Assassinatos e tragédias
Na: Demorei um pouco mais pra postar o capítulo porque embananou... Mas continuem comentando!
Aquele ataque foi só o começo. Voldemort continuou implacável, ninguém mais estava seguro. Coisas horríveis aconteciam todos os dias. Greyback mordia garotinhos e adultos, pessoas que não tinham nada a ver com nada eram enfeitiçadas com a Maldição Imperius, gente inocente tentando matar gente.
Crouch era o chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia, portanto terrivelmente pressionado. Mas respondia à altura. Ele autorizou aurores a usar as Maldições Imperdoáveis contra Comensais, e várias pessoas eram mandadas para Azkaban sem julgamento — inclusive inocentes, como pudemos comprovar em mais de uma ocasião.
Foi nessa época que surgiu o costume de não pronunciar a palavra “Voldemort”; seus atos assustavam tanto que a simples menção de seu nome deixava as pessoas assustadas. Começaram a chamá-lo de “Você-Sabe-Quem” e “Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado”. Até Moody recusava-se a falar seu nome. Poucos eram os que tinham coragem de pronunciar a palavra, e, felizmente, eu era um deles.
Nós continuávamos mantendo ações armadas, caçando, preparando armadilhas e prendendo Comensais da Morte freqüentemente. Tiago e Lílian continuavam a se destacar, Sirius também lutava bastante, mas pessoas morriam. Marina Judd foi selvagemente morta por um Comensal. Encontramos só fatias, por mais horrível que pareça. O velho Stanley Smith também acabou morto num duelo com dois Comensais, e o corpo da Profª Aurum foi encontrado na casa dela. A perícia bruxa concluiu que ela tinha sido morta por seguidas Maldições Cruciatus.
Nesse meio tempo, Queen era mais útil do que nunca, porém estava em perigo. Conforme disse a Dumbledore, durante uma reunião:
- Eles estão desconfiando. Procuro evitar minha presença diante de Voldemort, e estou praticando Oclumência como nunca, mas eles estão começando a desconfiar. Na verdade, nunca confiaram em mim porque eu fui da Corvinal, mas já andam me seguindo.
Foi o prefácio de uma tragédia. Descobriram que Queen era um Comensal, e ele só escapou porque teve uma boa vantagem de corrida, segundo ele, e tempo suficiente para aparatar. Parou na frente da sede e entrou, tremendo.
- Estou morto — sussurrava. — Ele vai me matar. Perdi qualquer utilidade para Dumbledore e ainda por cima ele vai me matar.
Depois disso, as ordens de Dumbledore foram bem claras: que ele não saísse da sede e que sempre houvesse alguém com ele. Quase sempre era eu, então pude perceber como Anthony ficou deprimido.
- Queria sair, ele falava. Por mais que tenha gente, eu não gosto de ficar preso.
- Anthony, se você sair, Voldemort te mata.
- Por mim tudo bem. Só queria sair.
Eu suspirava.
- Dumbledore disse pra você ficar.
- Eu sei. Mas não gosto de me sentir inútil. E é isso que sou. Inútil. Como é que fui deixar que eles me descobrissem? Agora Dumbledore perdeu sua fonte de informações dos planos de Voldemort, estamos tendo que tatear no escuro, e por minha culpa.
- Não é sua culpa, dizia eu pacientemente, afinal, já tinha ouvido aquele refrão milhares de vezes. É muito difícil enganar Voldemort, e veja, Anthony, desde que criamos a Ordem você está fazendo isso. Cinco anos é um bom tempo, não é?
Ele sorria desanimado, e eu sabia que, uma hora ou outra, se não cuidássemos, ele sairia sem permissão. E, quando o fizesse, Voldemort cairia
em cima dele.
Bem, foi o que aconteceu.
¬¬¬
Eu tinha sido chamado às pressas pela Claire na sede.
- O que houve, Claire?
- Anthony sumiu!
Eu gemi.
- Como? Você não estava aqui?
- Quando eu cheguei, ele já tinha saído!
- Quem estava antes de você?
- Sirius.
Eu suspirei. Com o espelho de duas faces que usávamos naquele tempo para nos comunicar entre a Ordem, chamei:
- Sirius Black.
