- Uma Visita Inesperada -



Cortou as cenouras, depois a carne e logo estava tudo pronto. Começou a almoçar. Ele tinha a pouco recebido uma carta de Dumbledore que dizia muito sobre o que deveria pensar e descobrira que Monstro estava tramando algo debaixo do seu nariz. Sempre havia algo que não sabia, como se fosse uma conspiração contra ele. E até agora não conseguia entender o significado do seu sonho que tinha sido diferente da última vez. Quem seria essa tal de Sara Macbankies? Harry teria tempo para conhecê-la, mas não sabia se deveria confiar nela.
Nada mais desviou sua atenção de seus pensamentos. E ao terminar de lavar os pratos, sentou-se na poltrona da sala de estar e pensou em seu sonho, qual seria seu significado? Talvez fossem suas piores lembranças que interferiram em seu sonho, como a morte de Dumbledore. Mas não havia entendido direito a relação entre a luz e a morte do outro. A coincidência foi no dia seguinte receber uma carta do próprio dita por Finneus. Após aquela conversa, Harry tentara chamar várias vezes o nome do ex-diretor que não voltava a aparecer no quadro. Quando havia chegado na casa dos Black, mudara o quadro de lugar e o prendera na parede do quarto onde se alojou com o propósito de saber o que está acontecendo em Hogwarts. Sabia que Hogwarts e a Ordem da Fênix estavam em decadência. Como Harry enfrentaria os perigos sem ajuda de seu mentor? Era uma pergunta freqüente em sua mente.
Inspirou fundo, e quando percebeu que tinha caído no sono estava novamente no cemitério diante do corpo inerte de Dumbledore e Snape que apontava a varinha para ele.
- Você não passa daqui Potter! – gritou.
Em seguida Harry sacou a varinha apontando para Snape.
- Prepare-se você!
Ambos começaram a duelar segurando firmemente suas varinhas. Prontos para qualquer golpe e para revidar a qualquer momento. Harry sentia que seria ali que acabaria com toda sua raiva. Derrotando o seu pesadelo e acordando pronto para enfrentar os perigos.
- Expelliarmus! – brandiu Harry com raiva, fazendo Snape voar longe.
- Rictusempra! – gritou o outro.
Ambos se recuperando dos ataques continuaram o duelo. Vários feixes de luz planavam pelo céu escuro e estrelado da noite. Muitos desviados, formavam um grande show de luzes. O lugar cada vez se tornava mais escuro e sombrio.
- CRUCIO! – gritou Harry, mas simplesmente o efeito não surtiu em Snape.
- CRUCIO! – e o mesmo vazia Harry se contorcer de dor no chão.
- Potter, MORRA! – vociferou Snape.
Harry sentiu a esperança e a vida esvaindo de sua alma. A cada movimento que vazia para tentar se livrar da dor que sentia, a aumentava e começava a enlouquecê-lo, só via o semblante de Snape iluminado pela lua rindo. Como se estivesse adorando torturar Harry, até a maldição acabar. Caiu inerte no chão ao lado de Dumbledore.
No horizonte, a luz surgiu e o trouxe forças para se levantar e encarar o outro. De um salto levantou do chão, apontou a varinha para Snape e gritou:
- AVADA KEDAVRA!
Snape caiu no chão, no orvalho ficou adormecido aquele corpo frio e sem vida. Harry então percebeu o erro que cometeu. Ele não era um comensal para usar a maldição do modo que usou. Em sua frente apareceu Voldemort, que estendeu a mão para o garoto lacrimejando.
- Junte-se a mim!
- NUNCA! – berrou Harry.
E acordou suado no gélido chão da casa dos Black. Monstro estava encarando-o do outro lado da sala de estar. Harry recompôs-se e se levantou daquele chão imundo. Trocou olhares com Monstro e subiu para seu quarto, e quando estava no segundo patamar, ouviu o elfo resmungar:
“Esquisito.”
Harry fez mais uma tentativa tentando chamar Finneus pelo quadro, mas outra vez sem resposta. Sentou-se em sua cama e ficou observando o quadro e esperando qualquer movimento. Estava um pouco assustado com o sonho, e revoltado com o modo como Monstro estava o tratando. Quase toda hora estava cochilando, e sempre tinha um pesadelo. E como aquilo teria acontecido? Ele conseguira lançar um Avada Kedavra com perfeição, mesmo que fosse apenas um sonho achava que tinha ligação com sua raiva de Snape.
