Ele nunca temeu o perigo
N.A.: Desculpe a demora da atualização, eu entrei de férias e não consegui avisar ninguém. Bem, aqui está o penúltimo capítulo!
Falei com Snape cerca de cinco dias depois, quando ele esteve na Ordem para tratar de alguns assuntos. Eu realmente queria saber com é que ele saía tanto, com Umbridge diretora.
Isto é algo que eu esqueci de falar; graças à aventura de Harry como líder de um grupo de Defesa contra as artes das Trevas ilegal, Dumbledore acabara se metendo numa enrascada e agora estava sendo procurado pelo Ministério. Como conseqüência Umbridge fora nomeada diretora do colégio.
- Snape, preciso conversar com você, falei sério.
- Não tenho tempo para tolices sobre Sirius Black, Lupin, disse Severo sem nem me olhar.
- Não é sobre Sirius. É sobre Harry.
A voz de Severo soou áspera:
- Será que já não estão felizes? Por culpa de Potter, o colégio está sobre a ditadura de uma funcionária incapacitada do Ministério e Dumbledore tem que fugir como um criminoso.
- Não, não, eu disse. Não estou feliz, porque não lembro de Dumbledore ter dito que você deveria parar de dar aulas de Oclumência a Harry.
O silêncio pairou no ambiente. Lentamente, Severo ergueu seus olhos negros.
- Como você sabe?
- Harry se comunicou conosco, após o ocorrido na Penseira, falei. Ele ficou muito chocado com o comportamento de Tiago e veio atrás de nós para obter respostas. Acabou nos contando que você tinha parado de dar aulas a ele.
As mãos dele tremeram de um modo um tanto convulsivo, e ele segurou com força o espaldar de uma cadeira até forçá-las a parar de tremer.
- Suponho que tenham rido bastante, não?, perguntou, a voz um tanto descontrolada.
- Não, eu disse com firmeza. Não rimos. Pelo contrário, ficamos arrependidos por tudo o que fizemos a você.
- Sei, disse Severo descrente. Sei. O santo Potter ficou arrependido. Como se ele se arrependesse de alguma coisa.
- Se ele estivesse aqui, com certeza teria se arrependido, Severo.
- Ah, teria.
- Ele salvou sua vida uma vez, falei, embora essa lembrança me provocasse enjôos.
- O santo Potter estende sua benevolência a mim. Me sinto até emocionado por tanta honra ser concedida a um pobre mortal.
- Ele fez o que achava certo, falei sério.
- E ele achava certo fazer o que fez comigo?
Não encontrei resposta para aquela indagação. Severo sorriu um tanto amargo.
- Eu nunca me importei com Potter e nem Potter comigo. Não vai ser agora, quatorze anos depois, com minha dívida já quitada, que vou começar a me preocupar com o filho dele.
- Foi Dumbledore quem disse, argumentei. Você sabe o quanto isto é importante, Severo.
- E você não deveria se intrometer no que não é de sua conta, Lupin.
- Harry é de minha conta! E não é só Harry! É o mundo, Severo, o que você imagina que Voldemort vai fazer se conseguir atrair Harry ao Departamento de Mistérios? Já não basta ele ignorar que Voldemort quer levá-lo até lá, você vai deixá-lo sem proteção, suscetível a todo tipo de persuasão?
Severo me deu um sorriso cínico.
- As pessoas são interessantes. Veja você, Lupin. Depois de velho, deu para se meter na vida dos outros. Não via você fazendo isso quando tínhamos quinze anos.
Minha boca secou.
- Eu... não tinha coragem, foi o que pude dizer.
- E agora a arrumou. Pois bem, pegue essa sua maldita coragem, volte ao passado e faça o que deveria ter feito naquele dia. Depois, conversaremos sobre o que eu devo ou não fazer.
E ele saiu, me deixando sozinho e mais culpado que nunca.
- Ele disse isso?, perguntou Sirius incrédulo, quando relatei minhas palavras.
- Disse.
- Que filho da...