O rosto de Sirius surgiu preocupado no espelho.
- O que aconteceu, Remo?
- Você saiu sem a Claire ter chegado?
- Saí, mas… Bem… Pensei que ela ia chegar logo, o Anthony não ia sumir só ficando uns minutinhos sozinho.
Eu suspirei, tentando manter a calma:
- Bem, Sirius, eu tenho uma má notícia pra você.
- Qual?
- Anthony aproveitou seus minutinhos sozinho e escapou.
- O quê?!
Em poucos minutos, juntamos cerca de dez pessoas da Ordem na sede. Anthony ainda não voltara.
- Tentamos nos comunicar com ele, eu disse, mas acho que ele não está querendo responder.
- Desculpe, desculpe — disse Sirius pela milésima vez. — Eu não pensava que ele ia sair, recomendei a ele pra não sair, disse que esperasse a Claire…
- Tudo bem, Sirius, disse McGonagall pacientemente. Você não teve culpa.
- Por que temos que ficar cuidando de um moleque irresponsável?, perguntou Moody com sua voz áspera. Ele deve saber o que é melhor pra ele. Se acha que pode ficar se exibindo por aí debaixo do nariz de Voldemort sem ser pego, problema é dele.
Eu fiquei com um pouco de raiva e falei:
- Por mais que Anthony tenha errado, isso não é motivo para o abandonarmos. Ele é uma boa pessoa, e é nosso dever ajudar a todos que precisem. Afinal, não foi para isso que nos juntamos? Para ajudar aqueles que estejam em perigo por causa de Voldemort?
Todos ficaram em silêncio. Então McGonagall falou:
- Remo está certo. Além de tudo, tenho certeza de que Anthony jamais desobedeceria as ordens de Dumbledore tão abertamente, sem ao menos deixar um recado. Alguma coisa deve ter acontecido.
Ninguém percebia, ou fingiam que não percebiam, mas Camille chorava silenciosamente na ponta da mesa. Lílian e suas irmãs tentavam consolá-la, e eu lembrei que ela e Anthony tinham estado muito mais íntimos desde que ele veio morar aqui. Eles ficavam um bom tempo se olhando, sorrindo.
Foi quando ouvimos um grito assustador vindo de um espelho de duas faces.
- É o meu!, exclamou Camille, pegando seu espelho.
Eu e os outros nos amontoamos atrás de Camille para ver o que tinha acontecido. Era Anthony.
- Camille! Camille!
- Pode falar, Anthony! — disse ela.
- Socorro! Eles estão aqui! Peça ajuda!
Eu me senti congelar por dentro.
- Anthony, o que está acontecendo?, perguntou Tiago. Onde você está?
- Tiago! Eu estou num galpão abandonado de trouxas, em Londres! Eles estão aqui, são muitos, muitos… Eu não vou conseguir sozinho! Venham, por favor!
Ouviu-se um grito, um feitiço, o espelho rolou para o lado e nós não vimos mais nada além de nossos rostos.
- Temos que salvar ele!, gritou Camille para os outros.
- E vamos, respondi.
Camille na frente, saímos ela, eu, Tiago, Sirius, Moody, Lílian, Claire, Chloe, McGonagall, um novato chamado Danny Ridge e mais alguns da sede e aparatamos.
Chegamos num galpão sombrio e abandonado, mas que estava iluminado pelos lampejos das varinhas dos Comensais. Ao nos ver, Anthony gritou:
- Ainda bem!
Imediatamente, nos pusemos a lutar para defender a vida de Anthony.
Enquanto procurava me aproximar dele, ataquei vários com Feitiços Estuporantes, mas realmente haviam muitos Comensais. Cheguei perto de Anthony e perguntei:
- O que te deu na cabeça, seu maluco, para sair de casa?
Ele parecia transtornado, quando nos desviamos de dois jatos de luz verde:
- Eu não ia sair, eu ia esperar a Claire, mas então uma coruja trouxe um recado... Disseram que tinham seqüestrado a Camille... Eu não hesitei e parti para onde eles tinham me indicado… Mas quando cheguei aqui, havia uma horda de Comensais...
- Mas, Anthony, porque não usou o espelho pra ver se era verdade?
