O primeiro ataque a Lílian e T
Tiago e Lílian andavam se destacando muito como aurores. Em dois meses, tinham prendido cerca de seis Comensais da Morte. Pelo que Dumbledore sabia dos planos de Voldemort (e sabia um bom tanto, já que Anthony Queen estava nos servindo de espião), os dois estavam começando a incomodá-lo. Bons homens dele tinham sido pegos pelos dois.
Naquela época, eles estavam brigados. Havia uma mocinha, um ano mais nova que o Tiago, que estudava com a gente em Hogwarts, que era apaixonada por ele. Acho que o nome dela era Vanessa Clark, ou algo assim.
Pelo que Tiago e Sirius me contaram (eu não cheguei a presenciar), a menina deu uma Poção de Amor para o Tiago. E, quando a Lílian foi procurá-lo, com o Sirius, os dois estavam se beijando. Acho que ela só não o matou porque Sirius impediu, senão ela teria feito. Com certeza.
Sirius preparou um antídoto para o Tiago e o fez voltar a si, e quando ele percebeu o que tinha feito, saiu correndo atrás da Lílian. Lógico que ela achou que ele estava mentindo, e nem mesmo a confirmação do Sirius teve algum efeito.
Tiago tentou convencer a Lílian de várias maneiras, mas ela simplesmente se recusava a acreditar nele. No final, os dois acabaram tendo uma discussão feia ali na sede mesmo, e terminaram o namoro.
Bem, Voldemort queria pegar o Tiago. E, para isso, armou um plano realmente secreto, com um grupo seleto de Comensais da Morte, para atrair o Tiago a uma armadilha e pegá-lo. Eu não sabia nada, até um dia em que andava inocente pelo Beco Diagonal. Senti dois braços me agarrarem, e alguma coisa foi empurrada nas minhas mãos. No instante seguinte, eu estava numa caverna sombria cercado por 20 comensais, todos apontando as varinhas para mim. Era uma Chave de Portal.
Eles me empurraram até um canto, onde eu fiquei em silêncio, apavorado. De repente, dois estalos e apareceram dois Comensais, um deles trazendo Sirius e o outro, Pedro. Empurraram os dois para o meu lado.
- O que está acontecendo?, perguntou Pedro, muito nervoso, e tentando se esconder.
- Nós já o pegamos, Sr. Black.
- Então terá que me matar!, exclamou Sirius avançando.
Eu lhe lancei um olhar reprovador, e pus me na frente dele. Risos se ouviram entre os Comensais, e o Comensal mais próximo falou:
- É o que faremos, Sr. Black... Mas primeiro vamos pegar Potter.
Vi Pedro engolir em seco, agitado, e foi a última coisa de que tive consciência antes de ser estuporado. Daí mergulhei na escuridão.
¬¬¬
Acordei algum tempo depois, subitamente como se alguém tivesse me jogado um balde de água fria. Pisquei um pouco para enxergar direito, e foi aí que vi Tiago na minha frente.
- Pontas!, exclamei. É uma...
- Psiu! Fique quieto, Aluado!
Silenciei olhando para os lados para ver se alguém me escutara.
- Pontas, sussurrei, é uma armadilha. Pegaram a gente pra te pegar. Devem estar te esperando.
- Você acha que eu não sei?, replicou Tiago. Eu tinha que vir salvar vocês. Vocês tinham sumido, Dumbledore estava preocupado, Queen trouxe notícias nada animadoras...
- Hã?, disse eu surpreso. Há quanto tempo sumimos?
- Dois dias.
- Sério?
- Sério.
- Como o tempo passa quando a gente se diverte.
Tiago segurou o riso.
- Alguma idéia de onde estão Almofadinhas e Lílian?
- Não. Eu acho que fui o primeiro a ser estuporado.
- Tudo bem. Você segue por aquele caminho ali, ele apontou uma trilha atrás de um grande abismo, e vai encontrar o Rabicho. Esperem eu voltar e sairemos todos daqui.
Eu olhei para o abismo e vi que dele pendia uma corda. Daí olhei para baixo e vi, aos meus pés, uma rede arrebentada. Uma idéia assustadora me ocorreu.
- Eu estava pendurado ali?
Tiago confirmou.
- E a corda estava arrebentando. Mais um pouco...
