A pessoa que eu mais amei



N.A.: Aê, gente! Obrigado por quem comentou! Pode deixar que eu dou uma passadinha na fic de quem quiser!


Mas nem tudo era tristeza. Comparecemos ao casamento de Anne Key com um trouxa chamado Finnigan, e depois vimos Katie Heart se casar com Stephen Patil. Sirius estava um pouco melancólico naquele dia.

— Todo mundo já encontrou o amor da sua vida, menos eu — respondera sem me encarar direito, pensando que eu ia rir.

Tive vontade de dizer que só ele é que não queria olhar. Claire estava a cada dia mais insinuante. Morávamos os três sozinhos, e às vezes passávamos dias sem ver ninguém. Nesses dias, Claire ficava olhando Sirius o tempo todo, e Sirius olhava pela janela, sem saber que o que procurava estava dentro de casa.

Um dia, Andrômeda apareceu às lágrimas.

— Sirius!… — e abraçou o primo.

— Que foi, Andy? Por que está assim? — perguntou ele, preocupado, pensando com certeza que mais alguém deveria ter morrido.

— Sirius, eu estou grávida!

Eu senti o meu queixo cair. Sirius arregalou os olhos.

— De quem?

— De um trouxa, o Ted!

Meu queixo caiu mais. Andrômeda estava namorando com um tal de Ted Tonks, um trouxa, mas eu nunca pensei que aquilo fosse acontecer.

Sirius ajudou muito Andrômeda. Ela veio morar conosco por algum
tempo — a mãe a expulsara de casa —, depois casou com Ted Tonks. 9 meses depois daquele dia, nascia uma linda menina no St. Mungus.

Nós olhávamos Andrômeda toda orgulhosa segurando sua filha e Ted Tonks olhando atordoado para os quadros que se mexiam.

— Qual vai ser o nome dela? — perguntei.

— Ninfadora — respondeu ela.

— Vai dar um nome desses pra menina, Andrômeda? — perguntou Sirius. — Coitada dela…

— É bonito, Sirius — disse ela, teimosa.

De repente, a garota atraiu nossa atenção espirrando e fazendo seu nariz mudar de forma para uma espécie de nariz de porco. Fiquei olhando espantado.

— Nossa! O que ela tem?

Andrômeda olhou para o bebê estranhando; só Sirius reconheceu o que era:

— Ela é uma metamorfomaga! — disse orgulhoso. — Pode mudar de forma quando quiser! Lembra que tio Fineus também podia?

Isso só fez Andrômeda ficar mais orgulhosa de sua Ninfadora. Ted Tonks agora observava um bruxo voando no corredor, os olhos do tamanho de pires.

Andrômeda saiu da Ordem alguns dias depois. Ela disse que não poderia correr perigos pois queria criar Ninfadora até a maioridade dela.

¬¬¬

Foram passando os anos. Andrew Weyers foi encontrado morto em cima do túmulo de seu amigo Leonard, que foi encurralado por dois Comensais no Beco Diagonal e assassinado na frente de todo mundo. A Profª Donan morreu junto com Aymus Judd, o irmão da Marina. Ela estava dando aulas de Adivinhação extras para Aymus, que tinha reprovado nos N.I.E.M’s de Adivinhação e queria tentar de novo. Os Comensais invadiram a casa dela e mataram os dois antes que pudessem reagir.

Chegou o meu aniversário de 27 anos, e a Ordem resolveu fazer uma festinha surpresa. Quando eu cheguei em casa após mais uma tentativa frustrada de arrumar emprego, dei de cara com um bando de gente — provavelmente a Ordem toda, tinha gente que eu nem conhecia ali — gritando:

— SURPRESA!

Foi uma festa alegre. Eu mesmo estava mais feliz do que em muitos dias. Sirius ria o tempo todo, Claire sorria para mim, Tiago fazia a maior farra. Mundungo Fletcher trouxe uma câmera e todos nós posamos para uma foto. Não sei onde ela está atualmente, acho que Moody está com ela. Eu ficaria triste ao me lembrar daquilo depois.

Cárataco Dearborn desapareceu cerca de seis meses depois. Já Beijo Fenwick foi encontrado em pedacinhos, coitado. Um novato chamado Hector Yard, mal entrou e já foi morto. Voldemort assassinou uma família de duendes em Nottingham, e agora estavam todos unidos contra ele.

