- Os Dois Irmãos -



Harry acordou com o sol batendo em seu rosto, mas não era tão cedo, era quase uma hora da tarde. Ao seu lado, Sra. Macbankies o observava atentamente. Parecia que Harry fosse uma bela pintura. Olhou para a senhora e notou que a conhecia de algum lugar, ou que se parecia com alguém. Sentou-se na cama e se encostou sobre a cabeceira. Pôs as mãos no rosto e ver se relaxava do choque que sofrera no dia anterior. Não sabia como suportara a mesma maldição várias vezes seguidas. Agora pensava como os pais de Neville enlouqueceram. Só não entendia o motivo da vinda de Belatriz. O que ela havia roubado? Harry só escutara a bruxa pedindo uma taça. O que tinha na casa dos Black que Voldemort tanto queria?
- Bom dia – disse a senhora ainda a apreciá-lo.
- Bom dia... – respondeu meio atordoado.
- Que horroroso dia você teve, hein?
- Eu nem consigo imaginar como eu agüentei ser torturado!
- Eu nem quero imaginar! – disse Sara. – Bem... Arrume-se e vamos almoçar!
Levantou-se e partiu para o primeiro andar. Harry ainda estava sentado encarando o colchão. Ainda estava na casa dos Black. Finneus estava debruçado sobre a moldura de seu quadro observando o garoto.
- Você está bem?
- Mais ou menos... – respondeu.
- Eu soube o que aconteceu ontem... Ninguém pode imaginar como é um pai de família ser humilhado pelo comportamento dos filhos, netos dentre outros!
- Senhor... Você sabe por que e quando Dumbledore escreveu a carta?
- Isso eu não sei te responder, garoto. Mas ele disse que você entenderia a carta. Talvez ela possa ajudar a guiá-lo pelo seu caminho.
Harry voltou a ficar pensativo. A carta, a visita, dentre outros fatores estavam se debatendo em sua mente. Sem nenhuma teoria sobre o que estava acontecendo. Talvez aquela carta fosse muito importante para Harry. Mas qualquer coisa que lembrasse a morte de Dumbledore, era doloroso demais para agüentar. Não sabia se a visita talvez tivesse também a intenção de matá-lo, só sabia que fora um alívio ver uma parte da ordem chegando para salva-lo. Mas ao mesmo tempo em que queria ser salvo, queria tentar derrotar Belatriz sozinho. Era um alívio misturado com raiva, mas a voz de Finneus interrompeu seus pensamentos.
- Tenho que ir, Harry – e sumiu do quadro.
O garoto se levantou e foi cambaleando até a porta. Mesmo que tivesse dormido bastante, ele estava exausto. Apoiou-se no corrimão, e foi acompanhando o corredor devagarinho. Sentia seus ossos rangerem, e os músculos pulsarem. Lá embaixo estavam: Lupin, Rômulo, Sra. Macbankies, Tonks, Minerva McGonagal, Alastor Moody e Sr. Weasley. Todos reunidos na cozinha, em volta da grandiosa mesa.
- HARRY! – vinha correndo o Sr. Weasley. – Você está bem, Harry? Quando eu soube, vim correndo para cá! O que houve?
- Arthur! Deixe Harry respirar. Não é só você que quer conversar com Harry, todos nós queremos saber o que aconteceu e ainda temos tempo para conversar! – disse Minerva.
- Senhor. Onde está a senhora Weasley?
- Bem... Eu não disse que vinha para cá, era para ela não ficar mais estressada do que com o casamento – disse com uma expressão de alívio.
Harry se encaminhou até um lugar vago na mesa ao lado de Sr. Weasley e de Lupin. Logo vinha Rômulo, que começou a arrumar os pratos na mesa.
- Sorte que Rômulo não se importou de cozinhar – disse Sr. Weasley.
- Ele gosta de cozinhar – disse Lupin.
O garoto estava com tanta fome, que esperava a qualquer momento o bruxo depositar uma bandeja na sua frente. Logo tudo estava arrumado e ao Rômulo sentar ao lado de Lupin, todos começaram a almoçar. Harry pegou um pedaço de frango, depois se serviu com suco de abóbora, e em seguida repetia o prato. Com certeza, o pessoal que chegara trouxera comida, pois havia mais comida do que Harry comprara. Rômulo cozinhava bem, não como a senhora Weasley, mas repetira o prato umas duas vezes.
