Varal De Lembranças



...Há muito, mas muito tempo atrás, quando o mundo ainda era um lugar de mistérios e, magia e, castelos gigantescos; em algum lugar, existia uma faísca de calor, uma esperança no olhar, um suspiro, de uma vida...





Harry Potter

&

A Árvore Da Vida



Por:



Potter



Capítulo 7: Varal De Lembranças

-Alimenta O Fogo E Nutre O Ar-





__________A tarde estava fria. E a noite seria mais. As nuvens negras estavam chegando, por onde não era normal de se chegarem. As correntes de ar haviam mudado. E tudo estaria começando a mudar em pouco tempo.

__________De toda a Hogwarts era possível de ver ao longe essas nuvens. Eram nuvens estranhas. E o céu também estava diferente. Não havia o barulho habitual dos animais. Nem as plantas enlouquecidas nas estufas faziam das suas, como de costume. E todo o local parecia estar caminhando para a anulação, para a morte assim por dizer.

__________A visita ficaria esta noite em Hogwarts. Dumbledore permitiu. E claramente estava tendo uma simpatia que era mútua, ele sabia. A menina ser-lhe-ia útil, não nos planos de agora. Mas no futuro, quando o eixo dos acontecimentos mudasse. Quando a era de trevas passasse e viesse uma nova era de caos e destruição. E ele não estaria mais apto a liderar uma frente de batalha contra tudo isso.

__________Contra vontade divina.

__________Os corredores amplos e mórbidos da escola eram palco das únicas ações que poderiam existir.

__________Limpeza, arrumação, e reformas... Tudo com magia. Claro, entretanto não magia de bruxos, mas de outrem.

__________Dumbledore vistoriava tudo o que estava acontecendo.

__________Sem ninguém para perturbar o andamento. Todos estavam tendo as suas reuniões de pauta, para um melhor aproveitamento do ano letivo que se seguiria. E os testes para novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas estavam sendo feitos. Não havia muita gente promissora. Alvo era quem realizava esses testes.

__________E de certa forma ele não acreditava que no ano seguinte haveria alguém com o melhor que um professor poderia ter.

__________De certa forma...

__________O salão principal. Estava arrumado para um banquete reservado, pequeno, só para quatro pessoas. Haviam combinado de jantar eles quatro. Dumbledore insistiu para que Harry aceitasse, já que ele poderia dar um basta naquela situação constrangedora de sempre ser bajulado...

__________Dumbledore gostava de graça do menino. Mas no fundo, bem no fundo dos seus verdadeiros sentimentos ele pensava que aquela atuação estava sendo levada longe demais. Mesmo que tudo aquilo tenha tido tantas repercussões.



__________Aquela torre era desajeitada. Torta. Cambada para um lado e depois revirada para o outro. Parecia quase em espiral. Deveria ser difícil de subir as escadas ali dentro. Ainda mais se fossem em círculo.

__________Yakow o estava puxando pelo braço.

__________‘Vamos! Vamos Harry, sua mãe gostaria de que você visse isso. Vamos! Você precisa vir!’.

__________Com um certo receio de entrar dentro daquela torre, que mais parecia que desmoronaria sobre a sua cabeça, e uma certa curiosidade Harry entrou pé-antepé, mesmo que isso fosse impossível com Yakow o agarrando e fingindo protegê-lo de seres invisíveis. Harry percebeu que ele gostava de bancar o herói. Só de brincadeira.

__________‘Sua mãe gostava de brincar comigo, assim. Nos éramos policiais trouxas que lutavam contra as mais difíceis situações do mundo bruxo...’.

__________‘Deve ser difícil brincar disso.’, Disse Harry com um certo pensamento de insanidade para com o novo amigo.

__________‘Não pense que eu sou louco Harry... Pare! Atrás de você! Um Dragão-de-Mil-Cabeças!’, E pulou para abaixá-lo ao chão.

__________‘Pare com isso você!’, Disse Harry perdendo a paciência.

__________De repente o Elfo-da-Bavária parou de se mexer. E seus olhos se encheram d’água. Sua boca tremia. Ele estava começando a chorar.

