O começo
Visto os fatos que se sucedem continuamente, provocando muitas lágrimas e desespero de nossa parte, me sinto impelido a começar esse relato, antes que seja eu mais uma vítima das varinhas dos Comensais da Morte. Talvez, num futuro próximo, Voldemort reine. Então, que essa história de luta e união sirva de estímulo para os que estiverem lutando, pois creio que, a esta altura, eu já estarei ao lado de Tiago e Sirius. Se não falharmos, que essa história fique de relato de dias tristes que há muito se passaram.
Antes de entrar na escola de Hogwarts, nunca tive muitos amigos. Sempre fui um garoto esquivo, discreto e tímido, mesmo antes do... do que aconteceu. Meus primeiros e grandes amigos foram três garotos, entre eles dois verdadeiros heróis, que me ensinariam muito sobre vida e amizade: Tiago Potter e Sirius Black. Juntos, eu, eles e Pedro Pettigrew, o Rabicho, nosso quarto amigo, formamos uma grande história. Peço que se dignem a ouvi-la...
Nos conhecemos na Estação de King's Cross, no primeiro dia de aula, quando começam as grandes amizades. Eu chegara cerca de quarenta minutos antes da hora, um garotinho miúdo e com aparência doente, para ocupar um banco na última cabine do Expresso de Hogwarts, segurando malas maiores que eu e um exemplar do Profeta Diário. Lembro-me como se fosse ontem: a cabine lentamente foi se ocupando. O primeiro a entrar, e a sentar do meu lado, foi um garoto gordinho de cara de rato, que parecia extremamente elétrico. Mexia-se no banco como se tivesse sentado em cima de formigas. Parecia querer falar comigo, mas eu fingia estar absorvido na leitura de uma matéria cuja primeira linha eu já tinha lido cinco vezes.
Depois, entrou outro garoto. Este com uma elegância e até alguma prepotência em seu modo de sorrir. Seus cabelos eram curtos, escuros, e formavam um conjunto agradavelmente displicente com seu rosto alegre. Sentou-se na frente do garoto franzino, apoiando os pés em cima de sua mala, com um sorriso de orelha a orelha.
O quarto garoto entrou apenas alguns minutos antes do trem partir, sucumbindo ao peso de seus malões. O garoto elegante ajudou-o a entrar com o malão em nossa cabine. Era também franzino, de olhos castanho-esverdeados e cabelos bagunçados, com pontas indo para todos os lados. Tinha uma expressão amigável e curiosa. Ao sentar ao lado do garoto elegante, exclamou bem alto:
- Ah, finalmente, Hogwarts! Sonhei tanto com isso!
Os outros dois confirmaram com a cabeça. Eu continuei fingindo estar absorvido na leitura.
- É ótimo poder sair de casa finalmente, disse o garoto elegante com um meneio de cabeça.
- É, é, disse o agitado, que continuava se mexendo. Tô louco pra saber em qual casa vou ficar. Qual vocês querem ficar?
- Eu quero ir pra Grifinória, disse o de cabelos bagunçados. Meu pai e minha mãe eram de lá e eu também quero ser.
- Eu, por mim, qualquer casa vai estar boa, disse o agitado.
- Mesmo a Sonserina?
Quem perguntou isso foi o elegante, lançando um olhar soturno para o agitado.
- Não, a Sonserina não, o outro respondeu apressadamente. Quero dizer que pra mim tanto faz Corvinal, Lufa-lufa ou Grifinória.
- Eu adoraria poder ficar na Grifinória, disse o elegante com um suspiro. Mas é bem capaz de eu ficar na Sonserina.
- Por quê?
- Porque toda a minha família é da Sonserina.
- E o que isso tem a ver?
- Como assim? Minha família tem gerações e gerações e mais gerações de sonserinos. É lógico que eles vão ver isso e me colocar na Sonserina.
- O que determina a casa em que você vai ficar não é a sua família, e sim a sua personalidade.
- Sei lá. Mas acho que vou parar na Sonserina...
- Qual é a sua família?, perguntou o de cabelos bagunçados.
- A família Black. Isso te diz alguma coisa?
Os outros se mantiveram em silêncio. Naquela época, a família Black era conhecida por seus atos de magia negra e sua forte oposição a trouxas.
- E o seu nome, qual é?
- Sirius. E o seu?
- Tiago Potter.