Marlene McKinnon foi morta também. Quando entramos na casa dela,
encontramos toda sua família ali. O mesmo aconteceu com Edgar Bones. Eram grandes pessoas, e eu chorei no enterro deles. Em compensação, Franco Longbottom e Alice MacStorm, que estavam namorando há muito tempo e ficaram noivos, escaparam de Voldemort pela terceira vez. Grandes aurores.

Até que chegou o ano. Eu, Lílian, Tiago, Sirius, Claire e Pedro fazíamos 29 naquele ano. Fábio Prewett também faria se não tivesse sido brutalmente morto por cinco Comensais junto com seu irmão Gideão. Lutaram bravamente, ouvi dizer, mas Antonio Dolohov matou-os com a sua especialidade, um feitiço cuja fórmula não lembro, mas que envolvia riscar o peito da pessoa com uma linha de fogo.

Tinham se passado tantos anos daquele jeito, que parecia que nada mudaria na ordem das coisas. Eu olhava para Claire, que olhava para Sirius, que olhava para a janela.

Mas um dia, um dia que me causou enjôos, recebemos a notícia da morte de Dorcas Meadowes. Sirius estava furioso, ele gostava muito de Dorcas. Naquela época, nós, da Ordem, andávamos terrivelmente deprimidos. Gente era morta a cada semana. Conseguíamos pegar um, ou outro, mas era mais fácil eles nos pegarem, e até mesmo gente como Sirius estava perdendo as esperanças:

— Vamos todos morrer!… — dizia chorando de raiva. — Vamos todos morrer nas mãos dos Comensais!…

— Então vamos levar quantos pudermos conosco — riu a Claire.

Foi aí que eu senti meu estômago afundar. Porque o Sirius levantou a cabeça e olhou para a Claire. Mas olhou bem para a Claire, como se nunca a tivesse visto antes. Eu conhecia muito bem aquele tipo de olhar, que eu vi no Tiago quando ele conheceu a Lílian, na Claire quando ela conheceu o Sirius. Como o meu olhar quando eu conheci a Claire. Um olhar de descoberta.

A Claire corou vendo o Sirius olhando daquele jeito para ela, e eu me senti afogar no vazio, me debatendo e gritando. Sempre tive esperanças que a Claire se cansasse de esperar o Sirius e voltasse para mim, mas não podia ser, agora o Sirius olhava para ela!

Eu fui observando os dois nos dias a seguir. Me sentia como uma pedra no sapato de alguém, sempre sobrando. Antes vivíamos em integridade. Agora eles nem conversavam, só ficavam se olhando. E eu lá, calado, afogando minha raiva com garfadas de arroz com molho.

Um dia, Moody apareceu na Ordem e pediu meu relatório para levar a Dumbledore. Sirius e Claire não estavam à vista e eu fui pegar o relatório no andar de cima.

Quando eu abri a porta do quarto que eu ocupava, vi Sirius e Claire se beijando. Pareciam que iam se devorar. Senti tontura e fechei a porta antes que me vissem. Trôpego, desci as escadas até Moody, que viu que eu estava passando mal e me acudiu. Tudo começou a escurecer e acordei três horas depois, com os dois na cabeceira da minha cama.

Depois disso, a vida naquela casa ficou praticamente insuportável. Sirius e Claire sumiam o tempo todo, e eu me sentia sozinho. Num almoço, Sirius me anunciou:

— Eu e Claire estamos namorando.

“Sério? Ninguém percebeu…”, tive vontade de falar, mas me contive.

— Que… que bom. Parabéns. Vocês merecem essa felicidade — falei, enquanto na verdade alguma coisa dentro de mim mandava fazer as minhas malas e sumir para sempre.

Os dois se olharam sorrindo. Ficavam sentados no sofá, abraçados, e eu no chão. Comecei a sair mais, andar na rua. Nessa época, tinham inventado a Poção de Acônito, que seria conhecida depois como Poção de Mata-Cão, e Franco Longbottom, que era um exímio preparador de poções, começou a fazer para mim. Era uma rara alegria a de estar controlado, e eu não precisava mais da companhia de Sirius, que se tornara um tormento. Conversava muito com Pedro sobre meus sentimentos, e Pedro me entendia ou fingia que entendia. Já Sirius andava dividindo o tempo entre Claire e Tiago, as duas pessoas que ele mais gostava nesse mundo.

