esposas dos gêmeos lhe deram cotoveladas. Felizmente nem Lisa nem Charles Júnior ouviram os comentários. Não surpreenderia Gina se tivesse sido Fred que incentivara Melissa a começar a gritaria.
Voltou para o seu lugar na mesa, ao lado de Rony, que estava mais preocupado em segurar seu recém nascido do que prestar atenção na confusão que tinha acabado de acontecer.
- Segura a cabeça desse jeito, Rony – ensinou Hermione um pouco nervosa. – Mas não largue os pés!
- Eu sei, Hermione! Não precisa repetir – retrucou não menos nervoso, embalando com cuidado a filha. – Ei Lucy, oi! Aqui é o papai. Oi.
Gina observou com um sorriso nos lábios os dois cuidando da filhinha com carinho, Rony tendo sérias dificuldades em achar uma posição confortável para ambos o bebê e ele.
Lucy Jane Granger-Weasley era a mais recente adição àquela família gigantesca e não seria a última. Susie estava esperando o segundo, Penélope e Percy provavelmente tentariam um terceiro e quem sabe quanto ao resto? Só Fleur achava a idéia de engravidar mais uma vez um absurdo. Camilla seria filha única e parecia muito feliz em continuar sem irmãos, com certeza ser traumatizada pelos primos já era suficiente. A francesinha tímida faria 13 anos naquele ano e como estudava em Beauxbatons suas visitas à Toca não eram tão freqüentes portanto, como a mãe, estava desacostumada com a bagunça.
Além de Camilla de pré-adolescentes só havia Malcolm (também com 12 anos, o primeiro filho de Percy e Penny) e Katherine (11 anos, a mais velha de Carlinhos e Melissa), o restante não passava dos sete anos de idade. Melissa e John tinham seis anos de terror, nascendo apenas dois dias a parte um do outro eram praticamente gêmeos declarados, filhos de Fred e Jorge respectivamente. Charles Júnior há um mês completara seis também. Andrew ainda não saíra do colo dos pais e tinha apenas 1 ano e meio de vida. Assim sobrava seu próprio filho, James, prestes a fazer oito anos de idade.
Criado n’A Toca James estava mais do que preparado para sobreviver naquele ambiente caótico e ao mesmo tempo aconchegante. No minuto que chegou pela primeira vez na casa levou um puxão de nariz do primo Malcolm, no seu aniversário de dois anos os tios Fred e Jorge estouraram fogos dentro da casa causando várias queimaduras em todos os convidados e a destruição total de metade dos presentes, seu primeiro sinal de magia se deu quando quase foi atropelado por um pônei que Katherine tinha ganhado quando fez sete anos. Uma pequena confusão durante o almoço não era nada de estranho.
Gina mal podia acreditar que ele completaria oito anos em junho... O tempo passava tão rápido. Parecia que fora apenas no dia anterior que sofria com a tarefa de trocar suas fraldas. Quase riu ao lembrar a crise que havia sido.
Não que não tivesse mais a “deliciosa” oportunidade de trocar fraldas. A cada nova criança Weasley, uma outra aventura começava. Pouca diferença fazia que os pais e mães moravam longe dali, sempre tinham tempo para visitar Molly e Arthur e no fim todos se ajudavam na hora de tomar conta das crianças. Raro eram os dias que apenas os dois, Gina e James ficavam sozinhos na Toca. O que era ao mesmo tempo uma benção e maldição.
Domingo, no entanto, era o dia que toda a família se reunia regularmente. E, portanto, o mais confuso da semana.
- O que está planejando fazer para seu aniversário, Rony? – perguntou Carlinhos do outro lado da mesa.
- Ah, o mesmo de sempre, acho. Um bolo aqui na Toca – depois virou para mãe e o pai. – Se não for muito trabalho.
- Imagine, querido!
- Estamos ficando velhos Rony – riu Hermione. – Vinte e sete! Agora vai ficar ainda mais perto dos trinta do que dos vinte.
- Nem me lembre – respondeu ficando vermelho nas orelhas de vergonha.
- O que vai querer de presente esse ano? – perguntou Gina, se metendo na conversa.
Gina e James davam uma vassoura nova por ano para Rony e naquele aniversário queria tentar algo mais original. Aliás, praticamente todos os presentes dele eram relacionados à Quadribol, à exceção do suéter tradicional de Molly.
- Uma vassoura! Tem esse novo modelo que estou de olho desde que lançou... Vem com um feitiço anti-risco e três capas de proteção diferentes.
Praticamente a mesa toda revirou os olhos, rindo. Algumas coisas não mudavam. Rony continuou a descrever praticamente todo conjunto de equipamento de um goleiro mais metade do catálogo dos Canhões de Chudley. Um tempo depois as conversas mudaram de rumo e a sobremesa chegou.