O garoto agitado falou antes que lhe perguntassem:
- Eu sou Pedro Pettigrew.
Os outros dois sorriram para ele. A expressão de prepotência que anuviava o rosto de Sirius era substituída por um ar amigável e solícito.
Tiago então olhou para mim e perguntou:
- E você? Quem é?
Eu gelei. Sempre soube, antes de entrar em Hogwarts, que eu teria que falar com os outros garotos. Mas eu me sentia nervoso quanto a isso. Agora, que a hora chegara, eu não sabia o que fazer, a não ser fingir que continuava lendo o Profeta Diário.
Não adiantou. Tiago abaixou meu jornal e forçou-me a olhar para os três. Me fiz de desentendido:
- Hã?
- Qual é o seu nome?
- R-Remo Lupin, gaguejei.
- Eu sou Tiago Potter, aquele é o Sirius Black, e este ali é o Pedro Pettigrew. O que você estava lendo?
Apontei para o Profeta, aturdido. Tiago apanhou o jornal e folheou.
- Não tem nada interessante aqui... Credo, o jornal de hoje está uma porcaria.
Eu não pude conter o riso, e, ao me verem rindo, os outros três sorriram também. Em pouco tempo, já conversávamos como se nos conhecessemos há anos.
Foi quando entraram de repente duas garotas, do primeiro ano como nós. A primeira, ruiva e de olhos estonteantemente verdes, sem o menor vestígio de timidez, já foi começando:
- Oi, meu nome é Lílian Evans, vou entrar no primeiro ano, vim de famíia de trouxas, quem são vocês?
Eu, Sirius e Pedro nos entreolhamos, um pouco aturdidos, e respondemos:
- Sirius Black.
- Pedro Pettigrew.
- Remo Lupin.
Já Tiago parecia ter entrado em transe, olhando fixamente para o rosto de Lílian, como se estivesse hipnotizado. Ela cutucou a outra garota, que também começou a falar, entre muitas hesitações, vermelha como um tomate:
- Meu nome é Claire Rain... Eu também vim de família de trouxas e vou entrar no primeiro ano.
Ela tinha cabelos castanho-claro, compridos e presos num rabo-de-cavalo. Seus olhos eram de uma linda cor violeta. Numa de suas faces graciosas, uma pintinha, sua marca pessoal, que a diferia de suas irmãs... Eu olhei fascinado para ela.
Indiferente ao fascínio que eu estava sentindo por Claire, Lílian olhou para Tiago, que ainda olhava para ela como que hipnotizado.
- Qual é o seu nome, menino?
Ele se sobressaltou como se tivesse acordado de um sonho.
- Tiago Potter... E você?
- Eu já disse, Lílian Evans...
- Lílian Evans?
- É.
- Nome lindo.
Eu e os outros nos entreolhamos rindo. Lílian sorriu, e com toda a sua atividade, disse:
- Eu vou agora ver as outras cabines. Tomara que a gente fique na mesma casa em Hogwarts! Vamos, Claire!
Claire olhava fixamente para Sirius, que parecia não notar.
- Claire!, chamou Lílian.
A menina se sobressaltou, murmurou um rápido adeus e seguiu Lílian correndo.
- Nossa, Tiago, você parecia um zumbi olhando para a Lílian...
Tiago riu.
- Ela é uma menina bonita.
- É, mas você olhava pra ela como se fosse uma aparição...
- Tá namorando, tá namorando, cantarolou Pedro.
E, enquanto Tiago se ocupava em partir para cima de Pedro às gargalhadas, e Sirius incentivava a briga gritando: Porrada! Porrada!, eu fiquei em silêncio, sorrindo por dentro. Acabara de conhecer a mulher da minha vida, o meu grande amor...
¬¬¬
A viagem até Hogwarts transcorreu sem maiores acontecimentos. Sirius se mostrava um tanto melancólico pelo medo de ir para a Sonserina, e eu tinha medo do que me esperava em Hogwarts, mas, enfim, nos divertimos muito naquele trem.
Quando descemos na estação, ouvimos aquela voz que se tornaria tão familiar alguns anos depois:
- Alunos do primeiro ano! Alunos do primeiro ano, aqui, por favor!
Uma garoa fina cobria o lugar, e, no meio dela, estava a pessoa mais gigantesca que eu já vi na vida. Devia ter três vezes o meu tamanho, e era pelo menos seis vezes mais largo que eu, e, no entanto, seus olhinhos miúdos denotavam uma expressão de grande bondade. Estava eu tão absorvido em contemplá-lo, que me sobressaltei quando, estando os alunos do primeiro ano já reunidos, ele gritou:
- Quem é Remo Lupin?
