Severo Snape
A primeira semana em Hogwarts foi fantástica. Aos poucos, eu e meus amigos íamos aprendendo sobre os professores e aulas.
A Profª McGonagall ensinava Transfiguração. Severa e inteligente, já na primeira aula nos disse:
- Transfiguração é uma das matérias mais complexas de Hogwarts. Quem não souber respeitar seus colegas ou fizer bobagens na minha aula, estará dispensado sem prazo determinado.
Em seguida, nos pôs para aquela clássica primeira aula de Transfiguração: transformar fósforos em agulhas. Ao fim da aula, somente Tiago e Sirius tinham conseguido alguma coisa Os fósforos deles pareciam agulhas de madeira, o que rendeu 10 pontos para a Grifinória.
Stanley Smith tinha um jeito diferente de ensinar. Seu ar bondoso e jovial fizeram logo as aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas parecerem encantadoras, enquanto ele lia histórias de maldições de tumbas e nos ajudava a reconhecê-las.
Nós também tínhamos aula de Feitiços com o baixinho Filio Flitwick. Mesmo subindo em cima de uma pilha de livros, Flitwick conseguia fazer as suas aulas se tornarem muito interessantes e divertidas.
Horácio Slughorn mostrou, na primeira aula, que não seria um professor fácil de lidar, e que a única chance de cair no gosto do professor era ser um mestre na sua matéria, Poções. Na primeira aula, ele nos mandou fazer uma simples poção para fazer crescer cabelo. E, também na primeira aula, eu descobri que decididamente não era um mestre nas Poções. Minha poção, que deveria ficar rosa forte, ficou nada mais nada menos que:
- Azul, Sr. Lupin. Azul. Parece-me que o senhor não tem uma boa mão para poções...
Suspirei. Slughorn foi passando pelos caldeirões, e parou com visível satisfação pelo de Lílian:
- Mas, agora, a Srta...
- Evans, senhor.
- Evans? Seria parente de Patrick Richard Evans, o Chefe da Seção de Jogos e Esportes Mágicos?, ele perguntou ansioso.
Lílian sorriu.
- Creio que não, professor. Nasci trouxa.
A surpresa se estampou no rosto de Slughorn:
- Nasceu trouxa? Tem certeza?
- Claro, professor.
- Que engraçado, murmurou Slughorn. Que engraçado... Sua poção está perfeita, Srta. Evans. Exatamente o tom de rosa que eu desejava. O mesmo tom das poções dos Srs...
- Tiago Potter.
- Sirius Black.
- Ah, você é o herdeiro da família Black, não?
Sirius ficou soturno e confirmou com um aceno frio.
- Engraçado você ter ficado na Grifinória. Eu gostaria de ter você na Sonserina, minha casa. A sua família toda esteve lá.
Eu olhei para Sirius. Ele parecia estar contendo uma explosão.
- Desculpe, professor, mas prefiro a Grifinória mesmo.
- Ah, fala o que pensa, não é, Sr. Black?, disse Slughorn rindo. Melhor assim, uma boa qualidade. Sua poção e a do Sr. Potter estão muito boas. Por vocês e a Srta. Evans, trinta pontos para a Grifinória.
Nisto, ele passou para olhar os caldeirões dos alunos da Sonserina, que faziam aula conjunta conosco. Passou, fazendo caretas ao olhar o conteúdo de alguns, repreendendo ao olhar o conteúdo de outros, até que, de repente, parou de chofre.
O caldeirão cujo conteúdo ele examinava com uma visível expressão de prazer era o de um garoto macilento. Seus cabelos compridos e brilhantes, um tanto oleosos, escondiam sua expressão de desprezo.
- Qual é o seu nome, rapaz?
- Severo Snape, disse o garoto.
Tiago riu e Snape o fitou com seus olhos que transbordavam desprezo.
- Você é da minha casa, não é?
Snape fez um aceno com a cabeça.
