A Ordem da Fênix
NA: Bem, como ninguém se manifestou a respeito, vou manter a história original.
Eu vivi dois anos no inferno. Não arrumava emprego. Mamãe morreu naquele tempo. O diabo da varíola dragonina. Ainda não inventaram um remédio eficiente. Em dois meses, finou-se. Me deixou tudo que tinha. E eu fiquei dois anos consumindo a herança dela, procurando emprego, sozinho. Quer dizer, minto, não estava sozinho. Tinha os melhores amigos que um homem pode ter: Tiago, Sirius, Pedro, Lílian e Claire. Eles me apoiaram. Foram no velório da minha mãe, vinham sempre me visitar. Claire vivia tentando me arrumar recomendações.
O Sr. e a Sra. Potter também morreram naqueles dois anos, deixando para o Tiago a loja que tinham. O Sr. Potter teve um acidente com uma poção malfeita e a Sra. Potter morreu de tristeza. Tiago também ficou deprimido, então eu fui consolá-lo. Ele ficou muito agradecido.
Era muito engraçado, porque, apesar de ter um potencial que não era mole, o Tiago ficou cuidando da loja (que começou a render assustadoramente). O Sirius foi trabalhar no Departamento de Regulamentação e Controle das Criaturas Mágicas, na Seção de Ligação com os Duendes. Progredia rápido. A Lílian continuou namorando com o Tiago, e, como era a favorita das favoritas de Slughorn, conseguiu uma vaga no Departamento de Acidentes e Catástrofes Mágicas, na Seção de Obliviação. Ela vivia cansada de apagar memórias de trouxas e ficar correndo atrás de gente que aparatava sem licença e deixava pernas para trás. Pedro conseguiu arrumar um cargo de atendente em uma loja no Beco Diagonal. Só eu estava sem nada.
Bem, daí tudo mudou.
Tínhamos cerca de vinte anos quando Dumbledore nos chamou para uma reunião secretíssima no seu escritório em Hogwarts, durante as férias do colégio. Nós seis, mais as duas irmãs da Claire.
Quando chegamos lá, encontramos uma mesa circular e uma pá de gente. Anthony Queen, Alice MacStorm, Franco Longbottom, Dédalo Diggle, Emelina Vance, Marlene McKinnon, Estúrgio Podmore, os irmãos Gideão e Fábio Prewett, Edgar Bones, Dorcas Meadowes, Beijo Fenwick, Cárataco Dearborn, Elifas Doge, Alastor Moody, a Profª McGonagall, o Prof. Smith, a Profª Donan, a Profª Aurum, Hagrid, Marina Judd, Andrew Weyers, Andrômeda e Leonard Junior.
Dumbledore estava anormalmente sério quando se dirigiu a nós.
— Eu os chamei aqui porque considero que são de total confiança, e espero que não me dêem prova em contrário.
Dumbledore olhou para Pedro quando o disse. Aquele homem tinha um sexto sentido fenomenal…
— Faz já algum tempo, um bruxo cujo nome era Tom Riddle esteve em contato com as piores pessoas e coisas e ficou muito tempo sem ser visto. Hoje, ele voltou a aparecer.
— Quem…?
— Talvez — disse Dumbledore, respondendo à pergunta não terminada —, vocês o conheçam pelo nome de Lord Voldemort.
Vários de nós fizeram acenos com a cabeça, inclusive eu, que tinha ouvido falar dele de um outro lobisomem.
— Ao que parece — falei —, ele está acenando para os lobisomens com condições de vida melhores.
Dumbledore confirmou.
— Sim. Esse e muitos outros atos mostram o intento de Voldemort.
— E qual é o intento de Voldemort? — perguntou Mundungo Fletcher.
— Tomar o poder e governar o mundo da magia — disse Dumbledore como se fosse a coisa mais simples do mundo.
Todos nós nos entreolhamos.
— E o que o faz acreditar que Lord Voldemort queira tomar o poder, professor? — perguntou Queen.
Dumbledore sorriu como se esperasse a pergunta.
— Como Remo disse, ele está oferecendo auxílio aos lobisomens. E não só aos lobisomens, como aos dementadores e aos gigantes. Percebem?
— Ele está oferecendo auxílio aos segregados da magia?… — perguntou Lílian sem muita certeza.
— Precisamente, Lílian. Ele quer formar um exército cheio de ódio, um exército com as criaturas das trevas que foram banidas para a marginalidade pelos bruxos.
— E o que mais?
— Bem… Vocês já devem ter ouvido alguma coisa sobre os “amigos” de Voldemort.
