- A Partida -



Em uma quente noite de verão, a lua iluminava a deserta rua dos Alfeneiros. Os postes de luz brilhavam mais do que nunca, e uma leve brisa sobrevoava a rua, acalmando a noite e deixando tudo mais silencioso. No céu limpo várias estrelas deixavam sua marca. Lindas, não paravam de embelezar o céu.
Na casa número 4 da rua doa Alfeneiros, um rapaz magricelo de olhos verdes dormia tranqüilamente. Sonhou que estava perdido na escuridão, tudo parecia se encolher. Depois de vagar pela escuridão encontrava uma relva úmida, e algumas pedras ásperas. Estava em um cemitério rodeado por túmulos. Assustado, aumentava a velocidade de sua passada, até tropeçar um uma das rochas. Lá estava o túmulo de sua mãe.
Estava se contorcendo tanto na cama, que o pesadelo o fez levantar de um salto. Com um olhar assustado, vasculhou o seu quarto, e observara que Edwiges estava acordada, mas calma. Logo, repôs seus óculos entortados, e conferiu o relógio, era seu aniversário. Completaria dezessete anos, alcançaria a maior idade bruxa. Teria uma vida diferente. Hesitou por um longo momento, tudo o que vinha acontecendo nos últimos anos, era uma carga pesadíssima, e o que vinha pela frente, Harry tinha certeza de que era muito pior. Lembrou-se de quando Dumbledore pronunciou aquelas palavras:
“A mágica cessará no momento em que Harry fizer dezessete anos; em outras palavras, no momento em que se tornar homem...”
Tudo que se passara no ano passado refletia na cabeça de Harry, que começava a ficar confuso. Perguntava-se porque tudo acontecia com ele. As pessoas que amou estavam mortas: seu pai, sua mãe, seu padrinho e, até quem em um momento quase o odiou, o diretor da escola. Ficou cada vez mais apreensivo, presenciara a morte daquele senhor destemido e inteligente, que, com ele, começara a procurar as horcruxes, e agora, ele seria o encarregado deste tal fardo. Ele próprio havia destruído uma sem ter consciência, Dumbledore destruíra outra, e quando estavam a caminho da terceira encontraram muitos desafios. O senhor se sacrificou por algo que acreditava, mas, além de sua morte, Harry percebeu que a horcrux era falsa, tudo que aquele medalhão possuía não passava de uma carta para Voldemort com as iniciais da assinatura R.A.B.
Sem o diretor a escola poderia ser fechada. Não por não ter outro pronto para o cargo, Minerva o substituíra, só que a escola fora invadida, isso garantia que não estava totalmente protegida; e com Dumbledore morto, quem Voldemort temeria? Mas não pensara em partir para lá esse ano. Queria terminar o que começara e prometera ao antigo e finado diretor. Não sentia mais prazer de ir a Hogwarts, tudo mudara, a única pessoa a qual sempre se orgulhou havia sido morta. Estava decidido de ir, e se morresse, morreria com honra, mas, sozinho.
Começou a pensar em sua jornada, como seria, o primeiro lugar onde pretendia chegar era Godric’s Hollow, achava que deveria, e com aquele sonho, nada mais poderia ser tão certo para Harry.
Ficou observando aquela coruja qual sempre o acompanhou, se lembrou de Rony e Hermione, companheiros fiéis a quem sempre foi amigo. Seria difícil fazer uma jornada sozinho, não contava mais com a ajuda de seus amigos, não os queria botar em perigo. Ficou pensando como seria ainda pior ter que agüentar outra morte de alguém querido. Quem ele tinha ódio era Snape. Sempre foi um misterioso professor, do qual nunca confiou. Sempre odiou Harry por problemas com seu pai. Depois de ter acreditado que Snape talvez não fosse tão mal, ele matou quem sempre confiou nele, Dumbledore. Harry se lembrava de cada momento, de cada nervo a explodir, do ódio que teve ao falhar em tentar mata-lo. Se ele cruzasse seu caminho, Harry iria querer acertar as contas, não iria deixar em branco. Mas sua meta principal seria destruir as quatro horcruxes restantes, e a quinta era Voldemort; entre as quatro, uma deveria ser o medalhão verdadeiro, o outro a taça de Helga Hufflepuff, a terceira talvez fosse a cobra, a dúvida era a quarta, que não havia pista.
Sentou na cama e ficou olhando para os pés. Observou a rua deserta, pela janela. Não recebera nenhuma carta desde o início das férias, mas também, não esperava, por causa das intercessões do Ministério da Magia às corujas.
Voltou a descansar o rosto no travesseiro, e fechar os olhos, esperando o dia amanhecer. Não voltou a dormir, pensou em tudo que poderia acontecer, todas as possibilidades, e no final percebeu que não chegou a concluir nada, em parte estava despreparado.