Sem saber que eu gostava dela, Sirius me contava sobre Claire. O estranho é que ele realmente estava apaixonado, como nunca esteve por ninguém, nem pela Katie Heart — ou melhor, Patil —, que tinha sido sua namorada fixa durante uns três anos. Às vezes, ele se abandonava a contemplá-la como eu fazia antigamente, provavelmente agradecendo a sorte de ter ela como namorada. Via-se isso no carinho com que ele passava as mãos em seus cabelos e acariciava seu rosto. Seus olhos eram ternos.

Claire, essa parecia nunca ter encontrado maior felicidade. Vivia sorrindo, sem acreditar no que acontecia. Acreditar que Sirius, o garoto perfeito por quem tanto lutara, era seu namorado e a amava! Várias vezes ouvi ela se referir àquilo como um sonho do qual tinha medo de acordar. Às vezes ela olhava triste para mim. Tirando Pedro, era a única que percebia como eu sofria e tentava fazer com que eu fosse feliz. Mas eu não podia ser feliz sem ela.

Era o ano do amor. Tiago e Lílian finalmente noivaram, no dia da festa do aniversário do Tiago, em março. Eles finalmente tinham se dado conta que estavam perdendo tempo, com cerca de 10 anos de namoro, e marcaram o casamento para maio. Pareciam querer irradiar felicidade, e até eu me senti um pouquinho mais alegre. Também não tinha como, vendo eles sorrirem tanto.

Cerca de duas semanas depois, quando fazíamos um almoço reunindo uma boa parte da Ordem, Sirius se ergueu e chamou a atenção de todos.

— Um minutinho da sua atenção, por favor…

Todos olhamos para ele. Eu acordara de mau-humor naquele dia, e comia pouco. Parecia que estava prevendo.

— Claire, eu quero aproveitar a presença de nossos amigos para lhe fazer um pedido.

Ele saiu da mesa, ajoelhou-se aos pés da cadeira de Claire e disse:

— Quer casar comigo?

Ela arregalou os olhos e ficou de boca aberta olhando para ele. Lílian apoiou:

— Aceita, Claire, aceita!

Claire segurou as mãos de Sirius e o levantou. Levantou-se também e disse:

— Claro que eu aceito.

E os dois se beijaram. Ouviram-se aplausos por toda a mesa, menos de mim. Pedro me olhou preocupado, e eu senti as lágrimas queimarem meu rosto. Minha sorte foi que ninguém estava me olhando, fora Pedro.

Me senti muitíssimo solitário depois. Passava mais tempo com Pedro do que na Ordem, e me sentia infeliz. Durante o almoço, quando Sirius não estava, Claire me disse:

— Você tem andado estranho, Remo.

Eu olhei ela com um certo rancor e mágoa.

— Você percebeu? Pensei que estava ocupada demais beijando o Sirius.

Ela olhou magoada para mim, e eu vi o que tinha dito.

— Desculpe. Eu… ando meio nervoso.

Ela passou a mão no meu rosto, e eu me abandonei ao toque dela.

— Você ainda me ama, não é?

— Você sabe que sim. Eu nunca te esqueci, Claire, e ver você e Sirius juntos… Eu faço o possível, torço mesmo por vocês, mas… dói um pouco.

“Dói muito, muito, muito mesmo”, pensei, “mas não quero que você saiba”.

Ela sorriu compreensiva, com pena. Evitei seu olhar.

— Remo… Você me deixa triste assim. Por que você não me esquece?

— Você esqueceu o Sirius quando disseram que era melhor assim? — repliquei.

Ela silenciou.

— Ah, Remo…

— Deixa, Claire. Eu falei que nunca esqueci você, e vou sempre te amar. Só vou ter que conviver com o fato de que você e o Sirius se amam.

Ela sorriu, mas de repente ficou mortalmente pálida. Ao levantar-se, tonteou.

— Claire! — eu exclamei, aparando sua queda.

