Hepiroa Wru
__________O jantar ainda não havia aparecido sobre a mesa. E Harry estava com fome, pois havia estado tanto tempo com aqueles Bávaros de pele e osso. Sentira muita pena deles e tudo o que ele imaginava sobre passar fome ou necessitar de ajuda foi insuficiente para haver uma comparação com todos aqueles seres infelizes ou toda a sua nação durante todo o tempo de escravidão em Hogwarts.
__________A chuva trovejava lá fora. E a vida fluía normalmente como se não existisse chuva nenhuma. Nos jardins havia uma centena de vaga-lumes fluorescentes e piscando, em sinfonia. Eles faziam uma figura para Harry que os havia visto. E era uma corda como se o enlaçassem e puxassem. Harry pediu licença as duas mulheres. E elas assentiram dizendo que quando o jantar estivesse posto, elas o chamariam. Claro, aquilo tudo estava como o planejado. Exceto Harry sabia.
__________‘Cassílda, você acha que esse menino...’, Malkin estava fazendo crochê e suas mãos estavam a trabalhar rápido.
__________‘Eu não acho nada. Eu tenho... Certeza. É ele sem dúvida.’, A menina crescida estava retirando um pequeno livro de dentro do bolso interno do robe.
__________‘O que é? Vai me dizer que você tem esse exemplar? Nem aqui nós temos.’.
__________Era um livro raro. Falava sobre profecias. Sobre várias outras em todo o mundo bruxo. É claro falava de Harry Potter.
__________‘Aqui diz sobre a ocorrência da derrota do Lorde das Trevas. Um bebê? Como pode isso acontecer? E você pensa que eu acredito que fora somente aquela criança que fez tudo aquilo? Se você pensa assim pode estar completamente enganada.’.
__________Malkin a escutara com a atenção que ela anteriormente dava as suas aulas.
__________‘Eu acho que ele tem sangue de algum animal mágico!’.
__________‘Mas... Como? Nós não conseguimos copular com animais e... Não! Você não está pensando nisso!’, A sua face era só surpresa. E seus olhos estavam saltados de admiração.
__________‘Sim, só pode ser essa a solução. Ele não poderia fazer o que fez se já estivesse desse jeito. Isso não é normal!’.
__________‘Mas como os pais dele puderam deixar... Ou será que foram os próprios pais que fizeram isso?’.
__________‘Não! Eu acho que não. Senão eles ainda estariam vivos. Com certeza. Eles não estariam criando um monstrinho dentro de casa. Não foram eles com certeza.’, A certeza dela era praticamente absoluta. Como se ela soubesse de muito mais coisas.
__________‘E você acha que poderia ter sido quem? O arruaceiro? O morto? Ou algum dos amigos da família?’.
__________‘Não! Eu não suspeito de nenhum deles. Mas acredito que tenha sido uma pessoa que se dizia ser amiga. Acredito nisso piamente.’, Seus olhos faziam movimentos de procura, e eles não paravam somente de um lado, vigiavam todo o salão principal, como se falar daquilo ali fosse algo errado, fosse algo suspeitável, ou como se falar de toda aquela situação do passado fosse atrair o culpado por tudo ao local.
__________E atrás dela alguém se posicionou. E apertou seus ombros. O suor que pendia da sua testa caiu em forma de gota pelo pescoço até o colo aberto.
__________E uma voz idosa disse aos seus ouvidos:
__________‘Podemos jantar?’.
__________Era Alvo Dumbledore. E ela não ficou nada satisfeita de ele ter chegado.
__________Os vaga-lumes eram muitos e a luz da lua parecia estar ofuscada. Mas não por nuvens, e sim por alguma outra coisa. Algo diferente da magia bruxa. Ele poderia reconhecer. Era magia de fadas.
__________Ele sabia. Mas não como.
__________O solo estava úmido como se a chuva ainda estivesse a cair. Mas ele não poderia sentir nada. Somente ainda conseguia ver a chuva pelo teto encantado. E se afastou dali.
__________A cabana de Hagrid estava iluminada. E o amigo com certeza ainda estava lá dentro. Pois a sua sombra bruxuleava pela janela. E Harry o quisera visitar. Mas os insetos o puxavam para além daquele lugar. E estavam a ir para as estufas. Mas não exatamente lá eles ficariam.