Eu gelei. Mais um pouco e eu nunca teria acordado daquele sono.
- Eu já perdi muito tempo, disse Tiago. Vou indo procurar Sirius.
E saiu para a outra direção. Eu apontei a varinha para a parede de pedra da caverna e gritei:
- Mobilipetrus!
Com velocidade, as pedras se juntaram e formaram uma ponte sobre o abismo. Atravessei e deixei ela pairando lá, para o caso de eu precisar voltar, ou Tiago atravessar com Sirius e Lílian.
Fui pelo caminho que Pontas me indicara e encontrei Pedro apavorado, encolhido na parede da caverna.
- Aluado!, ele disse com alívio quando me viu.
- Levanta, Rabicho, eu falei. Vamos ajudar o Pontas.
Pedro gemeu.
- Temos mesmo que ir?
- E você vai deixar o Pontas na mão? Depois de ele ter salvado sua vida?
Muito trêmulo, Pedro apontou para uma pedra enorme e redonda encostada num corredor fechado da caverna.
- Eu estava lá. Enfeitiçaram aquela pedra para ir rolando aos pouquinhos e me esmagar.
Eu assobiei.
- Estão ficando mais cruéis na hora de preparar armadilhas.
- O que fizeram com você?
Expliquei a história do abismo. Pedro gemeu de novo.
- Eles são perigosos, Aluado...
- E Pontas veio salvar a gente mesmo assim, eu disse com severidade. Além disso, Almofadinhas e Lílian ainda estão em perigo. Vamos ajudar eles.
Pedro suspirou.
- Adianta dizer “não, é melhor ficar aqui”?
- Não.
- Então tá certo. Mas se eu morrer, vou voltar para te encher o saco.
Eu ri e fomos. Passamos pela minha ponte e estávamos virando por uma curva quando eu me choquei com Sirius.
- Almofadinhas!, exclamou Pedro.
- Aluado, Rabicho!, disse Sirius, aliviado. Vamos lá, temos que ajudar o Pontas.
- Almofadinhas, o que fizeram...?, perguntei, mas não terminei. Acabara de avistar um grande bloco de metal no chão.
Sirius olhou para mim e respondeu a pergunta inacabada.
- Eles me prenderam àquele bloco e enfeitiçaram o bloco para subir.
Pedro fez uma careta.
- Vamos indo, já perdemos muito tempo, eu disse.
Fomos correndo por uma galeria, viramos à esquerda, depois à direita, e demos de cara com uma grande porta dupla trabalhada em madeira. Os puxadores tinham forma de serpente e brilhavam.
- Será que é seguro?, perguntou Pedro, nervosíssimo.
Sirius não hesitou nem um segundo. Abriu a porta de supetão.
Foi uma visão realmente chocante, mas suponho que tenha sido uma sorte termos chegado naquele instante. Tiago e Lílian estavam na parede, cercados por pelo menos uns quinze Comensais. E o pior: um homem, de rosto ofídico, pele muito branca, olhos vermelhos com pupilas estreitas e verticais como as de um gato, estava parado à frente de seus Comensais.
Lord Voldemort estava ali.
Pedro gemeu de novo, mas eu vi surgir no olhar de Sirius um brilho de desafio. Eu também não tinha medo.
Voldemort nem chegou a olhar para nós. Apenas ordenou:
- Matem-nos.
Instantaneamente, cerca de dez lampejos de luz verde vieram na nossa direção. Eu só tive tempo de berrar:
- PROTEGO!
E os feitiços resvalaram para seus donos. Voldemort foi forçado a se desviar de um, e Tiago e Lílian aproveitaram a oportunidade para correr para o nosso lado, e eu e Sirius passamos à frente dos dois.
Voldemort olhou para nós e gritou:
- MATEM-NOS! A TODOS!
Saímos numa corrida desembestada pela galeria, seguidos por todos aqueles Comensais. Fomos correndo, passamos pela ponte de pedra que eu fiz, e eu tive uma idéia magnífica. Desfiz o feitiço e saí às pressas, me desviando de mais um lampejo de luz verde, sem nem olhar pra trás. Mas ouvi um grito morrendo no fundo do abismo.