__________‘Eu vou te explicar o porquê que eu estou fazendo isso: é pela sua mãe...’, O rosto fazia caretas de dor e sofrimento, ‘...Ela me pediu, para que quando tivesse você, que eu o conhecesse. Mas ela nunca contou com o que iria acontecer naquele dia... Lá na sua casa. Ela não sabia, coitada. E ela antes de morrer. Parece que ela pressentiu isso, eu não sei se ela tinha esse tipo de poder. Ela me disse, me lembro até das palavras: ‘Yakow, meu querido, quando eu tiver esse bebê, eu quero que você o conheça, e seja amigo dele, para sempre. Como você é meu. Como você sempre foi. E se por uma brincadeira do destino. Ou um devaneio do acaso. Se eu vier a morrer. Antes de poder ao menos brincar com o meu bebê. Brincar as nossas brincadeiras malucas. Eu quero do fundo do meu coração. Eu quero que você brinque com ele por mim...’...’, O rosto do pequenino era só água. Ele chorava como uma criança que não tinha o que desejava, ‘...Ela me disse isso tudo em meio a lágrimas e soluçadas. Eu ia a cozinha pegar copos d’água com açúcar. Mas ela insistiu em me dizer tudo. Ela queria que eu fosse como um guardião para você. E eu nunca recusaria um desejo da minha Lílian. Ela sempre fora a melhor. A melhor de todas. E aquelas amigas também. Ela sempre teve as melhores amizades. Eu sei porque eu a via brincando com as outras. Mas aí chegou aquele podre do Potter e estragou tudo. Ele e as companhias dele. Ele estragou a sua mãe...’.

__________Harry escutava atento a tudo. Seus olhos verdes viravam para todos os lados vendo quadros velhos e remendados. As figuras, como em qualquer quadro bruxo, se mexiam e iam de uma tela a outra. Aqueles quadros tinham seres como Yakow. Convivendo com humanos.

__________Mas Yakow não queria mostrar qualquer quadro. Ele queria mostrar o último quadro. Aquele que ele apontava estar no alto da escadaria. E eles foram até lá. Andaram subindo para o topo da torre da lavanderia.

__________Seus pequenos pés subiam devagar. Suas mãos se equilibrando nas paredes de pedra e musgo. Os quadros por todo o local riam e se divertiam como se estivessem vivos. E a luz entrava pelas brechas das telhas que deixavam também a chuva entrar. Era como se a torre nascesse da terra. E se pronunciasse aos céus. Lá em cima ele poderia ouvir mais claramente as vozes cantantes das fêmeas dos Elfos-da-Bávaria.

__________Yakow o segurava pela mão guiando até lá em cima. As mãos de Harry eram quentes demais para Yakow. Como as da mãe. Lisas e macias. Mas ele ainda tinha o físico do pai. E Yakow ainda o olhava como olhava a Tiago há muito tempo. Ele poderia confundir-los. Mas não aos olhos. Tiago tinha olhos azuis.

__________O último degrau era mais largo. E eles conseguiram subir tudo. Lá estava o quadro com um véu meio rasgado tampando-o. E Yakow disse:

__________‘Essa obra. Fui eu que fiz. Ela será a minha última recordação. E o meu melhor presente para você. Que não deve se lembrar dela. Da minha amada Lílian.’, Disse retirando o véu. Fazendo a poeira subir.

__________Em meio à luz que fazia rajadas de pó luzirem como vaga-lumes, e a fumaça ao chão, Harry vira o quadro, um quadro bruxo, com figuras que se moviam, e nele estava gravado a melhor das lembranças daquele pequeno ser artista. E ele se lembrava da sua mãe. Era um quadro da sua mãe.