- Posso escolher o presente do tio Rony esse ano, mãe? – pediu James, agora sentado novamente ao seu lado e falando em voz baixa para que só Gina ouvisse (algo que não era difícil com tantas conversas paralelas).
- O que você tem em mente?
- É surpresa.
- Nada perigoso?
- Não...
- Promete?
- Sim!
- Então tudo bem.
- Isso! – comemorou. – Vamos no Beco amanhã comprar, vamos? Por favor?
Gina riu, passando a mão no cabelo desarrumado dele com carinho.
- Vamos.
- O quê? Só pode estar de brincadeira!
- Sinto muito, Sr. Malfoy. Mas estou... – A cabeça nas chamas deu um espirro forte antes de continuar. – Com a gripe do dragão – outro espirro. – Sinto muitíssimo, mas não poderei tomar conta da sua filha.
- E o que devo fazer agora!
- N-não sei. Arranjar outra babá?
- Agora! Em cima da hora?
- Sinto muito.
- Me poupe de seus “sinto muitos” que eles não prestam para nada! Suma da minha frente! Seus patrões vai ficar sabendo disso, ouviu?
Os olhos da mulher estavam arregalados antes de desaparecerem da lareira. Draco se jogou na cadeira mais próxima e colocou um pouco mais de firewhisky no copo, a dor de cabeça aumentando. Subitamente seu elfo-doméstico apareceu, suas pernas esqueléticas tremendo. Se não o deixasse em paz logo teria um motivo de verdade para tremer nas bases.
- M-mestre... A menina...
- Que foi Trotter? Fala logo.
- Srta. Malfoy está chamando o senhor, s-senhor.
- Fale que estou ocupado.
O elfo simplesmente olhou para a porta do escritório indicando para Draco fizesse o mesmo. No corredor, o fitando seriamente, estava Moira, pernas juntas e braços cruzados, inexpressiva.
Ótimo! A menina tinha ouvido tudo...
Ninguém fez movimento algum por muito tempo, mas os olhos cinza dela insistiam a encará-lo e estavam incomodando imensamente Draco... A menina era... Estranha. Continuava parada do mesmo jeito, sem falar nada... Talvez até também fosse incapaz de piscar.
- O que foi? O que você quer? – tentou Draco, um pouco ríspido mas não intencionalmente. Não sabia como agir e automaticamente reagia de modo irritado quando estava se sentindo perdido.
Para confundi-lo mais ainda a menina deu três passos para trás, afastando-se dele e depois de um breve segundo, saiu correndo. Draco bufou, frustrado. Qual era o problema dela?
- O que ela queria, Trotter?
- Trotter não sabe, m-mestre.
Antes mesmo que pudesse ser atingindo pela fúria do patrão, o elfo desaparatou para escapar da bronca.
Draco fechou os olhos e colocou a mão na testa, deixando um longo e cansado suspiro escapar. Sua vida até aquele momento estava calma, tudo parecendo finalmente encontrar o lugar certo depois de tanto tempo com confusões e problemas de todos os tipos. Mas, de repente, tudo tinha virado de ponta cabeça outra vez.
Mal tinha casado e seus pais morreram. Logo que os enterrara, recebeu a notícia da gravidez de Pansy... E para completar, um ano depois a maldita resolveu ir embora e levou sua filha junto para a casa da sogra. Quando finalmente tinha se adaptado a vida solitária, Pansy decidiu que era o momento de oficializar a separação.
Durante seis anos o único contato que tiveram havia sido através da pensão de Moira. Nenhuma palavra ou carta... Ou mesmo foto. Só sabia que mãe e filha ainda estavam vivas porque tinha que tirar dinheiro de sua conta em Gringotes todo mês e passar para a dos Parkinson. E então, sem mais nem menos, Pansy aparecera uma semana atrás com os papéis do divórcio prontos para serem assinados por ele.
A razão? Queria casar-se de novo com um francês idiota que conheceu durante suas férias de verão. Sem hesitação Draco queimou os papéis com sua varinha e pisou em cima das cinzas no chão. Era sua pequena vingança por abandoná-lo e levar Moira junto.
Infelizmente sua reação radical não diminuiu a resolução de Pansy que continuou tentando a ponto de ameaçar processá-lo e envolver a imprensa na história, causando um escândalo e arruinando o nome Malfoy, que já não estava em alta nos últimos anos, de uma vez por todas. E assim teve que ceder, para seu ódio.
