- Sozinho -



Harry inspirou fundo e foi descendo devagar cada degrau, sentiu um aperto no peito quando a porta atrás dele bateu com força. A rua a sua frente estava invisível, Harry não conseguia enxergar um passo se quer, mas tinha um destino, e não o seu rumo. De repente um vento gélido cortou de leve seu rosto, e Harry começou a gostar de não ter discutido com seu tio daquela forma. Cada vez o vento soprava mais forte, chegava a fazer com que as vidraças tremessem.
A lua cheia era a única fonte de luz na rua. Harry encarou a escuridão, ficou com medo, enquanto suas memórias ricocheteavam com seus pensamentos em sua cabeça. O frio começara a congelá-lo, e a uma forte dor de cabeça aparecer. Ele teve certeza de que aquela escuridão não terminava, e ao olhar para trás, percebeu que as luzes da casa dos Dursley já estavam apagadas.
Ele já não agüentava mais fica parado esperando ser congelado, então começou a caminhar. O vento que cortava seu rosto e secava seus lábios estava cada vez se intensificando.
Apressou o passo a fim de chegar à casa de Sra. Figg, a única em que podia confiar naquele momento.
Cada passo media um esforço e tanto, pois Harry andava contra a ventania. A escuridão começara a ficar mais clara, no entanto, todos os postes não funcionavam. Depois de conseguir cruzar a quinta rua, avistou a casa de Arabela Figg. Bateu na porta de carvalho envelhecido, mas, não ouve resposta. Tentou outra vez, e, outra vez, sem resposta.
- SRA. FIGG! – berrou com o ouvido encostado na janela.
Depois de tanta espera, observou pela janela o interior da casa. Estava tudo apagado, sem sinal de vida lá dentro. Ficou observando por um tempo, e depois de pensar no que iria fazer, decidiu entrar na casa. Retirou a varinha do bolso, e a apontou para a fechadura, e murmurou “alorromora”, e no momento seguinte, a porta estava destrancada. Abriu seu malão e retirou sua capa de invisibilidade e vestiu-a.
Entrou em uma sala vazia. Não via algo diferente nela, mas sentia que não era a mesma casa que estivera no dia anterior. Os quadros pendurados nas paredes eram comuns, não se moviam mais, eram simples enfeites. O chão continuava com aquele assustador rangido. Ao olhar para a mesa, na qual tomara seu café da manhã com a Sra. Figg, estava com o jornal que Harry dera uma olhada. Começou a caminhar pela sala. Depois vasculhou a cozinha. Subiu os degraus empoeirados da escada para o segundo andar, e ao chegar no andar seguinte, viu o quarto de Arabela totalmente desarrumado.
Parecia que um vendaval destruíra todo o quarto da Sra. Figg. Os armários estavam abertos e as roupas, que antes deveriam estar arrumadas, estavam penduradas nos cabides de qualquer jeito. A fronha da cama estava jogada no chão, alguns objetos estavam espatifados no chão. Aquela cena assustou Harry.
Começou a revirar o quarto, como se procurasse alguma coisa. Nada, nenhuma pista de quem poderia ter feito aquilo. Ainda espantado foi embora, e ao sair murmurou “colloportus” e a porta se trancou. Guardou a capa de invisibilidade no malão.
Harry ainda não estava com toda a certeza de para onde ir, havia dito para o tio que iria para o Largo Grimmauld, mas antes iria avisar a Sra. Figg que partiria. Então começou a vagar na escuridão.
Chegava cada vez mais perto de um parquinho, onde estava mais claro, parou, se sentou, e começou a pensar. Não existia mais ninguém que conhecesse em Little Hangleton. Se usasse sua vassoura para chegar no Largo Grimmauld, teria que saber a direção para seguir.
Depois de um tempo pensativo, Harry achou a resposta, iria aparatar. Já tinha permissão para aparatar e sabia como se fazia, só não sabia se iria ocorrer tudo certo.