__________Harry estava chorando ao ver o que provavelmente seria a mãe, com um rosto infantil, abraçada com a sua mãe, já adulta. E as duas de cabelos acaju, e olhos verdes. E as duas com roupas iguais, e o local Harry sabia. Era o seu quarto. O seu quarto de bebê. E o berço ali ao fundo. Era o seu berço. Era ali onde ele dormia, quietinho, como se fosse um anjo dos céus. E a mulher entendera o que Harry queria ver. E a menininha acenava para Harry como se o quisesse para brincar. A mulher havia voltado. Com uma trouxinha nos braços. E abaixou para ficar o mais próximo a Harry. E tirou o lencinho do rosto do menino nos braços.

__________Era ele.

__________Yakow já o havia visto. E ele o havia pintado.

__________Foi então que Harry virou-se para o elfo e disse:

__________‘Você, como você consegue pintar assim? E ainda fez eu quando bebê...’.

__________‘A sua mãe me pediu. Ela queria que você a tivesse visto, mas como tudo aconteceu do jeito que aconteceu. E como eu terminei há poucos dias. Só faltava achar você. Ainda bem que ficou. Assim pôde vê-la.’.

__________‘E quem é a menina? O que ela faz aí?’, Perguntou por pura curiosidade.

__________‘Ela é... Ela é a... Sua mãe quando era jovem. Lembrei-me e pintei. É claro não está tão fiel porque eu não tinha nada para me basear.’, Uma certa pinçada do meio das costas o alertou. E fez com que adentrassem logo ao solário da lavanderia.

__________No entanto, pouco antes de se abrirem as portas de madeira que estavam comidas por cupins, Harry pensou ouvir um canto, um canto diferente daquele que vinha ouvido desde que saíram da caverna do teleférico alado. Era um canto avícola. Era com certeza um pesar transformado em notas musicais tristonhas.

__________Harry entrou pelas portas e viu uma correria, como se fosse a bolsa de valores, um grupo de Elfas-da-Bavária correndo com amaciantes para um lado, outro grupo para o outro com os produtos de limpeza, e uns três ou quatro machos da espécie esperando para devolver as roupas para a escola.

__________Harry quis sair dali o mais rápido possível, antes que aqueles pequeninos todos o quisessem para brincar as brincadeiras de sua mãe.



__________Ele já era o ídolo de todos aqueles pequenos seres. Yakow já havia contaminado o grupo todo como fãs de Harry Potter. E é claro, de sua mãe idem. Lílian Evans, era a figura mais respeitada sobre aqueles domínios.

__________Nem Dumbledore poderia ganhar dela.

__________O grupo se dividia em dois, os machos traziam as roupas da escola, e passavam a ferro, para depois devolvê-las. As fêmeas eram quem lavava e pendurava para secar no varal que envolvia a torre principal e outras seis ou sete, Harry não conseguia ver, pois eram muitas toneladas de roupa.

__________Harry estava a visitar cada parte da execução. Primeiro elas pegavam as roupas que surgiam em um poço. Aquele que os machos jogavam as roupas na entrada do teleférico alado. E começavam a lavar. Esfregavam e esfregavam.

__________Quer dizer, elas não esfregavam, as roupas se esfregavam. Era um feitiço. Harry queria saber mais, mas fora puxado por outro grupo, o da parte seguinte.

__________Eles ficavam esperando as roupas pararem de se esfregar. E aplicavam a loção de limpeza. Para matar cada uma das formas de vida nociva que ficavam impregnando os fios das roupas. Claro, isso também era feito por feitiço.

__________Logo em seguida Harry levou uma pancada, brusca e forte. Era da próxima parte. Eram os amaciadores.

__________Grandes martelos que eles mal conseguiam segurar fincavam-se nas roupas dando-lhes o que mereciam. Ninguém falava, pois qualquer esforço desviado era um esforço perdido. E as roupas iriam ser vistoriadas pela equipe de inspeção.

__________Harry ficou com a cabeça doendo um tempo, não se aproximou mais daquele grupo. Eram todos machos. Os únicos que não faziam as idas e voltas com as trouxinhas.

__________Logo depois as roupas iam por um quase córrego até a parte final da lavagem, onde seriam retiradas e postas para secar. Havia senhoras mais rechonchudas do que a média. Isso significa, pele e ossos mais um pouco de recheio.