- Não diga, cortei. Realmente, Sirius, acho que ele está certo.
- O quê?!, disse Sirius indignado. Ele diz que não vai ensinar o Harry só por causa de uma rixinha do passado...
- Nós não podemos exigir dele o que deveríamos ter feito. Nem pedir que as feridas que nós causamos cicatrizem.
- Nós, uma ova! Eu e Tiago! Você não tinha nada a ver com isso!
- Eu tinha, disse amargo. Eu fui um relapso... Mas não é hora de discutirmos isso, eu disse quando vi que Sirius estava prestes a replicar. O que acontece é que estamos sendo hipócritas com ele, Sirius... Nós nunca poderemos exigir nada.
- Aposto que ele tem alguns motivos a mais para não ensinar Oclumência a Harry, resmungou Sirius.
- Como o quê?, falei, porém já sabendo o que iria escutar.
- Você não acha que ele pode estar cumprindo algumas ordens de Voldemort? Parar de ensinar Oclumência a Harry para torná-lo um alvo mais fácil?
- Ah, céus, Sirius, já conversamos tantas vezes sobre isso, suspirei. Dumbledore confia em Severo, e se não confiarmos nele, vamos confiar em quem?
- Ah, qual é, Remo? Vai dizer que acredita que o Snape se arrependeu e se tornou uma pessoa melhor?
- Acredito. Se Dumbledore acredita, eu também acredito.
- Remo, Dumbledore é humano! Sendo humano, ele também pode errar de vez em quando, que droga! E se ele estiver errado, e esse cara for um maldito agente duplo?
- Dumbledore não erraria a respeito de alguma coisa tão séria, falei. Ele insiste em acreditarmos em Severo. Então ele deve ter motivos para tal, mesmo que nós não saibamos.
- Pra mim, esse cara é um enrolão, é um agente duplo, e nós todos vamos acabar nos ferrando por termos acreditado nele, um da. Escreva o que eu digo.
- Se eu fosse escrever tudo o que você diz, daí sim já teríamos nos ferrado, suspirei.
- Ei! Isso é alguma insinuação a mim, é?
- Imagine...
- Seu nojento.
- Inconseqüente.
- Certinho.
- Irritante.
- Paranóico.
- Cachorro.
- Estraga-prazeres.
- Sarnento.
- CDF.
- Babão.
- Mal-humorado.
- Chega!, exclamei.
Nós nos encaramos por um momento. Para depois cairmos na gargalhada.
- Você não muda nunca, Sirius Black.
- Muito menos você, Remo Lupin.
¬¬¬
Após seu aniversário, que coincidiu com a Páscoa, Sirius se mostrou levemente mais animado. A conversa com Harry foi responsável por uma verdadeira injeção no seu ânimo, e ele se mostrou decididamente mais alegre. Quanto a mim, aconteceu o contrário; fui ficando mais cabisbaixo e triste, e quando Sirius me perguntou o que estava acontecendo (perguntou não é bem o termo; interrogatório e tortura seria mais adequado), respondi:
- É por causa de Tonks.
- Eu sabia, disse Sirius sério. Ah, Aluado, você está assim por que quer. Aposto que ela gosta tanto de você quanto você gosta dela!
- Sirius, pode até ser, mas será que você não entende?! Ela merece coisa melhor que eu!
- Ninguém pode ser melhor que você, Aluado! Uma pessoa calma, tranqüila, boa de coração, companheira e sensível!
- E um lobisomem, velho, desanimado com a vida, sem um nuque furado no bolso, roupas puídas...
- Nós nunca nos importamos com você ser um lobisomem!
- É, mas você não vai namorar comigo! Você é meu amigo, vive a própria vida!
- Você faz parte da minha vida, também! E não diga que é velho, porque eu tenho a sua idade, e eu não sou velho!
Eu não pude deixar de rir.
- Eu tenho idade para ser o pai da Tonks.
- Dane-se! O importante é que vocês se amam!