- Sou eu, falei com a voz sumida.
Ele se aproximou de mim. No rosto, havia uma expressão de pena, e eu senti embrulhos. Detesto que sintam pena de mim.
- Sou Rúbeo Hagrid, guardião das chaves e das terras de Hogwarts.
Fim que sim com a cabeça, ansioso e angustiado.
- A Profª McGonagall pediu que você tomasse uma carruagem como os alunos mais velhos. Ela está te esperando no castelo, para te explicar como proceder em relação ao seu... problema.
Corei até a raiz dos cabelos e olhei para os lados, para ver se alguém tinha escutado as palavras de Hagrid. Quando vi que só Sirius, Tiago e Pedro estavam próximos de nós, dei um suspiro de alívio, fiz um sinal afirmativo com a cabeça e saí para as carruagens que se moviam sem cavalos.
Peguei uma logo à frente, e, assim que cheguei, encontrei a Profª McGonagall. Já tinha estado em Hogwarts antes do início do ano letivo, quando minha mãe me acompanhara para sabermos se eu poderia ingressar na escola, e eu já conhecia a Profª McGonagall. Ela me olhou também com uma expressão de pena e eu evitei seu olhar, preferindo observar os quadros que se mexiam.
- Lupin, me acompanhe até aquela sala, ela disse.
Fui atrás dela e entramos num cômodo pequeno, longe de alunos enxeridos.
- Bem, Sr. Lupin, o senhor já sabe que a sua passagem por Hogwarts não será normal.
- Sim, Profª McGonagall. Como devo proceder?
- Então. Em noites de lua cheia, você deve se apresentar antes que o sol se ponha na enfermaria. Os professores já estão advertidos a esse respeito e liberarão você nos minutos finais de suas aulas.
Fiz um gesto afirmativo.
- Então, alguém o acompanhará até o Salgueiro Lutador.
- Salgueiro o quê?
- Lutador, Sr. Lupin. Em uma das raízes do Salgueiro há um nó. Você deve pressioná-lo com uma vara longa para não se machucar. Após a árvore estar paralisada, você entrara num túnel entre...
- E o que essa árvore faz, professora?, perguntei interrompendo a conferência.
- Ela se mexe, Sr. Lupin, disse McGonagall com evidente desagrado. Ela se mexe e revidará contra quem se aproximar dela. Agora, por favor, vamos continuar, pois o assunto precisa ser tratado rápido.
Eu silenciei.
- Pois bem, como eu estava dizendo, você entrará num túnel entre as raízes. Dentro desse túnel, você seguirá reto até chegar a uma casa com cômodos e móveis. Essa casa se localiza no Povoado de Hogsmeade e foi construída para seu uso. Lá o senhor... esperará o dia amanhecer.
Eu suspirei.
- Entendi, Profª McGonagall.
- Agora, Sr. Lupin, lhe recomendo uma coisa: cautela, acima de tudo cautela. Ninguém pode perceber o que o senhor é, isso acarretará em problemas para o senhor e para nós. Você deve ter mais responsabilidade e cautela do que qualquer outro aluno de Hogwarts.
O rosto da professora era muito sério, e eu procurei imitar essa seriedade no meu próprio rosto, quando disse:
- Sim, Profª McGonagall. Não irei decepcioná-la.
Então, ouvimos três fortes batidas em algum lugar próximo dali. Agitada, a Profª McGonagall disse:
- Acompanhe-me, Sr. Lupin, e saiu da sala. Eu a segui andando rápido, até pararmos diante de um grande portão.
McGonagall se recompôs da corrida, e abriu-o. Lá fora estavam Hagrid e os outros alunos do primeiro ano, meus amigos à frente. Sem esperar permissão, me juntei a eles.
- Alunos do primeiro ano, Profª Minerva McGonagall, apresentou Hagrid.