Pensou no Largo Grimmauld, ficou calmo, fechou os olhos. Não desviou a sua atenção do seu destino. Segurou seu malão e a gaiola de Edwiges com força, sentiu o vácuo entrando pelo seu corpo e em um instante estava parado no Largo Grimmauld. Cruzou o Largo, e ficou em frente a uma passagem entre as casas de número 11 e 13. De repente, apareceu uma casa no meio dessas duas que foi crescendo e empurrando as outras para o lado. E logo entrou naquela antiga casa.
Entrou por um corredor já conhecido que dava para uma sala da casa, e ao entrar, trancou a porta. Começou a andar pela casa e aprecia-la, o que não fazia a um bom tempo. Finalmente conseguiram destruir a árvore genealógica que ele e Sirius, um dia observaram.
Os pensamentos em Sirius eram constantes, mas, mesmo que a tristeza ficava cada vez mais profunda ao pensar no seu finado padrinho, aquilo era passado. Aquela raiva começava a pulsar com força em seu peito, e tudo que andara pensando estava mais forte do que nunca.
Harry percebeu que nem toda a árvore estava destruída. Alguém pregara na parede a foto de Belatriz. Esse alguém devia ser Monstro. Aquela foto só conseguia fazer Harry sentir uma raiva maior daquela mulher. Puxou a varinha e murmurou “diffindo” e a foto estava em pedacinhos.
Deixou isso de lado e caminhou para a escada. O piso e os degraus rangiam tanto quanto o da casa de Arabela. Ao chegar no segundo andar, foi observando do corredor os quartos. Viu aquele quarto no qual Gina e Hermione dormiram alguns anos antes, depois o quarto que dividira com Rony. E decidiu escolher este para dormir.
Sentiu-se sozinho, desolado. Botou seu malão em um canto do quarto, a gaiola de Edwiges sobre um armário e se jogou na cama. Observou o teto, com algumas infiltrações, e passou o olhar pelo quadro de Finneus, no qual percebeu um movimento. Sentou-se na cama e ficou a apreciar aquele antigo quadro. Depois de um tempo, apareceu o senhor que já fora um diretor de Hogwarts.
- Oi! – disse meio assustado.
- Olá – respondeu Harry.
- Nossa! Que novidade você por aqui! Há muito tempo que você não vem!
- É... – concordou.
- Quem mais veio com você? Aqueles moleques bagunceiros...
- Ninguém – respondeu interrompendo Finneus.
- Ninguém? – indagou o outro.
- Ninguém... – repetiu.
- Como você pode estar sozinho? O que aconteceu?
- Eu vim pra cá.
- Por quê? Quem iria querer ficar trancado em uma casa com o Monstro? – e encarou-o – Você não ficou louco ficou?
- Não... fui expulso de onde eu morava... – disse sinceramente, mas com tristeza.
- Ah, ta! Isso explica. E essa era a única casa que poderia vir, certo?
- É a minha casa.
- Está certo, Sirius deixou a casa para você – e hesitou. – Bem... então... você vai a Hogwarts? É o seu último ano lá, certo?
- Não, não vou. Hogwarts não está mais segura...
- Mas Minerva...
- Minerva, não Dumbledore...
- Entendo. E o que pretende fazer?
- Vou seguir o caminho que eu acho que está certo! – respondeu.
Ouviu-se um berro lá debaixo, alguém começou a fazer um estardalhaço que acordou a mãe de Sirius, que dormia na moldura de seu quadro, e logo começou a gritar:
“Seu indigno do sangue! Você não merece morar nessa casa...”
- Deve ser o Monstro! – disse Finneus – Afinal... você destruiu algo que é de importância para ele?
Harry logo se lembrou do retrato de Belatriz. Pegou a varinha, se levantou e partiu para a sala. Desceu os degraus devagar, observando o que acontecia no começo da sala. Monstro aparecera segurando os fragmentos da foto, e gritando para si mesmo:
- Não, Monstro não fez isto! Não fez isto!
Quando Monstro avistou Harry que aparecera na sala, se calou e o encarou.
- O que o senhor faz por aqui?