Eu confirmei.
— A pessoa que me falou sobre ele me disse que ele mandou enviados. Travers e Mulciber, se não me engano.
— E outros. Muitos outros.
Foi Queen quem falou dessa vez:
— Ele está reunindo bruxos das trevas, para ajudar no seu exército… não é?
— Tenho quase certeza que sim, Anthony.
— E quais são as idéias dele? — perguntou Chloe. — Quero dizer…
— Ele é adepto das teorias de que o sangue bruxo vale mais do que os trouxas — respondeu Dumbledore.
Todos ficamos em silêncio por alguns instantes. Foi Sirius quem rompeu o silêncio:
— Ele pretende promover matanças de trouxas?
— Parece que já está promovendo. Lílian aqui trabalha na Seção de Obliviação, e pode nos confirmar o que acabei de dizer.
Lílian pareceu surpresa, mas começou a pensar:
— Agora que o senhor diz, professor… Ultimamente têm acontecido mais casos estranhos de mortes de trouxas por Maldições Imperdoáveis. A Execução das Leis da Magia anda tonta… Arthur Weasley é um, não pára de andar para lá e para cá… E nós estamos tendo que lançar Feitiços de Memória em vários trouxas que viram bruxos lançando feitiços mortais…
— Nós também — disse Sirius de repente. — Temos registrado movimentos anormais de criaturas mágicas, especialmente dementadores…
— É como se algo ruim estivesse para acontecer — disse Longbottom.
— E está, Franco. Queria mais do que nunca estar errado, mas está.
Moody retomou a questão principal:
— Bem, então, o que deseja de nós, Dumbledore?
— Está aí a questão, Alastor… Penso que, se agirmos o quanto antes, poderemos impedir a ascensão de Lord Voldemort, que certamente será trágica para bruxos e trouxas. Por isso os chamei aqui.
— Vamos nos unir? — perguntou Hagrid.
— É o que pretendo; que formemos um grupo cuja principal finalidade seja deter Lord Voldemort.
Todos se alvoroçaram, inclusive eu.
— Não vou enganar os senhores — continuou Dumbledore. — Será uma tarefa difícil. Alguns de nós, talvez a maioria, morrerá.
Nova troca de olhares.
— Estão dispostos a deter o avanço de Lord Voldemort?
“Bem”, eu pensei, “minha vida é um inferno mesmo, uns aninhos a menos não fazem diferença. Não tenho emprego, nada pra fazer, vai ser ótimo poder ajudar as pessoas numa luta mortal contra um bando de bruxos e criaturas das trevas”. E fui o primeiro a dizer:
— Eu aceito, professor.
Dumbledore olhou para mim como se já soubesse.
— Obrigado, Remo.
Em seguida, Tiago e Sirius disseram:
— Nós também.
— E nós — disseram Lílian e Claire depois de trocarem um olhar.
— Sempre fiel a você, Alvo — disse Moody.
— Eu também — disse Hagrid.
— Estarei sempre do seu lado, Alvo — disse a Profª McGonagall.
Queen fez um sinal de positivo com o dedo.
Um a um, fomos todos aceitando. Os últimos foram Mundungo Fletcher, que parecia um tantinho relutante, e Pedro. Pedro parecia que não queria aceitar, mas ao ver nossos olhos, teve que dizer que sim. Não sei como entrou na Grifinória, porque coragem certamente não era uma das qualidades de Pedro.
Eu disse a eles:
— A gente devia arrumar um nome para o grupo, ao qual a gente possa se referir na frente dos outros.
Todos se puseram a pensar, e foi a Marlene McKinnon que olhou para a fênix de Dumbledore:
— Bonita fênix, professor. Eu nunca tinha visto.
— Faz tempo que ela está aqui — disse eu, lembrando de que, quando tinha dez anos, tinha vindo ao escritório do diretor com minha mãe, e a fênix já estava ali.
— As fênix renascem das cinzas — lembrou o Bones.
De repente, a Emelina Vance disse:
— Poderia ser Ordem da Fênix.
Todo mundo olhou para ela.
— Sim, porque sempre vamos renascer das cinzas — disse ela, entusiasmada. — Toda vez que o Voldemort pensar que somos carta fora do baralho, nós vamos sair de onde ele menos espera e vamos tornar a enfrentá-lo, quantas vezes for preciso. Se preciso nós vamos fazer uma batalha eterna, mas enquanto algum de nós viver, continuará lutando, até que ele seja detido de uma vez por todas.
Todo mundo gostou da idéia, e ficamos sendo a Ordem da Fênix.