Ainda agitada, a professora agradeceu com um meneio de cabeça e fez um gesto para seguirmos-na. Ela nos levou até a mesma sala onde eu estivera havia pouco, e começou a explicar:
- Bem-vindos à Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts. O banquete de abertura do ano letivo vai começar daqui a pouco, mas, antes disso, vocês serão selecionados por casas. Durante sua estada em Hogwarts, as casas serão como suas famílias, pois vocês conviverão com seus alunos durante todo o ano. Os seus acertos renderão pontos à sua casa, enquanto os erros a farão perder. Portanto, reveja suas atitudes e comporte-se como se espera de um bom aluno de Hogwarts. Ao final do ano, a casa com mais pontos receberá a Taça das Casas, uma grande honra.
A expressão do rosto de Sirius era cada vez mais soturna e, sussurrando, perguntei:
- O que você tem, Sirius?
- Medo de ir para a Sonserina.
Antes que eu pudesse tranquilizá-lo, a professora recomeçou:
- As casas são quatro: Grifinória, Lufa-lufa, Corvinal e Sonserina. Cada uma já formou grandes bruxos e espero que vocês também saibam trazer honras a elas. Virei buscá-los para a Cerimônia de Seleção daqui a alguns minutos.
E ela partiu, deixando-nos todos mergulhados em grande ansiedade. Sirius estava muito pálido e suado, Pedro estava agitadíssimo e eu mesmo me sentia doente e angustiado. Apenas Tiago parecia se comportar de forma natural. Lílian e Claire se aproximaram de nós:
- Como é a Cerimônia de Seleção?, perguntou a primeira.
- Não sei direito, respondeu Tiago, os olhos fixos na beleza da menina. Tinha alguma coisa sobre um chapéu, não tinha?
- Sei lá, respondeu Sirius, que realmente parecia mal.
- Ei, Sirius, o que você tem?, perguntou Claire, com sua voz que a mim já parecia uma doce sinfonia. Ela parecia preocupada.
Sirius limpou o suor da testa e disse:
- Nada, só estou nervoso.
Eu estava incapaz de falar, e sentia o sangue me fugir do rosto. Devia estar muito pálido. Então surgiu McGonagall:
- Vamos.
Sentia-me uma pilha quando entramos no Salão Principal. Eu já tinha visto antes sua beleza, seu teto enfeitiçado para parecer o céu lá fora e também suas milhares de velas iluminando-o. Mas, no momento, só conseguia ver a mesa dos professores. Sentado bem ao centro dela, o maior bruxo que conheci na vida, o homem que tinha me proporcionado uma oportunidade, olhando diretamente para mim com seus óculos de meia-lua.
- Olha lá, é o Dumbledore!, ouvi alguém sussurrar às minhas costas.
Rodeando Dumbledore, de lá para cá, Hagrid ocupava a ponta da mesa. Ao seu lado, um professor jovem e de ar bondoso, que conversava com uma professora de cabelos revoltos e unhas longas. Sentava-se ainda desse lado um professor que não possuía um braço e uma perna. Do outro lado de Dumbledore, um lugar vazio que eu supus ser o da Profª McGonagall. Após este lugar vazio, estava um professor velho, imensamente gordo e careca, com um farto bigode prateado. Ele parecia uma morsa ou algo assim. Do lado dele, um bruxo miudinho sentado em cima de uma pilha de livros que conversava animadamente com uma professora muito bonita, ao lado de uma professora com um ar etéreo. Pedro os conhecia e foi falando:
- Rúbeo Hagrid... aquele ali deve ser novo... Profª Sprout... Prof. Kettleburn... Dumbledore... Prof. Slughorn... Prof. Flitwick... Profª Cauldwell... Profª Donan... e ainda estão faltando alguns...
McGonagall nos conduziu até a mesa dos professores, nos fazendo ficar de costas para eles, enfileirados diante dos veteranos. Eu sentia minhas entranhas se revirarem como cobras.
Agora, McGonagall colocava um banquinho de quatro pernas na nossa frente. Em cima do banquinho, ela pôs um chapéu de bruxo remendado e esfiapado. Tiago sussurrou para nós:
- Eu não disse que tinha um chapéu?
- Silêncio, murmurei, pois toda a escola tinha se aquietado diante da presença do chapéu.
Tiago me deu um leve empurrão e Sirius, mesmo tão nervoso, riu um pouco.