- Eu amo ela, por isso não vou deixar que ela desperdice a juventude com uma pessoa seca que nem eu!
- Tanto você não está seco que está amando de novo, cara!
- Ah, Sirius, você não entende! Eu sou um coitado, só vai fazer mal pra Tonks se ela me escolher!
- Você quer cometer o mesmo erro duas vezes, é?!
Senti meu sangue fugir das faces. Incapaz de encarar meu amigo, escondi o rosto entre os braços. Logo, ouvi a voz dele, hesitante:
- Foi mal, Remo. Eu... não pensei...
- OK..., eu disse. À esta altura, eu já devia ter me acostumado...
Senti as mãos magras de meu amigo sobre meus ombros.
- Se erga, Remo. Não adianta nós ficarmos presos no passado. Vivamos o presente.
- Eu não consigo, foi o que pude dizer, evasivo.
Para em seguida, levantar-me correndo e deixar Sirius para trás. Ele ainda queria viver.
Eu nunca podia imaginar, que, de nós dois, fosse ele o primeiro a ir.
Era uma tarde de junho, os primeiros vestígios do verão no ar. O ar estava insuportavelmente quente, os mosquitos zumbiam na noite, e eu bati de leve na porta da sede do Largo Grimmauld, voltando de uma exaustiva missão de vigilância.
Tonks me atendeu. Eu empalideci.
- Tonks...
- Entra, Remo. Voltando da missão?, a voz dela tinha um leve vestígio de mágoa.
- É, fazer o quê?, falei tentando sorrir. Sirius está na cozinha?
- Está fazendo chá. Parece que o Monstro fez alguma coisa, ele não pára de reclamar.
- Desde quando Sirius não reclama do Monstro?, perguntei com um suspiro.
Ela riu de leve, depois parou, me seguindo até a cozinha. Na sala de visita, estavam Quim e Moody, examinando alguns relatórios.
- 'Dia, cumprimentei.
- 'Dia, Remo, disseram os dois ao mesmo tempo, uma voz áspera e rouca e a outra grave e agradável.
Entrei na cozinha. Sirius tirava uma chaleira fervendo do fogo, resmungando pragas para meio mundo.
- Ei, Sirius, o que aconteceu?, perguntei.
- Monstro. Outra vez o maldito Monstro. E Snape também.
- Monstro e Snape estão agindo em quadrilha agora?, não pude evitar gracejar.
Sirius e Tonks riram, mas Sirius novamente começou a praguejar.
- Primeiro é o maldito Monstro, me machuca o Bicuço. Fiquei mais da metade da tarde cuidando do coitado, ficou com a pata em sangue.
- Diga para ele não fazer mais isso.
- Já disse. Já castiguei ele, também. É uma droga essa casa, até os elfos são arrogantes, ele xingou. Bosta!, ele xingou mais alto, quando a água espirrou em seu braço, queimando-o.
- Tá, e Snape?, perguntei, curioso.
- Me aparece aqui de repente, gritando, perguntando se eu estava aqui. Falo que estava, ele me diz: "que estranho", e vai embora!
- Que estranho, comentei. Arriscadas do jeito que estão as coisas, ele aparece do nada, para perguntar se você estava aqui?
- É!, me disse ele indignado. Odeio aquele Seboso!
- Pode acreditar que eu também não nutro nenhum sentimento por você, Black.
Viramo-nos sobressaltados. Era a voz de Severo Snape, vinda do espelho de Sirius. Para nos comunicarmos, tornáramos a adotar o método do espelho.
- Severo, aconteceu alguma coisa?, perguntei, alarmado.
- Quem está aí na sede?
- Eu, Sirius, Tonks, Quim e Alastor.
- Então mobilizem-se para o Departamento de Mistérios, rápido.
- Por quê?
- Potter. Pelo que eu deduzi, ele teve uma visão desse daí, e indicou Sirius com a cabeça, preso no Departamento de Mistérios. Ao que parece, ele veio verificar se Black estava realmente na sede, mas não encontrou ninguém.
