Humana
Cap 8
Humana
Ele se aproximou mais, apenas para ver ela passando as unhas no pulso onde brotavam grossas gotas escarlates que escorriam por seu braço, quando pensou em sair dali os olhos imensamente azuis cravaram nos seus…
- Harry...
- Harry! – sobressaltado, ao abrir os olhos se deparou com Ron debruçado sobre si, já era a quarta vez que tinha o sonho no mesmo mês. – O que aconteceu?
- Sonho ruim – respondeu Harry esfregando a testa.
- Com Você-Sabe-Quem? – respondeu o garoto ruivo olhando espantado para a testa de Harry.
- Não, com a Myra – disse o garoto colocando os óculos para focar o rosto do amigo – Ela estava praticamente nua na neve, cantando e...
- Ok, eu não preciso dos outros detalhes – disse Ron que se engasgou com uma risada enquanto se dirigia para a sua cama.
- Não é nada disso, idiota! – disse Harry jogando uma almofada no amigo, sentindo seu rosto ferver, quando a imagem da garota voltou a sua cabeça, a pele dela parecia tão suave mesmo em contato com a neve...
O garoto chacoalhou a cabeça como se quisesse expulsar as imagens de lá, os primeiros raios de sol estavam despontando no céu, e Harry decidiu que não valia a pena pegar no sono novamente, pagou sua vassoura e partiu para o campo de quadribol, talvez algum tempo no ar desanuviasse sua cabeça.
Como sempre, voar fazia com que todos os seus problemas desaparecessem, mas se o que ele queria era tirar as imagens da garota de sua cabeça sair com sua vassoura não seria uma opção.
Ao chegar no campo de quadribol parou há cem metros e se escondeu em uma arquibancada ao ver a garota baixando altitude e saltando de sua vassoura, ela desceu até a cintura o zíper do macacão vermelho da equipe da Grifinória, tirou os braços das mangas e as deixou penduradas em sua cintura, por baixo usava uma regata branca e simples, ela limpou o suor da testa e massageou a têmpora direita antes de se largar na grama com o rosto virado para cima.
- Você também está interessado? – Harry provavelmente pulou com o susto de ouvir a voz do antigo capitão da grifinória
- Hã?
- Eu vejo os garotos olhando para ela, na verdade é difícil não olhar, ela exerce certa fascinação, o fato dela ser intocável – disse Oliver.
- Eu vim para pensar e não para vê-la, não sou como todos e talvez você como Professor não deveria ser também – Harry saiu andando em direção ao castelo, não sabia o porquê de tanta raiva do comentário, que todos a olhassem, para ele não importava, ela nunca exerceria nenhuma forma de fascínio sobre ele, e estava cansado dos outros acharem isso.
Antes que pudesse perceber, estava sentado na mesa da Grifinória, o Salão Principal estava começando a encher, ele viu Gina lendo preguiçosamente uma revista, mas se distraiu quando Myra sentou-se sorrindo no assento a frente do seu.
- Bom dia – disse ela animada olhando pensativa para a mesa.
- A que devemos o bom humor matinal? – perguntou Gina carrancuda
- Meu aniversário está chegando – disse a garota simplesmente pegando uma maçã e saindo da mesa.
O dia de Harry não teve grandes alterações de normalidade, a presença da garota ainda estava mexendo com sua paciência, mas ele havia decidido que iria ignorar a presença dela, afinal a garota não era ninguém além de uma pessoa egoísta e desagradável.
- Filch disse que devemos estar na Sala de Troféus as sete horas – disse a garota, e a animação do garoto sumiu ao lembrar que passaria longas horas em detenção com ela.
Harry decidiu que iria passar suas últimas horas de paz do lado de fora dos muros do castelo, Ron e Hermione estavam discutindo por algum motivo insignificante, e a paciência dele não andava muito boa.
Era possível ver a chegada mansa do Outono, como se esticasse longos dedos frios no ar, mas sem tirar a magnitude do céu que só é possível ver no outono, ele recostou sua cabeça em uma arvore e as imagens do sonho invadiram sua mente, no sonho ele sentia medo dela, e uma pena que até então ele desconhecia, ele não queria que ela tirasse a própria vida, mas quando as gotas escarlates escorriam pelos pulsos dela era possível sentir a tranquilidade em que ela se encontrava.