Harry respondeu o encarando. Monstro estava com uma expressão de desprezo e ao mesmo tempo estava terrorizado com o garoto. Todos sabiam que as coisas mais importantes para Monstro eram relíquias dos antepassados a quem servira e tivera respeito. Toda vez que alguém destruía esses objetos, Monstro fazia escândalos. Ordenou para que fosse embora, e logo Monstro, que conseguira catar todos os fragmentos da foto, voltava para a cozinha resmungando:
- Monstro não rasgou foto da patroa! Foi o garoto! – e repetia sem parar.
Enquanto Harry observava Monstro entrando na cozinha, esqueceu-se do quadro da mãe de Sirius que ainda gritava sem parar.
“Saia já da minha casa seu sangue-ruim! Indigno!”
Rapidamente Harry foi até o local onde aquela imagem daquele antigo quadro berrava sem parar, e fechou as cortinas que abafava seus gritos, que logo se acalmou. Harry se lembrou que não tinha nada para comer. Subiu, se arrumou, e parou em frente ao tapete da casa, teria que aparatar novamente para chegar ao Beco Diagonal. Então se concentrou, fechou os olhos, e, em um segundo já estava dentro do Beco Diagonal. O primeiro lugar que iria era ao Gringotes, precisava de dinheiro.
Começou a andar pelo Beco. Havia muitas pessoas comprando objetos, roupas, animais, vassouras, entre outros. Já existia uma nova vassoura, dizia “Megabolt, uma versão melhorada da Firebolt”, mas Harry ainda preferia sua Firebolt. Passou pela loja da Madame Malkin, a que no ano passado encontrara com Draco e Narcisa Malfoy. Draco fugira, e ele Hermione e Rony o seguiram até a Travessa do Tranco.
A rua começava a ficar mais larga e já ficava visível o banco meio torto. Ainda observando as novidades da vitrine, Harry caminhava para Gringotes. Ao chegar, entrou sem demora. Um palácio luxuoso, Harry deslizava no chão encerado. Aquele lugar era fantástico e lindo. Dava vontade de apreciar cada detalhe esculpido na parede, cada reflexo no chão que ajudava a iluminar o lugar.
Dirigiu-se a um altar grande com um duende de cabelos grisalhos ao topo.
- Cofre 687 - pediu Harry.
- Sua chave! – disse o anão, e logo Harry estava tirando uma chave do bolso.
- Muito bem... – e carimbou algo – Pode ir.
Harry seguiu um outro duende até um lugar subterrâneo que parecia uma mina. Sentaram em um carrinho que começou a se movimentar. Ao chegar no cofre 687, o duende saiu do carrinho, pediu a chave de Harry, e abriu o cofre. Harry possuía uma grande quantia de dinheiro, e nem sabia quanto iria precisar, mas aproveitou para retirar o que achava necessário.

Chegou no Largo Grimmauld quase na hora do almoço (já possuía alguma prática, porque sempre cozinhou na casa dos Dursley). Passou pelo antigo corredor devagarinho para não acordar o quadro da mãe de Sirius. Encaminhou-se para a cozinha, acomodou as sacolas repletas de comidas (o suficiente para ele e Monstro) em cima de uma bancada. Depois de lavar as mãos, começou a preparar o almoço. Cortou as cenouras, começou a preparar o frango, sem antes não se esquecer de lavar bem os alimentos.
Enquanto preparava a comida, seus pensamentos não paravam de ricochetear em sua cabeça. Vários zumbidos ensurdecedores começaram a o perturbar. Tentava se concentrar no que fazia, mas o máximo que conseguiu foi cortar o dedo. Berrou com raiva, como se alivia-se o zumbido e a confusão em sua cabeça, ouviu um gemido, e percebeu que Monstro que passava atrás dele deu um salto ao se assustar com o grito, e apressou o passo até sair da visão de seu patrão. O zumbido sumiu, e Harry voltou a preparar o almoço.

Dias passaram e sempre a mesma rotina, às vezes saia para tomar um ar fresco e pensar no que faria. Era deplorável seu estado, mal se alimentava ou pegava sol, tinham se formado olheiras de sono embaixo de seus olhos por causa das noites em que tivera que acordara com os barulhos feitos pelo Monstro.