- Eu fiquei muito assustado, com medo de acontecer alguma coisa com a Camille, que acabei nem pensando…
Desviamos de mais alguns lampejos, eu lancei mais uma Azaração de Impedimento, e um Feitiço das Cócegas em outro Comensal, que caiu sem ar. E pensei que, se alguém me dissesse que os Comensais tinham capturado a Claire, eu não pensaria duas vezes para ir salvá-la.
Camille se aproximou de nós, e ela e Anthony se abraçaram.
- Ainda bem que você está bem, disse ela.
- É, mas não vamos continuar bem se vocês continuarem assim!, eu disse. Deixem os abraços para depois se quiserem sair vivos desse galpão!
E saí dali, atacando quantos podia. De repente me virei e vi Danny Ridge no meio de dois Comensais. Corri até ele, atirei um Feitiço Estuporante, cheguei a acertar um deles, mas de nada adiantou. O outro Comensal gritou:
- Avada Kedavra!
E Danny Ridge caiu no chão, morto.
- DANNY!, gritei. Estupefaça!
O Comensal que o tinha matado caiu estuporado, e eu me ajoelhei ao lado do corpo. Coitado, ele era só um novato… Fazia dois anos tinha saído de Hogwarts…
Mas eu fui impedido de velar Danny por um grito de:
- Avada Kedavra!
Me atirei no chão. O feitiço passou rente a mim, e eu segui lutando. Me choquei com o Tiago e falei:
- Danny Ridge está morto.
- Não!, disse Tiago.
- Sim, eu vi um Comensal lançar a Maldição da Morte.
Tiago fechou os olhos cheio de raiva.
- Comensais desgraçados! Ele era só um garoto!
E voltou para a luta, furioso. Eu comecei a duelar com um Comensal, quando ouvimos um grito. Eu e ele olhamos e ele gritou:
- MILORDE!
Eu gelei. Voldemort, em pessoa, estava ali, olhando para Anthony, que abraçava Camille.
- Achou que poderia me trair e escapar ileso, Queen?, perguntou Voldemort rindo.
- Pois me mate, se quiser!, gritou Anthony. Um dia, Lorde das Trevas, você vai encontrar sua perdição! Nada é eterno! Você também não é!
- Está enganado, Queen… Eu sou eterno. Avada…
Eu senti o meu estômago afundar, mas ataquei no mesmo instante:
- Expelliarmus!
Voldemort percebeu meu feitiço e o evitou com apenas um passo.
- Ora, ora, aqui o nosso caro amigo Remo Lupin. Infelizmente não poderei conversar com você agora. Avada Kedavra!
Eu pensei que era o meu fim, mas, de repente, senti um tranco e fui atirado ao chão. Era o Tiago, me salvando.
O Lorde das Trevas nem tinha ficado para ver o resultado de meu feitiço; ele perseguia Anthony e Camille, que tinham corrido para o outro lado do galpão. Lancei um olhar para o Tiago, a Lílian, a Claire e a Chloe, e fomos correndo atrás deles.
Anthony e Camille se meteram por um corredor estreito que se comunicava com o galpão, mas Voldemort já os alcançava. Tiago gritou:
- Estupefaça!
Voldemort se virou e se desviou com um movimento rápido e sinuoso. O suficiente para que nós passássemos na frente dele e formássemos uma barreira.
- Que bonito, ele zombou. Os amiguinhos protegem o traidor. Avada Kedavra!
O feitiço quase acertou o Tiago. Eu berrei:
- CORRAM!
E começamos a correr desesperadamente. “Que ironia”, pensei, “sete pessoas correndo de uma só”, mas continuei correndo. Quando fomos virar em outro corredor, a Chloe estava do meu lado, e ouvimos um grito:
- Avada Kedavra!
Me virei pensando que essa sim era a minha vez. Mas quando virei, vi o feitiço atingindo a Chloe em cheio. Ela caiu morta nos meus braços.
Parecia que meu cérebro tinha levado um choque. Chloe morta!
Sem nem entender o que estava fazendo, segurei o corpo dela e saí correndo com ele. Fomos os seis correndo até um corredor sem saída. Quando me viram, a Claire gritou:
- CHLOE!
- Ela está morta…, murmurei, já chorando.