De repente, um rasgo se abriu no chapéu à guisa de boca e ele começou a cantar:
Boa noite, meus queridos, aqui estou
Sei que muitos estão nervosos
Sei que preferiam aqui não estar
Mas se acalmem, pois agora é hora
De decidir em que casa vai ficar
Quem sabe sua casa será a Grifinória
A casa do valente Gryffindor,
Aquele que prezava a coragem e a nobreza
Nos alunos que selecionava
Pode ser que você vá para a Lufa-lufa
A casa da meiga Hufflepuff
Ela prezava a aplicação e a justiça
Nos alunos que com ela iam estudar
Pode ser que irá para a Corvinal
A casa da sábia Ravenclaw
Ela admirava inteligência e a sede de saber
Nos jovens que com ela iam aprender
Pode ser que vá para a Sonserina
A casa onde vivia o astuto Slytherin
Que encontrava na ambição e na astúcia
As exigências para a entrada em sua casa
Então, não é preciso temor
Pois logo aos seus colegas irão se juntar
E em suas casas encontrarão
Amizade, glória e o conhecimento
E então eu, o Chapéu Seletor, saberei
Que mais uma vez não errei
Que não erro e nunca errarei!
Os aplausos tumultuaram o Salão Principal. O chapéu fez uma mesura e calou-se. Agora chegava a hora...
¬¬¬
Eu me sentia nervoso demais para falar, e eu olhei meus amigos. Apenas Tiago se portava com naturalidade. Pedro se coçava e olhava para todos os lados. Sirius, ao meu lado, parecia prestes a desmaiar.
- Ao ouvirem seus nomes, adiantem-se até o banquinho e coloquem o Chapéu em sua cabeça, disse McGonagall. Abbott, Gregory!
Um garotinho corado e louro, tremendo, adiantou-se, se sentou no banquinho e colocou o chapéu, que lhe afundou na cabeça.
- LUFA-LUFA!, exclamou o chapéu.
A segunda mesa à direita rompeu em vivas e comemorações quando o menino miudinho se juntou a eles.
- Aven, Carolyne!
Uma menina de tranças negras correu ao banquinho e colocou o chapéu.
- LUFA-LUFA!, anunciou o chapéu.
Novos vivas da mesa da Lufa-lufa. Carolyne correu a se sentar na mesa, ao lado de Gregory, que a olhava com curiosidade.
- Avery, James!
Um garoto de ar arrogante saiu da fila com toda a segurança e sentou-se no banquinho, colocando o chapéu com imponência.
- SONSERINA!
A mesa à extrema esquerda explodiu em aplausos; com um ar de satisfação, Avery se juntou aos sonserinos.
- Black, Narcisa!
Eu me surpreendi e cutuquei Sirius, ao ver uma garota loura e um tanto escorrida sair da fila.
- É sua parente, Sirius?
- Sim, disse Sirius com mal-estar. Infelizmente. Minha prima.
- Ah, eu disse, olhando para ver em que casa Narcisa Black ficaria. Não deu outra:
- SONSERINA!
Sirius reprimiu um estremecimento, mas não houve muito tempo para pensar na prima, pois, em seguida, McGonagall já chamava:
- Black, Sirius!
Ouviram-se cochichos pelo salão. Muitos se curvaram para a frente, para ver em que casa ficaria o herdeiro da família Black.
Olhei para Sirius, que não se mexeu. Ficou parado no lugar, como em transe, a boca entreaberta.
- Black!, chamou McGonagall com impaciência. Sirius Black, aqui, se me faz o favor!
Eu cutuquei Sirius com força, e ele pareceu despertar. Com movimentos rígidos, caminhou até o chapéu, colocou-o na cabeça e se sentou.
Foram cerca de trinta segundos de angústia, até ouvir o chapéu anunciar:
- GRIFINÓRIA!
Suspirei aliviado, olhando para a mesa da extrema direita em aplausos. Sirius, não sei se por alívio mesmo, continuou sentado no banquinho. Com bondade, a Profª McGonagall se adiantou e retirou o chapéu de sua cabeça, descobrindo uma expressão de felicidade. Sirius se levantou, cambaleou, e se dirigiu à mesa da Grifinória.
A Profª Minerva continuou a chamada:
- Brannon, Laura!
- CORVINAL!
- Diggle, Dédalo!
- LUFA-LUFA!
- Edgecombe, Terry!
- LUFA-LUFA!
- Evans, Lílian!
Muito ansiosa, Lílian se levantou de um salto. Tiago, que estava a seu lado, lhe sussurrou umas palavras que não pude entender, mas que a fizeram sorrir.
- GRIFINÓRIA!