Saiu um pouco daquele inóspito lar. Sentou-se em um banco da praça e começou a pensar no que teria que fazer, qual deveria ser a data, onde estava o Monstro. Começou a cair no sono, estava começando a ficar tonto, dormiu ali mesmo.
Sonhou que se encontrava dentro do seu quarto na mansão dos Black, imóvel na cama. Seu cociente estava acordado mas não conseguia se mover nem falar. A cama estava ficando mais dura, o quarto mais escuro e cada vez se sentia mais aflito. Sentia algo afiado que parecia invisível cortando seu rosto, soltou um urro de dor e saiu daquele transe. Levantou da cama e desceu até o primeiro patamar. Sentia que não estava sozinho, do nada voou um feitiço na sua direção varando-o longe.
Seu corpo estava todo dolorido, logo puxou sua varinha e apontou para o nada. Não sabia de onde veio o feitiço nem quem o lançou. Só queria saber quem estava ali, naquele momento. Sentiu outro feitiço acerta-lo causando estrondo que acordou a mão do Sirius. Mas não começou a gritar o que sempre falava, e sim outras palavras:
- Ah! Querida! Você veio me visitar! Acabe com esse sangue ruim aqui!
- Nem tente! – berrou Harry, apesar de não ver ninguém, o quadro continuava a dar ordens.
Harry revidou usando o expelliarmus e sentiu que tinha acertado o oponente, só que este havia aparatado. Ainda com a varinha em mãos, saiu da casa dos Black. E quando abriu a porta viu um local escuro, um cemitério.
Logo, já não existia mais a casa da qual saíra, estava em outro lugar. Depois de muito vagar na escuridão, encontrou os túmulos de seus pais. Então ouviu um sussurro vindo de algum lugar.
Então percebeu que havia uma luz no final da escuridão, longe demais para alcançar. Parecia que a luz estava chamando-o e sentia que lá estava seu destino. Quando chegou perto percebeu que não era uma luz comum, ela estava o guiando pela escuridão até algum lugar. Como se estivesse prestes a morrer, a luz piscou e se apagou. Então Harry leu em uma placa, onde estava escrito: “Godric’s Hollow”.
Sentiu alguém por perto, alguém atrás dele. Ficou imóvel e então ouviu uma voz fria e sombria:
- Chegou sua hora Potter!
Virou-se, era Snape, e logo atrás estava Dumbledore que jazia no chão. Harry estava desarmado, o outro bradou a varinha no ar e lançou o Avada Kedavra. Harry sentiu a agonia e a dor se esvaindo, logo jazia ao lado de Dumbledore. Viu seus pais, que vieram falar com ele:
- HARRY! Acorde! Não é sua hora, filho! Detenha-o!
Levantou do chão com uma nova esperança e atacou Snape, que desapareceu, como tudo envolta. Então viu uma luz no fundo da escuridão, algo iluminado pela lua. Só conseguia ouvir apelos de alguém, que não reconhecia a voz.
- Acorde! Acorde, garoto!
Acordou. Estava em uma cama macia e aquecida um pouco antiga. Analisou aquele lugar, parecia com o seu quarto na casa dos Black. Havia rachaduras em qualquer lugar, e ou levantar sentiu o ranger do piso de madeira envelhecida. Existia apenas uma cama naquele quarto e um belo quadro pendurado na parede que ajudava a disfarçar o local. Direcionou-se até o corredor que lembrava um pouco a casa dos Black. Desceu as escadas do final do corredor. Não sabia onde estava, mas achou o lar bem agradável. DE repente surgiu uma mulher da porta que deveria dar para a cozinha.
- Boa tarde! Finalmente você acordou, garoto! – disse a mulher.
- Boa tarde.. – disse.
- Bem... onde eu estou? – perguntou Harry.
- Ah! Esta é a minha casa. Gostou?
- Claro! Senhora, o que aconteceu? Como vim parar aqui?
- Temos tempo para conversar! Você aceitaria um chá?
- Claro - respondeu.
O chá estava quentinho e veio acompanhado por um pedaço de um bolo que estava fantástico, lembrava o gosto de uma tortinha de abóbora. Depois de terminado o lanche, se aconchegou na cadeira da sala de estar e começou a conversar com aquela mulher.
