A Garota de Azul e Prata



Capitulo 14 – A Garota de Azul e Prata

Harry entrou no salão principal sob os olhares de toda a escola, muito alunos custavam a acreditar que fosse realmente ele. Bufava, não se lembrava de ter sentido tanta raiva fazia muito tempo, andou a passos firmes ate a mesa da Grifinória e se largou ao lado de Hermione, que o olhou de uma maneira um tanto cínica.
–Que foi? –perguntou ela, quase zombeteira.
–Você viu o quadro de avisos?
–Que é que tem?
–Eles vão voltar a reunir a A.D., sem meu consentimento!!!
Hermione abafou um risinho, o que fez Harry sentir um pouco de raiva dela. Puxou um prato para perto de si e o lotou de torradas.
–Achei muito legal o que você fez pela Gina e o Dino há pouco. –comentou ela, vagamente. –Bem altruísta.
–Eles formam um casal bonito. –disse ele, engolindo uma torrada inteira.
–Isso não é um motivo, Harry.
Harry se virou para ela, a boca cheia, uma expressão de desconsolo na face. Hermione sorriu para ele e, em seu tom mais terno, lhe perguntou:
–Harry, por que você a disse que não gostava mais dela?
–Eu não gosto, Mione, nunca gostei.
–Tsk, tsk, tsk... Harry, não mente para mim. Desde que vocês começaram a jogar juntos na Grifinória ficou na cara que você gostava dela.
–Nada ver Mione...
–Vai, Harry, não mente para mim.
Harry fungou, enquanto Hermione esticava o braço para ajeitar seus cabelos, que não estavam mais tão arrepiados quanto quando ele chegara.
–Mione, eu não posso deixa-la ficar perto de mim... –disse harry, suspirando, sua expressão era das mais desoladoras.
–Por que, Harry, vocês se gostam tanto!!! –exclamou a garota.
–Ela me deixa fraco, Mione. –argumentou Harry. –Com ela por perto eu perco o controle...
Hermione fez uma cara de completo desentendimento, mas Harry prosseguiu:
–Hoje, enquanto descíamos, eu perdi o controle de minha oclumência umas três vezes... –explicou ele.
Hermione continuou olhando para ele, parecia querer rir, mas também mostrava entender o porque da preocupação do garoto.
–Harry, você vai se deixar abalar por isso? –perguntou ela.
–Mione, –então ele baixou o tom de voz. –Agora, mais do que nunca, está extremamente facil para Voldemort entrar em minha mente.
A garota piscou duas vezes, não parecia a mesma Hermione de antes, era quase como se a garota estivesse... burra! O que deu em você, Mione, você sempre seria a primeira a me dar uma carcada se eu tentasse algo que pudesse me por e a outras pessoas em perigo.
–Harry, eu sei que você está preocupado com Gina, –disse Hermione, quase que para contrariar seus pensamentos –eu também estou, mas ela estaria dez vezes mais segura ao seu lado do que ao lado do Dino.
–O problema, Mione, é que eu não sei se sou capaz de lutar em pleno com Gina próxima a mim.
–Ela te daria forças!
–E me tiraria a razão... Mione, eu amo demais aquela garota pra deixar ela ficar perto de mim!
–Mas Harry....
–Mione, pensa comigo, eu sei que você é capaz de seguir um raciocínio: eu fico com a Gina, ela me deixa fora do serio, minha oclumência falha, Voldemort entra na minha cabeça, descobre o que sinto por Gina... o resto você já pode presumir.
Hermione se calou, estática, como eu não pensei nisso?, pensou ela, E eu tentando convencer ele a ficar com ela de qualquer jeito... Hermione não pensara nessas conseqüências, sua vontade de unir o casal era tamanha que nublara por completo sua razão.
–Ah, Harry, me desculpa, eu... –ela começou a choramingar.
–Tudo bem, Mione... –disse ele. –Mas se você realmente quer juntar um casal, começa por você e ele.
Harry indicou com o nariz um rapaz alto e corpulento que acabava de entrar no salão, tinha no peito um reluzente distintivo dourado, preso a grava, ligeiramente frouxa, no ombro pendia uma mochila surrada. Ronald Weasley ajeitou os cabelos que lhe vinham ate os ombros, arrancando alguns suspiros de garotas do quinto ano da Lufa-Lufa. Hermione se virou para Harry, os olhos arregalados.
–Você... –começou ela.
–Não preciso usar legilimência para isso, Mione, é tão obvio...
Rony se sentou ao lado de Hermione, deixando a garota ligeiramente enrubescida, Harry não pode conter um sorriso cínico. Rony os ignorou por alguns segundos.
–Eu odeio esse cargo... –resmungou, dando um soco no distintivo.