__________Todos eram magrinhos. E aquele trabalho não fazia com que nenhum deles ficasse mais fraco. Pois toda a água que estavam em contato era absorvida, pois eles eram sugadores de líquidos. Suas peles eram secas e ásperas.

__________Yakow também, mas ele vivia tomando banho escondido em Hogwarts. Por isso ele era um dos mais cobiçados Elfos para casar. Mas ainda não estava pronto. Não aceitava nenhum pedido para sair. Talvez ele ainda fosse apaixonado pela falecida Lílian, e não percebesse que estava acabando com a própria vida amorosa.

__________O porquê de haverem varais ali era que quando tentavam fazer as roupas secar só havia feitiços de aumento de calor e algumas encurtavam, outras mais sensíveis pegavam fogo na hora e outras ainda mais sensíveis acionavam os feitiços de alarmes de roubo. E isso era o maior prejuízo.

__________Harry estava se direcionando para ir à outra das torres, quando ouviu um canto. O mesmo canto de pássaro que havia ouvido antes. Mas ele não reparou que aquilo era um apelo, um grito por ajuda.

__________O céu estava começando a ficar mais escuro, por causa da noite a se aproximar, o sol ainda era forte lá no alto. E o vermelho grifinório no horizonte começara a se formar também.

__________Harry estava voltando do tour pelas torres de secagem, quando viu.

__________Todos os Elfos-da-Bavária estavam reunidos em um montinho, circulando o que parecia ser uma mancha esverdeada no chão. Mas Harry, quando se aproximou e viu melhor, descobriu que aquele ser era um pássaro. E várias de suas penas estavam soltas, entorno dele.

__________E ele piava. E todos os elfos faziam exclamações como se estivessem entendendo.

__________‘Você está entendendo?’, Perguntou para Yakow.

__________‘Claro que sim! Ele disse que há algum problema com o serviço de entrega de mensagens, o correio bruxo. E todas as corujas estão com problemas. Ele viu tudo do céu. E foi atacado pelas costas.’.

__________‘Ah! Certo. E o que ele é?’.

__________‘Ele é um Agoureiro. Os bruxos acham que ele dá azar. E por isso os mantêm todos desta área empoleirados aqui.’.

__________Foi então que Harry percebeu onde estava. Ele estava nos Varais de Hogwarts. E era ali que os Agoureiros tinham os seus ninhos. E havia muitos deles. Vários ovos. E várias fêmeas chocando-os. Aquele era um macho, e ele piou mais uma vez. Harry não entendeu nada. Mas Yakow traduziu.

__________‘Ele quer que quando você for embora, que leve todas as suas penas que caírem. E também quer que olhemos agora para o céu.’, Terminadas estas palavras, todos olharam para cima. A tempestade que havia se formando estava a chegar, e aproximar mais de cada uma daquelas torres. No castelo de Hogwarts já estaria chovendo.

__________E lá estavam elas.

__________Estavam voando em V como os cisnes, as corujas com as correspondências pendentes. Pois a tempestade as impedira de levar ao destino correto.

__________E entre todas aquelas corujas estava um ponto branco, uma coruja-das-neves. Estava o que parecia ser Edwiges. Sem cartas ou qualquer outra encomenda.

__________Ela voava sonsamente, em direção a Hogwarts. Com toda a sua plumagem branca como a neve, contrastando com a negritude das nuvens logo atrás.

__________Harry a vira. E loucamente a chamou, com a voz mais alta que podia. E fez isso por vários minutos a fio.

__________A coruja ainda voava normalmente como se não o tivesse visto, ou não o tivesse ouvido, ou não o conhecesse. E nada a fez descer.

__________Ela estava concentrada e indo para o castelo.

__________A revoada das corujas fez com que várias roupas balançassem no varal. E Harry a viu de perto.

__________‘...Aquela não é a minha Edwiges...’, Pensou.

__________Yakow o segurou pelo braço. E com uma cara de consolo balançou como se dissesse para não segui-la. E Harry perguntou:

__________‘Por que Yakow? Ela não me escutou... Ela não parecia me conhecer...’.

__________‘Ela já não é mais a mesma de antes. E você sabe disso, mas não quer enxergar. Você quer que a coruja esteja sempre daquele jeito, para ser mais fácil protegê-la, não é? Eu sei, foi assim com a sua mãe. Eu não queria que ela crescesse. Mas ela teve, não é? Senão não teria tido você.’.