- Rômulo, a comida está ótima. Deve ter dado um trabalhão! – disse Lupin.
- Que isso, irmão!
- Moody, como está indo com a perseguição de Lucio Malfoy? – perguntou Arthur interessado.
- Difícil! Agora não existe mais a prisão de Azkaban, certo? Os dementadores estão se juntando a Você-Sabe-Quem. São alguns aurores que estão vigiando a prisão. Bem, falando nisso, tenho que voltar ao meu trabalho. – levantou-se e rumou em direção a porta.
Ao terminar a refeição, Harry levantou-se e deixou o prato na pia. E sentou em uma poltrona na sala de estar que fora concertada. Esperou o resto do pessoal acabar de almoçar e todos se reunirem para conversarem.
Harry sentia horror por presenciar a morte outra vez. Quase morrera, mas sentia que pôde enfrentar Belatriz. Mas na hora que usara a maldição na bruxa não soube o que sentir. Ainda não se conformara da maldade que despertara ao ver aquela pessoa se contorcendo no chão. Era como se fosse a recompensa por ela ter torturado tantas pessoas. Mas o que será que o acertara quando usava a maldição? Não poderia ser Belatriz, pois essa estava se debatendo no chão. Achou que fora Monstro. Só poderia ser ele, e por causa dele quase morrera.
Começou a pensar nas horcruxes. Tinha destruído uma no seu segundo ano e Dumbledore destruíra outra. Uma, qual Dumbledore se sacrificou para conseguir, era falsa. E quem era R.A.B.? Quais ainda faltavam? Dumbledore desconfiava da serpente de Voldemort ser outra horcrux, e a taça de Hufflepuff que vira no passado de Voldemort. Uma taça? Harry se lembrara do que Belatriz pedira ao Monstro, não escutara muito bem, mas parecia que falavam sobre uma taça. Seria a horcrux? Estava diante de Harry, e ele desperdiçou a chance de destruí-la. Então percebeu que era. Que outra taça Voldemort queria tanto? Mas como escondera naquela casa. Talvez fosse a traição de Monstro, que quando desaparecia estava vigiando a taça. Harry se sentiu muito mal. Aliás, onde estava Monstro? Será que fugira?
- Harry! – chamou Sra. Macbankies.
- Sim.
- Quero conversar com você... – e se sentou em uma outra poltrona próxima a Harry.
- Sim, senhora. Também quero falar com você!
- Muito bem... Então comece primeiro.
- Primeiro. A senhora é uma bruxa? Você não é um trouxa? – perguntou, o que mais queria fazer.
- Bem... Harry... Você sabe quem eu sou? – perguntou antes de responder
- Não...
- Você conhece alguma Sara Macbankies?
- Você! – respondeu pensando se era a resposta certa.
- Não. Esse não é o meu verdadeiro nome – disse, e checou o relógio.
- Acho que te conheço de algum lugar – concluiu Harry.
- Exatamente! – disse. – É o seguinte: não sou quem você pensa que sou!
- Então quem é você?
- Arabela Figg!
- O que?
- Sim! – respondeu a senhora.
De repente, a senhora começou a se debater, como se tivesse uma convulsão. Parecia que havia algo debaixo da sua pele que perfurava a sua por fora. Começou a se contorcer, sua mão virou para trás como se tivesse a quebrado. Harry percebeu que algo de errado estava acontecendo com ela e logo chamou ajuda. Tonks veio correndo e quando viu aquela senhora se transformando, não fez nada.
Logo, diante de Harry não estava mais a Sra. Macbankies, e sim a Sra. Figg. Depois de uma desagradável transformação, Arabela se ajeitou na poltrona e voltou a encarar o garoto.
- Claro? – perguntou a senhora. –Entendeu?
- Poção Polissuco! – disse Harry.
- Exatamente!
- Mas Sra. Figg, ainda não entendo por que fez isso!