__________Ele passou de todas elas e seguiu para além. Onde ainda havia um caminho marcado e estava fresco com pegadas e poças d’água. Havia chovido mais ali.
__________E Harry entrou na floresta. Passando pelas poças que lhe pareceram ser de água. Mas que não era. Ele viria a descobrir logo em seguida.
__________As plantas da região eram mais selvagens do que as que tinham estudado no ano anterior em Herbologia. Com a Professora Sprout. E elas estavam dormindo. Era o que parecia. Nenhuma das que tinha olhos, ou quer dizer aparelhos captadores de imagens; estava com as pálpebras, ou melhor, com as membranas protetoras de aberturas regulares a intervalos de milésimos de segundo. E as outras que possuíam formas semelhantes a mãos estavam com elas cerradas e enterradas. Sem estarem em posição de ataque ou de alerta.
__________Harry entrou mais fundo. Havia espinhos no caminho, mas os vaga-lumes ainda conseguiam levá-lo pelo lugar menos infestado deles. Harry via outras formas de vida noturna. Algumas aves que não piavam. Outros animais como um felídeo sem olhos, mas com orelhas enormes. E um réptil do tamanho de um aligátor, com penas e cauda no estilo da de um leão. Seus dentes estavam para fora e sua boca fechada, portanto não haveria problema. Outras coisas estranhas, Harry pôde ver. Mas nenhuma que lhe chamasse tanto a atenção quanto essas outras. Seus pés o levaram para dentro de uma pequena construção, que descia até um andar abaixo do solo. Era um oratório. Era um templo. Era uma fonte.
__________Era uma arquitetura de Fadas.
__________E os vaga-lumes o rodeavam e o empurravam mais para baixo. Muito abaixo do que ele pôde perceber.
__________Aquele local era bonito, com tapeçarias, com incensos, e com flores vivas e enormes. Suas pétalas poderiam ser confundidas com tapetes pequenos. E suas folhas com enormes escorregas. Entretanto o que interassava aos insetos era mostrar a Harry o que estava lá no interior do ambiente.
__________Era um altar circular. E dentro dele havia um líquido escuro, que de longe pareceu água, e dentro envolta nesse líquido um corpo de uma Fada.
__________Harry sabia de tudo isso. E sabia que aquela Fada ele já conhecera. De um sonho talvez...
__________Ou poderia ser um pesadelo...
__________Harry lembrou do que estava tentando esquecer. Lembrou de algo da sua infância. Algo que gostaria de esquecer. Esquecer para sempre.
__________Houve uma briga na escola. E ele estava todo machucado. Com sangue saindo do nariz e da boca. E claro não havia pais para socorrê-lo ou ir a direção reclamar. Afinal Harry sempre fazia as coisas do modo errado. Ele não era considerado normal. E os poucos amigos que poderia ter, os outros colegas não os podiam ver.
__________Harry fizera amigos imaginários.
__________Mas isso era um problema muito grande. Algo que deveria ser reajustado para que ele não sofresse quando adulto. E seus pais onde estavam?
__________Mortos ele sempre dizia.
__________Um acidente de carro. Alta velocidade e... Seus olhos nunca conseguiam dizer tudo. Eles sempre espirravam antes.
__________A diretora da escola já não agüentava mais aquele menino e seus problemas de relacionamento. Seus tios eram quem cuidava dele. Pobres santos eram eles. Agüentar um fardo de uma irmã maluca com um marido delinqüente. Aquela mulher merecia um prêmio por ter conseguido criar aquela peste de criança.
__________Mas nem os olhos de pena que Harry sempre fizera a dilacerava o coração.
__________Parecia que ela não tinha coração para ser dilacerado.
__________Harry já havia perdido o dele havia muito tempo. Mesmo antes de ter consciência, quando ele sofrera mil maus-tratos. E não poderia se vingar, pois não sabia o quê ou quem o fez passar por tudo aquilo.
__________Até parecia um sonho.
__________Na verdade aquilo foi um pesadelo real.
__________Um pesadelo que poderia ter sido evitado, se eles não tivessem confiado naquela pessoa. Aquela pessoa que já estava no seio da família. E que já era considerada parte integrante deles. Harry não o conhecia. Mas ele sabia que lhe seria útil no futuro. E por isso fez o que fez.