–Por que? –perguntou Harry, com descaso.
–Tudo o que acontece nesse castelo idiota sou eu que tenho que resolver... Os professores servem para que? –perguntou em tom de urgência?
–Para dar aulas, talvez... –zombou Mione, Rony a olhou pelo canto dos olhos.
Os dois ficaram em silencio por alguns segundos, enquanto Rony fazia seu prato, com algumas torradas e bacon. Neste exato momento o sinal tocou em algum lugar do castelo, Harry e Mione olharam para ele, que tinha os olhos injetados.
–Já faz três dias que eu não como... –disse ele pausadamente. –Eu não posso viver só de sapos de chocolate...
Os três se levantaram, só Harry sem uma mochila no ombro.
–Que aula temos agora? –perguntou Harry.
–Transfiguração. –respondeu Mione. –Onde você pensa eu vai sem uma mochila?
–Perai...
Rony e Hermione se entreolharam, imaginando que ele fosse fazer mais feitiços sem uma varinha. Mas ele sacou a varinha e fez um leve gesto com ela.
–Então você também aprendeu a fazer feitiços não verbais? –perguntou Mione, zombeteira.
–Tive que aprender, não quero levar uma outra surra para o Seboso. –disse Harry, friamente.
Faz tempo que ele não ri, desde a morte de Dumbleodore o mais perto que ele chegou de um sorriso foi aquela coisa fria que ele fez ontem... pensou Hermione.
A mochila de Harry surgiu pela porta do salão, assustando muito alunos, inclusive veteranos, e veio parar nas mãos de Harry. O garoto sorriu, daquela maneira fria, e os três seguiram na direção da saída, mas alguém segurou Harry pelo ombro. O garoto se virou e se viu de frente para uma garota de pele clara e olhos amendoados, usava as vestes pertencentes a Corvinal.
–Harry, nós podemos trocar uma palavrinha. –disse Cho Chang, com um sorriso meio sem graça.
–Eu tenho aula, Cho. –disse Harry, querendo se esquivar da garota.
–Ahn... Harry, aula mista. –disse Mione, uma cara de desgostosa. –Grifinoria e Corvinal.
Harry olhou de uma para a outra, Cho sorria para ele, não como antes, mas sorria.
–Então vamos logo. –disse ele.
Rony e Gina partiram na frente, caminhando a passos rápidos, deixando os dois para três, muito sem graça. Eles saíram do salão principal sem dizer nada.
–E então, o que você queria me dizer? –perguntou Harry, tentando não demonstrar a vontade que sentia de se livrar da garota.
–Eu queria ouvir sua voz um pouco. –disse ela, rindo sem graça.
Harry fingia ter interesse na garota, poderia ser errado, mas a melhor maneira que podia pensar para manter Gina longe dele era se, manter por perto Cho. Só não sabia se a garota iria querer alguma coisa com ela, precisava arriscar.
–Eu também senti sua falta... –mentiu ele, sentindo o coração pulsar. –Mais do que nunca...
A garota o olhou de lado, um pequeno sorriso nos lábios, a satisfação presente em cada traço de seu rosto.
–Serio? –perguntou ela. –Que legal...
–Sabe, Cho, eu estava pensando em uma coisa...
–O que?
–Eh... O que aconteceu entre nós?
A garota não respondeu de imediato, seguiu andando ao seu lado, olhando para o movimento dos próprios pés, Harry considerou a idéia de que avançara demais ao ir tão cedo ao ponto.
–Se você achar que não foi nada, tudo bem, eu... –começou ele, tentando parecer solicito.
–Harry, você gosta de mim?
Harry não esperava aquela pergunta.
–Se... se eu gosto de você?
–Eh, Harry, você realmente gosta de mim, ou...?
–Por que?
–Cedrico uma vez me disse que você gostava de mim... Eu não acreditei, mas... Depois daquele beijo...
–Eh... Acho que o Cedrico estava certo... E ainda está.
Cho riu baixinho, Harry sentiu uma leve satisfação, se a garota estava gostando de saber que Harry gostava dela era porque tinha algum interesse.
–Aquele foi seu primeiro beijo, não foi Harry? –perguntou a garota, após alguns segundos.
–Foi.
–Foi o meu também.
Harry parou no meio do corredor, fazendo duas garotas do terceiro ano da Lufa-Lufa desviarem quase em cima dele. Olhou para Cho assombrado.
–Mas eu pensei que... E o Cedrico? –perguntou ele, continuando a caminhar, mas bem mais devagar do que antes.
–Nós sempre fomos ótimos amigos, ele que me indicou para a posição de apanhadora da Corvinal, mas nunca rolou nada mais serio entre nós.