Ela se apoiou em mim, procurando levantar. Ao fazê-lo, caiu de novo,
dessa vez definitivamente desmaiada.

Eu devia ter suspeitado de alguma coisa, pois, nos dias seguintes, Claire ficou muitas vezes assim. Eu me esmerava ao fazer comida, mas quando ela olhava para o prato, aparecia uma súbita expressão de aflição em seu rosto e ela saía correndo para vomitar. Naquela semana, ela desmaiou mais duas vezes, dessa vez nos braços de Sirius.

Eu e Sirius tivemos uma conversa séria numa noite.

— Sirius, amanhã nós dois vamos levar a Claire no St. Mungus.

— Tá certo — disse Sirius, muito sério. Parecia que a possibilidade de perder Claire o estava assustando muito.

Foi o que fizemos, no dia seguinte. Apesar dos protestos de Claire de que ela não estava tão mal assim, levamos ela para o St. Mungus, para a seção de Vírus Mágicos.

Enquanto Claire era examinada, eu e Sirius nos sentamos na sala de espera. Sirius falava agitado:

— Tomara que não seja varíola dragonina, veja, Anthony Queen era uma pessoa forte, finou-se em dois meses…

— A verdade é que Anthony já estava debilitado depois da morte de Camille e Chloe — eu disse. — Mesmo assim, tomara que não seja varíola dragonina.

Aquela possibilidade me entalava a garganta. Já tínhamos perdido minha mãe e Anthony para as garras da varíola. Eu não queria perder Claire.

Cerca de um minuto depois, o curandeiro e Claire saíram do consultório. Ao contrário do que esperávamos, a expressão do curandeiro era sorridente.

— E então? Qual é o diagnóstico, Curandeiro? — perguntou Sirius.

O curandeiro olhou para Claire e sorriu:

— Parabéns, Srta. Rain… A senhorita vai ser mãe.

Eu senti meu mundo desabar. A expressão de Sirius era de uma emoção indescritível, e a de Claire era de aturdimento. Meu amigo avançou para a namorada, abraçou-a e os dois giraram como numa ciranda. Eu fiquei olhando, sem entender direito o que tinha acontecido. Eu nem sabia de nada…

— E é uma menina — disse o curandeiro.
Eu fiquei olhando para os dois, sem saber direito onde estava e o que estava fazendo ali. Me sentia invasor de uma felicidade totalmente estranha à mim, que só conhecia trevas desde que os dois estavam juntos.

Passei cerca de uma semana sem me aperceber das coisas, e foi só quando Sirius e Claire anunciaram a gravidez para os outros membros da Ordem que eu finalmente percebi que pra mim não havia mais chance. Eu fora rejeitado. Claire preferira Sirius, mais bonito, mais espirituoso, com seus olhos brilhantes e seu porte elegante que desde que éramos adolescentes faziam as garotas suspirarem. Eu era simplesmente um zero à esquerda. Tentando fazer o macarrão passar pelo nó da minha garganta, fingi não perceber que Dumbledore me olhava atentamente.

Depois do almoço, aleguei estar muito cansado e fui ficar recluso no meu quarto. Assim que entrei, me joguei na cama e comecei a chorar de olhos fechados.

Pouco depois, ouvi a porta abrir e fingi estar dormindo. Escutei os passos leves de Dumbledore se aproximando, e o ranger da cama ao meu lado, indicando que alguém tinha se sentado ali. Depois, ouvi Dumbledore dizer em voz alta:

— Que pena… Remo está dormindo.

Continuei fingindo que dormia. Não queria escutar nada que ele tivesse a me dizer. Nada iria fazer com que Claire me amasse de repente.

— Se ele estivesse acordado, eu lhe diria que nessa vida, só duas coisas são certas: a morte e o imprevisto. Então para que ficar chorando por algo que passou, se ninguém sabe o que vai acontecer em frente? Quem sabe, se o destino dele não é encontrar outra pessoa, uma pessoa que seja capaz de lhe amar como ele merece? Quem sabe se essa infelicidade que ele deve estar sentindo agora não é a porta para alguma coisa boa que vai acontecer?

Eu ouvi Dumbledore partir, e assim que a porta estalou se fechando, abri os olhos. Chorando um pouco, fiquei pensando no que ele tinha me dito.