- Estive aqui a tarde toda!, exclamou Sirius.
- Na cozinha?
- Bem... não, admitiu Sirius. Estive cuidando do Bicuço, lá em cima.
- Pois bem, ele esteve aqui durante esse seu período, e não encontrou ninguém. Então, foi capturado por Dolores Umbridge, por estar usando sua lareira. Então, conseguiu apenas me transmitir a mensagem, antes que eu fosse forçado a sair da sala. Potter e Granger contaram alguma coisa estranha para Umbridge sobre armas e a levaram para a Floresta, no entanto, não voltaram. E tenho sérias desconfianças que os Weasley, Longbottom e a Srta. Lovegood se juntaram a eles para ir até o Departamento.
Estávamos atônitos, e Severo começou a nos instruir:
- Black, eu já chamei Dumbledore, você conta a ele o que está acontecendo. Lupin, você e os outros vão até o Departamento. Eu vou procurar Potter na Floresta, pode ser que ele ainda esteja lá.
E ele saiu. Tonks correra para chamar Quim e Alastor. Sirius exclamou bem alto:
- Se ele acha que eu vou ficar aqui feito um idiota para contar a Dumbledore, está muito enganado! Monstro!
O elfo apareceu, com um sorriso enorme no rosto.
- Sim, senhor?
- Você vai contar a Dumbledore o que aconteceu.
Ele ditou exatamente o que queria que Monstro dissesse a Dumbledore, então Tonks passou na cozinha:
- Vamos indo!
Eu estava tomado de mau pressentimento, e, quando meu amigo passou pela porta da cozinha, o detive.
- Por favor, Sirius, fique.
- Quê! Se você acha que vou ficar aqui com Harry em perigo...
- Sirius, fique, pelo amor de Merlin!, falei aflito. Monstro pode não passar o aviso certo...
- Dane-se, Aluado! Eu não vou deixá-lo correr perigo! Eu prometi ao Pontas e à Lílian que cuidaria dele! Me solta!
Ele se desvencilhou de minha mão e saiu para o hall. Eu o segui. Então, quando Sirius Black deixou o Largo Grimmauld naquela vez, eu já sabia que ele não iria mais voltar.
¬¬¬
Descemos até a rua; com um estalo, Tonks, Alastor e Quim desapareceram no ar. Eu segurei Sirius antes que ele pudesse aparatar.
- Que foi, Aluado?!, ele me disse, fervendo de impaciência.
- Sirius, por favor, me escuta, fica em casa, eu pedi súplice.
- Não vou ficar! Se eu não sair pra salvar o Harry, vou sair pra quê, que droga, Remo!
- Claire também saiu para te salvar naquele dia!, eu quase gritei.
De súbito, ele entendeu o que eu queria dizer.
- Calma, Remo. Nós dois vamos voltar, OK? Eu prometo.
Tentei me tranqüilizar com aquela promessa, mas, antes que eu pudesse me acalmar, já estávamos aparatando em conjunto, e eu entrei em choque com o chão do Átrio.
- Vamos logo!, gritou Tonks, mais à frente.
Sirius correu e eu o segui, aos tropeços, a adrenalina enchendo minhas veias.
Entramos no elevador, esperando pacientemente que ele nos levasse ao último andar. Ou melhor, impacientemente, pois Sirius não parava de andar para lá e para cá como se fosse resolver alguma coisa.
- Droga de elevador, será que não dá pra perceber que temos uma emergência!
- Calma, Sirius, disse Quim com sua voz grave. Fazer isso não vai adiantar nada...
- Fácil pra você dizer!, disse Sirius, dando um chute na parede do elevador.
Eu olhava para Tonks. Ela parecia um tanto pálida, mas decidida.
- Está com medo?, perguntei.
- Não, sorriu ela, nervosa. É que nunca enfrentei Comensais antes.
- Você é auror, vai se sair bem, eu disse calmo. Vamos todos sair daqui bem.