- Muito bem... Uma longa história... – hesitou um instante e continuou. – Depois de você ter saído da minha casa, já faz alguns dias, eu entrei em contato com a Ordem, e ela disse para eu te seguir. Já que você me disse que iria para a casa dos Black, eu pensei em como iria me disfarçar. É claro que não sou uma bruxa! Sou um aborto! Mas eu achei que a poção Polissuco pudesse ajudar. Talvez desse certo.
- Mas como você tinha certeza? Eu disse meio duvidoso!
- Eu não tinha certeza. Contava com a sorte – respondeu Sra. Figg. - Eu tinha escondido os ingredientes para a Poção Polissuco. Revirei todo o meu quarto a procura.
- Então foi por isso que seu quarto estava todo desarrumado!
- O que?
- Er... Antes de partir, eu te procurei na sua casa... e, bem... a invadi...
- Tudo bem... não tem problema – disse meio sem graça. – Então como dizia: Preparei uns doze frascos com a poção. No dia seguinte, Finneus avisou a Minerva que você já estava na casa dos Black, e ela entrou em contato comigo. Eu já tinha me mudado para a casa número oito. Fingi ser um trouxa e tentar tomar sua confiança. Fiquei com medo que você descobrisse...
- Mas porque você se escondeu?
- Fiquei com medo de que você pensasse que a Ordem está no seu pé. Talvez você não confiou em mim, eu não sei. Tentei ser o mais gentil com você. Temia que você perdesse a confiança na Ordem. E... que pelo caso não tirou o olho de você. Afinal! Se eu não o tivesse vigiado, você poderia ter morrido! – hesitou um instante. – De noite, quando ouvi um estrondo, corri para a janela, e vi a comensal invadindo a casa. O mais rápido que pude, entrei em contato com o pessoal da Ordem que estava mais próximo do lugar e eles vieram o mais rápido que puderam!
- Usei um nome qual a muito tempo ninguém me chama. Macbankies era como me chamavam na infância... – continuou. - Meu nome verdadeiro é Arabela Sara Figg.
- Nossa! – Harry estava aliviado e ao mesmo tempo um pouco triste. – Mesmo assim... Obrigado!
- De nada garoto...
- Afinal... Como você contatou a Ordem?
- Bem... Mundungo era o mais perto... Mesmo não sendo bruxa, eu posso enviar corujas!
Resolvido um mal entendido, Harry começou a pensar que a qualquer momento dentro da casa estava fora de perigo se gritasse. Mas se sentia preso à Ordem. Não poderia enfrentar Voldemort junto com a Ordem. Não queria ver mais sofrimento, não queria sentir mais pesar nem ver nenhuma morte. Sendo vigiado todo o tempo se tornava cansativo. Não sabia o que iria fazer.
Voltou sua atenção para Tonks, e agora percebera que seu cabelo estava azul e comprido. Os longos fios brilhantes, pareciam um oceano invadindo a terra. Ela estava tão arrumada e bela, parecia que iria a um encontro. Com certeza tinha se transformado para encantar Lupin.
- Harry. McGonagal quer falar com você. – disse a mulher.
Harry se dirigiu de volta a cozinha. Todos estavam reunidos, com certeza comentando assuntos importantes sobre a Ordem e sobre casos no ministério. McGonagal estava sentada ao lado de Arthur, e a ambos verem Harry chegando, desviaram sua atenção para o garoto. Sentou-se ao lado da senhora, acomodou-se, respirou fundo, e Minerva começou a falar.
- Harry... Queríamos conversar com você sobre o que está acontecendo – disse com a maior calma do mundo a senhora.
- Tudo bem...
- Agora estamos em uma difícil era... Onde o bem está cara a cara com o mal. Uma época de mortes, de pesar, de tristeza, de solidão e união. – disse a senhora, que agora parecia mais com Dumbledore falando.
- Muitos estão morrendo para proteger outros. Há muito sangue escorrendo pelo chão. – completou Sr. Weasley.
- Voldemort está cada vez mais forte. – disse Lupin. – Estamos ficando sem esperança da vitória.
- E é um momento para socorrer e ser socorrido – era uma das poucas vezes que ouvira Rômulo falar.