O sol raiou, trazendo consigo um brilho ofuscante. O dia estava em paz. A luz já iluminava a rua. Harry se levantou e foi tomar o café da manhã. Desceu as escadas ainda bocejando. Sem parabéns, sem presentes, como todos os anos que se passaram. Tudo estava como era normalmente. Duda adquirira um físico impossível de ser batido, e covarde como sempre, desafiava crianças menores. Tia Petúnia continuava com seu pescoção de girafa espiando pela janela, como se quisesse observar o que as outras pessoas faziam dentro de suas casas; e tio Válter, rabugento como sempre, lia o jornal com calma. Nem tudo parecia igual, Harry achou que ninguém notara a data, mesmo que não importasse o aniversário do sobrinho para Válter, ele não deveria ter se esquecido do que Dumbledore dissera em sua última visita na rua dos Alfeneiros nº4. Sentira logo cedo o mau humor dos tios, e percebeu que era melhor não abrir a boca, mas não achou que deveria ficar calado.
Adorou seu dia, parecia que tudo estava ocorrendo tão bem. Depois do café saiu para dar uma caminhada, achava que o dia estava perfeito. Desceu os rasos degraus do hall de entrada e abriu a porta. Caminhou para o seu antigo esconderijo, e lá se escondeu, atrás de alguns arbustos e árvores de pequeno porte. Deitou-se e ficou pensando. Realmente sua vida mudara muito desde que descobrira segredos. A sua fama recém descoberta em seu primeiro ano em Hogwarts; depois descobriu que o assassino fugitivo de Azkaban do qual tanto o acusaram, era seu padrinho, e sua inocência só foi aceita depois de sua morte; viu como foi a infância de Voldemort, dentre outros segredos.
Ficou olhando por uma pequena fenda entre dois arbustos, ainda não havia movimento nenhum na rua. Estava realmente quente, sua sorte é que naquele lugarzinho uma sombra surgira deixando um gostoso frescor. Ali Harry teve muito tempo para pensar. Mas agora estava prestando atenção em um gatinho que cruzava a rua e sumia de vista. E logo estava atrás de um pequenino rato que fugia de um beco. Virou-se para apreciar um pouco o céu. Nenhuma nuvem, e aquele azul claro que resplandecia com a luz pálida do sol. Harry fechou os olhos por um momento, e ficou assim por menos de um minuto, até uma lágrima escorregar pelo canto de seu olho. Era uma vida muito sofrida.
Estava começando a escutar os primeiros ruídos da televisão que fora ligada. As notícias não relatavam nenhum fato misterioso a acontecer. Parecia que Voldemort mantera-se quieto até tal momento. Harry não tinha certeza se ele sabia que o encantamento da casa. Se soubesse, seria uma ótima hora para ele ataca-lo, e Harry, fugir. Se fugisse, para onde iria? Ele não fazia idéia. Depois de alguns minutos decidiu que, se fugisse, iria para o Largo Grimmauld nº12. Não foi a melhor opção, nem a mais segura, pois estaria lá sozinho com o Monstro, que não sabia se lhe daria sua confiança; só que era melhor do que agüentar os Dursley.
Começou a pegar no sono quando parou de pensar, e sonhou...
Corria na escuridão, sem saber qual a direção mais adequada ou certa, apenas queria fugir de algo que não podia ver, nem sentir, e nem ouvir. Até tropeçar em algo duro, torcera seu tornozelo. Parecia uma pedra, só que logo distinguiu o que era. Estava de novo naquele misterioso cemitério, onde diante dele jazia o corpo de sua mãe enterrado, e o lugar do qual não reconhecia o resto dos mortos. Se o túmulo de sua mãe estava ali, onde estaria o de seu pai? Corria de um lado para o outro desesperado procurando pelo nome de seu pai gravado naquela fia pedra. Nada. Logo avistou uma luz, era tão clara, tão viva, que achou melhor se aproximar, talvez fosse alguém que podia acolhe-lo, dar-lhe um abrigo. Foi caminhando até aquela luz, que cada vez parecia estar mais e mais longe. Então achou um túmulo, não sabia de quem era, mas tinha a impressão de que já conhecera. A luz começara a se aproximar, Harry esquecer aquela pedra gravada e cheia de limo de lado e foi seguindo a luz. Quando um baque forte o acordou.
Hermes havia batido com força no vidro, caíra no chão, e se levantara. Harry percebeu uma carta amarrada a sua perna com um pacote. Com uma incrível rapidez, Harry de um salto pegou o pacotinho e a carta e se sentou.