- Um olho na frente e outro nas costas, garota, disse Alastor com sua voz áspera. É assim que eu tenho sobrevivido.
Tonks olhou rindo para mim. Era óbvio que Alastor não poderia dizer muita coisa sobre ter sobrevivido. A falta de nariz e as demasiadas cicatrizes eram bem salientes, até.
"Departamento de Mistérios", disse a voz calma da mulher do elevador.
- Já tava na hora!, exclamou Sirius.
Entramos correndo no corredor do Departamento de Mistérios, e, sem mais hesitar, abrimos a porta. Fomos introduzidos dentro de um corredor de várias portas; o corredor girou, como que para não nos deixar saber por onde entráramos.
- A segunda a contar da porta de entrada é a porta do Tempo, que leva à sala da Profecia, disse Alastor.
- E qual é a porta de entrada?!, perguntou Tonks.
- Ah, quer saber? Vamos chutar!, disse Sirius, literalmente dando um chute na porta mais próxima.
Demos de cara com a sala dos cérebros, uma sala realmente sinistra do Departamento de Mistérios onde cultivam cérebros em aquários. E, a segunda coisa que vimos, depois dos cérebros, foi Rony, no chão, lutando contra um cérebro que enrolava longos tentáculos em cima dele.
- Droga!, xingou Sirius, correndo para desamarrar Rony; com um toque de varinha, os tentáculos se desenrolaram e o cérebro foi devolvido ao seu lugar.
Na parede, a um canto, jaziam Gina, visivelmente estuporada, e Hermione, cujas vestes estavam rasgadas no peito por uma linha lateral. Num outro canto, uma garota de cabelos louros e revoltos, que eu reconheci como sendo Luna Lovegood, uma das minhas alunas da Corvinal, estava em cima de uma escrivaninha em pedaços.
- Gina!, exclamei, correndo até a garota.
Ela não mostrou nenhum sinal de reação, enquanto Sirius tentava interrogar Rony, que ria de um modo abobado.
- Harry? Não sei não... Foi engraçado... Caras com máscara, sabem... hihihi...
- O que diabos fizeram com ele?, perguntou Tonks, o cenho franzido.
- Feitiço Confundus, disse Alastor, experiente.
- Diabos..., xingou Sirius, dando um chute na mesa.
- Enervate., sussurrei, acordando Gina.
Ela despertou, piscando os olhos castanhos. Olhou para Sirius e soltou uma exclamação:
- Sirius! Você está bem!
- Estou sim, disse Sirius, indo até Gina decididamente desesperado. Pelo amor de Merlin, Gina, onde está o Harry?
- O Harry? Não sei... Rony! Como está Rony? Ele estava sendo sufocado!
- Está bem, Gina, está bem, tentei tranqüilizá-la. Fique calma.
- Eles me estuporaram... e meu tornozelo..., ela fez um gesto desanimado em direção ao seu tornozelo, que estava virado num ângulo estranhíssimo.
Do outro lado, Tonks reanimava Luna Lovegood, e seus gemidos se ouviam fracos:
- Onde está Harry?
- Eu, Neville e Harry, estávamos fechando as portas... Mas daí... Um feitiço... ai, tá doendo...
- Eu duvido que eles saibam, Remo, disse Alastor.
- O que aconteceu com a Mione?, perguntou Gina olhando nervosa para a amiga no chão.
Examinei-a brevemente e concluí:
- Dolohov esteve aqui. É sinal claro daqueles feitiços dele. Hermione tem sorte de estar viva, mas não vai se curar tão rápido.
De repente, gritos de dor na sala ao lado.
- O que é lá?, perguntou Tonks, temerosa.
- A Câmara da Morte, disse Alastor sério.
- Outra vez os gritos, disse Sirius. Isso é normal?
- Não..., eu falei. Esses gritos... Neville!
- Ah, meu Deus!, gritou Gina. Por favor, por favor, vão salvá-los, eles estão com a tal profecia!