Quando deu por si o céu estava arroxeado, um sinal de que era melhor ele correr para evitar a raiva do zelador.
- Você está atrasado – resmungou o zelador lhe jogando um pano úmido e se dirigindo para o corredor.
Harry viu Myra concentrada na ultima estante, mas ela não estava com o pano, ela segurava uma taça com uma das mãos, enquanto a fazia um círculo no ar.
- Usar magia é proibido sabia? – disse ele com uma sobrancelha levantada e acenando com o pano para a garota.
- Não é um feitiço, eu simplesmente estou separando o que é poeira do que é metal – disse ela sorrindo debochadamente – é bem simples.
- Não para pessoas normais
A garota olhou feio, e empurrou a taça no peito do garoto ao passar por ele e sumir de visão na outra estante.
- Insuportável – resmungou ele.
- Eu consigo te escutar daqui – a voz dela soou da estante da frente.
O tédio estava quase matando Harry, quando um barulho forte de passos encheu o corredor, ele conhecia bem a força daquele andar...
- Hagrid! – exclamou Myra que estava próxima da entrada.
- O que você quer? – Harry pôde ouvir Filch resmungar quando chegou a entrada.
- Vou precisar pegar Harry e Myra emprestados, eles vão terminar de cumprir a detenção comigo, na Floresta. Dumbledore autorizou.
De repente a possibilidade de um encontro cara-a-cara com Voldemort era mais atraente do que limpar troféus, mas Hagrid possuía feições tristes, o que fez Harry imaginar o que poderia ter acontecido.
A caminhada adentro da Floresta não durou muito, o lugas não assombrava mais o garoto, porém sons agourentos ao redor, tornavam desconfortável a estada ali, em uma clareira havia um unicórnio deitado, a cena causou um déja vu em Harry de seu primeiro ano.
- Hoje em minha aula, uma garota do terceiro ano se perdeu na floresta e um centauro a encontrou e ajudou a trazê-la de volta – começou Hagrid sem jeito – Os outros centauros não gostaram nada, Firenze já havia quebrado os ideais antes, a ajuda de Tuyer levou a uma discussão, alguém lançou uma flecha que acabou acertando o pobrezinho.
Foi então que Harry percebeu que o unicórnio ainda estava vivo, e os sons que estavam embrulhando o estômago do garoto estavam vindo dele.
- A Professora Grubbly-Plank disse que eu deveria sacrificá-lo, mas eu não consegui, então pensei que talvez você pudesse ajudá-lo – a fala do meio-gigante era dirigida a Myra que estava olhando fixamente para o animal, ela apenas dirigiu o olhar dela a Hagrid e acenou com a cabeça.
- Segurem ele, preciso tirar a flecha – na lateral do animal estava enterrada uma flecha de madeira.
Harry segurou a cabeça do animal, seu coração espremido com o som emitido quando a garota prendeu a respiração e arrancou a flecha.
Eles se levantaram enquanto ela colocava as mãos na ferida e murmurava palavras desconhecidas, as feições dela mudaram, ficaram mais agressivas e ela sussurrava as palavras com força, com raiva até que Harry viu uma fina lágrima escorrer do canto de seu olho esquerdo, que ela rapidamente limpou. E então ele olhou nos olhos do unicórnio, e ele sabia assim como Harry, estava condenado.
- Eu vou levar a dor embora – sussurrou ela, esquecendo da presença dos dois, e começando a sussurrar palavras diferentes.
- Você poderia falar com eles – disse Hagrid fungando, após o animal dar o último suspiro – Dar uma bronca.
- Eles sabem que o que fizeram foi errado – disse a garota voltando ao seu habitual tom sério – Além do mais, você sabe que não sou eu Hagrid, a única razão para eu ter voltado foi exatamente por não ser eu. De nada adiantaria eu falar com eles.
Como veneno de fada mordente, a curiosidade se espalhou por Harry causando quase uma coceira física, ele não queria voltar a falar com ela, afinal de contas ela era uma egoísta e insuportável... Mas pelos acontecimentos recentes, talvez ela não fosse egoísta, insuportável, sem dúvidas, mas não egoísta.
N/a: Olá, dessa vez não passei tanto tempo longe (foi muito, mas não tanto), vou tentar ser mais presentes, mas pra isso preciso saber a opinião de vocês!
A Dee ama vocês!
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