Achava que estava delirando porque por um instante pensou ter visto um movimento naquele quadro, apenas impressão. Estava sozinho. O único jeito era começar a planejar o que iria fazer. Como enfrentaria os obstáculos?

Trancado naquele lugar, ficou bastante tempo. Então decidiu tomar um ar fresco, talvez conseguisse pensar melhor fora daquele lar. Achou que talvez o Beco Diagonal tivesse algo que pudesse o ajudar, em uma livraria.
Preparou-se para sair daquele lar mofado e com um estalo, aparatou.
O Beco estava com a multidão de sempre, seria difícil ele achar um de seus amigos ali.A figura que se destacava na rua era Gringotes. Começou a caminhar por entre as pessoas. As lojas estavam cheias de liquidações:

“Ande na vassoura do ano!
Eletricbuster – A vassoura mais confortável!
Por um preço mais compatível ao seu bolso!”

Harry passou por uma loja que estava em liquidação ratos, o que fez lembra-lo de Pettigrew. Qualquer coisa que olhava o lembrava algo, e nem sempre eram memórias boas. Continuou andando por lá, não tinha muita coisa para fazer, mas estava gostando de caminhar por entre as lojas e ver o que há de novo, talvez se interessasse por algo. Então o despertou algo que nunca pensaria em fazer, entrou na biblioteca e foi para a área de defesa contra as artes das trevas e começou a ler o verso de cada livro. Havia alguns interessantes, mas o que queria era algo que o ajudasse na luta contra Voldemort. Então viu um livro intitulado: “A convivência com as trevas, tirando algumas conclusões”. Parecia o livro que precisava, um pouco longo, mas o interessou e logo o comprava. Sabia que não estava jogando dinheiro fora, mas agora teria um passatempo.
Ao sair da loja avistou longe, entre a multidão, um cabelo fino e claro, que com certeza era do Malfoy. Mas não avançou em cima dele por liberando toda a sua raiva naquela pessoa egocêntrica e traidora. Não queria chamar atenção, e não queria começar mal, ele estava sozinho e Malfoy estava com alguém parecido com Carb.
Nada mais desviou sua atenção daquele garoto. Continuou a observá-lo até sumir entre as pessoas daquela multidão. Voltou a sua caminhada. Passou pela entrada da Travessa do Tranco, qual não tinha menor vontade de voltar. Passou pela Olivaras que continuava fechada. Entrou em uma outra loja da Dedosmel parecida com a de Hogsmed.
Era o paraíso de doces, comprou umas seis caixinhas de feijãozinho de todos de sabores, seis tortinhas de abóboras e dois bolos de caldeirão. Parecia ter novidades de doces: “Chiclete Bomba, masque e estoure sua garganta” e “Bala Incrível, experimente tenha uma incrível dor de barriga” dentre outras.
Saiu da loja e passou perto da loja de Logros e Brincadeiras do Fred e do Jorge, também tinha muitas novidades: “Bala Verde, parece de hortelã e é de clorofila pura apimentada”. Tentava não entrar na loja, queria muito falar com seus amigos, mas não tinha coragem. Não sabia por que não tinha vontade de entrar. Continuou caminhando. Havia uma parte do Beco quase que literalmente vazia. De repente surgiu uma voz atrás dele. Uma voz que conhecia, mas não queria ouvir de novo.
- Olá, Potter!
- Draco...
- Parece então que o seu mentorzinho está morto? – e ao dizer essas palavras despertaram fúria em Harry, só que teve que se conter.
- Como é? Está triste, potinho? – perguntou cinicamente Malfoy – Vai começar a chorar?
- Não... – disse secamente Harry. – Não sou como você Draco!
- Como é? – perguntou irritado o outro.
- Sim. Não sou maléfico e covarde como você!
- Repita isso! – disse Draco puxando a varinha.
- Nem preciso, você me entendeu bem! – Harry já estava descontrolado, iria atacar o outro quando este o atacou primeiro, e Harry gritou. – PROTEGO! – e o feitiço voltou-se contra Draco.
- Potter! Não tente fazer isso de novo!
- Rictusempra! – disse varou Malfoy longe, que já irritado, levantou-se e gritou:
- Incendio! – o feitiço atingiu a roupa de Harry que começou apegar fogo.