__________Ele matou os seus pais.
__________E matou outra pessoa também.
__________Mas não com as próprias mãos, claro, ele não se daria ao luxo.
__________E ele estava mudando de face. Parecia estar a se arrepender do que fizera.
__________Mas agora já era tarde. Muito tarde por sinal.
__________Ele não sabia o que havia feito. Nem saberia se não houvesse a manifestação. Seus estudos e suas noites sem sono o haviam modificado a sua faculdade mental. Ele estava ficando obcecado.
__________Mas ele não tinha culpa.
__________Ele também fora feito de marionete.
__________Sua face estava suada. Seus olhos estavam perdendo a visão. Ele não queria ver aquele rosto. Ele não poderia acreditar que depois de tanto tempo ele voltaria a ver aqueles olhos gordos e aquela boca miúda. E com as asas de que ela tanto falava ter.
__________Era a sua amiga de infância. Hepiroa Wru. Ela estava morta ali dentro. E sua garganta ainda continha os ferimentos daquele dia.
__________Quando harry se jogou na frente de um carro para tentar salvá-la, mas seus tios o haviam segurado. E ninguém entendendo o viram gritar e chorar pela amiga atropelada. Ela quando estava junto dele não poderia ter as asas normais da sua raça. E por isso ela morreu. O carro tinha arrancado metade do seu fino pescoço E seus braços. As outras fadas que vieram levá-la conseguiram dar um jeito no corpo, menos naquela parte. Elas diziam que ainda haveria alguma reminiscência de vida nela para que elas não a pudessem preparar para um verdadeiro velório de fadas.
__________Harry a olhava dentro da solução escura, que mantinha o seu corpo lá no fundo. E suas asas ainda estavam intactas. Como ele nunca antes as havia visto. Ele mergulhou as mãos para acariciar seu corpo morto. E dizer um último adeus.
__________Mas ela abriu os olhos e o agarrou pelo pescoço. Quase quebrando e sua voz ainda podia ser ouvida, mas era forte como antes e sempre. Ela não havia morrido como as fadas morrem normalmente, ela estava sendo punida. Punida por ter sido amiga dele. Por saber e manter em segredo todas as informações que havia coletado para o povo encantado. E ela foi banida de viver no reino. Ela foi aprisionada para que um dia pudesse voltar como uma nova forma de vida encantada.
__________E Harry estava quase sem ar. E ouvindo aquelas palavras horrendas na voz alterada da antiga amiga.
__________‘...Foi por sua culpa que eu fui amaldiçoada! Eu não sou mais uma fada! Eu sou o que eu era antes de me tornar uma! Seu desalmado! Eu não queria voltar a ser eu mesma! Eu te odeio do fundo do meu coração de Sanguessuga!’.
__________Sanguessuga era uma espécie mágica. Do reino dos banidos. Com poderes suficientes para ser um parasita. Cheios de ventosas nos membros e pelo corpo. Sua aparência era semelhante a das fadas e dos vampiros. Meio humanóide. Mas eles não prestavam para trabalhos que exigissem muito esforço. Pois morreriam facilmente. O que leva muitos a fazerem rituais para se tornarem fadas. Isso é com sangue encantado e alguns outros ingredientes dificílimos de achar.
__________Eles são imortais.
__________Por que sugam a vida das pessoas. E de outras raças sugam até poderes. Para um de eles conseguir se tornar uma fada leva muito tempo e até lá já conseguiu muitos tipos de habilidades.
__________Hepiroa Wru era uma desses tipos vândalos. Ex-presidiária e assassina, conseguiu se tornar uma fada, com muito esforço, vale lembrar. E fez seu trabalho normalmente vivendo entre as fadas verdadeiras que eram poucas na Inglaterra. E sendo até que um pouco feliz.
__________Mas ela foi designada para uma missão. Ela trabalhava em uma empresa bruxa de busca. E estava na lista deles um nome: Harry Potter.
__________Ela não sabia de nada. Mas ela foi usada. Para morrer e tentar acordar logo o demônio que poderia haver dentro do menino.
__________Havia suspeitas de que ele fora abduzido quando era ainda um bebê. E que fora por isso que conseguira derrotar a era de trevas.