Ela tirou o chapéu e sorriu, radiante. Eu vi seus olhos encontrarem os de Tiago, que parecia transbordar alegria. Então, ela foi correndo e sentou-se ao lado de Sirius, que ainda parecia meio abobado.
- Heart, Katherine!
- GRIFINÓRIA!
- Karkaroff, Ígor!
- SONSERINA!
- Key, Anne!
- GRIFINÓRIA!
- Kirke, Arthur!
- CORVINAL!
Quando Arthur Kirke foi se sentar, eu reparei em como estava. Me sentia mal, ansioso e até doente, e receei que fosse desmaiar.
- Lestrange, Rabastan!
- SONSERINA!
- Longbottom, Franco!
- LUFA-LUFA!
- Lovegood, Maximilian!
- CORVINAL!
- Lupin, Remo!
Sentindo minhas pernas pesadas, me levantei. Cada passo foi difícil. Eu devia estar muito mal, pois a Profª Minerva me acompanhou até o banquinho, pronta para me amparar caso eu desmaiasse. Tremendo tanto que eu parecia me sacudir, enfiei o chapéu na cabeça.
Imediatamente, ouvi uma vozinha penetrar minha mente, quase um sussurro:
- Sr. Lupin... Corajoso... Está um tanto inseguro, não?... Não se preocupe, se Dumbledore permitiu... Vamos ao resto... Nobre, muito nobre... Nobreza e coragem... Sim, já sei... GRIFINÓRIA!
Uma onda de alívio passou pelo meu peito. Acenei para Pedro e Tiago, e me dirigi à mesa da Grifinória, sentando na frente de Sirius, que me apertou a mão.
Dali eu podia ver a mesa principal, e também meus amigos. Pedro continuava agitado.
- McKinnon, Marlene!
- CORVINAL!
- MacStorm, Alice!
- LUFA-LUFA!
- Malfoy, Lúcio!
- SONSERINA!
- Martin, Elisa!
- SONSERINA!
- Meyer, Samantha!
- LUFA-LUFA!
Eu olhei para Pedro, cuja vez estava se aproximando. Ele se mexia tanto que parecia estar com pulgas.
- Parkinson, Marie!
- SONSERINA!
- Pettigrew, Pedro!
Aos tropeços, Pedro se adiantou. Colocou o chapéu na cabeça e, quando foi se sentar no banquinho, caiu ao chão. Sob uma avalanche de risadas, tateou até achar o banquinho e enfim se sentou.
Demorou quase um minuto para o chapéu se decidir, até que, enfim, falou o que queríamos ouvir:
- GRIFINÓRIA!
Aliviado, Pedro tirou o chapéu e correu para se sentar ao meu lado, escondendo a cabeça com a capa.
- Podmore, Estúrgio!
- CORVINAL!
- Potter, Tiago!
Com muita naturalidade, como se tivesse feito isso a vida toda, Tiago se sentou e colocou o chapéu. Logo após:
- GRIFINÓRIA!
Eu sorri para ele, Sirius ergueu os polegares. Pedro tirou a cabeça da capa por um instante e acenou, para voltar a se esconder. De onde eu estava, podia muito bem ver que Tiago olhava para os olhos de Lílian, encantadores à luz das velas.
Ele se sentou ao lado de Pedro, quase à frente de Lílian, e se abandonou à contemplação dela.
- Prewett, Fábio!
- CORVINAL!
- Rain, Camille!
- GRIFINÓRIA!
- Rain, Chloe!
- CORVINAL!
- Rain, Claire!
- GRIFINÓRIA!
Minha querida Claire, parecendo muito aliviada, sentou-se ao lado de Lílian e seus olhos violeta procuraram Sirius, que olhava ansiosamente para os pratos, com fome. Eu fiquei fitando-a, na esperança de que ela me notasse.
- Shacklebolt, Quim!
- CORVINAL!
- Simmons, Arnold!
- LUFA-LUFA!
- Snape, Severo!
- SONSERINA!
- Stebbins, Victor!
- LUFA-LUFA!
- Vance, Emelina!
- CORVINAL!
- Wilkes, Michael!
- SONSERINA!
Com Michael Wilkes, a seleção terminara. Dumbledore se levantou e todos silenciaram:
- Sejam bem-vindos para mais um ano em Hogwarts, meus alunos! Antes de começarmos nosso banquete, gostaria de dar alguns avisos. Primeiro, quero apresentar Stanley Smith, seu novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas!