- Então... Quem é você?
- Meu nome é Sara Macbankies. Eu sou da casa número 8. Prazer! – respondeu.
- Prazer. O que aconteceu?
- Bem... Você estava caído no chão da praça se debatendo e gritando o nome de um tal de Snape. Sorte que não tinha ninguém na praça, era cedo demais! Da minha casa eu te ouvi urrar e fui te socorrer, e te trouxe para cá. – respondeu Sara. – Na cama você começou a se debater e não parava de gritar.
- Muito obrigado senhora – respondeu meio sem graça.
- De nada, garoto. Afinal, qual é o seu nome?
- Harry, Harry Potter.
Ela ficou um pouco pensativa, logo se recompôs e perguntou se queria dormir na sua casa. Ele ficou meio sem graça e acabou recusando o convite. Ela apenas acenou com a cabeça e se despediu dele.
Logo estava de volta a sua casa, onde teria que procurar Monstro. Começou a procura. Primeiro vasculhou todos os cantos do hall. As cortinas estavam imundas, parecia que houve outra infestação de fadas mordentes. Observou novas rachaduras na parede onde antigamente ficava a árvore genealógica dos Black. Preparou-se para arrumar aquela bagunça, que fazia tempo que fingia não notar. E com uma sacudida com a varinha, tudo ficou limpo. O antigo armário não havia mais nenhum bicho-papão e, ao vê-lo, lembrou-se da Sra. Weasley tentando combater o bicho-papão transformado em seu cadáver imóvel no chão gélido. Não foram momentos felizes ver a tristeza no rosto daquela boa senhora ao ver a imagem de seu marido e filhos mortos no chão.
Harry logo voltou a trabalhar, tinha perdido muito tempo relembrando momentos tristes. Trabalhar estava se tornando cada vez mais duro de se agüentar. Não tinha ninguém para conversar, tinha que conviver com um elfo doméstico que se recusava a ajudar. Tinha conhecido uma vizinha, mas não poderia confiar nela, agora, ele já não poderia confiar em mais ninguém que não conhecesse.
Monstro não estava na cozinha, onde Harry procurou desesperadamente. Viu que o trabalho que antes passara ao ele, tinha sido feito pela metade. Continuou sua procura pela cozinha, apesar de já ter percebido que ele não estava lá. Nem em seu quarto, a criatura estava. Não tinha deixado nenhuma pista para onde fora.
Subiu as escadas e analisou em cada quarto, e quando chegou no próprio quarto, viu Finneus na moldura de seu quadro, então parou para conversar.
- Garoto Potter! – disse.
- Olá senhor.
- Como você está vivendo nesta casa inóspita? – perguntou o senhor.
- Nada que um trabalho não a torne mais aceitável. Mas no momento eu estava a procura do Monstro. Você o viu passando por aqui?
- Não... creio que não.
- E como está Hogwarts?
- De mal a pior... Tudo complicou depois da morte de Dumbledore – e ao Finneus dizer aquelas palavras, Harry sentiu uma forte dor no peito de saudade. – Minerva tem trabalhado muito, mas os rendimentos estão sendo muito poucos. Acho que talvez ela feche a escola.
- Por quê?
- Desde que Dumbledore se foi, Minerva e os outros professores estavam trabalhando muito para tentar recuperar a postura, a honra e a hospitalidade da escola. A batalha entre vocês e comensais custou muito caro na escola, os danos foram muitos, além de mortes, os jornais bruxos anunciaram quase tudo que aconteceu, eles omitiram algumas coisas. A partir deste ponto, as famílias estão deixando de acreditar na segurança de Hogwarts e não estão deixando os alunos continuarem na escola até tal insegurança ser resolvida – deu uma parada e depois continuou. – Isso não foi só ruim para a escola, a Ordem da Fênix está correndo grande perigo, pois um dos integrantes se juntou ao lado das trevas e com certeza irá delatar a Você-Sabe-Quem o paradeiro da ordem! Sem contar que o líder já não existe mais. Está se tornando uma época difícil de se viver, nem os trouxas estão mais seguros. Quem sabe o que Você-Sabe-Quem poderá fazer! Estamos em um labirinto sem saída, a não ser que consigamos derrota-lo!