- Grande achado, grande achado. Sua poção está perfeita, Sr. Snape. 10 pontos para a Sonserina. Continue assim!
Snape parecia não ligar muito. Olhava para Tiago.
Mais tarde, estávamos todos voltando à torre da Grifinória para apanhar o material. A próxima aula, a aula de História da Magia, com o professor fantasma Binns, já iria começar, e os alunos afirmavam que era a aula mais monótona possível.
Nisso, ouvimos um gritinho vindo do Saguão de Entrada. Ao irmos para lá, vimos uma turma de estudantes da Sonserina mexendo com um aluno do primeiro ano da Lufa-lufa, Gregory Abbott.
Rosier, Wilkes, Rodolfo e Rabastan Lestrange, Belatriz Black e Avery. E lógico, Severo Snape. Eles tinham azarado Abbott, e ele voava de ponta-cabeça. Aparentemente, quem estava no controle era Snape.
- Como ele conhece um feitiço tão avançado?, perguntei baixinho a Sirius.
Nós não sabíamos bem o que fazer, quando ouvimos um grito de desafio vindo do portão do Salão Principal:
- Solta ele, seu idiota!
Era Lílian que avançava. Abriu caminho entre nós, seguida por Claire. Parou bem perto de Snape e exclamou:
- Solte ele!
Belatriz Black ergueu a varinha, rindo:
- Olha, o bebezinho está querendo nos desafiar...
Nós quatro também avançamos.
- Encoste um dedo nela, Belatriz, e você vai se ver comigo, disse Sirius ameaçador.
- Você conhece ela, Sirius?, perguntei surpreso.
- Minha querida priminha mais velha, disse ele com nojo.
- Ora, ora, se não é o meu primo Sirius, riu Belatriz. A vergonha da família. Foi para a Grifinória, não é?
- Melhor do que ir para a companhia desse bando de porcos que são vocês.
Snape soltou Abbott, que caiu do teto. Do nada, um aluno do quinto ano da Grifinória conjurou uma grande almofada que aparou a queda do menino. Então, os sete ficaram nos encarando. De repente, Avery ergueu a varinha e gritou:
- Locomotor mortis!
O feitiço me atingiu, e eu caí no chão. Claire e Pedro correram para me acudir, enquanto, furioso, Tiago gritava:
- Petrificus totalus!
Rígido, Avery tombou ao chão. Então, eu vi Tiago encarar Snape. Os olhos dos dois faiscavam.
- A Profª McGonagall está chegando aí!, gritou alguém.
Snape tornou a encarar Tiago.
- Ainda nos veremos, Potter!
- Digo o mesmo, Snape!
De súbito, chegou a Profª McGonagall.
- O que está acontecendo aqui?, gritou. Vão já para as salas, a sineta vai tocar.
Só aí nos lembramos da aula de História da Magia e fomos para a torre da Grifinória antes que arrumássemos mais confusões.
- Você está bem, Remo?, perguntou Tiago.
- Estou sim, foi só uma azaração facilmente reversível, disse eu, fazendo caretas ao andar.
- Quem é o cara?, perguntou Claire.
- Severo Snape, ele é da Sonserina, disse Pedro. Vocês não viram que ele foi o único da Sonserina a fazer uma poção perfeita para crescer cabelo?
- E aquele feitiço para fazer o Abbott voar também era avançado, eu disse. Duvido que ensinem isto esse ano.
Lílian estava com raiva.
- Como é que ele pode atacar alguém tão gratuitamente!, exclamou.
Tiago olhava para ela. No seu rosto, havia vestígios de orgulho, pela atitude de Lílian.
- Você foi muito corajosa, ele disse, encabulado. Tiago só ficava encabulado quando estava perto dela.
Ela corou.
- Ah, não foi nada. Eles estavam fazendo algo errado, eu fui impedir.
- É, mas você vê, nem os alunos do quinto ano se intrometeram. Você poderia ter se machucado.
- Se eu não fizesse, quem faria alguma coisa?