- Aqua Eructo! – murmurou apontando para a roupa. E logo depois apontou a varinha para Malfoy e falou – Locomoto Mortis! – mas o feitiço foi defendido.
- Cru... – iria berrar Draco, quando Harry interveio.
- Aqui é lugar público, Draco! Tente usar uma maldição aqui! – disse rindo.
As pessoas perto estavam observando os três.
- Adeus, Potter! – disse Malfoy e aparatou.
No momento seguinte, Harry desaparatou de volta para a casa dos Black, já havia chamado atenção demais e já tinha o que precisava. Arrumou tudo que comprara nos seus devidos lugares. Monstro passou pelo local resmungando e começou a varrer o chão. Atitude estranha. Aproveitou para sair, não agüentaria o Monstro do modo que estava ultimamente.
O sol ofuscava os olhos com seu brilho, a rua estava completamente vazia. Começou a caminhar e aproveitou para conhecer o lugar. Todas as casas pareciam antigas e mofadas, todas tinham um pouco da casa dos Black.
Algumas estavam meio destelhadas, outras simplesmente decompostas. Muitas tinham ar antigo, outras só a aparência. Não estava com muito bom humor depois da briga contra Draco. Mas queria esfriar um pouco a cabeça. E do outro lado do pátio, lá estava Sara acenando para ele e logo vinha a seu encontro.
- Olá, Harry – cumprimentou alegre.
- Oi – respondeu Harry mas sem muita vontade.
- Como você está?
- Bem... – respondeu meio sem humor.
- Mas você não me parece bem! – concluiu – Quer tomar um lanche na minha casa?
- Claro! – respondeu, faria o possível para não ter que voltar tão cedo para sua casa e ter que aturar Monstro.
Juntos, rumaram para a casa da Sra. Macbankies. As casas que passavam para chegar na dela eram horrendas, algumas até aparentemente inabitáveis. Mesmo sendo um pouco decomposta a casa da senhora, tinha um ar agradável.
Uma casa modesta e perfumada, o perfume lembrava as aulas de Adivinhação. Talvez fosse coincidência. Convidou-o a sentar em uma confortável poltrona, enquanto iria preparar o lanche. Só então começou a perceber que os quadros não eram comuns, de vez em quando sentia movimentos de leve, achava que era só impressão, mas que os conhecia de algum lugar.
Logo, Sara voltava com uma bandeja com uma jarra de suco, torradas e patês. Harry se serviu daquele suco e com sete torradas. O suco lembrava suco de abóbora, e com certeza o patê era de perna de rã.
- Você mora sozinho, Harry? – perguntou Sara.
- Moro – respondeu.
- Tem algum parente próximo?
- Não... – Harry achou estranhas as perguntas, mas via na Sra. Macbankies uma boa pessoa.
- Você tem lido o jornal? – perguntou interessada.
- Não.
- Têm ocorrido acontecimentos bem estranhos! – disse – Ocorreu outro furacão em perto de Hang Coin. Sorte que aqui, em Grimmauld, não ocorre desastres como esse!
- Como ocorreu? – disfarçou Harry, queria se passar por desinformado, mesmo que soubesse o verdadeiro causador do desastre.
- Começou com ventanias fortes, que fizeram várias pessoas se trancarem em casa. E uma hora depois tudo estava destruído. Acho muito estranho esse tipo de acontecimento! – concluiu. – Bem... me fale de você, Harry. Tem quantos anos?
- Dezessete anos.
- Hum... Um belo rapaz! Onde você estuda? – uma pergunta de fez com que Harry pensasse em algo.
- Er... Dr. James High School.
- Onde tem essa escola?
- Longe! É em...er... – não sabia o que falaria.
- AH! Já sei onde é essa escola – completou Sara.
Conversaram mais um pouco, e quando Harry olhou para o relógio já eram sete horas da noite, se despediu da Sra. Macbankies e rumou de volta para a sua casa. Estava cansado. Foi direto para a cama, de roupa e tudo, em menos de um minuto já estava no cemitério em frente a placa: “Godric’s Hollow”.
Ficou observando aquela placa. De repente estava diante do túmulo de seus pais. Continuou caminhando, como se procurasse algo. Alguma coisa perdida, abaixou-se e começou a tatear o chão, mas parecia que não havia encontrado o que procurava.