- Sim... – respondeu Harry.
- Hogwarts está aponto de ser fechada! Uma decisão que eu posso tomar! – disse McGonagal. – Os tempos estão ficando mais difíceis... Talvez já saiba o que está acontecendo em Hogwarts.
- As pessoas estão deixando de acreditar na segurança da escola... – concluiu Harry.
- Não só isso. – completou a diretora. – Não temos mais controle de quase nada! Desde quando e-e-el.. – não conseguia pronunciar o nome de Dumbledore. – ele... – estava quase em prantos. Harry não era o único que sofria com a perda do ex-diretor. – Hogwarts está sem as proteções feitas por ele, pois quando entrou com você... bem, ele as retirou! Ele comandava tudo, e sempre tudo que fazia era por uma causa e sempre dava certo. Era o seu dom. Além da bondade, era a pessoa que não podia morrer! Não só pela escola e pela Ordem, mas pela esperança das famílias bruxas desprotegidas em suas casas sabendo o que pode acontecer mas não podendo fazer nada.
Calou-se por um tempo, colocou as mãos sobre o rosto, estava fazendo o possível para não chorar. Harry sentia o mesmo aperto no fundo do coração pela perda do Dumbledore, mas parecia que ela ainda não tinha superado. Ninguém mais falou até a diretora recompor-se e voltar a falar.
- Bem... Harry, ambos sabemos que você corre grande perigo de vida... – e ao terminar a frase, entraram na sala Sra. Figg e Tonks que fechou a porta e usou um feitiço para abafar a conversa de lá dentro. – Dumbledore deixou uma carta para você – disse remexendo no bolso da capa, e retirou um pedaço de papel com a letra do senhor. – Aqui.
Harry revirou a carta na sua mão, leu e releu e a guardou no bolso de seu casaco. De repente a campainha soou, Tonks foi atender a porta, era Quim, que logo se reuniu ao pessoal. Era a carta que Finneus ditara para ele, com as mesmas palavras. Harry viu algumas partes manchadas de tinta, com certeza Dumbledore escrevera com pressa. Mas porque escrevera daquele modo? Nunca vira Dumbledore com pressa.
- Oi, Harry – cumprimentou Quim.
- Olá... – retribuiu o garoto.
- Então, Harry... O que fará? – perguntou Minerva.
- Bem... Como você deve saber, Dumbledore deixou claro nessa carta o meu destino, que é destruir as Horcruxes restantes. Para quem não sabe, são partes da alma de Voldemort. Nós destruímos duas, eu destruí o diário enquanto Dumbledore o anel. Ao todo são sete. Ano passado tive aulas com Dumbledore que ele me mostrou sobre a vida de Voldemort.
“Na noite que saímos, fomos atrás de uma horcrux. Entramos em uma caverna. E lá estava em uma vasilha com líquido verde. Dumbledore teve que beber todo o liquido, e disse para que eu desse para ele até acabar tudo. O líquido deixara Dumbledore fraco e vulnerável, mas lá estava o medalhão!” – continuou sem hesitar. “– Ao voltarmos para Hogwarts, vimos que os comensais invadiram o castelo, e corremos para socorrer as pessoas em perigo.”
“Coberto pela capa, eu fui imobilizado no chão por Dumbledore, antes que ele pudesse se defender do ataque. Encurralado e desarmado pelos comensais, recebeu a o feitiço de Snape.”
- Então foi o que aconteceu de verdade... – concluiu Sr. Weasley.
- Mas, Harry... Você vai sozinho? – perguntou Lupin.
- Já não sei. – respondeu com sinceridade.
- Nós vamos com você! – disse Sr. Weasley.
- NÃO! – gritou. – Não quero ver mais nenhum morto! Não quero sofrer mais! Se falhar... pelo menos não vou ter que suportar mais dor...
- Pelo amor de Deus, Harry! – disse McGonagal. – A Ordem estará junto de você aonde for! E se estiver em perigo, nos sacrificaremos para te salvar! A esperança não depende de nós! Sim de você! Você é o único que pode detê-lo! Não existe mais ninguém no mundo que seja capaz de detê-lo! Pode recusar nossa ajuda, mas nós sim, o seguiremos!