Eu, entretido em escutar a conversa dos dois, olhei o relógio:
- Caramba, olha a hora!, exclamei. A sineta vai tocar daqui a cinco minutos!
Debandada geral até a Torre da Grifinória.
Fomos assistir a aula de História da Magia. Os outros alunos tinham razão - era impossível escutar interessado a aula do Prof. Binns. Ele conseguia transformar as revolas mais sangrentas e as batalhas mais desesperadas em longos textos desprovidos de qualquer atrativo. Após alguns minutos, Sirius e Tiago estavam jogando forca na página final do livro, Pedro dormia, Claire e Lílian faziam uma partida de jogo-da-velha e só eu conseguia resistir ao tédio, anotando e escutando atento, embora sentisse meus olhos se fechando de quando em quando.
Ao final da aula, quando tínhamos saído para o corredor, a turma da Sonserina bloqueou nossa passagem. Eu disse:
- Deixem-nos passar, a sineta para a próxima aula já vai tocar.
- Olha lá, o menino não quer brigar, disse Rabastan. Será que ele tem medo de apanhar?
- Pense o que quiser, respondi. Só não quero chegar atrasado na próxima aula.
Tiago e Snape começaram a se encarar. Foi quando chegaram alguns alunos do quinto ano e trataram de nos separar.
- Briga no corredor não, caras, disse o monitor.
- Eles que nos pararam, disse Pedro.
- Tratem de ir para as aulas de vocês, disse o monitor, e foi dispersando-nos. Nós rumamos para a próxima aula, Tiago ainda olhava Snape.
Começava aí uma grande inimizade, que resultaria em muita tragédia e traumas irreparáveis...
¬¬¬
No dia seguinte, a caminho do café, eu, Sirius, Tiago e Pedro ainda discutíamos a turma do Snape.
- Quem são eles? O Avery, o Lestrange, o Wilkes e o Snape ainda conheço, mas os outros...
- Rosier está no segundo ano, Rodolfo Lestrange está no terceiro e a minha irmã Bela também..., disse uma voz atrás de nós.
Nós nos viramos imediatamente. Uma menina de cabelos armados e muito cacheados, louros, com um sorriso bonito e jovial, riu para nós. Sirius exclamou:
- Andrômeda!!!
E correu para abraçar a garota, que beijou as bochechas do primo.
- Sirius, Sirius, Sirius, que saudade eu tava de você! Mamãe não me deixou visitá-los no verão...
- Sorte sua, disse Sirius sorrindo. Mamãe está insuportável, e Régulo cada vez mais chato.
E, virando-se para nós, apresentou:
- Esta é a minha prima, Andrômeda Black, da... Lufa-lufa, não é?
- É.
Lembro que a achei muito bonita na época.
- Você é a irmã da Belatriz Black?
- Infelizmente, lamentou Andrômeda. Sou a do meio. Belatriz, eu, e depois Narcisa.
- Que família, comentou Tiago.
- Você nem imagina, disse Andrômeda.
- Para membros distoantes como nós, a família Black pode ser um suplício, disse Sirius.
Pedro parecia interessado no que Andrômeda falara sobre os integrantes da turma do Snape.
- Você sabe de onde eles são?
- São todos da Sonserina. Rosier está no mesmo ano que eu e é um panaca. Bela e Rodolfo estão no terceiro, são os mais velhos. E os outros entraram agora. Fiquei surpresa com o tal de Snape. Apesar de ser um aluno de primeiro ano, é muito avançado!
- Eu também reparei, eu disse.
Contentes com a nova amizade, fomos andando até o Salão Principal, ainda tentando nos acostumar com os caminhos, o que era difícil sem pontos de referência.
Sentamo-nos na mesa da Grifinória, e Andrômeda tomou lugar ao lado de Sirius. Pouco depois, chegaram Lílian e Claire. Eu vi um brilho estranho nos olhos da segunda quando ela fitou Sirius conversando animadamente com Andrômeda.