__________‘Yakow, eu acho que vi algo de diferente nela.’.

__________Os olhos de curiosidade do elfo miraram a frente de Harry.

__________‘Ela pareceu-me diferente, ela estava semelhante a um pássaro selvagem. E ela não tinha aqueles olhos brancos como a neve. E eu nunca senti frio emanado dela. Ela está mudada. E eu acho que não por vontade própria.’.

__________‘Meu amiguinho, não se preocupe. Eu sei que ela voltará ao seu normal. Todos nós sabemos. Ela vai ficar bem.’, E uns momentos depois ele passou a pensar, ‘...E você também estará. Meu precioso. Presente de Lílian.’.

__________O ar estava pesado ali. E a chuva estava a começar a cair. Em gotas grossas e gordas. E aqueles pingos invadiam a face de Harry. E o encharcaram. Arruinando o banho de antes. Foi então que ele disse:

__________‘Er... Yakow, já está na hora de eu voltar...’.



__________A chuva era forte. E todos os aviões foram impedidos de voar. Tudo parou na Inglaterra. Aquele mau tempo fez com que não se entrasse ou saísse ninguém do país. As ações da bolsa caíram. Mas nenhum turista veio. Já estava chovendo no Reino Unido há muito tempo. E aquela chuva era tóxica. E já havia vítimas.

__________As nações unidas estavam tentando entrar em contato. E tudo estava parado. Não havia energia. E não havia mais combustível. Os carros haviam parado. Esse era o único aspecto bom para aquele caos. Entretanto, a polícia não estava conseguindo conter as revoltas. Prisões vazavam seus presos e a guerra civil estava fazendo com que todo o Reino entrasse em um colapso.

__________Os jornais não falavam em outra coisa. Exceto que as chuvas estavam piorando. Até poucos dias atrás só se chovia a noite, muito, mas isso era considerado até que normal, entretanto várias cidades do interior ficaram completamente inundadas, dizimando suas populações inteiras.

__________Não havia mais o que fazer.

__________Aquilo era o choro dos deuses.

__________Era uma punição.

__________Era o fim do mundo.

__________Em parte eles estavam todos certos. Mas aquilo não era para eles, era para os outros.

__________A maioria da população do Reino era trouxa. Isso sempre foi claro. Mas ela haveria de sofrer. Pois para atingir aos culpados os bonzinhos tem que dar o exemplo... Era uma lógica bastante confusa, é verdade, mas quem entenderia os motivos dos deuses. Afinal todos os bruxos não poderiam saber. Mas foram eles que destruiram o mundo.

__________Isso há muito tempo.

__________Quando se ainda acreditava em deuses. Quando os romanos haviam ainda não acabado com toda a glória e honra dos antigos reinos da Ilha.

__________E ainda se poderia dizer que para afastar o mal era só cuspir.



__________Duda estava comendo. Isso não era nenhuma novidade. E estava vendo televisão. Seus desenhos animados prediletos. Quando de repente entra o corte das notícias urgentes do jornal.

__________‘Vou conseguir com que você perca o emprego, seu bastardo! Logo na melhor parte!’, Seu corpo suíno estava com muita, muita raiva.

__________‘Surrey está também sofrendo com a grande tempestade que literalmente tampa o céu inglês. Uma grande nuvem negra está sobre todo o país...’.

__________‘E daí? Quem se importa?!?’, Duda estava tentando dialogar com a televisão.

__________‘...As autoridades estão tentando conter os revoltosos por todo o país...’.

__________‘Acaba logo com essa besteira de interromper o meu desenho, senão será você quem terá que parar o meu eu revoltoso!’, Duda não sabia, mas aquele repórter com certeza não iria querer pará-lo.