Claro que a humilhação de ser agora um divorciado não bastou. A ex-mulher também avisou que viajaria para a França por duas semanas e que Jean-Louis, o francês de bigodinho ridículo e voz chiada, a levaria para conhecer sua família rica. Moira se tornou, em questão de segundos, um obstáculo. Vivia batendo nas canelas do futuro padrasto e prometera que faria a mesma coisa com os pais dele. E, segundo Pansy, quando a menina prometia algo cumpria sempre.
Como canelas quebradas não causariam uma impressão muito boa, seria impossível levá-la junto na viagem... Já que Margaret (sua ex-sogra, felizmente) iria também... Não havia ninguém para cuidar de Moira, exceto Draco. Não era preciso mencionar que nenhum dos envolvidos estava feliz com a situação.
E para completar a série de eventos desastrosos estava sem babá.
Não sabia cuidar de crianças e a última vez que pegou Moira no colo o cheiro foi tão insuportável que a colocou rapidamente de volta no berço, se afastando rapidamente e deixando que os empregados trocassem sua fralda.
E ainda mais que naquela época sua filha tinha um rostinho doce e ria de qualquer coisa que acontecia, principalmente quando um elfo-doméstico caia da escada. Aquela menina de expressão séria e olhar frio não podia ser sua filha. E, de certo modo, não era mesmo. Não tinha participado de sua vida até agora portanto perdera o direito ao posto de pai há muito tempo. Ficaria surpreso se ela até mesmo soubesse de sua existência há uma semana atrás.
Nos primeiros anos até que tentou manter contato... Mas como? Mandar cartas era inútil, ela não sabia ler ainda. Brinquedos poderiam ser dados por qualquer um e ela nunca saberia que eram dele entre tantos que já devia ter. Pansy não permitia que ele chegasse perto nem dela nem de Moira. Convenceu-se então que não seria um bom pai de qualquer modo e que nem valia a pena tentar.
Tinha ainda, no entanto, a carta que escrevera para ela no seu aniversário de cinco anos. Mas ao invés de mandá-la preferiu dar uma boneca de porcelana chinesa. Será que ela tinha gostado?
Bebeu um gole de whisky, passando por sua garganta como fogo. Duas semanas inteiras com a menina em sua casa... E onde arranjaria uma babá que já não tinha se demitido ao cuidar dela? A fama de Moira chegou aos seus ouvidos no minuto em que começou a procurar por uma pessoa que aceitasse ser babá na mansão Malfoy. Notícias corriam rápido no submundo dos criados e não havia nenhuma mulher insana o bastante para aceitar o emprego.
Aparentemente Moira tinha uma reputação de ser um demônio disfarçado de garotinha. Podia entender que algumas ficassem intimidadas com o rosto pálido e inexpressivo dela mas... Demônio? Sinceramente estava torcendo para que fosse apenas exagero.
Só conseguiu arranjar uma babá quando, sem querer, esqueceu de mencionar o nome da filha. Para todos os efeitos Moira era uma Parkinson e ninguém sabia que o pai era Draco. Infelizmente parecia que a mulher tinha descoberto a verdade e, também sem querer, havia contraído uma doença extremamente contagiosa logo em seguida.
Draco continuava de olhos fechados, lutando contra a dor de cabeça que só aumentava junto com seus problemas. Esticou as pernas e colocou o copo com firewhisky na mesinha ao lado. Estava prestes a cair no sono, e tirar um cochilo merecido, quando ouviu uma voz fina ao seu lado.
- Quero ir para casa.
Levando um susto gigantesco Draco abriu os olhos e quase caiu junto com a cadeira para trás.
- Quê?
- Eu disse que quero ir para casa. Agora.
Lá estava a menina novamente, séria e de braços cruzados.
- Infelizmente vamos ter que nos agüentar.
Não disse nada por alguns minutos e Draco achou que a conversa tinha terminado... Mas estava muito enganado.
- Odeio você. Odeio essa casa velha! Odeio aquele elfo idiota! Me leva de volta para a minha mãe já!
- Sua mãe não quer você mais. Vai ter que ficar com papai aqui. Prepare-se para a diversão – respondeu sarcástico.
Moira por um milésimo de segundo pareceu prestes a chorar mas ao invés empinou o nariz e bateu o pé direito no tapete.
- Quero ir para casa!
- Já disse que não vai.
- Odeio você!
- E você já disse isso.
- Você não é meu pai! Não tenho pai! É tudo mentira!
- Bem que eu gostaria que fosse.
A menina abriu a boca, chocada.
- Vou contar para minha avó que você me bateu!
- Vá em frente.
- E dizer que você mau! E feio!
- E sua avó vai concordar com gosto.
- Te odeio!
Draco soltou um suspiro quando a menina saiu outra vez correndo para Merlin sabe onde. Sentia falta do neném de fraldas sujas que ria de qualquer bobagem.
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