Um novo começo
Um novo começo
(...) – ou seja, vamos pular a parte da chegada, dos testrálios de novo, do chapéu seletor, dos novos colegas, que não estou suficientemente inspirada pra isso no momento.
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Enquanto todos ouviam em silêncio o discurso de abertura do diretor, Harry “conferia” mentalmente a mesa dos professores. Estavam lá o professor de feitiços, a professora de poções, a de vôos, a de transfigurações, Hagrid, naturalmente (e ainda bem), Snape (ainda e infelizmente, ele admitiu) e ... ah... alguém diferente, entre ele e a McGonagall!
Uma mulher que, além das vestes usuais dos professores, usava uma echarpe de seda colorida em que predominavam o vermelho e o dourado envolvendo os cabelos, ao invés do chapéu cônico comum às outras bruxas, conversava baixinho com a Prof. McGonagall, que a ouvia com interesse e - será que o Harry estava vendo direito? – uma expressão levemente carinhosa.
- Tenho ainda o enorme prazer de anunciar a todos que, em virtude das circunstâncias que atravessamos, este ano não teremos as aulas normais de Defesa contra as artes das trevas.
Um murmúrio de assombro se seguiu a estas palavras de Dumbledore, fazendo Harry quase dar um salto na cadeira. Como podia ser isso? Teriam então que continuar com a AD para terem um treinamento realmente efetivo? Mas um gesto de Dumbledore fez todos se calarem, como sempre, e ele continuou com voz calma:
- Em lugar disso, teremos um treinamento especial no primeiro trimestre, para que todos possam aprender a se defender de uma forma especial, principalmente os alunos a partir do 5º ano – seria impressão ou Dumbledore fitou Harry sobre os óculos brevemente? – e para isso contaremos com o apoio de uma de nossas melhores alunas, que retorna à escola na posição de Consultora para essa matéria. Por favor, recebam com carinho a Srta Sarah Miranda McGonagall.
Nada poderia ter surpreendido mais a Harry, que olhou para Hermione e Rony sentados à sua frente, que por sua vez pareciam não acreditar no que ouviam. Mas Gina assobiava (até parecia um dos gêmeos) e gritava o nome dela, pulando de alegria, sem Harry entender porque. Ela já conhecia a nova professora? Mas ela acabou sendo imitada com entusiasmo por vários alunos, menos obviamente, os da Sonserina, que a observavam com desconfiança.
Alguém, porém, sem surpresa para Harry, não parecia nada satisfeito: Snape tinha um sorriso forçado ao cumprimentar a nova colega, os lábios crispados como se mal contivesse a raiva. Era, no entanto, um sentimento diferente ao que Harry percebera de outras vezes, como o profundo desprezo demonstrado por Lupin. Seria, mais uma vez, por não ter conseguido o cargo que tanto queria? Ou ele ser ocupado mais uma vez por uma sangue ruim? Parecia haver mais alguma coisa, que Harry não conseguia definir e, pela primeira vez, pensou em como gostaria de ser um legilimente e penetrar a mente de Snape. O professor como que “sentiu” as intenções de Harry – sinal de que ele já conseguia alguma coisa? – e o fitou breve e desafiadoramente. A Prof. Sarah, neste momento voltava a se sentar depois de agradecer com um aceno de cabeça e um sorriso cativante às calorosas boas vindas, movimento que deixou ver seus grandes brincos de argola e a pequena moeda de ouro na testa – e Harry finalmente a reconheceu, com grande surpresa - meio que involuntariamente tocou o braço de Snape. Este, como se tivesse levado um choque elétrico, recuou e a encarou quase com ódio. Ela lhe sorriu docemente ao murmurar um pedido de desculpas e Snape, para pasmo de Harry, corou violentamente.
Harry lançou um olhar indagador a Hermione, que também observava os professores, mas a voz de Dumbledore novamente interrompeu seus pensamentos.
- A Professora Sarah, vamos convencionar chamá-la assim para não haver confusão entre ela e sua tia – ele fez uma pequena pausa até o pequeno murmúrio de compreensão cessar – estará sob a supervisão do Prof Snape, e eles trabalharão juntos este primeiro semestre.
Nada poderia causar mais frenesi... Alguns alunos mais velhos assobiaram sugestivamente, pois Sarah era inegavelmente uma mulher bonita, mas um relance de olhar do Snape os silenciou. Ele próprio parecia petrificado, embora Harry duvidasse que fosse por ser uma informação desconhecida para ele. Por um momento, sua expressão fora sim de satisfação, como se vislumbrasse a idéia daquela bela mulher estar “sob sua supervisão” e as possibilidades que isso abriria. Mas o olhar de McGonagall, a mais velha, era mais que um aviso, embora sua sobrinha tocasse seu braço como quem dissesse: sei lidar com ele.
Notando que era observada de modo especial, Sarah procurou pelo salão até alcançar o olhar de Harry. Então lhe sorriu, deu uma piscadela como as que Tonks costumava dar, e se concentrou completamente na fala do professor Dumbledore, que terminava os avisos de sempre sobre o zelador, a floresta, à qual deu uma ênfase ainda maior, e, finalmente (Rony já balbuciara o 3º ou 4º “ai, que fome!”) liberou o banquete.
Harry não pôde deixar de notar seu sorriso de velho travesso ao fitar Snape e Sarah, ele mantendo a pose altiva de sempre, ela sorrindo entre curiosa e desafiadora. Por um momento, pareceu-lhe que o diretor tinha algum plano. Comentou baixinho com Hermione por sobre a mesa. Ela fitou-os por alguns instantes, fez uma expressão de ah!... depois murmurou um “não pode ser”.
- O que não pode ser? – indagou Harry
- Bem... Dumbledore talvez esteja dando uma de Cupido... Sei lá, parece que tem uma corrente elétrica entre eles...
- O que é isso? Do que vocês estão falando? Não vi essa... tal corrente. – retrucou Rony, entrando na conversa de repente, entre uma mordida e outra numa suculenta coxa de frango.
- Ah, esqueci que você... deixa pra lá. – ela voltou a se concentrar em seu jantar, enquanto Rony a fitava meio aparvalhado, mas Harry ficou preocupado.
A possibilidade de Snape se envolver afetivamente com alguém lhe parecia tão impossível quanto... Duda se transformar em seu melhor amigo? Não conseguia nem achar algo tão improvável para comparar. Ao explicar a Rony o que ele e Hermione pensaram, este exclamou:
- Pelas barbas de Merlim, pensei que vocês gostassem dela!
Harry teve de concordar que não desejaria isso à sua maior inimiga, e também se concentrou no seu jantar, deixando para o dia seguinte qualquer pensamento relacionado com Snape e aulas de qualquer tipo. Queria curtir aqueles minutos de calma antes das tempestades que com certeza viriam neste ano. Até o céu parecia querer cooperar com este sentimento, pois o teto encantado de Hogwarts nunca retratara tantas estrelas!
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