- Quem é ela?, perguntou sentando-se ao meu lado.
- Andrômeda, eu respondi, alegre por ela falar comigo. A prima de Sirius.
Ao ouvir isso, uma expressão de alívio tomou o rosto de Claire. Isso provocou um aperto em meu coração, pois eu já tinha entendido o que ela sentia em relação a Sirius. Amuado, tornei a comer.
- Qual é a primeira aula?, perguntou Lílian.
Afobado, Tiago consultou seu horário.
- Herbologia, respondeu ofegante.
- Quem dá essa matéria?
- A Profª Sprout, respondeu Andrômeda. Ela é simpática, se você não maltratar nenhuma planta.
- É mesmo, confirmou Pedro. Já vi mamãe conversando com ela, ela parece ser boa pessoa.
Naquele instante, alguns alunos de Corvinal pularam na nossa mesa.
- Er... Sirius Black, Tiago Potter e Lílian Evans, chamou.
- Somos nós, disse Tiago, apontando para os três. O que vocês querem?
- Entregar isto.
Eram três rolos de pergaminho enrolados por uma fita violeta. Tiago apanhou-os e distribuiu.
- O que é isso?, perguntei, me debruçando sobre o ombro dele.
- Parece um convite.
Ainda por cima do ombro de Tiago, li o pergaminho.
"Caro Tiago Potter,
Eu teria grande prazer se você comparecesse a um pequeno jantar na minha sala, na noite de sábado.
Atenciosamente,
Prof. Horácio E.F. Slughorn"
Tiago coçou a cabeça.
- Que esquisito, o professor de Poções me convidando para um jantar. O de vocês é o mesmo?
Sirius e Lílian fizeram que sim. Andrômeda riu e comentou:
- É a mania do Slughorn. Ter favoritos. Se um aluno se destaca por sua inteligência ou por seu nome, ou por ser bom em quadribol, ou qualquer outra coisa do gênero, Slughorn os alicia. Vocês três devem ter espantado Slughorn, para ele chamar vocês na primeira semana.
- Sirius e Tiago conseguiram transformar fósforos em agulhas na primeira aula de Transfiguração e fizeram a poção para crescer cabelos direitinho, disse Pedro.
- Lílian também fez a poção direito, lembrei. A minha ficou azul.
Todos riram, menos eu. Vendo a minha cara, Tiago parou de rir, e disse:
- Deixem-no em paz.
Sorri agradecendo, pois todos obedeceram ao pedido de Tiago.
- Então, vocês vão?
- Eu vou, parece ser legal, disse Lílian.
- Eu também vou, disse Tiago imediatamente.
Sirius suspirou.
- Sei não. Não gostei muito do jeito desse Slughorn.
- Ele é um pouco assim, mas não é má pessoa. Vá lá e você vai conhecer a nata de Hogwarts, riu Andrômeda.
- Eu tô pouco me lixando pra nata de Hogwarts, mas...
Ele fitou os olhos de Tiago suplicantes, e suspirou.
- Bem, se vocês dois vão, talvez não seja tão chato assim. Podemos procurar na biblioteca um feitiço para explodir a festa, hein, Tiago?
- Até lá..., riu o outro.
- Bem, a sineta já vai tocar, disse Andrômeda se levantando. Eu tenho Transfiguração agora, a professora é muito severa, vou indo.
Ela saiu. Logo após, eu comentei:
- Melhor irmos também, onde vão ser as aulas de Herbologia?
- Lá fora, nas estufas, informou Pedro. Aula conjunta, não sei com quem.
Tiago tornou a consultar o horário, e sua expressão de animação se transformou numa expressão de amuo.
- Com a Sonserina.
- Você está brincando, disse Sirius incrédulo.
Tiago estendeu o horário para Sirius, enquanto eu consultei o meu. Realmente, estava escrito que teríamos uma aula conjunta com a Sonserina. Com a turma do Snape.