Caro Harry Potter,
Deve ser de sua consciência de que irá ocorrer um casamento entre Guilherme Weasley e Fleur Delacour. Nós o convidamos com muito prazer a vir no Felizes para Sempre, onde irá ocorrer à união dessas duas pessoas. O matrimônio será as 2:30 da tarde de 20 de Agosto.
Felizes para Sempre é localizado no Beco Diagonal nº1054.
Você é um convidado especial, e sua falta fará muita diferença.
Por favor use um traje formal e sua presença será divina.

Agradecimentos,
Guilherme Weasley e Fleur Delacour

Harry estava decidido que iria, mas como chegar lá? Percebeu que vinha outra carta no mesmo envelope do convite.

Harry,
Talvez você não consiga chegar ao Felizes para Sempre, então nós decidimos passar na casa de seus tios para te pegar, no dia 31 de Agosto. Pode ser um pouco cedo demais, mas você pode ficar aqui conosco por um tempo. Mandamos lembranças.
E como presente de aniversário para você, nós mandamos uma lembrancinha.

Beijos,
Molly Weasley


Harry desembrulhou o pacote, um livro intitulado: “O Melhor do Quadribol”, e um suéter cor azul marinho (a especialidade da senhora Weasley), uns sapos de chocolate, tinha mais um, o pacote tinha um fundo falso onde estava escondida uma orelha extensível. Enquanto se empanturrava com os sapos de chocolate, logo viu outra coruja chegando. Não era uma coruja que conhecesse. Tinha um pacote com uma cartinha que brilhava e as palavras se embaralhavam, uma hora estava escrito “Feliz Aniversário!”, na outra, “Harry Potter!”. E ainda continha uma carta comum.