Mas na época a gente não tinha idéia de como Dumbledore estava certo.
¬¬¬
Cerca de duas semanas depois, Voldemort deu uma entrevista para o Profeta Diário. Nela, afirmava as coisas mais absurdas sobre distinção natural, a nobreza do sangue, sobre os renegados da magia e convidava todos a se alistar em seus exércitos para começar a revolução.
E nós começamos realmente a agir. Dumbledore elegeu uma sede para nós, um lugar numa praça no meio de uma grande cidade. Imediatamente tomamos as providências, fizemos o Feitiço Fidelius, Dumbledore se tornou o nosso fiel do segredo, e eu, Sirius e as três irmãs Rain ficamos morando na sede. Sirius deu uma desculpa vaga sobre “perto do Ministério”, mas eu sabia que era porque ele detestava ficar sozinho, como eu. Claire, Camille e Chloe disseram que poderiam se manter mais atualizadas. Os pais delas tinham morrido também, de acidente de carro. Quando eu disse ao Sirius, ele falou:
— Que jeito mais idiota de se morrer!
Bem, ninguém pode dizer que ele estava realmente errado.
Recebemos tarefas distintas, mas evitávamos saber das tarefas dos outros para que, caso fôssemos pegos, não denunciássemos o movimento inteiro — Moody quem sugeriu. O pouco que sabia sobre os projetos dos outros era que Sirius investigava os movimentos dos dementadores e participava de algumas ações armadas, Claire procurava convencer alguns aurores a entrar para a Ordem, a Camille fazia contatos com bruxos estrangeiros para espalhar os perigos de Voldemort, a Chloe tentava localizar e prender Comensais da Morte, o Tiago também participava de ações armadas e tentava localizar e prender Comensais, a Lílian o ajudava. Eu, como lobisomem, tentava achar pistas sobre a influência de Voldemort nas criaturas das trevas, tentando convencer duendes e lobisomens sobre o que ia acontecer se seguissem Voldemort. Mas lógico, era difícil.
Eu trazia muitos sinais de que tentara viver entre os homens (por isso quando Dumbledore me pediu para voltar as minhas antigas atividades, eu encontrei obstáculos). Lobisomens vivem comendo nas ruas, na marginalidade, os mendigos do mundo da magia. Não confiavam em mim, me chamavam de boa-vida. Além disso, Fenrir Greyback tinha sempre coisas ruins a dizer de mim. Já os duendes eram muito desconfiados, mas lentamente eu ia obtendo algum progresso.
No início, muitas famílias respeitáveis, como a família do Sirius, declararam apoio a Voldemort. Régulo, o irmão chatinho de Sirius, se inscreveu para Comensal. Lembro que o Sirius deu de ombros quando soube.
— O Régulo só vai aprender quando se ferrar. E pelo jeito vai ser logo.
Mas o Voldemort deu as caras logo quando ameaçou uma grande matança de trouxas se Emília Bagnold, a Ministra da Magia, que tinha ganhado o cargo naquele ano, não lhe entregasse o cargo. Lógico que ela não entregou, ninguém entregaria. Então Voldemort demoliu um prédio de escritório. Um massacre. Dos 80 trouxas que estavam no prédio, cerca de 10 escaparam dos escombros.
Assassinatos de gente influente, mortes de bruxos nascidos trouxas, ataques de lobisomens a famílias, crianças e adultos dominados pela Maldição Imperius, ele começou a fazer de tudo. Mas não perdemos a coragem.
O primeiro verdadeiro baque que eu sofri foi em decorrência de Régulo. Nós ficamos sabendo que ele procurara Dumbledore dizendo que se arrependera e desistira de ser Comensal da Morte. Pelo que soubemos, ele tentou sumir, mas, quatro ou cinco dias depois, Sirius apareceu com um tremendo mau-humor na sede.
— Credo, Sirius, hoje você tá com a pá virada — eu disse a ele quando ele estava sentado no sofá. — O que aconteceu?
Sirius resmungou algo ininteligível.
— O quê? — disse eu sem entender.
— Régulo.
Pensei que era apenas uma daquelas implicâncias do Sirius e suspirei.
— Ele fez alguma coisa?
— Fizeram com ele.
— O que foi que fizeram com ele?
Sirius resmungou de novo.
— Sirius, eu não tô entendendo…
— Ele foi encontrado morto numa valeta! Tá bom pra você?
Eu gelei. Régulo, aquele menino que eu tinha visto pequeno, que vivia nos incomodando… Morto. Por Voldemort.
Mas o pior ainda estava por vir.
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