O professor jovem e de ar bondoso se ergueu e fez uma mesura para os alunos, sendo saudado com aplausos educados.
- Segundo, continuou Dumbledore, acho que a grande maioria dos alunos percebeu que temos uma nova árvore no colégio este ano. Os cantos da boca de Dumbledore tremeram. O nome dela é Salgueiro Lutador, e peço que não se aproximem muito dela, se não quiserem... o próprio nome da árvore já diz.
Eu corei de novo. Felizmente, ninguém percebeu, pois estavam todos rindo.
- Terceiro, continuou Dumbledore, devo lembrar que a Floresta Proibida tem o acesso vedado a todos, e o Povoado de Hogsmeade, àqueles que ainda não chegaram ao terceiro ano. Agora, podem atacar!
Para a nossa felicidade, os pratos a nossa frente se encheram de comida. Claire, Lílian e Camille pareciam espantadas com o banquete que surgira tão repentinamente. Entusiasmados, todos nos servimos e nos pusemos a comer.
- Eu proponho que todos se apresentam, disse Lílian, pausando o garfo. Digam de onde vem, etc...
Todos gostaram da idéia, menos Sirius.
- Eu começo, disse Anne Key. Meu nome é Anne Key, 11 anos, venho de família bruxa. Minha mãe é da Irlanda, mas veio morar em Londres. Trabalha no Gringotes. Meu pai trabalhava no Departamento de Acidentes e Catástrofes Mágicas, no Esquadrão de Reversão de Feitiços Acidentais.
- Passa para quem?, perguntou a Lílian.
- Para a Katie.
Katherine Heart, que tinha cabelos longos de um castanho-avermelhado, disse:
- Sou Katherine Heart, mas podem me chamar de Katie. Sou mestiça, mãe trouxa e pai bruxo. Meu pai é curandeiro. Ah, e tenho 11 anos. Passo para a... Camille.
Camille Rain, que, tirando a pintinha na face, era exatamente igual à Claire, se manifestou:
- Sou Camille Rain, tenho 11 anos, venho de família trouxa e tenho duas irmãs gêmeas. Passo para Claire.
Claire ficou vermelha, e, se é que isso é possível, ainda mais encantadora.
- S-sou Claire Rain... tenho 11 a-anos... e duas irmãs gêmeas... e venho de família trouxa...
- Para quem você passa?
- Para a Lílian.
A extrovertida Lílian Evans não pareceu nem um pouco encabulada.
- Eu sou Lílian Evans, tenho 11 anos, venho de família trouxa, mas não tenho irmãs gêmeas. Irmã eu tenho, mas é mais velha e trouxa. Passo para... o Tiago.
Tiago, pego de surpresa, engasgou com uma cenoura.
- Cof, cof... Eu?
- É, quem mais se chama Tiago?
- O-OK..., cof, cof... Eu sou Tiago Potter, cof, tenho 11, cof, anos, venho de família bruxa, meu pai e minha mãe, cof, cof, cof, tem uma loja de artigos mágicos. Eu, cof, passo para o Sirius.
Sirius, seco, pousou o garfo na mesa e disse aos arrancos:
- Sirius Black, 11 anos, família bruxa, passo para o Remo.
E voltou a comer. Pálido, eu disse:
- Eu sou Remo Lupin, tenho 11 anos, sou de família bruxa, mas tenho um pouco de sangue trouxa. Minha mãe trabalha no Departamento de Jogos e Esportes Mágicos, e meu pai é do Quartel-General de Aurores. Passo para o Pedro.
- Pedro Pettigrew, tenho 11. Minha mãe é do Conselho de Administração de Hogwarts, e meu pai é do Departamento de Cooperação Internacional em Magia. Ninguém tá faltando?
Todos fizeram que não. Então, solene, Lílian se levantou erguendo o cálice de suco de abóbora.
- Proponho que sejamos camaradas com os outros, e que só revidemos se formos atacados primeiro. Que honremos a nossa casa, nas lições e nos outros aspectos. Que demos exemplo para os outros e, principalmente, que façamos Hogwarts nunca se esquecer da gente!
Todos concordaram entusiasticamente.
- Um brinde!
Nós, os novatos da Grifinória, erguemos as taças, os rostos exultantes, felizes e determinados a cumprir a promessa feita aqui. Hogwarts que viesse. Que viessem aulas, professores, exames e os alunos de outras casas. Nós estávamos prontos!
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