__________Mas todo esse trabalho era mantido em segredo. Ninguém sabia.
__________Exceto o cérebro da organização. Que fazia também com que todas as informações não vazassem.
__________Dumbledore.
__________Harry estava preso pelas ventosas das mãos dela. E seu corpo não era mais o de uma criança. Havia crescido bastante em tão pouco tempo. E ele não estava vendo e não mais podia sentir os seus pés. Ela o havia envenenado.
__________‘Isso é por você ser quem você é! Seu demônio!’.
__________‘Eu... Não sou...’, Mal conseguia falar. Seus olhos estavam a revirar. E sua pele estava suando cada vez mais. Ele expandia o calor pelo local. As plantas estavam a acordar.
__________‘Como você não pode saber! Eu fui morta por sua causa! Seu pequeno diabo!’.
__________‘Mas como... Você não era... Minha amiga!’, Ela havia parado de apertar tanto para que ele tentasse se explicar.
__________‘Eu não sei de nada do que você está falando.’, Disse Harry mais calmo.
__________Foi então que uma voz apareceu do nada na mente dela, e a fez acreditar mais uma vez em tudo o que estava dizendo. Estava usando uma capacidade de controle da mente. Suas ventosas chuparam mais ar do local e grudaram na pele do menino. Ele gritou de dor. Seu sangue estava sendo sugado.
__________‘Você sabe! Eu sei que você sabe!’, Ela concordava com a voz eterna em sua mente. A voz de um senhor. A voz que guiava os seus passos. Ela era mais uma das suas marionetes.
__________Harry não agüentava mais. E seu choro não poderia ser escutado em nenhum lugar.
__________Os vaga-lumes estavam lá fora, como se o trabalho deles ainda não tivesse terminado.
__________E Harry estava sofrendo. Tendo o sangue tomado. E os seus óculos já haviam caído. A outrora amiga o segurava com força. Seu pescoço estava quase quebrado.
__________Quando eles ouviram um barulho característico.
__________A cabeça de Harry pendia em um ângulo impossível.
__________O sangue estava a escorrer pelo corpo.
__________Ele estava morto.
__________Hepiroa Wru estava enlameada. E seus olhos já não estavam tão escuros quanto antes. Suas asas não eram tais quais as de uma fada. Ela sabia que realmente aquela condição não voltaria mais. E o menino pendia nos seus braços.
__________A voz na sua mente somente gargalhava.
__________E ela começou a entrar em pânico.
__________Não havia motivos para que ela quisesse que o Harry, o menino legal da escola, estivesse morto. Nem nunca ela poderia acreditar que fora ela mesma quem o havia matado.
__________O corpo leve do garoto estava ali. Sem nada, vazio, sem vida, sem forças. Mas ainda era possível de se ouvir uma respiração leve.
__________Eram os vaga-lumes.
__________Eles estavam a se aproximar. Eram muitos.
__________Eram de um tipo de feitiço dos mais raros que poderia haver. E quem os havia enviado era uma pessoa boa com toda a razão.
__________Eles eram um feitiço de vivência. E estavam todos se reunindo sobre o corpo retorcido de Harry. E pousaram sobre ele. Piscando e brilhando. Roa, como era chamada por Harry quando criança, estava ajoelhada fazendo algo que nunca fizera antes. Um feitiço.
__________Era um outro tipo de feitiço. Ela ainda possuía um pouco dos antigos ingredientes para se tornar fada. Mas não os usou com esse propósito. Ela era imortal e sabia que enquanto fosse Sanguessuga estaria bem. Mas Harry era um humano. E ele não sabia de nada das suas necessidades. Ela fez o feitiço. E jogou o pó sobre os vaga-lumes que estavam a reluzir do menino.
__________Era um pó da fortuna.
__________Ela só não saberia se aquilo daria certo em um humano. Para com os seres mágicos era batata. Tiro e queda.
__________Um sorrisinho se fez. Os dedos dele começaram a se mover. Ela o havia salvado.
__________Mas ele não necessitaria de nada daquilo. Se as suspeitas fossem corretas...
__________O antro das fadas era ainda belo. Mesmo com todo aquele sangue. E com os dois corpos caídos no chão. As estrelas eram bonitas dali. E as plantas haviam acordado. Era noite. Cedo ainda.