Querido Harry,
Acho que você já recebeu um convite para o casamento do Gui com a Fleuma, e sabe o horário e a data. Eu também fui convidada, a Sra. Weasley irá me levar para a casa dela, e acho que é o mesmo que fará com você. Espero que você vá!
Mas vamos ao que interessa! Como o Ministério da Magia parou por um tempo de confiscar corujas, enviei esta carta (eu acho).
Harry... você vai a escola este ano? Saiba que eu e Rony estamos mais do que preparados para seguir viagem com você, seja para onde for, ok?
Você vai mesmo atrás de Voldemort? Atrás das horcruxes dele para destruí-las?
Queria que – caso você não se recorde – saiba que quando você completar dezessete anos, a magia de Dumbledore acabará. Pode ser difícil aceitar a morte dele, mas... você tem que reagir e fugir! Você vai ficar vulnerável a um ataque de Voldemort! Se você partir... para onde irá? E, aliás... nos jornais – caso você não os tenha lido – escorregou uma notícia que deveria ser sigilosa, estão informando uma crise com a rede de Flú, o Ministério está tentando resolver este problema, acho que eles não vão resolver isso muito rápido.
Eu já estou na casa dos Weasleys, e espero que você venha!
Esteja dia 12 de agosto na loja da Madame Malkin, eu estarei lá te esperando para conversarmos melhor.

P.S: Espero que a coruja tenha trazido com ela o pacote com o seu presente de aniversário, porque eu fiquei com medo daquela corujinha não agüentar o peso.