Os outros olharam estupefatos para mim. Não dava para acreditar. Chloe, tão cheia de vida até um minuto atrás, lutando com toda a disposição, agora morrera nos meus braços!
Voldemort nos cercava. Eu exclamei, às lágrimas:
- Seu desgraçado…
- Oh, a doce Chloe está morta… Que pena. Se ela não tivesse entrado no meu caminho… Vai acontecer o mesmo com vocês se não saírem da frente do Queen!, ele vociferou.
Ficamos todos parados em atitude de desafio. Anthony disse com firmeza:
- Saiam daqui.
- Anthony!, exclamou Tiago.
- A Chloe já morreu por minha causa…, murmurou ele. Parecia transtornado. Vão, antes que mais alguém morra!
- Eu escutaria o conselho dele…, disse Voldemort melífluo. Serei obrigado a matar quem se opuser…
- Vão!, exclamou Anthony.
- Não tão cedo assim, Anthony, ouviu-se uma voz.
Todos nós olhamos espantados por trás do ombro de Voldemort, que pareceu congelar.
- DUMBLEDORE!, exclamamos todos juntos.
O diretor de Hogwarts acenou com a cabeça alegremente. Depois viu o corpo de Chloe em minhas mãos e se retesou.
- Vá embora, Dumbledore, disse Voldemort. Eu tenho que acertar contas com o Queen. Ele é um espião.
- Eu não deixarei você fazer nada com Anthony, Tom, disse Dumbledore calmamente. Já não basta o que fez com Chloe?
- Ninguém pode me negar o direito de matar um espião!, disse Voldemort ameaçador.
- A não ser a pessoa que o mandou espionar, ou seja, eu.
Voldemort crispou os lábios.
De repente, Sirius surgiu por trás de Dumbledore.
- Já demos conta dos Comensais lá atrás. Precisa de ajuda, diretor?, perguntou ele.
- Fique aqui por enquanto, Sirius, disse Dumbledore. Como vê, Tom, parece que está cercado. Vai querer arriscar lutar contra mim, Anthony, Tiago, Lílian, Claire, Camille, Remo e Sirius sozinho?
Nós nos preparamos. Voldemort falou sibilante.
- Isso não vai ficar assim, Dumbledore! Não vai!
E, sem que nem pudéssemos reagir, ou pensar, Voldemort se virou para Anthony e gritou:
- Avada Kedavra!
O feitiço não atingiu Anthony. Atingiu Camille.
Voldemort aparatou deixando todos nós no meio de uma confusão. Anthony sussurrava com o corpo de Camille nos braços, como se ela estivesse dormindo e ele tentando acordá-la com suavidade:
- Camille… Fale comigo! Camille!
Claire estava aos soluços, sendo envolvida por Lílian.
- Camille! Chloe!…
Estavam todos atordoados. Dumbledore se aproximou de mim e examinou o corpo de Chloe.
- Dumbledore, eu disse, Danny Ridge também morreu lá atrás.
O diretor parecia muito emocionado, olhando o corpo de Chloe.
- Estão todos morrendo…, eu murmurei, e estremeci. Não fossem pelas faces sem marcas, poderia muito bem ser o corpo de Claire o que eu estava segurando.
Anthony, agora que parecia ter percebido que Camille nunca mais acordaria, berrava a plenos pulmões com o corpo dela nos braços.
- CAMILLE! CAMILLE!
Foi um dia longo e doloroso. Na sede, os soluços de Claire se ouviam da sala, e Anthony, ao chegar, deixara-se cair no sofá prostrado. Nunca mais sairia dali, até o dia em que, acometido de varíola dragonina, nós o removêssemos para o St. Mungus.
Anthony nunca superou a morte de Camille e Chloe. Ficava, todos os dias, seguidamente, sem comer, apenas murmurando:
- Minha culpa… Minha culpa…
Por mais que tentássemos convencê-lo do contrário, Anthony não parecia nos ouvir. Sem forças para resistir, morreu em dois meses. E nós, que pensamos que já tínhamos chorado todas as lágrimas, derrubamos mais algumas pelo auror tão corajoso que morrera assim, desistindo de viver.
NA:Só muito tarde descobri que não se pode bloquear um AK com um Protego... Mas ignorem esse errinho inocente, por favor. Continuem nos comments!
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!