__________Harry havia se levantado dali e pousou seu corpo sobre o altar cheio da intumescência líquida. Como se não soubesse de tudo aquilo. Como se tivesse se esquecido. Como se já não lembrasse. Como se pouco a pouco ele perdesse a sua própria identidade.
__________Roa sabia, ele estava ligado ao que estava a acontecer no mundo. Ela sabia que tudo estava para mudar. E todos aqueles anos de sono a fez crescer, era já adulta completa. O amigo, ela havia deixado para trás há muito tempo. Ela partiu para a imensidão da floresta.
__________Ele estava lá com os olhos sem íris e seu corpo ainda não respondia aos seus comandos.
__________A sua boca falou com a voz de um velho.
__________‘Onde está a fada mais próxima daqui?’.
__________E o líquido mudou de cores. E formou uma imagem. Não dizem que uma imagem vale mais do que mil palavras?
__________Aquela imagem se resume a uma só palavra.
__________White.
__________O corpo de Harry parou de ser comandado pela voz grave do senhor.
__________E ele recobrou a consciência deitado na grama úmida do lado a cabana de Hagrid. As estrelas estavam brilhantes como nunca. Ele não se lembraria de nada até o momento em que saíra do salão principal.
__________E lá de dentro. As portas abertas. Era possível de ver os outros três chamando-o para jantar.
__________Finalmente a sua barriga estava roncando de fome.
__________Mas aquilo, ele pensou, nunca poderia se comparar com a verdadeira fome que os escravos de Hogwarts sentiam.
__________Ele ficou cabisbaixo e entrou com pouco ânimo, mas tentando parecer o contrário.
__________Dumbledore havia puxado uma cadeira ao seu lado para Harry. E as duas estavam ainda sentadas. Malkin fazendo o interminável crochê. E Cassílda lendo seu livrinho de bolso.
__________As duas não falaram nada desde que Dumbledore fizera a sua entrada triunfante. Dando o maior susto em Cassie.
__________Harry também não parou para falar, afinal a comida havia aparecido e esfriaria logo. Ninguém dera se quer um pio.
__________Até que Dumbledore comentou:
__________‘Vocês sabem das propriedades do sangue de um dragão, não sabem?’.
__________‘Eu li a sua pesquisa, e achei muito interessante...’, Retrucou Malkin, mentindo.
__________‘Eu não tive acesso aos seus pensamentos Professor Dumbledore...’, Disse Cassie, ela estava com os olhos fixos nos dele.
__________Harry se manteve calado. Não poderia dizer que ele lera um pouco porque Hermione o havia forçado, ameaçando de enforcamento...
__________‘Eu vou dizer que é algo magnífico.’, Dumbledore em seu roxo habitual estava tentando fazer inveja a estrangeira.
__________‘Não se preocupe em dizer tudo, talvez você possa adaptar a sua linguagem Professor...’, Cassie era boa de discussões.
__________‘Foi há muito tempo, quando ainda existia um grupo de Caçadores de Dragões. E eu estive viajando com um grupo desses. Quando era jovem. E eu encontrei um filhote. Raro filhote de dragão. Nunca antes visto. Só se havia notícias de um adulto enorme da raça dele. Nada completamente comprovado.’.
__________‘E de que raça era?’.
__________‘Era Braseiro Anglo-Brasileiro’, Disse com um sorriso nos lábios e vendo uma expressão de horror na cara da amiga, ‘...Nós o demos o nome de Belfront...’.
__________‘Mas exatamente onde você encontrou o exemplar?’.
__________‘O intrigante é que foi na África.’.
__________‘Como pode acontecer isso. Todos nós sabemos que só existem Braseiros nas Ilhas britânicas e no Brasil!’.
__________‘É por isso que me é intrigante. Na África eles não sobreviveriam. O clima e as outras espécies seriam um novo habitat. Algo que os faria mudar. E isso não poderia existir.’.
__________‘Professor, não passou pela sua mente que vocês poderiam ter encontrado um produto desviado? Um dragão que estava sendo contrabandeado?’.
__________‘Nós pensamos isso. Até que a mãe dele chegou...’, Ele parou para comer um pouco das ovas de atum que estavam no seu prato, ‘E ela nos disse pessoalmente...’.