Troquei um olhar rápido com Sirius, e nós dois fizemos um aceno afirmativo com a cabeça. Não íriamos deixar aquela profecia cair nas mãos de Voldemort. Muito menos deixar que Harry morresse.
- Gina, escute. Nós vamos ter que deixá-los aqui. Vamos providenciar para que nenhum Comensal venha para cá, OK? Tenha calma.
- Por favor, salvem Neville, salvem o Harry..., ela me pediu com os olhos marejados de lágrimas.
- Salvaremos, prometi. Vamos todos estar voltando para Hogwarts daqui a algumas horas, OK? Não fique nervosa.
Ela sorriu para mim.
- Eu confio em vocês.
Sorrimos.
Com urgência, fomos para as portas.
- Por Tiago e Lílian, disse Sirius, puxando a varinha.
- Para que a morte de todos não tenha sido em vão, eu disse sério.
As portas se escancararam. E nós cinco entramos correndo na Câmara da Morte.
¬¬¬
Entramos correndo na Câmara da Morte.
Demos de cara com Harry, encurralado, estendendo a profecia para Malfoy, a fim de proteger Neville, que jazia aos pés de uma Comensal.
Lúcio ergueu a varinha, mas, antes mesmo que pudesse enunciar o feitiço, Tonks o estuporou. De imediato, tivemos que nos desviar de uma enxurrada de feitiços. Consegui fazer dois voarem com meu muito prático Feitiço Expulsório, e Sirius, que ria como se nunca tivesse feito nada melhor na vida, atacou o Comensal mais próximo com um belo Petrificus Totalus.
Pude ver Harry e Neville, no outro canto, rastejando para se desviar de feitiços, mas não houve tempo para prestar atenção neles; no instante seguinte, Rodolfo Lestrange vinha em minha direção.
Todos os Comensais estavam preocupados demais com seus próprios adversários. Sirius encarava um Comensal encapuzado; Harry enfiava a varinha na fenda da máscara de algum dos Comensais da Morte; Tonks duelava freneticamente contra Belatriz, a prima de Sirius, já sem capuz; Moody parecia estar perdendo contra Dolohov; e Quim duelava com maestria nos movimentos, contra dois Comensais.
Fui impedido de continuar observando, pois Lestrange me lançou uma Maldição da Morte que passou assoviando na minha orelha. Rebati com um Expulsório, mas ele se protegeu; porém, no instante seguinte, o desarmei com um Expelliarmus. Rodolfo olhou para mim atônito, e eu sorri.
- É, as coisas um dia mudam, Rodie, sorri, e o atirei pelo ar.
Ele bateu pesadamente a cabeça contra a parede.
- Essa é por Claire, eu disse, cuspindo no chão, antes de estuporá-lo definitivamente.
Virei-me para trás, e quase fui atingido por um corpo voador; Moody agora se levantava, tonto, sem o olho mágico; Sirius duelava com Dolohov, Quim com Rookwood, e um Comensal vinha com um sorriso arreganhado em minha direção.
Me desviei com rapidez de um dos feitiços que ele lançou, enquanto gritava:
- Rictusempra!
O Feitiço das Cócegas deixou o infeliz imóvel, sem ar; aproveitei a oportunidade e o petrifiquei.
Foi quando ouvi um grito no alto das escadas. Congelando, me virei para ver quem era.
Belatriz Lestrange agora corria para o meio da batalha. E Tonks, o corpo de Tonks, rolava de degrau em degrau até o chão.
Não me importei com Belatriz; meu pensamento estava concentrado em Tonks, quando corri e a tomei nos braços, tremendo.
- Pelo amor de Merlin, faça com que ela não tenha morrido, faça com que ela não tenha morrido...
Escutei seus batimentos, e suspirei aliviado. Deitando-a com suavidade num dos cantos da parede, suspirei.
- Você não vai morrer antes que eu possa te contar, Tonks... Não vai...