Beijos,
Hermione

Mais um problema a ser resolvido. Como iria para a loja de Madame Malkin. Harry ficou pensativo por um tempo, não tinha uma idéia melhor. E se aquela coruja já fora interceptada? Poderiam saber o lugar, a hora, tudo. Se fora, tudo estava acabado. Só que decidira que iria, de qualquer maneira. Poderia ser um suicídio.
Leu várias vezes aquela carta, como será que Hermione fora tão descuidada em escrever aquilo, em mãos erradas seria adeus. Enquanto terminava os sapos de chocolate e empilhava as cartinhas de bruxos, percebeu que era a letra de Hermione, sem dúvida nenhuma.
Voltou a se deitar, mas não dormiu, apenas fechou os olhos. Até sentir uma dor repentina em sua perna, que, ao olhar, percebeu ser uma picada de uma vespa que acabara de aparecer. As janelas na casa dos Dursley foi aberta e quem a abriu nem notara a sua presença. Já ouvia as velhas notícias do jornal que cansava de ouvir. Tentou fazer o possível para ignorar qualquer barulho. Queria voltar a descansar um pouco, mesmo que tenha dormido bastante. Começou a sonhar...
Aquela luz que se achava no fim da escuridão se tornava clara e chegava mais perto... Uma dor o impediu de continuar a dormir. Outra vespa o picara, e logo estava no meio de várias. Rapidamente, Harry se desvencilhou daquele enxame e cruzou a rua.
- Harry! – disse uma voz conhecida.
Era a Sra. Figg. Ela logo se aproximava dele, caminhando pela rua.
- Olá!
- Oi! – disse Harry.
- Quanto tempo que nós não nos vemos! Quer vir tomar um xá comigo?
- Por mim tudo bem... – respondeu meio sem graça.
Foram. A casa da Sra. Figg não era muito longe, apenas cruzaram a rua principal e seguiram pela calçada.
- Como foram suas férias até agora?
- Bem... – não sabia o que dizer – Foram melhores do que eu pensava.
Entraram. A casa não era tão pequena, era muito aconchegante. Harry se sentou em um puf de fronte a mesa de madeira, enquanto Sra. Figg fora fazer o xá. Ficou apreciando os vários quadros espalhados pela parede. Muitos pareciam ter séculos, mas nenhum se mexia. Devia ser para que, se alguém a visitasse, não percebesse as figuras do quadro em movimento. Passou os olhos por cada detalhe daquela casa. Nem tudo estava arrumado. As paredes estavam um pouco manchadas ou faltando tinta; a escada empoeirada era enfeitada com várias teias de aranhas, o piso rangia a ponto de se imaginar de que ele fosse quebrar ao ser pisado. Nada demais que um pouco de magia não podia concertar. De repente, um cheiro delicioso invadia a sala e espantava o mau cheiro do mofo, e logo vinha Sra. Figg trazendo uma bandeja com duas xícaras e uma jarra soltando fumaça.
- Prontinho! – disse, enquanto botava a bandeja em cima da mesa, e depositava cada xícara e pires em cima da mesa.
Ela o serviu. Harry deu o primeiro gole fervendo, mesmo que aquilo queimara seus lábios, ele adorara. A senhora que voltara a cozinha trazia mais uma bandeja com dois pratos, garfos, e um bolo.
- Muito bem! – disse servindo Harry de um pedaço de bolo no prato recém chegado.
Harry bebia devagar, e Sra. Figg começou a falar:
- Está bom? – perguntou depois de tomar um gole de xá.
- Sim... por acaso isso é alguma receita de bruxo?
- Não... receita comum, e prática – respondeu. – Bem... como foi o ano passado?
Harry quase engasgou com o bolo, e depois de mais um gole de xá, perguntou com calma:
- Por que?
- Bem, Harry... ano passado aconteceu muita coisa, certo?
- Sim...