Levantou-se, ao longo da rua havia uma casa de luzes acesas. Rumou até lá, um lugar mal iluminado, era a única casa com as luzes acesas. Não hesitou ao entrar no lugar.
Um baque ensurdecedor fez Harry acordar de um salto da cama. O estrondo havia sido monstruoso. Preparou-se, com a varinha empunhada, se embrulhou na capa da invisibilidade e partiu para fora do quarto. Estava muito escuro o lugar. Já eram quase uma hora da manhã. Lentamente, desceu as escadas em direção a sala. Viu um vulto passando rapidamente em direção a cozinha. Harry o seguiu, mas quando entrou na cozinha não viu mais nada.
Um tempo depois o vulto partiu de volta a sala de estar e foi até outro cômodo da casa. Harry continuou seguindo o vulto. A pessoa se encaminhava até o quadro da mãe de Sirius. Harry esgueirou-se em uma brecha entre o armário e a parede. Alguns sussurros se tornaram audíveis, parecia que duas pessoas conversavam sobre algo. Uma voz era do quadro da mãe de Sirius, a outra ele não reconhecia.
- Onde está? – perguntou a misteriosa voz.
- Eu havia dito a... – disse a mãe de Sirius, só que diminuía cada vez mais o tom da voz.
- E onde ele está?
- Não sei! Costuma se esconder com fotos da família... – disse. – Às vezes some. Procure-o pelo sótão, ou em seu quartinho...
- Lá eu já procurei – explicou.
- Tenha cuidado – disse Sra. Black, que logo fingia que estava dormindo, e o vulto rumou até escada para o sótão.
Harry saiu do seu esconderijo, puxou a varinha. Sentia que conhecia aquele intruso. Enquanto subia as escadas, ouviu a voz de Monstro.
- Senhora... desculpe... não sabia que viria tão tarde... – dizia.
- Não importa, me entregue o amuleto! – disse.
- Que amuleto?
- A taça, imbecil!
- Sim... está em uma dessas gavetas...
- Rápido...
- Sim, senhora – disse. – AQUI! Está aqui, eu havia guardado com carinho, e o protegi o tempo necessário, aproveitei para limpa-lo e...
- Que se dane! – vociferou a outra voz. – Me dá isso aqui!
E a pessoa virar-se, o gorro de sua capa caiu, revelando seu rosto. Belatriz Lestrange, em carne viva diante de Harry, ele não perdeu essa oportunidade.
- Estupore! – bradou, e atingiu a comensal no peito.
- Tem gente aqui! Monstro me ajude! – disse a mulher.
- Sim, senhora! – Monstro balançou a mão e lançou Harry longe.
Ainda coberto pela capa, se levantou e lançou uma azaração no monstro, que logo se contorcia no chão e aparecia uma cabeça de abóbora em vez da sua.
- Já o vi! – disse Belatriz – Estupefaça!
Harry perdeu o fôlego com aquele feitiço e tombou no chão. A bruxa caminhava em sua direção, ela não sabia onde ele tinha caído. Procurava angustiada enquanto Monstro chamava pelo seu nome.
- Senhora Bela! Socorro! Ajude-me! – dizia e às vezes batia com a cara na parede, já que não conseguia enxergar nada, ou tropeçava em algo e tombava no chão.
Irritada com Monstro, apontou a varinha para ele e murmurou um contra-feitiço. Harry estava tentando se levantar do chão a um metro de Belatriz. Para ele estava difícil, e quando conseguiu se levantar, a outra o encontrara e tirara sua capa da invisibilidade.
- HAHA! Você está aí, Potter! – riu, apontando a varinha para ele. – Que felicidade! Encontrei você, garoto! E agora? O que fará? Preparado pelas conseqüências da sua curiosidade?
- Estou. Expelliar... – mas foi interrompido pelo grito da bruxa:
- CRUCIO!
Harry começou a se contorcer no chão, sentia a dor o apertando, a angústia e a vida se esvaindo. Ficou se debatendo enquanto via o sorriso na face seca de Belatriz. As risadas o atormentavam, ele lamentava da dor que sentia.
- E agora? – repetia.