Sirius xingou alto, e vários quartanistas olharam para ele.
- Não temos mais nada a fazer do que ter aulas com aqueles idiotas!
- Então vamos indo, eu disse, me levantando. Não queremos dar motivo aos alunos da Sonserina.
Os outros seguiram meu exemplo e rumamos todos para o jardim, Pedro à frente, nos guiando. Demos de cara com Anne Key, Katie Heart e Camille Rain num canto, na frente de uma das estufas. Do outro lado, víamos as três garotas da Sonserina, Marie Parkinson, Narcisa Black e Elisa Martin, conversando animadamente. Um pouco mais adiante, Lúcio Malfoy olhava insinuante para o grupo. Ígor Karkaroff estava apoiado na parede da estufa. Seus olhos eram frios.
Então, fazendo barulho e rindo alto, chegaram Snape, Lestrange e Avery.
Eu me postei entre Tiago e Sirius, pronto a segurá-los caso fosse necessário. Vi os dois fecharem os punhos, tensos, fingindo que não viam aquele grupo, que lançava olhares oblíquos a nós.
Logo, ouvimos a sineta, e surgiu a Profª Sprout, magistral, abrindo o caminho para as estufas. Nós a seguimos pressurosos, e paramos diante de dois enormes canteiros cheios de narcisos. A grande diferença é que estes grasnavam como gralhas.
- Olá, alunos, eu sou a Profª Sprout. Vou ensinar Herbologia a vocês. Minha matéria pode parecer fácil, mas basta uma ligeira distração para deixá-los desacordados por horas, ou para perderem braços e pernas, ou até para morrerem. Portanto, olho no trabalho!
"Esses aqui são narcisos cantantes, uma tarefa fácil. Para cada narciso, vocês devem ministrar duas colheradas de Poção Expectorante. Eles podem morder. Cuidado para não derrubarem poção na terra! Depois de fazê-lo, vocês os plantarão. É só tirá-los dos vasos e revolver suas raízes com terra. As poções e as colheres estão naqueles frascos na prateleira e os narcisos em vasos nos canteiros. Podem começar!"
Nos precipitamos para a prateleira. Cada um pegou um frasco de Poção Expectorante. Eu, Tiago, Sirius, Pedro, Lílian e Claire ocupamos um canteiro; Camille, Anne e Katie foram para o outro. Para nosso extremo desagrado, Snape, Lestrange e Avery vieram se juntar a nossa mesa.
Cultivar aqueles narcisos era um trabalho extremamente tedioso. Bocejando, Sirius enfiou uma colher de Poção Expectorante na boca de um narciso.
- Ah, esses narcisos são um pé no saco. Qualquer um pode cuidar eles.
- Concordo, disse Tiago, que lutava contra um narciso histérico que se recusava a ser envasado e emitia ruídos agudos. Queria logo estudar visgos-do-diabo.
- Como se fôssemos estudar visgos-do-diabo, resmunguei, porque meu narciso se engasgara com a poção e tossia. Ninguém ia nos botar com uma planta que pode nos estrangular.
- Mamãe acha que são plantinhas carinhosas, disse Sirius sombriamente.
Eu, Tiago e Pedro, fizemos uma careta.
Snape olhava de um jeito mórbido para Tiago. Em certo momento, perguntou com voz insinuante:
- E então, Potter? Ainda defensor de trouxas.
- Cala a boca, Snape, disse Tiago sem tirar os olhos do narciso com o qual trabalhava agora, que berrava como uma gralha.
- Não queremos arrumar problema, disse Sirius de cara amarrada.
- Você tá se achando, né, Black? Só porque conseguiu entrar na Grifinória. Vou te avisar uma coisa: a Grifinória é dos perdedores!
- Tô pouco me lixando para a sua opinião, Snape. Você se acha melhor do que os trouxas, mas os trouxas são bem melhores que você.