Me abaixei para desviar de um raio de luz verde; quando vi, Harry estava sendo atacado por Lúcio Malfoy, já recuperado do feitiço, e jogava a profecia para Neville; vi Malfoy apontar a varinha para Neville, mas Harry o fez voar pelo ar; ele já se adiantava para estuporar Harry e Neville quando me enfiei entre eles.
- Harry, reúna os outros e VÁ!, só tive tempo de gritar, enquanto me protegia.
Vi Harry agarrar Neville e sair correndo com a profecia nas mãos, enquanto encarava o rosto frio de Lúcio Malfoy.
- Foi você, não foi, Lupin? Que deixou Macnair na minha porta?
- Sem dúvida, falei com um sorriso agradável, enquanto lançava uma Azaração de Impedimento. Afinal, que os Comensais cuidem dos Comensais.
- Você acha isso tudo uma piada, não é?, perguntou ele com seu sorriso fino e sarcástico. Aqui não tem Tiago Potter nem Sirius Black para te proteger…
- Me virei doze anos por mim mesmo, Lúcio, mas ainda assim, obrigado pela preocupação, eu disse sem me alterar, atingido-o com um Tarantallegra.
As pernas de Lúcio começaram a dançar loucamente, mas ele não perdeu o sorriso sarcástico por um instante.
- É, tanto não precisa que não foi nem capaz de proteger nem os amigos...
Me senti queimando de indignação por dentro. Praticamente fora de mim, gritei:
- PETRIFICUS TOTALUS!
Sem conseguir se proteger convenientemente, devido às pernas dançantes, Malfoy foi atirado no chão, petrificado.
- É, Malfoy... Mas ainda sou capaz de dar conta de você.
Então, um grito esganiçado de Neville cortou o ar:
- DUBBLEDORE!
Virei-me.
Dumbledore, o anjo salvador, estava em cima das escadas. Eu senti um grande alívio, respirei fundo com a guarda baixa. Se ele estava ali, estávamos todos salvos, ninguém iria morrer...
Vi Rabastan Lestrange correr feito um louco para o meu lado, mas Dumbledore gentilmente o trouxe de volta com a varinha. Todos os Comensais pareciam simplesmente apavorados. Exceto ela.
Sirius continuava duelando com Belatriz. Ria como não ria havia muito tempo. Eu não pude deixar de pensar que finalmente ele estava no seu lugar, enfrentando uma luta mortal pela vida de uma pessoa que ama, contente em ter finalmente conseguido salvar alguém, como não foi capaz de salvar Claire, nem Tiago e Lílian.
Ela sorria demoníaca. Desde menina, ela era sádica. Tinha prazer em ver os outros sofrerem; talvez por isso tenha se tornado a Comensal perfeita, mais perfeita que muitos homens; a mulher fatal. Belatriz Lestrange cometera as maiores atrocidades, enlouquecera dois dos meus melhores amigos, e poderia deitar a cabeça no travesseiro e dormir tranqüila.
Sirius se desviou com prontidão de um raio de luz vermelha que ela lançara. Zombava, como sempre. Ele nunca temeu o perigo.
- Vamos, você sabe fazer melhor que isso!, ele provocou.
Adorava provocar.
Foi súbito e doloroso. Antes que eu tivesse tempo de pensar, antes que eu pudesse reagir, antes que ele pudesse reagir, ela o atingiu.
Ele voou pelo ar.
Seu corpo descreveu uma párabola perfeita...
Meus membros estavam paralisados...
Ele começou a cair...
Eu dei passos à frente...
Havia choque no seu rosto. Ele não esperava por aquilo...
Lágrimas súbitas saltavam aos meus olhos...
E, sem mais sofrer, sem mais esperar, como se toda aquela vida tivesse sido escrita para terminar ali, como se cada ato de sua rebeldia adolescente, cada dor, cada injustiça, fosse tudo para que ele um dia, tão cedo, tão subitamente, tão inesperadamente, aterrissasse dentro do véu da morte.
N.A.: É, bem, último capítulo chegando logo, e ainda tem o epílogo. Eu passo na fic de quem eu ainda não passei logo!
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