Harry começou a sentir toda a sua tristeza pressionando seu cérebro. Não agüentava mais a dor. Viu a bruxa partindo para a escada. Harry não conseguia pensar em mais nada, queria gritar de dor mas sua voz não saia mais. Queria muito ter ajudar, não podia morrer ali. Tinha certeza, de que a chance que tivesse tentaria matar Belatriz. Com um urro conseguiu se livrar da maldição. Levantou-se e correu escadas abaixo, já não sabia para onde a bruxa fora. O corredor que havia o quadro da mãe de Sirius estava vazio, e ao chegar no final, observou uma luz vinda do final de outro corredor. Rapidamente Harry lançou expelliarmus e a varinha de Belatriz caiu no chão.
- Então... Você conseguiu se livrar da minha maldição!
- Consegui, só que agora você não tem mais escapatória!
- Errado! Accio! – e à varinha encostar em suas mãos lançou impedimenta em Harry.
- Vulnerável... Sabe o que Voldemort faria?
Harry não iria responder, ficou encarando-a. Por um instante, pegou sua varinha a azarou. Harry sentiu que não foi uma boa opção, pois logo ela estava tentando tortura-lo novamente. Jogou-se por uma porta para tentar se esquivar das azarações lançadas por ela. E ao voltar ao corredor, já não se encontrava mais ninguém.
- Está com medo? – perguntou Harry cinicamente – Vai fugir?
Continuou andando pelo corredor, que dava para um salão baldio. Alguns quadros pendurados na parede. Nunca havia entrado nesta ala da casa, que era muito estranha, as pessoas dos quadros não pareciam ser tão civilizadas. Atravessou o salão devagar com medo de acordar as figuras dos quadros adormecidas em suas molduras.
O outro corredor ligava o salão a uma escada que dava para o térreo. Como era o único caminho que viu, desceu o mais rápido que pôde. Entrou em outro salão que não tinha quase nada, apenas algumas poltronas, mas sem nenhum quadro. Continuou e aquele salão ligava a escada a um novo corredor com uma porta no final, era uma parte da casa que nunca fora.
Tentou chegar na sala de estar o mais rápido que pudesse. E quando chegou lá, não havia ninguém. Tudo sombrio e assustador. Mas tinha certeza que a bruxa não tinha escapado. Sentiu um feitiço atingir-lhe as costas, fazendo voar longe sua varinha e faze-lo cair.
- Potter... Você não se cansou de me seguir, hein?
- Seja o que for que você está roubando desta casa, eu vou descobrir! – disse Harry se levantando do chão.
- Não da sua conta o que eu faço!
- O QUE VOCÊ ROUBOU DESSA CASA?
- Nada de valor para você!
- FALA!
- Já experimentou ser controlado? – perguntou a Harry – Talvez assim você para de se intrometer nos assuntos que não estão ligados a você! Se eu usar império você vai me obedecer!
- NUNCA A OBEDECEREI!
- Imperio! – gritou.
Harry sentiu uma tentação de obedecer. Lembrou-se da aula com Moody, qual ele o enfeitiçou com a mesma maldição. Estava tentando resistir a aquela maldição. Como se parte dele já estava dominada, mas ele queria se ver livre. Iria sentir a liberdade. Não seria manipulado.
- Potter! Mate-se! – disse a voz de Belatriz.
Uma das mãos de Harry segurou seu pescoço, mas ele não iria ser controlado tão facilmente. Começou uma guerra no seu cérebro, a parte esquerda estava o sufocando, a parte direita estava querendo liberdade. Ele estava começando a ficar sufocado. Pensou:
“Que imbecil iria se matar por causa de uma ordem? Eu não vou morrer, se morrer vai ser com honra, não como um show de marionete! Não serei comandado! LIBERDADE!”
- Accio varinha! – disse após ter se livrado da maldição, e a varinha voou de volta para sua mão.
- Muito bem, Potter! – disse meio surpresa – Você suporta a Maldição Imperio!
- Sim! Prepare-se para duelar!
- Primeiro nós nos cumprimentamos! – disse Belatriz em tom de sarcasmo – Ora, Harry! Você não vai perder os bons modos vai? Eu disse se curve!
- NUNCA! – respondeu Harry – SECTUMSEMPRA!
O feitiço rasgou o peito de Belatriz fazendo ela ser jogada contra a mesa da cozinha. Ensangüentada e esvaindo-se em fúria, avançou sobre Harry e deu uma pancada no garoto. Ela iria gritar novamente a maldição cruciatus, quando Harry foi mais rápido:
- Impedimenta! – e paralisou a adversária.
- GAROTO! VOCÊ ESTÁ MORTO! – berrou – AVADA KEDAVRA!