- Seja qual for a tormenta! A união faz a força – disse Tonks. – Minerva está certa! Se formos morrer, é para garantir sua segurança. Mas nunca desperdice qualquer chance! Nem nenhuma ajuda!
- Mas...
- Harry! – disse Rômulo. - Não importa a nossa vida, temos que encarar as trevas, e arriscar a custa de salvar sua pele! Você pode não me conhecer, mas te conheço e muito bem!
- Mas todos que tentaram me ajudar morreram! – e encarou Rômulo. – Sirius está morto por minha culpa, por ele ter tentado me ajudar! Veja Dumbledore, morto por tentar me proteger! Todos estão morrendo por minha causa!
- Pense bem, Harry. – disse McGonagal. – Se nós nos sacrificamos por você, é porque acreditamos que você derrotará Voldemort! Nem todas as mortes dão em vão... – e se lembrou de Dumbledore.
- Então, traçaremos juntos os nossos caminhos! – disse Quim.
- Muito bem. – concordou Lupin.
- Harry, queria falar só mais uma coisa com você – disse Minerva. – Tenho que te falar sobre os acontecimentos! Você deve saber a origem dos, ditos pelo jornal trouxa, tornados em plena cidade longe do mar. Estão acontecendo inúmeros terremotos e várias revoltas de dementadores. No outro dia reportaram um sem alma, seu nome era Jim Mallon Freitas. – e virou-se para Lupin. – Lupin, você trouxe o profeta diário de hoje?
- Aqui. – disse entregando a Minerva que mostrava a Harry as reportagens.
- Veja! Cinco mortos por revolta de gigantes. Trouxas desalmados... império das trevas retorna, época de caos... AQUI! – disse apontando para uma página. – Veja: “Harry Potter, vítima ou réu? Presenciou a morte de Dumbledore, sem contar que enfrentou o terrível lorde das trevas. O estranho é parecer que não sabe de nada. Será que tem algo por trás da cicatriz?”.
- QUE? – indagou o garoto surpreso com a manchete. - Estão insinuando que sou culpado!
- Harry, repare o que está escrito, leia toda a manchete! – advertiu Lupin.

“Harry Potter, vítima ou réu?
Presenciou a morte de Dumbledore, como várias outras, sem contar que enfrentou o terrível lorde das trevas. O estranho é parecer que não sabe de nada. Será que tem algo por trás da cicatriz em forma de trovão? Desde criança tem o enfrentado. Conhecido por toda parte ficou famoso, editaram até uma figurinha com suas feições. Talvez seja tomado pela ambição. Mas apesar de lutar todas às vezes contra o lorde das trevas, nunca conta a verdade. Um mistério ou um segredo?”

- Eles citam duas vezes Voldemort como “Lorde das Trevas”! O estranho é que nessa reportagem não falam das crueldades que Voldemort fez. Ao invés de incriminá-lo, te incriminam! Como se alguém por trás dessa parte do jornal esteja do lado de Voldemort.
- Outra manchete que se destaca dentre as demais é essa – disse Rômulo. – Fala sobre a morte de Dumbledore, e o estranho é que esquecem de mencionar os comensais, fizeram como se você estivesse metido no meio da confusão. Mas não podem o incriminar, ele está morto. Então, já que você é o único vivo que presenciou a cena, estão pressionando para ver se você revela os verdadeiros acontecimentos, ou será que estão tentando te incriminar mesmo? Não podemos confiar em quase ninguém. Agora tudo está se tornando possível! E é isso.
- Bem, Harry, mesmo que seja um pouco difícil de aceitar, estamos em desvantagem – concluiu Sr. Weasley.
- Tudo está ficando difícil de aceitar! – disse com raiva.
- Calma, Harry. Assim nunca o que você procura terá sucesso. – disse Minerva. – Bem... eu cheguei ao ponto que queria.
- Harry, desculpe o incômodo, mas eu queria saber cada detalhe do que aconteceu essa noite aqui. – pediu Sr. Weasley.
- Tudo bem, tempo é o que não falta.