-Então, eu queria saber o que achou do ano passado...
- Eu... – disse.
- Deve ser difícil aceitar isso, certo?
- É...
- E agora? Já que... – ela não queria pronunciar aquele nome, achou que Harry estava triste demais para agüentar mais – Dumbledore...
- Eu não sei! – disse.
- Acalme-se querido. Eu estou querendo te ajudar... Depois que eu recebi essa notícia eu chorei muito, foi uma grande perda... e acredito que você não esteja tão tranqüilo...
- Tranqüilo? Tranqüilo? – repetia, como se aquilo resolvesse o problema.
- Harry...
Tarde demais, este engolira o último pedaço, colocara as mãos no rosto, e desatara a chorar. Sra. Figg ficou sem ter como agir. Calou-se, terminou seu bolo e sua xícara, e inspirou profundamente antes de falar.
- Harry... para que chorar? Acabou... o que está feito, está!
- Muito fácil! – disse lacrimejando.
- Não, não é... Bem... então, o que você vai fazer agora?
- Você sabe o que nós estavamos fazendo?
- Não... não sei...
- Nós começamos a buscar pelas horcruxes, partes da alma de Voldemort confinadas em objetos ou qualquer coisa. Destruímos duas. Mas... faltam cinco... e eu vou fazê-lo sozinho!
- Isso é muito complicado!
- É? – disse em tom de cínico.
- Harry... você precisa de ajuda!
- Bem observado!
- Harry! Presta a atenção! Temos que convocar a... – e disse em um sussurro – a Ordem!
- Não!
- Por que não?
- Não quero que mais ninguém morra!
- E você? Como fica?
- Pelo menos... eu não vou ter que agüentar nada mais triste, né?
- Mas... e a escola?
- Não vou.
- Por que?
- Depois da morte de Dumbledore, você acha que quem vai impedir comensais a invadindo?
- McGonagal é agora diretora!
- Só que Mcgonagal não é Dumbledore!
- E agora? Para onde vai?
- Pretendo voltar para a casa de Sirius.
- Certo... Quer mais? – perguntou indicando o bolo.
- Estou cheio.
- Muito bem... Com licença... – se levantou e levou tudo para a cozinha.
Ouviu batidas na porta, e ao olhar, Mundungo Flecher estava lá. Harry se encaminhou até a porta, e teve a gentileza de abri-la, recebendo um cumprimento do Mundungo.
- Arry!
- Dunga...
- Mundungo! Finalmente você chegou! – disse correndo Sra. Figg.
- Foi difícil chegar. Eu tinha que trocar algumas peças de prata, alguns cordões de ouro, e um diamante falso. Mas tudo bem!
- Mundungo, eu gostaria de ajudar o Har... – mas ao olhar para Harry, este estava encarando-a, e a fez logo mudar de assunto - ... saber, quem vai liderar a Ordem.
- Não tem ocorrido reuniões da Ordem...
- Mundungo Flecher! – e falou sussurrando – não ouse pronunciar alto o nome da Ordem!
- Claro Arabela! – e começou a imita-la – Mas eu não sei quando vão começar as reuniões!
- Tudo bem... pode ir Harry.
Neste mesmo momento, uma coruja bicou a janela, trazia um exemplar do Profeta Diário. Harry ficou apenas para ver as notícias. Arabela Figg já desenrolava o jornal e botava um nuque na bolsinha de couro da coruja. Na primeira página havia um artigo intitulado “Rede de Flú sem Solução”, e falava sobre a crise da rede de Flú.
“Desde anteontem, o Ministério tem estado com problema sobre o controle da Rede de Flú. Informamos que ontem o Ministro Rufus Scrimogeur anunciou que o caso está sob controle, e negou todas as acusações feitas sobre a notícia.
‘Não se preocupem, não está ocorrendo nada de errado. A Rede de Flú está sob controle.’
Mesmo desmentindo, as acusações estão se tornando verdadeira. O Ministro quer parecer que está tudo correto. Leia mais sobre essa notícia na página 17...”