Dumbledore era uma pessoa muito sábia, a única pessoa que tinha me dado oportunidade nessa vida. Talvez seu conselho me tivesse adiantado caso aquilo não tivesse acontecido depois.

¬¬¬

Sirius e Claire passaram três meses vivendo na mais absoluta felicidade. E eu fiquei lá de espectador, mais conformado com aquilo, mas ainda me sentindo um tanto infeliz e incômodo. Eles procuravam fazer com que eu me sentisse acolhido, mas era difícil…

Uma semana antes do casamento de Tiago e Lílian, Claire estava com uma barriga de quatro meses, e Sirius determinou que ela não iria. Disse que a Ordem estava preparada porque poderia acontecer algum atentado, e Sirius não queria que ela se arriscasse. Era óbvio que ninguém tinha contado nada para Tiago e Lílian, e que apareceríamos lá com a desculpa de sermos amigos. Eu resolvi não ir também. Falei que alguém tinha que ficar na sede para cuidar caso acontecesse alguma emergência em algum outro lugar, e que aproveitaria para cuidar de Claire. Ela disse que não precisava, mas Sirius gostou da idéia — ele não imaginava o quanto eu a amava. Até tentou me convencer a ir, mas eu não quis mesmo. Não me agradava a idéia de ficar convivendo com tanta felicidade, e eu tinha acabado de sair de uma lua cheia e estava muito cansado.

Tiago ficou decepcionado quando soube que eu não ia, mas falei que quando os filhos deles se casassem eu estaria lá. Ele riu.

Então, chegou aquela noite que eu realmente nunca esqueceria. Eu e Claire estávamos sentados tranqüilamente na sala, ouvindo rádio. Claire bordava, e eu perguntei:

— Porque você não costura com magia?

— Isso se chama bordar, não costurar, Remo — ela disse —, e eu prefiro fazer assim que fica bem feito. Fica cheio de carinho.

— O que você está cos… bordando?

— Um “E”. De Ellen.

— Quem é Ellen?

— É o nome que eu e Sirius resolvemos colocar na nossa filha.

Eu suspirei, me sentindo engolfar por outra onda de tristeza, e continuei olhando ela fazer aquele trabalho tão hábil.

Foi então que ouvimos um grito de “Remo Lupin!” vindo do meu espelho de duas faces.

— É meu espelho! — exclamei, pegando o objeto.

Dédalo Diggle me chamava. A expressão em seu rosto era de pura aflição.

— Remo, quem está na sede?!

— Só eu e Claire — eu respondi, tentando olhar por cima do ombro dele para ver o que acontecia na festa de Lílian e Tiago. Ouvia gritos e estampidos.

— Venha imediatamente, Remo! Eles estão aqui!

— Os Comensais? — perguntei apavorado. Ouvi Claire gemer atrás de mim.

— Sim! Vieram bem mais do que imaginávamos, estamos perdendo! Venha, Remo, precisamos de ajuda!

— Tô indo! — exclamei, largando o espelho e pegando minha varinha.

Claire pegou o espelho, que Diggle tinha esquecido de desligar. Eu vi uma expressão de horror se formar em seu rosto. De repente o espelho estilhaçou, ela deu um grito, eu corri a acudi-la.

— Eu preciso ir, Remo, eu preciso ir… — exclamou ela em desespero.

— Fique aqui, Claire, prometo que lhe mandarei notícias assim que chegar — eu disse.

— Não, você não entende, Sirius está em perigo!

— Calma, Claire, eu vou lá, eu vou salvá-lo. Eu prometo.

— Eu preciso ir, Remo, eu preciso ir muito!

E, antes que eu pudesse reagir, ela sacou a varinha. Só tive tempo de agarrá-la, e senti a velha sensação de aparatar. Quando vi, estávamos os dois em plena festa de casamento de Tiago e Lílian.

A festa tinha se tornado um campo de batalha. Comensais e convidados iam de um lado para o outro. Gritos, estampidos, raios de luz voavam de um lado a outro. Claire nem parou para observar, saiu correndo atrás de Sirius. Quando eu ia atrás dela, um Comensal me encurralou e começamos a duelar. Atingi ele com um feitiço “Tarantallegra”, depois “Petrificus Totalus” e estava acabado.