–No torneio tribruxo você foi a pessoa mais importante para ele...
–Harry, nós éramos amigos há quatro anos... Melhores amigos.
–Mais ou menos que nem eu e a Mione...
–Mas a pessoa mais importante para você foi o Weasley.
–Tinha o Krum, lembra? Ele tinha uma queda pela Mione.
–Um tombo.
Harry sentiu uma estranha sensação, estava gostando de conversar com ela, nunca antes eles haviam conversado, o mais próximo disso foi aquela choradeira dela, que acabou em um beijo.
–Eu sempre te imaginei como uma garota experiente... –disse ele, sem pensar no peso de suas palavras.
–Está me chamando de atirada? –perguntou ela, em tom de reprovação.
–Não, só imaginei que como sendo popular como você é...
–Era, repetentes não costumam ser populares.
–Por que você repetiu, mesmo?
–Falta de aproveitamento, tive um ano conturbado, principalmente o final.
Harry entendeu o que ela quis dizer, no final do ultimo ano letivo a noticia de que Harry Potter estava de namorada nova voou por Hogwarts como ele voava pelo campo de quadribol.
–Harry, você e a Weasley..? –começou ela, sem jeito.
–Não há mais nada entre Gina e eu, ela gosta do Dino e eu de você.
Harry disse aquilo com tanta naturalidade que se surpreendeu, e não foi o único. A expressão que Cho fez era de confusão e euforia. Ótimo, ela mordeu a isca, agora é só mantê-la por perto.
Eles finalmente chegaram a sala de transfiguração, toda a turma já havia entrado e a porta estava fechada.
–Minerva não vai gostar nada disso... –disse Harry, batendo na porta e a abrindo em seguida.
–Harry, não é a Min... –começou Cho, mas já era tarde demais.
Harry já entrara na sala e se vira de frente para um homem magro, alto, olhos muito azuis atrás de oclinhos em forma de estrela e cabelos e brabas muito brancos, quase prateados, ambos presos em compridas tranças.
–Pro... Professora Dumbleodore? –perguntou Harry, assombrado com aquela visão.
O homem o mediu por alguns segundos, seus olhos se fixando automaticamente na cicatriz em forma de raio na cabeça do garoto.
–Sim, Potter, mas o nome é Alberforth Dumbleodore. –respondeu o homem, de voz bem mais grave e decidida que Dumbleodore.
Harry sentiu seu coração desacelerar e uma chama que se acendera em seu peito se apagar, fez uma estranha careta.
–Acho que o fato de ser Harry Potter não lhe da o direito de chegar atrasado, Potter. –disse ele, o tom de voz lembrando horrivelmente Snape. –Nem à sua namorada.
Harry se virou e viu Cho entrando de fininho e se sentando entre duas garotas da Corvinal, uma delas Padma Patil.
–Desculpe, não voltara a acontecer. –disse Harry, rumando para o fundo da sala, onde estavam Rony e Mione.
–Mesmo assim, cinco pontos a menos para Grifinória e Corvinal. –disse ele, voltando-se para a lousa.
Harry se sentou e largou sua mochila em cima da mesa, bufando, não sentia raiva, mas, pela primeira vez desde que voltara a Hogwarts, sentira o verdadeiro peso que a falta que Dumbleodore lhe faria. A falta que seu mentor lhe faria.
–Nós também pensamos que era ele, cara. –disse Rony, tentando anima-lo. –E esse daí é quase tão louco quanto.
–É, Harry você vai gostar dele. –concordou Mione. –E ele é o novo diretor da Grifinória.
–O problema não é se eu vou gostar dele, é se ele vai gostar de mim. –disse Harry, pondo um ponto final no assunto.
O professor escrevia algo na lousa, mas Harry não prestava atenção, notou que Cho não parava de olha-lo, mas isto também era irrelevante. Lembrava-se de já ter ouvido falar de Alberforth Dumbleodore, mas não se lembrava de quem lhe falara dele, fizera parte da Ordem... Irmão mais novo de Dumbleodore. Ao se lembrar de Dumbleodore se lembrou de uma coisa que não tinha nada a ver, mas lhe parecia uma pergunta bem pertinente:
–Quem é o novo diretor da Sonserina?
–Nem queira saber, ela faz o Snape parecer apaixonado pela Grifinória. –comentou Rony, cerrando os dentes.
–Ela? –perguntou Harry.
–É, e ela e a filha estão doidos para te conhecer, garoto do patrono corpóreo. –zombou Mione.
–Silencio ai, o triozinho. –mandou o professor.
Harry olhou para frente e seu olhar encontrou o de Cho, os dois sorriram. Harry se sentiu mais uma vez no quinto ano.

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