Ter desfeito a ponte deu uma vantagem para nós, mas essa vantagem desapareceu instantaneamente quando achamos mais cinco Comensais guardando a saída da caverna.
Eles nos viram e ouvimos cinco vozes diferentes gritando:
- Avada Kedavra!
Eu desviei de um lampejo, e gritei imediatamente:
- Rictusempra!
Um dos Comensais foi pego de surpresa e se dobrou, sem ar. A Azaração das Cócegas é sempre muito útil.
Nesse instante, chegaram Voldemort e os outros Comensais, que imediatamente avançaram para cima de nós. Estávamos em desvantagem de quatro para um, sem contar o Lorde.
- Vamos morrer!, esganiçou-se o Pedro.
Eu sabia, mas falei:
- Então vamos vender nossa vida bem caro!
- É!, exclamou Sirius, animado como se a idéia de morrer fosse algo muito agradável.
E fomos lutar.
¬¬¬
“O último ato de Aluado, Rabicho, Almofadinhas e Pontas, com participação especial de Lílian Evans”, pensei.
- Estupefaça!, gritei, e pelo menos um caiu.
Ouvi a voz do Sirius atrás de mim:
- Tarantallegra!, e um Comensal começou a dançar uma espécie de jiga escocesa, aturdido.
Em pouco tempo, se travava um verdadeiro duelo. Lampejos voavam em todas as direções, e varinhas faiscavam cortando o ar com um zunido, como espadas. Tiago gritou:
- Rabicho! Aparate e peça ajuda! Nós te daremos cobertura!
Sirius, eu e Tiago rodeamos Pedro de modo a formar uma barreira. Ouvi ele respirar fundo, repetindo as palavras Sede da Ordem, e, em seguida, desaparatou. Agora estávamos em desvantagem de cinco para um.
- Impedimenta!, berrei, apontando para um Comensal que vinha na minha direção.
Outro se atracou comigo e começamos a duelar. Ele tentou me lançar um Feitiço Estuporante, mas eu desviei, apontei para ele e pensei "Levicorpus". Com um berro, ele voou para o teto, e de lá ficou tentando nos acertar, mas sua mira era tão ruim que os feitiços acertavam qualquer coisa, menos nós.
Sirius estava lutando tão animado como se nunca tivesse feito mais nada além de duelar com cerca de quinze Comensais da Morte — acho que já tínhamos dado conta de uns cinco — pela sua vida.
- Petrificus Totalus!, caiu um Comensal totalmente paralisado.
- Locomotor Mortis!, berrou o Tiago, fazendo um Comensal tropeçar e cair.
- Densaugeo!, berrou a Lílian, fazendo um dos Comensais que mais lançava feitiços levar as mãos à boca, gemendo.
Porém, por mais que estivéssemos indo bem, os Comensais vinham para cima da gente e não tínhamos tempo nem para pensar, lançando feitiços a torto e a direito. Fomos lutando, até que Tiago foi atingido por um Feitiço Estuporante.
- TIAGO!, berrou a Lílian, apavorada.
Eu dei cobertura para eles, atacando todos a minha frente com Feitiços Estuporantes e Azaraões de Impedimento.
Quando se certificou de que Tiago estava bem, Sirius voltou à luta, mais selvagem que nunca.
Fomos sendo obrigados a recuar, eu e Sirius fazendo cobertura, a Lílian lançando todo tipo de azaração, até que éramos apenas um grupo encolhido.
“Droga...”, pensei. “Onde é que está o Pedro com a ajuda...?”
Foi quando, com uma série de estalos como se alguém tivesse tacado um monte de bombinhas de bruxo no chão, apareceram Claire, Camille, Chloe, os irmãos Prewett e Edgar Bones.
- Bem, talvez a gente não morra, só pude dizer.
Continuamos lutando, agora mais confiantes. Sirius se meteu numa luta com dois Comensais; Claire se desviava agilmente de seguidas Maldições Cruciatus, lançadas por um Comensal com cabelos loiros; Chloe duelava furiosamente com um Comensal cuja máscara caíra: era Evan Rosier; Gideão e Fábio faziam uma luta sincronizada, um de costas para o outro; eu atacava livremente; e Edgar ajudava Camille, que tinha sido atingida por uma azaração Petrificus Totalus.