Harry se esquivou do feitiço que ricocheteou na parede e sumiu.
- Você conhece os efeitos da maldição de Snape! – concluiu – Mas em você? SECTUMSEMPRA!
Harry sentiu uma agonizante dor, sentiu agulhas e ferros perfurarem sua pele e rasgarem sua roupa. Era uma horrível sensação. A dor era superior a da maldição cruciatus. Estava todo ensangüentado no chão. O sangue manchara a sua roupa e o chão. Sentiu um vento frio que fazia com que o ferimento ardesse mais. Parecia que o feitiço fora mais intenso do que o que usara em Belatriz, que ria diante do corpo de Harry se contorcendo no chão.
- Como é, Potter? Está sentindo muita dor? – perguntou ironicamente – Lembre-se que o feitiço só é usado com intuição, com raiva, você não é nada para lançar um feitiço desses!
Harry sentia, além da dor, uma raiva remanescente da ironia da comensal. Ele não sabia o que doía mais, se era a raiva em seu coração, ou o rasgo em seu peito. Com esforço, conseguiu se levantar.
- Potter, você quer morrer?
- Não! – apontou a varinha para ela e gritou – CRUCIO!
- O seu feitiço não funciona em mim! VOCÊ NÃO VAI CONSEGUIR ME DETER! – gritou. – Experimente usar mais raiva, Potter!
- Crucio! – berrava, mas sem nenhum efeito. Os feitiços que lançava não surtiam efeito. Pensou em algum feitiço para distraí-la. – Waddiwasi! – disse apontando para o armário, que voou para cima dela, depois utilizou outros objetos para atacá-la.
- Diffindo! – gritava a bruxa, e os objetos prestes a atacá-la eram destruídos. Quando Harry hesitou, ela gritou – CRUCIO!
Harry voltava a se contorcer de dor e angústia no chão, se debatia sem parar. Agora sabia o que os pais de Neville tiveram que suportar, ele tinha vontade de se matar, pois achou que era a única saída.
- SOFRA! SOFRA! SOFRA, POTTER! – vociferou Belatriz – Você vai morrer como seu querido Sirinhos! Vai sofrer como seu mentor! Vou te torturar até você implorar para que eu te mate! Vai chorar de dor! Um herói tem sempre um heróico fim!
Harry estava se explodindo de raiva. Não agüentava tal ignorância e maldade. Não a odiava tanto quanto Snape até aquele momento. Aquela pessoa seca era maléfica demais. Se conseguisse derrota-la, para Harry estaria provado que poderia traçar seu destino.
Veio em sua cabeça a imagem dela estuporando Sirius e ele caindo por traz do véu. A tristeza dele tomou conta de seu corpo. Lembrou-se da morte de Dumbledore, a pior coisa que queria relembrar. A imagem de Snape matando Dumbledore era mais do que insuportável para Harry. Estava começando a delirar por causa do efeito da maldição que sofria. Era tão real para ele, que ele chegava a sentir a relva molhada com o orvalho, e o corpo de Dumbledore diante dele, frio, velho e inerte adormecido perto do castelo. A mesma tristeza e pesar tinham o dominado, e via os comensais fugindo, e junto deles, Draco e Snape.
Acordou do transe. Havia parado de se debater no chão. O seu corpo estava, além de dolorido.
- CRUCIO! – gritou Belatriz novamente. – PREPARE-SE PARA SOFRER MAIS, QUERIDO POTTER!
Harry já não suportava o sofrimento que tinha que agüentar com aquela maldição. Queria se livrar daquela maldição, e a cada vez que tentava se mover, o sofrimento se tornava mais intenso.
- PARA! PARA! – implorou, Harry.
- HAHAHAHAHAHAHA! VOCÊ VAI SOFRER ATÉ MORRER! – disse Belatriz. – Todos preferem a maldição Avada Kedavra, que acaba com a vida da pessoa em um segundo, não há sofrimento! Prefiro essa! GOSTO DE SENTIR SEU SOFRIMENTO!
Harry continuava implorando para aquela monstruosidade. Ela gostava de ver as pessoas sofrendo, principalmente Harry.
- PARA! – gastava sua voz a toa. – SOCORRO! AJUDEM-ME! – implorava sem hesitar sequer um minuto.
- Silencio! – e Harry não pode mais falar nada.