Assustado com tudo, Harry recebeu mais uma mensagem para compactar em seu cérebro e que com certeza não iria esquecer tão cedo, pelo contrário.
- Esqueci! – disse Finneus – Tenho que te falar rápido, porque alguém está me chamando no outro quadro.
- O que é?
- Sobre as horcruxes! Dumbledore tinha deixado um bilhete para você que dizia:
“Harry, se está lendo este bilhete pode ser porque já estou morto. Eu te levei à caverna do Riddle com sua ajuda para desvendar outra horcrux, sinto muito se tudo aconteceu rápido, mas se aconteceu era porque estava escrito no destino. Minha missão era deixar você alerta para tudo que poderia acontecer, e te chamei para ir comigo porque queria que você soubesse com o que terá que lidar.”
“Harry, confio a você o dever de destruir todas as horcruxes. Pode ser uma missão difícil e muito exaustiva, e só conte para onde vai para quem você possa confiar. É mais do que mais um fardo que você carregará, não deixo de estar ao seu lado.”
“Mas o mais importante, é saber que às vezes você sente que não deve confiar nas pessoas e elas podem não estar erradas ou sendo assim por querer. Eu posso já ter mentido para você, mas foi para sua segurança. E mais, tenho certeza que você pode e deve confiar em Rony e Hermione, eles são seus verdadeiros amigos. Mas não fique acanhado, levante a cabeça e siga em frente. Muitas coisas ainda podem se revelar, pode ser que as vezes o que você presencia seja uma mentira, então trace o seu destino firmemente.”
- Muito obrigado – disse Harry à beira das lágrimas.
- De nada, garoto. Adeus! – e sumiu na moldura.
Harry ficou em estado de choque pensando naquela mensagem, ele havia entendido a missão que o destino o designou, mas achava que não estava preparado. Como enfrentaria Voldemort sem sua ajuda? E se morresse, o sonho de liberdade morreria junto! Mais confusões, mais fardos, sem respostas. O que será dele? O que será dos seus amigos? Bota-los em perigo e ter um braço amigo para te apoiar e te ajudar, ou rumar sozinho sem ter a quem o socorrer?
Depois de muito tempo, conseguiu voltar a si e continuar a sua procura por Monstro. Levantou-se, respirou fundo, e antes de sair do quarto, tentou chamar Finneus, pois ainda tinha muitas perguntas, mas seu chamado foi em vão. Começou a caminhar pelo corredor vasculhando os outros cômodos. Nenhum sinal dele.
Continuava a procura, agora sem hesitar por um momento. Sentia cada passo ressoar no chão, cada rangido leve ecoando pelo local. De repente, sussurros interromperam a concentração de Harry. Esses sussurros vindos de algum lugar eram tão baixos que estava difícil para Harry ouvir o que diziam. Desesperadamente e ao mesmo tempo calmo, procurava a fonte daqueles sussurros que às vezes desapareciam e às vezes se tornavam mais audíveis. Agora eram duas vozes que conversavam sobre alguém e algum lugar. A cada passo que Harry dava, a voz das pessoas aumentavam. Até, discretamente, o garoto se esgueirar entre uma brecha entre um armário e a parede.
Estava perto do lugar onde tinha o quadro da mãe de Sirius. Ela conversava com alguém, uma voz cavernosa e horrenda, era Monstro. As vozes diziam:
- Então, vai ser essa semana? – perguntou a mãe de Sirius.
- Sim, senhora – respondeu Monstro.
- Então virá? Mas tenha cuidado para se manter escondido!
- Sim, senhora.
- Não tenha devaneios em seu caminho. Apenas faça.
- Sim, senhora.
- Agora vá, antes que o garoto apareça!
- Sim, senhora – e com um leve estalo calou-se, tanto a criatura quanto a senhora.
Harry se assustou, o que devia estar acontecendo debaixo do seu nariz que não sabia. Com certeza não era nada de bom. Depois de ter certeza de que o lugar estava seguro, discretamente saiu dali e voltou para a cozinha, para fazer o almoço antes que notassem que estava ali.

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