__________Duda estava com o saquinho de pipocas quase esparramando da sua mão. Quando o desenho voltou. E o seu pobre coração se acalmou. Ele estava mais feliz. Já até havia se esquecido da interrupção. Mas a chuva ainda batia forte lá nas janelas. E ainda podia ter as goteiras. E sem o Harry para estar agüentando isso também.

__________Duda queria que ele estivesse compartilhando desse mau tempo e dessa situação. Com certeza ele estaria vivendo com aqueles bruxos, aquele esquisito. Mas será que ele estaria bem? Assim, será que ele não poderia estar melhor do que todos os Dursley? Duda cada vez mais ficava com mais inveja do primo. E cada vez menos conseguia pensar que ele estaria em uma situação pior do que somente o mau tempo e os anúncios comerciais da televisão. Harry viveria uma desgraça. Enquanto Duda estaria tentando dormir. Seria uma noite de sono normal para um e para o outro uma noite que mudaria muitas coisas em todo o seu ser.



__________Harry estava agarrado ao teleférico alado. Com os olhos fechados, e bem fechados. Yakow ao seu lado. Segurando a sua mão para que não tremesse demais.

__________‘Não se preocupe, você se acostuma.’.

__________‘Mesmo?’, Disse com os olhos ainda fechados e uma pontada de dor de cabeça para começar.

__________‘Você acha que a sua mãe não se acostumou?’.

__________‘Ela vinha por aqui?!?’.

__________‘Mas é claro! E ela era uma medrosa, assim como você está se mostrando ser.’.

__________‘Mas isso aqui é uma montanha-russa maluca!’.

__________‘Isso aqui nem se compara a uma montanha-russa!’.

__________‘Como você pode saber?’, Disse incrédulo.

__________‘Teve uma vez, uma vez em que a sua mãe me levou para passar as férias com ela. Eu, é claro, fui disfarçado como um boneco que ela tinha ganhado de aniversário...’.

__________‘E você conseguiu sobreviver?’.

__________‘Claro, os seus avós eram gente fina! Maravilhosos. Exceto aquela sua tia. A nojenta da Petúnia.’.

__________‘Você também teve esse desprazer de conhecer a cara de cavalo...’.

__________‘Ela ainda está daquele jeito?’.

__________‘Quando se é cara de cavalo, se é para sempre!’, Disse em meio a risadas... Boas risadas. Umas das poucas que ainda daria em todo aquele mês.

__________O teleférico voava bem rápido. Parece que aquele pedaço do circuito havia sido pouco debilitado. E tudo parecia mais moderno. Isso significa um pouco mais rápido e mais limpo. E ali o chão era um pouco mais próximo do que o resto do caminho.

__________Ele poderia ver ainda as formações da terra naquela caverna.

__________Ele viu coisas que ninguém poderia imaginar. Seus olhos já estavam abertos. E eles viam mil maravilhas. Inclusive umas pequenas poças de coloração verde, amarela, marrom, e algumas pareciam ser vermelhas. Eram cores como as das luzes. Das luzes que ele vira de fora do castelo, no dia em que chegou. Um estalido apertou o cérebro de Harry. E ele foi perguntar.

__________‘O que são? O que podem ser aquelas cores todas?’.

__________‘Aquilo! Aquilo é resto de magia. Não há como os Elfos-da-Bavária irem até lá lavar. Mas existe um ser mágico que pode. Eu só não tenho a informação completa. Eu providenciarei que se limpe, pode confiar, não se preocupe, vá para o seu dormitório e tome um banho.’.

__________Eles haviam chegado a grande esfera central. E Harry pegou o caminho ainda aberto para o banheiro da sua casa.

__________O solo ainda estava úmido ali. E tudo ainda estava como eles haviam deixado.

__________O banheiro estava impecável. Yakow o ensinara a fazer o feitiço para ir de volta. Como ensinara a sua mãe. E ele aprendeu. E voltaria se desse tempo, e se tudo lhe permitisse. Mas antes iria a um lugar que Yakow lhe havia contado fazer parte das lembranças mais felizes da mãe. Um local que ele nunca imaginaria ela estar.