Harry estava em grande perigo de vida. Nada nem ninguém poderia ajuda-lo, estava completamente sozinho.
- E agora? Você não pode mais pedir socorro, garoto. Pronto? – perguntou ironicamente.
De repente a maldição sobre Harry acabou, ele ficou estirado no chão. Estava mais do que nunca, com uma fúria remanescente que o fazia espumar. Com um ato insano, puxou a varinha e gritou:
- CRUCIO! – apontando a varinha para Belatriz.
Como se a fúria tivesse despertado o ódio e a vontade de vê-la sofrer. Ela começou a se contorcer no chão descontrolada. Como se tivesse a pior das convulsões. Harry levantou-se e ficou observando o corpo daquela mulher se debatendo no chão. Harry sentiu mais do que alegria.
Então se lembrou do sonho. Ele conseguira executar uma maldição com perfeição como um comensal. Mas ele não sabia como, ficou desesperado. Ele não podia ser do mal, ele estava adorando ver o sofrimento em Belatriz. Ficou pensativo. Ao mesmo tempo em que queria que aquilo acontecesse, ele achava horrível torturar uma pessoa. Algo o acertou, e o fez voar até o outro lado da sala. Livre da maldição, Sra. Lestrange se levantou e atacou Harry.
- Locomoto Mortis! – e Harry ficou imóvel no chão.
- Desgraçado! Como você conseguiu usar uma maldição? AGORA, SIM! AGORA EU NÃO VOU TER PENA DE VOCÊ! – hesitou e continuou – AVADA KE... – antes de terminar de falar, a porta escancarou e voou um feixe de luz que derrubou Belatriz no chão.
Entravam na casa: Lupin, Olho-Tonto Moody, Tonks, um homem e Sra. Macbankies. Logo quando viu Harry, Sra. Macbankies e Tonks vieram socorrê-lo. Com um contra-feitiço usado por Tonks, Harry conseguiu se mexer. Lupin, Olho-Tonto e o rapaz foram atrás de Belatriz que fugiu para dentro dos cômodos da casa. Tonks parecia calma e alegre como sempre. O que Harry não entendia, era o que a senhora Macbankies estava fazendo lá.
- Harry, você está bem? – perguntou Tonks.
- Não...
- Ela te torturou muito?
- Sim... Sra. Macbankies... o que faz aqui?
- Ah, Harry! Há muito que contar! – respondeu Sara.
Lupin e Olho-Tonto encontraram Belatriz e já tinha começado a duelar, quando, de repente, ela aparatou. O rapaz viera até Tonks contar que ela fugira.
- Tudo bem, Rômulo.
- Harry, o que aconteceu aqui? – perguntou Rômulo.
- Eu estava dormindo, quando escutei um estrondo. Fui ver o que era, ela tinha invadido a casa e estava a procura do Monstro para pegar algo. Eu a segui com a capa de invisibilidade, depois que o Monstro a entregou algo, acho que era uma taça. Ela percebeu que eu estava lá, e comecei a lutar contra ela.
- Mas você sabe que significado tinha aquela taça?
- Não... Pensei que fosse algo importante, e tentei impedi-la de levar.
- Afinal, o que o senhor estava fazendo sozinho aqui? – perguntou Tonks.
- Morando, já que fui expulso da casa dos meus tios...
- E o que você estava planejando fazer aqui?
- Ele tinha me dito que iria atrás das horcruxes sozinho! – disse Sara Macbankies.
- Que? Eu não disse a senhora...
- Como disse, ainda temos muito tempo para esclarecer algumas coisas.
- Harry, agora relaxe. Pode dormir se quiser, você parece muito debilitado – disse Tonks.
Rômulo rumou para perto de Lupin para contar o que tinha acontecido, e ambos foram ao encontro de Moody que estava vasculhando a casa a procura de mais pistas, ou vestígios deixados por Belatriz.
Depois iriam interrogar Monstro, e ver se dizia alguma coisa sobre o que aconteceu. Mas Harry não estava mais preocupado com isso, dormiu com calma. E, felizmente, não teve o mesmo sonho de sempre.
De repente Sra. Macbankies começou a se contorcer e tremer.
- Tonks! A poção! – pediu para Tonks e a outra retirou do bolso um frasco com um líquido bebido por Sara.
- Coitado! Uma vida assim deve ser muito duro de se agüentar! – disse Tonks observando Harry dormindo.
- É...

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