Tiago assobiou, e Snape ficou vermelho de raiva, voltando-se para o seu narciso e ficando algum tempo em silêncio. Então, pareceu ter uma idéia, murmurando melífluo:
- Você e Black se acham espertos, não é, Potter? Mas ficam andando por aí com escória como o Lupin...
Sem me alterar, terminei de plantar um narciso, enquanto Tiago falava, enchendo uma colher de poção cheio de cautela:
- Escória é o teu nariz.
Com muito cuidado para não derramar, Tiago foi tentando levar a colher até a boca do narciso. A colher estremecia violentamente, e Tiago parou para evitar que a poção caísse na terra. Foi nessa hora que Snape resolveu completar a frase:
- ...mas o Lupin é decente perto dessas sangue-ruins, a Evans e a Rain.
A colher de Tiago deu uma pirueta e derramou seu conteúdo na terra do canteiro, o que imediatamente fez nascer uma goela com língua e tudo no lugar. Eu, que até então não me alterara, senti minhas faces enrubescerem de raiva.
- Repita se tiver coragem, Snape, disse Tiago entre dentes.
- A Evans e a Rain são duas sangue-ruins...
PÁ! Eu, Tiago e Sirius saltamos em cima de Snape, que, na confusão, derramou um frasco inteiro de poção na terra. Goelas nasciam uma após as outras, enquanto nós socávamos Snape. Tiago acertou-lhe um soco no olho, Sirius na barriga, eu lhe chutei. Sentia os braços impotentes de Pedro, Lílian e Claire tentando nos segurar.
- Parem, parem, parem!, esganiçou-se a professora.
Avery e Lestrange se embolaram no meio da confusão, e o resultado ficou impossível de se distingiu. Eram pés, mãos e corpos rolando, indo de um lado para o outro. Nós nos socávamos e nos chutávamos, sem saber exatamente o que ou quem estávamos socando e chutando.
- Impedimenta!, gritou uma voz.
Senti meu corpo brecar, e fiquei paralisado no chão, enquanto os outros, sem nada perceber, continuaram brigando. Pedro veio me socorrer.
- Impedimenta!, gritou a voz novamente. Era a professora.
Dessa vez, foi Tiago o atingido, e ele parou, esticado no chão. Lílian correu para ajudá-lo.
- Impedimenta!
Sirius parou, tonto. Claire correu a acudi-lo. Mesmo um pouco longe, consegui ouvir o que diziam:
- Você se machucou?, perguntou Claire.
- Só um pouco. Eu sei brigar, sabia?
Vendo Clara rir, senti aflição.
Snape, Avery e Lestrange continuavam se embolando.
- Ô, idiotas!, exclamou Lúcio Malfoy. Vocês estão batendo em vocês mesmos!
Eles pararam, estupefatos. Snape, que não parecia nem um pouco com um bom esportista, tinha levado vários socos e gemia a cada movimento. Avery e Lestrange esfregavam os punhos.
Lílian olhava os cortes no rosto de Tiago.
- Você não devia ter feito isso.
- Um cavalheiro tem que velar pela honra de sua dama, riu Tiago.
O riso de Lílian, claro e radiante - só ela ria assim - despertou o olhar de Snape.
- Do que vocês estão rindo?, gritou a Profª Sprout. - Snape, Avery e Lestrange, vocês vão já falar com o Prof. Slughorn! E vocês, Potter, Black e Lupin, vão agora para a Profª McGonagall. Quinze pontos a menos para a Grifinória e quinze pontos a menos para a Sonserina! Continue a rir, Sr. Wilkes, e irá acompanhá-los!
A professora foi nos empurrando para fora da estufa. Antes de sair, gritou:
- Srta. Evans, me relate quem aprontou após a aula!
Foi nossa primeira detenção. Tivemos que polir os troféus da sala de troféus, sem magia. Pelo menos escapamos da confusão no final da aula de Herbologia, pois as goelas que Snape criou começaram a engolir os narcisos.
PS: Quem puder, por favor, deixe sua opinião!
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