- HAHAHA! Então o Ministério está afundando em mentiras! Que piada! – gritou Sra. Figg.
Logo Harry percebeu outra notícia informando sobre o correio que agora não está sendo confiscado. Até ler uma notícia que chamou sua atenção. Uma notícia sobre Voldemort, que ele fora visto perto das pedras de Stonehenge, mas nada apenas de um boato, sem confirmações. Parecia que a morte de Dumbledore fora abafada. Então foi embora, caminhando pela rua.
Algum tempo depois chegara na rua onde ele e seu primo foram atacados por dementadores. Sentou-se naquele balanço, se lembrou de seu passado...

Depois de um tempo, já voltava para a casa dos Dursley, já eram duas horas da tarde, hora do almoço. E depois de terminar de almoçar e lavar os pratos subiu para seu quarto. Entrou, abriu a gaiola de Edwiges, e a deu alpiste. Deitou-se, mas não dormiu, ficou lá até o pôr do sol.
Foi o melhor dia que Harry já tivera em doze anos. Ninguém falara nem comentara nada. E sentiu um alívio. Mas, não se contentou com esse dia monótono. E no mesmo dia, pretendia contar o que todos não queriam ouvir.
Levantou-se e foi prepara a janta. Depois de todos terem terminado o jantar, e Harry lavar as louças. Harry chegou de fininho para perto de todos, e comentou:
- É hoje... – disse em um tom manso.
- Hoje? O que tem hoje de tão importante... Ah! Seu aniversário! De que isso nos importa? – perguntou Tio Valter.
- Não é isso... é hoje tio... onde tudo acaba... – continuou.
- O QUE? – disse em um tom de que queria ouvir isso – É HOJE?!
- Sim... Dumbledore... – mas sentiu uma tristeza profunda ao pronunciar esse nome, e logo foi interrompido pelo tio.
- Aquele maldito velho! – disse em tom de desafio.
- Não... – tentava se controlar para não começar a gritar com o tio – Bem... ele disse, vocês ouviram! Verão passado...
- É hoje? – perguntou tia Petúnia se intrometendo.
- Me diga então que dia é hoje... – começou Válter, mas foi interrompido pela tia Petúnia.
- Valter! Se lembra do que aquele homem disse! A magia acaba hoje! Já está feito! Hoje... ficamos sem proteção! Valter! Ele está solto por aí! E nós estamos vulneráveis a ele!
- Não venha com essa Petúnia! Você não acredita mesmo naquele velho! Acredita?
- ELE NÃO É UM VELHO! – berrou de raiva Harry – ELE FOI ALGUÉM MUITO MELHOR DO QUE VOCÊ JAMAIS VAI SER!
- OH! ELE ERA? ELE MORREU! HAHAHAHA! – esbravejou Válter.
- CALA A BOCA! VOCÊ...
- VOCÊ NÃO LEVANTE SUA VOZ NA MINHA FRENTE GAROTO! – continuou Valter – SENÃO TE EXPLULSO DESTA CASA!
- VALTER! Controle-se! Você não entende que devemos ficar preocupado com outra coisas recentes e mais perigosas?!
- Petúnia! Vai ser muito melhor deixa-lo na rua! Agüentei muito até hoje! Você se lembra do que ele fez com o Duda verão retrasado?
- Você não entendeu... você não entende que ele é perigoso?
- Sim... ele é perigoso. Mas Harry atacou o Duda!
- EU NÃO FIZ NADA COM ELE! FORAM OS DEMENTADORES!
- LÁSTIMA SUA GAROTO! NÃO MINTA!
- É? Então pergunte ao Dudoca o que ele viu!
- Então vamos lá Dudoca! Pode contar que foi ele que te enfeitiçou!
- Eu não... – mas ao olhar para Harry, o viu segurar a varinha pelo interior do bolso, e logo se calou.
- Conte a verdade Dududzinho. – disse Harry em um tom suave.
- N-n-não... – mesmo sendo corpulento, estava com tanto medo, que ficou sem saber se mentia ou falasse a verdade – Eu não sei se ele me atacou! E-eu... ficou tudo escuro e fiquei com medo! Até eu sentir que algo estava sugando minha felicidade! Não sabia o que era, não vi... bem... ERA UMA CRIATURA MONSTRUOSA! Bem... era um ser encapuzado... – disse se encolhendo na poltrona.
Harry parou, ficou chocado, se lembrava muito bem quando Amélia Bonés perguntou para Sra. Figg: “...a senhora é um aborto e consegue ver dementadores?”. Para Harry, se aquilo fosse realmente verdade, Dudley poderia ser um aborto. Nada impossível, pois tinha descendência bruxa.
Válter ficou pasmo, logo se recuperou, já estava vermelho. Encarou Duda como se este não fosse seu filho. Sempre sentiu ódio de Harry, se esse falava a verdade agora, para ele era impossível aceitar essa verdade. Queria encarar aquilo como uma mentira, mesmo sendo a pura verdade, queria achar algo que pudesse usar contra Harry, mas não achou.
- Duda... pode contar a verdade... – replicava o pai.
Nenhuma resposta. Válter queria ouvir o que acreditava até então ser a verdade.
- Fala duduzinho... – continuava.
O máximo que conseguiu como resposta foi um balanço da cabeça de seu filho. Olhou para Petúnia como se quisesse apoio dela, não conseguiu nada. E por um tempo ele fechou seus punhos, encarou o filho e vociferou:
- FALA! FALA VERDADE DUDLEY! FALE LOGO QUE ELE – e apontou para Harry – TE ATACOU! FALA! NÃO FIQUE COM MEDO!
Tudo que conseguiu foi um gemido como resposta. Mais uma vez fechou o punho, como se quisesse dar um soco em seu filho. Encarou o chão, virou-se para Harry, agüentou aquelas palavras que estava prestes a dizer, e então...
- Você... você, você, você... – antes de dizer o que pretendia, se lembrou do que queria dizer a muito tempo. Deu um sorrisinho e falou – Você só tem causado problema a todos! Nunca te perdoarei pelo que fez a essa família! Uma vez, você quase me deixou à beira de ser despedido! Despejou aquele bolo em cima da mulher do meu chefe...
- Não... – começou, mas um grito o impediu de continuar.
- CALA A BOCA!
E continuou a falar:
- Aqueles seus malditos amigos, quando vieram aqui destruíram toda a minha parede e minha lareira! Você já inchou Guida, e a fez sobrevoar esse bairro! Você atacou Duda e diz de dementores! E ainda mais, seu amiguinho diretor invade minha casa, faz várias taças nos cutucarem e diz para temermos algo que não existe! ESTOU CANSADO DE VOCÊ E SEU JEITO!
- Você não sabe nada da minha vida! VÊ SE FICA QUIETO! VOCÊ NÃO SABE A VERDADE! NÃO ACREDITA NA VERDADE! QUER VER O QUE ACHA QUE TEM QUE SER! ESSA É A VERDADE!
- AHHHHHH! – gritou Válter avançando para Harry como se quisesse quebrá-lo em mil pedacinhos.
- VÁLTER NÃO! – tarde demais, Válter avançara sobre Harry e o derrubara, e esse se levantara de um salto empunhando a varinha.
- Não venha com essa! Você vai ser expulso da escola garoto! AGORA SIM VAI SER PRESO! – orgulhou-se Válter.
- Errado, meu caro – disse em um tom de cínico. – Eu já alcancei a maior idade bruxa. Posso usar feitiços livremente! E se eu for expulso? E daí? Não pretendo voltar para Hogwarts esse ano!
- Não tente me enganar! Você não pode usar magia!
Mas... nesta última palavra, Harry lançara expelliarmus. O tio voara pela sala, e caiu com um baque no chão, mas não estava inconsciente. Conseguiu se levantar, mas estava diferente. Estava roxo, parecia que estava explodindo de raiva, e ao mesmo tempo, medo. Olhava para Harry assustado. Nunca imaginara que Harry poderia fazer aquilo. Harry estava com tanta raiva, não agüentava mais por tudo que se passara. Achara que aquele seria o seu melhor dia, errou. Quando olhou para o sofá, este estava vazio. Duda chorava grudado na mãe que também derramava lágrimas. Por um momento Harry ficou com tanta pena, e no outro queria espancar Válter. Deixou sua varinha cair no chão, se ajoelhou e pôs as mãos no rosto. Não entendia porque fez aquilo, não devia ter feito aquilo. Seu tio nunca acreditou em Harry, já o ameaçara, mas, Harry se lembrou do que Dumbledore disse. Mesmo que os tios o maltratavam, o aceitaram em sua casa; para eles seria muito fácil expulsa-lo; eles poderiam ama-lo lá no fundo. Agora era este a chorar. Agora, tinha a certeza de que os tios nunca mais o aceitariam em sua casa. Encarou-os sentados no chão, se levantou.
- Garoto... – começou Válter, tentando se levantar. – DÊ O FORA DE MINHA CASA! FORA! NUNCA MAIS! NUNCA MAIS!
- Eu sei... eu vou... só vou arrumar a minha mala... – disse com a tristeza se aprofundando em seu coração a cada momento.
Pegou sua varinha no chão, e foi caminhando para a escada, apertando cada vez mais forte sua varinha. Subiu os degraus, que pareciam não acabar. Imaginava cada um como algum acontecimento do passado, e cada degrau o fazia entristecer. Ao chegar ao último, quase caiu, não estava mais prestando atenção para onde ia. Conseguiu recuperar o fôlego para arrumar sua mala, mas não para Hogwarts, não sabia para onde iria, mas de uma coisa tinha certeza, iria ao casamento de Fleur Delacour e Gui Weasley. Apenas conseguira dar uma acariciada em Edwiges. Sentia cada pena, cada momento, o acalmou. Agora arrumado, desceu os degraus, com mais calma. Ao terminar os degraus foi a caminho da porta, deu uma última olhada para os tios. Válter retribuíra seu olhar, e tia Petúnia o encarara com os olhos lacrimejando.
- Bem... então você vai voltar para a escola? – perguntou Válter.
- Não... – Harry foi sincero – vou atrás de Voldemort.
- E para onde você vai? Vai para a casa dos seus amigos?
- Não... vou para a minha casa.
- Muito bem... então... boa sorte... – disse sem graça.
- Obrigado... obrigado por tudo... e desculpe por tudo que eu já fiz...– desculpou-se Harry, e saiu à noite gélida.
Estava tudo silencioso, nenhum movimento na rua.

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