__________‘É, esses são os únicos dragões que sabem falar a língua dos homens.’.
__________‘E você não imagina em que língua ela falou...’.
__________‘...Pela lógica só poderia ter sido ou inglês ou português.’.
__________‘Não, completamente errado de novo. Ela falava o romeno.’.
__________‘...A terra dos filhos de Dragões...’, Disse ela suspirando e sentindo um aperto no fundo do peito.
__________‘É isso, e lá foi que eu os encontrei aos montes.’.
__________‘Milhões de dragões roubados.’, Completou a moça.
__________‘Isso, e depois que eu fiz a minha pesquisa sempre disfarçado, eu os entreguei às autoridades.’, Disse Dumbledore fazendo pose de herói.
__________A conversa estava muito boa, entretanto Harry estava com muita dor de cabeça. E foi para cima, tentar dormir.
__________Após ter tomado banho e ter voltado do jantar, decidira para não preocupar ninguém, ir dormir um pouco, já que acordaria mais cedo para ir a busca daquela que ansiava por socorro. E seus leves pés o levaram correndo ao dormitório.
__________Aproveitou para ver se suas coisas já estavam totalmente prontas, sabia que faltava bem pouco, chegou todo animado, mesmo com a dor de cabeça que não parava, e logo que entrou no dormitório, viu que tudo estava espalhado sobre sua cama, tudo absolutamente desarrumado.
__________Todo o trabalho da tarde fora arruinado, com muita raiva, Harry correu para entregar os livros, quase rasgando a sua capa da invisibilidade quando pegara para se vestir e saiu feito um furacão do dormitório, batendo estrondosamente a porta, mas mesmo assim ninguém ouvira o som de tamanho barulho.
__________Se estivesse alguém dentro do dormitório naqueles instantes estaria pasmo e sem fala, pois teria visto um ser meio transparente, mas não um fantasma; era como se formasse no ar. Tal felicidade em seu estar era enorme que com um leve giro se desvaneceu sumindo por entre o ar livre daquele dormitório, e rindo como se não estivesse sozinha, a entidade se distanciava dali vagarosamente, como se o tempo para ela já não estivesse mais importando, como se a sua parte já tivesse sido executada, como se não tivesse mais nenhuma obrigação.
__________Harry transbordava raiva, e nem se preocupou em vestir a capa enquanto andava pela Torre da Grifinória, só se lembrou disso quando do lado de fora da sala comunal da grifinória, bem próximo à saída, viu um ser, meio que um morto-vivo, perambulando no castelo. Assim Harry vestiu-a como que por impulso, e correu para fora da torre. No entanto, como que por reflexo, o ser morto-vivo acabou por perceber a sua presença, dando um sorriso de leve e como era muito lento, começou a se virar para o seguir. Já se encontrando à frente da biblioteca, ainda aberta.
__________O morto-vivo já andara bastante, estava a meio caminho de Harry e este ainda não havia entrado na biblioteca. Parecia querer esperá-lo, para jogar toda a sua raiva nele. Harry sabendo que a biblioteca fecharia em pouco tempo decidiu então, lutando contra a sua ira, entrar e esperar para ver se ele chegaria a tempo, e ele chegou.
__________Bem a tempo de assustar a todos os alunos intercambistas que estavam lá e forçá-los a se retirarem de medo. Harry que não era visível nem mesmo por um morto-vivo, não se preocupou tanto quando, ao deixar os livros em suas respectivas prateleiras e estantes, viu a entidade que fez com que ele não entregasse os livros já de tarde, sorte dela de ele não saber disso, ela o chamava, parecia que conseguia vê-lo, e conseguia realmente.
__________Harry que dali a pouco estaria cercado pelo morto-vivo, não teve escolha, senão a ir com aquela entidade; ela era realmente flamejante, seus olhos eram de cinzas, eram as partes menos quentes de seu corpo.
__________Os dois tentaram escapar, mas a velocidade do morto-vivo aumentava e ele conseguia correr como se fosse um ser normal. Dava passos bem maiores do que os dos dois, e a cada momento estava a se aproximar mais. Somente mais uns passos e eles seriam pegos pelo morto-vivo.