Lílian lutava contra Voldemort, formando uma barreira entre ele e o desacordado Tiago. Ele ria dela.
- É só o que pode fazer, trouxa?, perguntava ele, se desviando com displicência de um Feitiço para Desarmar.
- Sou o que sou com muito orgulho, exclamava ela, petulante. Expelliarmus!
E fomos seguindo, até que, com vários estalos, chegou uma equipe de aurores do Ministério, tornando o nosso número bem maior do que o de Comensais. Voldemort sorriu para Lílian e gritou:
- RECUAR!
Imediatamente, todos os Comensais que puderam aparataram, junto com o próprio Voldemort. Quando ouvi os estalos, respirei como se nunca tivesse respirado antes. Estávamos salvos.
Sirius chegou perto do Tiago e sussurrou:
- Enervate.
Tiago acordou.
- O que houve? Estamos salvos?
- Estamos, disse a Lílian, chorando de alívio e abraçando o rapaz.
Ele se levantou e disse, sério:
- Lílian, eu... eu te amo muito, de verdade... Por favor, não me machuque mais, volta comigo.
Ela sorriu.
- Está certo, meu Maroto.
Todos nós rimos, felizes.
Eu e Edgar Bones fomos cumprir os procedimentos, afinal, cerca de sete Comensais tinham ficado. Um cheio de furúnculos, dois estuporados, um petrificado, outro quase sem respirar — o que eu havia acertado com o Feitiço das Cócegas —, outro pendurado no teto, e o último gemendo e soluçando com os dentes chegando quase até os pés.
Quando chegamos na sede da Ordem, encontramos um Pedro agitadíssimo nos esperando. Quando nos viu, exclamou, a voz transparecendo alívio:
- Que bom! Ainda bem que vocês todos estão bem!
- Camille se machucou um pouco, mas está bem, não é?, perguntou Edgar Bones.
- Estou sim, não se preocupem, disse ela com um gesto de "deixem pra lá".
Sentou-se no sofá e rasgou a perna de sua jeans, deixando que víssemos um grande ferimento em sangue.
- Eu cuido disso, disse Claire, apanhando um algodão com um tanto de poção, limpando a ferida, e depois fechando o corte com um toque de varinha.
- Graças a você que estamos bem, eu disse preguiçosamente a Pedro, me atirando no sofá. Obrigado, Rabicho. Ainda bem que você aprendeu a aparatar!
- A gente aprende de tudo nas horas de perigo, né, Pedro?, disse Sirius dando uma gargalhada.
Todos nós rimos, menos Pedro, que ficou amuado no sofá.
Tiago se levantou. Estava sujo de fuligem e terra, melado de suor e até de sangue. Se ajoelhou aos pés de Lílian e disse:
- Bem, quando eu imaginei o momento, eu estava limpo, com as minhas melhores vestes e de cabelo penteado...
- Como se desse para pentear o seu cabelo..., interrompeu Pedro.
- ...Mas, mesmo sem nada disso, continuou Tiago ignorando o outro, eu sinto que é este o momento.
Ele tirou do bolso uma caixinha. Dentro dela, um magnífico anel de esmeralda.
- Lílian, quer casar comigo?
Todos nós olhamos para Lílian, atordoados, e mais atordoados ficamos quando ela corou, sorriu e disse:
- Acho que... eu aceito sim.
Todos aplaudimos, e eu e Sirius assobiamos bem alto, enquanto Tiago pegava a mão delicada de Lílian e encaixava com um gesto suave o anel.
E, assim terminamos aquela noite complicada, na alegria de termos escapado às garras dos Comensais da Morte e felizes pelo noivado de Tiago e Lílian. Fábio Prewett disse bem sério:
- Vocês tem consciência de que não vamos conseguir escapar sempre, não é?
- Escaparemos enquanto conseguirmos, replicou Edgar Bones comendo um sanduíche.
- E quando não conseguirmos mais?
- Então é tratar de levar quantos Comensais pudermos conosco.
- E nunca desistir!, exclamou Sirius. Nunca se ajoelhar aos pés de Voldemort, nunca deixar que ele faça troça de nós. Lutar até o último instante de nossas vidas.
Todos encaramos aquelas palavras de Sirius como nosso lema, e, excetuando eu e Pedro, todos iriam segui-las.
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