- Também estou interessado no que aconteceu. – disse Lupin. – Mas antes, queria saber por que decidiu vir para essa casa.
- Por que eu queria ficar longe das pessoas. Queria poder pensar sozinho. Eu não tinha mais nenhum lar. Felizmente fui expulso da casa dos Dursley. E aqui era o único lar a qual conseguiria ficar um pouco sozinho.
- Entendo...
- Mas, então, como aconteceu hoje de madrugada? – perguntou Arthur, todos na sala estavam ansiosos para saber o que acontecera.
Depois de uma longa explicação, surgiram várias duvidas na mente de Harry, que queria perguntar a McGonagal, a mais experiente. Sr. Weasley estava assustado com a história de Harry, qual ele teve que passar. Mas com Lupin foi o contrário, ao ouvir o combate, ele deu um sorriso de leve. E ouviu um comentário dele: “Você é valente como seu pai!”.
- Harry, quais são as horcruxes que você desconfia que sejam mesmo?
- O medalhão, a serpente e talvez a taça de Hufflepuff.
- Aquela taça que você mencionou na história! Só poderia ser isso que Belatriz viera buscar! O que mais Voldemort iria querer? – concluiu Lupin despertando em Harry os pensamentos que se passava em sua cabeça antes da conversa começar.
- Talvez seja! – disse Arthur.
- Mas como Voldemort escondera uma horcrux debaixo do nosso nariz? – perguntou Rômulo. – Eis uma dúvida!
- Professora. Eu tenho umas perguntas que surgiram com o passar desse tempo que me senti só, e queria comentar um estranho sonho que tenho tido. – disse Harry.
- E o que é?
- Meu sonho é sempre sobre mim, eu estou caminhando em um lugar escuro, um cemitério, e encontro os túmulos dos meus pais. No final da escuridão surge uma luz que parece que está me chamando, e ao chegar no lugar onde brilhava aquela luz, vejo a placa de Godric’s Hollow. Ontem ele teve uma continuação, eu comecei a procurar algo no chão, e achei o caminho até uma antiga casa com as luzes acesas. Algumas vezes o sonho foi modificado. Dessas vezes, eu enfrentava Snape em um confronto mortal, explodindo de raiva, diante do corpo de Dumbledore.
- Harry, Dumbledore com certeza teria a resposta para isso. Mas pelo que você disse, pode ser o caminho que seguirá. Eu não sou professora em Adivinhação para saber a resposta certa para seu sonho. Mas posso lhe dizer que há algo muito importante para você lá. – respondeu. – Mas tenha cuidado! Esses sonhos modificados podem tanto ser as suas lembranças mais tristes que se fundiram ao seu sonho, como pode ser Voldemort tentando invadir sua mente. Não deixe de praticar oclumência! Será muito importante não só para você, porque se Voldemort invadir sua mente, ele poderá saber todas as informações que você tem sobre a Ordem e o que fará.
- Entendo... Professora, hoje de madrugada, na minha batalha contra Belatriz, depois de ter sofrido várias vezes a maldição cruciatus e levantado, consegui usar a própria maldição contra a bruxa. Nesse momento, senti alegria em vê-la sofrendo, mas ao mesmo tempo senti tristeza em ver que estava torturando uma pessoa, mesmo sendo má e ter pecado demais.
- Harry, isso é o efeito da raiva que você tem guardado desde a morte de seu padrinho. Ela poderia merecer, mas isso não o dá o direito de usar uma maldição contra ela. Entendemos que você estava desesperado, você tem que se controlar, senão todo o nosso esforço será em vão. Você não é nenhum bruxo do mal, você a fez sentir a dor pela qual ela fez várias pessoas passarem. Ao mesmo tempo é uma justiça, mas não é bom. Você não pode ser controlado e sustentado pela raiva e angústia guardadas em suas memória e em seu coração. Por isso devemos nos controlar, é um modo de nos conscientizarmos. Pense bem nisso Harry, algum dia sim você terá que usar toda sua raiva, ou talvez você tivesse de fazê-lo. – explicou aquela velha bruxa. - Mas agora tenho que ir. Preciso voltar a Hogwarts. Até mais, Harry. Qualquer coisa eu entrarei em contato. – e saiu da sala aquela antiga, porém bondosa bruxa.