__________Foi então que ela decidiu se separar de Harry pra ver se o morto-vivo a seguia em vez de a ele, que ainda estava com a capa de invisibilidade. No obstante o morto-vivo seguiu a Harry, porque conseguia sentir a sua presença e instintivamente queria-o para poder voltar a vida. Os morto-vivos para voltarem a vida deveriam sugá-la toda de um ser que viva. Harry era esse ser escolhido!
__________Harry corria o máximo que podia. Até que, sem perceber, saiu do castelo e sem se importar com o que viria a acontecer, corria cada vez mais. Sem direção, e mais que de repente, algo o levantou do chão, levando-o aos céus. Harry saíra ileso daquela grande corrida e estava a flutuar, como se estivesse sendo abraçado no ar, pelo ar!
__________A sensação era de ser como um pássaro voando, Harry daria tudo para continuar ali longe daquele morto-vivo, mas ele começou a ser depositado ao chão, um tanto distante de onde estava. Agora teria chance de escapar, fugir do morto-vivo, fugir do monstro que o perseguia.
__________Aquele ser, que foi levemente maravilhado com uma par de olhos de fumaça, na verdade eram de vapor, não se deixou ser visto por ninguém e sumiu tão rápido quanto apareceu.
__________Harry sabia que não estava muito longe da cabana de Hagrid, e depositou toda a sua esperança em não encontrar o amigo lá, para que não lhe trouxesse problemas demais:
__________‘...O morto-vivo poderia segui-lo também...’, pensava Harry, enquanto corria para chegar a cabana são e salvo.
__________O morto-vivo o seguia ainda, mas não mais do que de repente uma passagem se abrira a sua frente e o engoliu por completo, Harry estava livre dele... Por enquanto.
__________Ao avistar a cabana de Hagrid, Harry vira também, sombras móveis dentro dela, e voltou para o castelo, querendo despistar o morto-vivo, entretanto quando se virou para olhar se o monstro estava perto, apenas via o de costume.
__________Nenhum ser abominável o seguia, aliviado Harry ainda com sua capa, caminhou, suando e ofegante, diretamente para o dormitório, na Torre da Grifinória.
__________Estava sujo e achou que um banho seria o melhor por aquela noite, para poder animar os ânimos, retirar toda aquela sujeira mais uma vez e parar com aquela terrível dor de cabeça. Deixara a janela entreaberta, para Edwiges passar se chegasse com cartas. Durante todo o seu banho Harry não ouvira absolutamente nada, e chegando em sua cama imediatamente deitou-se e logo percebeu que todas as suas coisas, que estavam desarrumadas sobre a cama, estavam totalmente como as tinha deixado antes de vê-las amontoadas ainda há pouco.
__________‘Estranho’, Pensava, e, em seguida: ‘...Estou ficando maluco!’.
__________Harry já devia estar quase pegando no sono, quando ouvira uns sons vindos da janela. Mais precisamente eles se originavam da janela. Eram bicadas, bicadas da sua Edwiges, que não estava conseguindo entrar. Com novas cartas que carregava nas patinhas, ela bicava e ao mesmo tempo, em sincronia, batia suas asas, para se manter sem cair.
__________Harry acordara, e viu as cartas, abrindo a janela em um instante, sem fazer barulho. Pegou Edwiges no colo, botou-a para dormir apoiada em seu ombro. Abriu as cartas que esperava com tanta ansiedade, mas infelizmente nenhuma delas era de Hermione, e também nenhuma delas era de Rony. As míseras cartas que recebera não tinham remetentes. Eram cartas como a que havia recebido anteriormente. Cartas com líquidos magnéticos, Stillatexpostus, que encontravam seus respectivos pontos em qualquer superfície que estivessem. Harry abriu as duas ao mesmo tempo e esperou os líquidos se formarem.
__________Harry esperou, e esperou.
__________Passou pouco tempo, mas o sono já o tinha dominado. Harry dormira profundamente.
__________E não vira o que diziam suas correspondências.
__________As duas eram cartas conjuntas, cartas que se uniam em uma só. Aquilo não era possível de se ler, talvez com muito esforço somente o que parecia uma palavra, e esta era uma bem assustadora. Algo que os bruxos se reacusavam incansavelmente a falar.
__________A única palavra que se podia ser lida era uma das que estavam a serem refletidas nos óculos de Harry.
__________Seria ‘Boca da Morte’, ou como mais parecia...
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