Saí correndo atrás de Claire, que tinha ido ao outro salão. Eu gritei:

— CLAIRE!

Desviei de um jato de luz vermelha, depois me virei e vi Sirius. Ele lutava com um Comensal da Morte cuja máscara tinha caído, revelando sua identidade: era Rodolfo Lestrange, que tinha estudado conosco no colégio. Eles estavam duelando furiosamente, faíscas voavam de suas varinhas. De repente, Sirius gritou:

Expelliarmus!

A varinha de Rodolfo Lestrange voou, e Sirius sorriu. Lestrange deu um berro:

— AAAAAAH!

Um por um, todos os Comensais se voltaram para os dois. Eu suponho que Lestrange devesse ser um Comensal muito importante, pois, um por um, os Comensais descuidaram por um instante de seus duelos e gritaram apontando para Sirius:

Estupefaça!

O Feitiço Estuporante pode não ser mortal, mas é forte. Quando mais de um feitiço atinge o mesmo alvo, seguidamente, pode destroçá-lo. Pelo que eu tinha estudado num livro para o curso avançado de Defesa Contra as Artes das Trevas, um homem forte pode agüentar cerca de cinco Feitiços Estuporantes seguidos no peito sem seus órgãos internos se esmigalharem, mas ele fica inconsciente por um bom tempo, e chega até a correr risco de vida.

Sirius era um homem forte. Poderia realmente agüentar cinco feitiços. Mas não vinte. E foi exatamente esse número que voou direto em direção a Sirius.

— SIRIUS! — eu gritei.

Sirius se virou para mim, e viu os feitiços voando em sua direção. Seu olhar se arregalou de choque. Eu fiquei olhando, uma série de pensamentos atravessando minha mente em um segundo: “Sirius não pode morrer, Sirius não vai resistir a tantos feitiços, Desvie, seu idiota!”.

Os feitiços voando pelo ar em direção a Sirius. Sirius de boca aberta olhando; de repente Claire entrou na frente dos feitiços.

Um a um, os vinte feitiços foram atingindo o peito de Claire. Inevitavelmente, invariavelmente, todos se viraram para olhar. Claire se sacudia em trancos, Sirius olhava arregalado, o meu cérebro parecia incapaz de pensar. Só consegui pensar quando vi Claire cair ao chão.

— CLAIRE! — berrou o Sirius, se ajoelhando no chão. Lestrange ameaçou partir para cima dele, eu o atingi imediatamente com um Feitiço Estuporante; ele voou, bateu na parede e ficou desacordado.

Eu corri até a minha querida. Por incrível que pareça, ela ainda estava viva, mas sua vida estava por um fio. Uma grande alegria de viver sempre iluminara a alma dela, e só magias como essa podem impedir a morte rápida.

— Claire, Claire, Claire… — murmurava Sirius em desespero crescente.

Ela abriu os olhos e sorriu, prestes a morrer.

— Por que você fez isso, meu amor, por quê? Você devia ter deixado que eu morresse… Por quê? — choramingou Sirius.

Ela não podia falar, e segurou a mão de Sirius com força para indicar a resposta. Ela o amava tanto que não poderia viver sem ele. A alma dela se unia à de Sirius, uma ligação tão forte que não suportaria ficar num plano sem a outra. Não suportaria a separação.

Claire sorria serenamente. Nunca tinha estado tão serena, tão angélica, como naquele instante; parecia que agora, sendo seu corpo apenas um fardo da qual ela estava prestes a se livrar, seu espírito refulgia por trás de seus olhos violeta.

Sirius a envolveu nos braços, suplicante:

— Não morra, meu amor, não morra…

Eu soluçava continuamente, uma terrível dor me apunhalando o coração. Ela então fez algo que me surpreendeu: as mãos muito fracas, pegou a minha mão e a uniu com a de Sirius.

— Sejam amigos para sempre — dizia seu olhar.

Aquele foi o último brilho dos olhos de Claire. No minuto seguinte, sua mão tombou. Seu pulso parou.

A pessoa que eu mais amei tinha morrido.

N.A.: E como sempre, comentem!

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