__________Na sala do zelador. Por ter feito alguma coisa ruim. Na sala que hoje está Filch.

__________E é daquela sala que se acha a porta secreta para a sala em que Lílian foi a pessoa mais feliz em toda a Hogwarts. Onde ela realmente encontrou a felicidade. Onde ela conheceu um talento que possuía desde pequena.

__________Harry poderia imaginar, mas nada lhe vinha a mente. E ele não estava com a mínima vontade se descobrir naquele momento.

__________Ainda era tempo de tomar um bom banho para tirar aquele cheiro ruim e ir jantar com as visitas. Visitas que ele adorou ter. Ele não conhecia nada sobre uma civilização bruxo fora do seu país. Perguntaria várias coisas a estrangeira. E ela haveria de dizer. Ele sabia disso. Ele na verdade contava com isso. De alguma forma o seu querer lhe dizia que seu conhecimento necessitava ampliar. Uma saudade de Hermione bateu e as suas vontades pararam. Ele estava com muita vontade de parar tudo aquilo e começar o segundo ano. Viver em Hogwarts sem nada para fazer e sem os amigos era pior do que continuar com os Dursley. Pelo menos com eles ele tinha o Duda para tirar sarro.

__________As suas coisas estavam tão arrumadas quanto havia deixado antes de sair para a lavanderia. E estava impecável. Limpo, isso não significa estar perfeito. Harry ainda estava feito um pinto de molhado. A toalha estava encharcada e ele ainda estava com um pouco de cera nos ouvidos por causa de tudo aquilo. A cabeça não doía muito, achou que fora a pancada que havia levado do amaciador. As janelas ele decidiu deixá-las abertas. A chuva havia parado lá em Hogwarts. Era uma sorte. Por que o horizonte era somente de nuvens negras de tempestades.

__________Harry desceu, para o salão principal. Para encontrar com todos lá em baixo. E a sala comunal da Grifinória estava deserta como sempre estivera desde que chegara. Ele deixou todas as janelas abertas. A fim de que se Edwiges chegasse ela poderia entrar. Ao invés de ir para o corujal.

__________Seus passos eram já largos. E rápidos. Quase aos tropeços Harry desceu. E não havia muita gente. Só os alunos do programa de intercâmbio, e alguns professores que ele nem conhecia. E lá onde haveria de ter as mesas das casas estavam varias mesinhas redondas, como a um restaurante.

__________A meia luz das velas flutuantes estava iluminando o necessário. E ele estava a se dirigir. Para sentar-se, e falar com as damas já sentadas.

__________Ele não tinha companhia. E aqueles adultos seriam as únicas que poderia encontrar. As duas mulheres o ficaram bajulando.

__________O teto encantado do salão refletia tudo lá por fora. E estava chovendo. Muito. Mil tempestades.

__________Enquanto lá fora não havia uma gota d’água.

__________Aquilo tudo parecia muito estranho.

__________Era um caso diferente. Algo que ele nunca havia percebido, ou que nunca pudera ter acesso. Harry por muitas vezes olhava lá para fora. E via a chuva que existia no teto não cair. E várias vezes as visitas perceberam tudo o que estava acontecendo. E elas sabiam porque estavam ali não somente para os assuntos fúteis e inúteis de que elas realmente gostavam. Elas estavam ali para protegê-lo. Enquanto Dumbledore fazia das suas para dar um jeito de tudo aquilo parar. E elas sabiam que Harry estaria envolvido com tudo aquilo até os ossos. Pois sendo filho de quem era, não teria como ele estar de fora. Era algo que fugia ao seu ser. Era algo inato. E Dumbledore sabia de tudo isso. E ele tanto sabia que estava fazendo com que tudo estivesse ao seu alcance. Para melhorar os perigos pelos quais haveria de passar, tornando-os mais fáceis. Ou o que ele imaginava. Menos perigosos.

__________Harry sabia que havia segredos. Mas o mundo não poderia estar contra seus filhos. Isso quer dizer.

__________Poderia o deus estar querendo destruir a sua criação?






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