Ninguém mais falou nada até ela bater a porta. Harry voltou sua atenção para os que ainda estavam reunidos na cozinha, e Lupin levantou a voz quebrando o silencioso murmurar dos pensamentos.
- Acho que devíamos começar procurando Monstro com mais calma.
- Mas o máximo de tempo que devemos ficar é mais um dia, nada mais! – disse Sr. Weasley. – Você-Sabe-Quem vai ser avisado o mais cedo o possível, e pode atacar a casa até o anoitecer. Então devemos começar agora!
Todos concordaram em vasculhar a casa a procura de Monstro. Harry, Lupin, Rômulo e Tonks foram procurar pelos andares de cima, enquanto Arthur e Quim procurariam pelo primeiro andar.
Ambos vasculharam os quartos do segundo andar. Não havia sequer nenhum movimento suspeito. Dividiram-se em dois pares, Harry e Lupin, Tonks e Rômulo. Harry e Lupin foram até o sótão enquanto os outros dois procuravam no terceiro andar.
O sótão estava escuro e sombrio como sempre, mas desde a noite que tivera no dia anterior, tornaram aquela escuridão mais assustadora.
- Lumus! – murmuraram os dois quase que ao mesmo tempo.
Um pouco mais claro, já conseguiam ver os estragos da luta ali. Várias antiguidades inestimáveis espatifadas no chão, quadros rasgados, prateleiras destruídas, dentre outras. Tudo estava silencioso. Harry não sentia a presença de mais ninguém a não ser Lupin.
Como Monstro sumira de uma hora para outra? Harry estava torcendo para que tivessem já o encontrado. Senão onde estaria?
- Harry... – disse Lupin. – Esqueci de apresentar o meu irmão, Rômulo Lupin.
- Ele é seu irmão? Ele também é lobisomem?
- Não. Infelizmente eu fui o único mordido por Fenrir! Eu tentei salvar minha família. Enquanto eles fugiam, eu fui mordido. Foi azar! Mas Slughorn está preparando uma poção para tentar reter um pouco a transformação. A convivência com o outro lado é realmente exaustiva.
- Deve ser duro para você...
- Mais do que isso. É duro para quem está perto de mim! – calou-se por um momento. – Harry, depois dessa noite que você impediu Belatriz de escapar, você incorporou seu pai. Igualzinho! Seu pai não estava preocupado com o perigo, atacava como se fosse seu instinto, como se fosse seu dever. Você está se tornando um grande bruxo, Harry, é por isso que você tem uma figurinha com seu rosto. – disse rindo.
- Queria ter conhecido meus pais...
- Harry. A vida tem seus momentos inoportunos. Mas se você não tivesse sido protegido, você teria morrido. Eles se sacrificaram em troca da sua vida. Para mim foi mais do que uma perda...
Ambos calaram-se quando ouviram um barulho vindo do fundo do sótão. Devagarinho, caminharam até o local. Parecia que não tinha ninguém lá. Talvez não mais. Monstro poderia ter aparatado quando ouviu as vozes dos dois. Depois de mais tempo procurando, desceram. Ninguém encontrara o elfo em nenhum cômodo da casa.
- O que você acha, Remo? – perguntou Quim.
- Acho que era ele no sótão, mas logo depois aparatou.
- Já são quase onze horas da noite. Acho melhor irmos! – disse Arthur. – Vá arrumar a sua mala Harry.
Subiu, rumou até o seu quarto e começou a catar todos os seus pertences. Edwiges começara a piar. Guardou com cuidado os presentes e o livro que comprara e ainda não tivera tempo para ler. Depois de arrumado, desceu os degraus com cuidado para não derrubar nem deixar cair nada.
- Harry, deixa que eu carrego o malão pra você. – ofereceu Sr. Weasley.
- Obrigado. – e ao sair daquela casa, soltou a coruja e disse a ela ir para casa de Rony. Sobrevoando o céu escuro da noite, Edwiges desapareceu entre as nuvens. Com um estalo, ambos desapareceram na escuridão, Harry, Sr. Weasley, Lupin e Tonks.

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