A fuga
- Am... Draco, eu preciso lhe falar uma...
- Eu também. Ouça pequena, eu tenho até amanhã para deixar esta casa e não tenho para onde ir. Não vou esperar para que meu pai tenha o prazer de me expulsar daqui – agora Ginny já havia esquecido completamente do que ia dizer – Preciso ir a Gringotes o quanto antes retirar alguns galeões, antes dele se lembrar dessa conta. E preciso também arrumar um lugar para ficar. Sendo assim, não dormirei aqui.
- Mas...
- Eu volto para buscá-la assim que tudo estiver acertado, não se preocupe, eu te encontro. Mas eu realmente preciso ir – dizendo isso ele a beijou brevemente nos lábios e aparatou.
-/p/ APARATOU?! Desde quando ele aparata?!
O estômago de Ginny revirava e parecia que iria despencar. Ela estava ali, sozinha naquela mansão, com Lúcius Malfoy, sem Draco, completamente desamparada. Um sentimento de vulnerabilidade a invadia.
Com um suspiro profundo caiu sentada no sofá, levantou o olhar e...
-/p/ Oh, meu Merlim! Pobre criatura!
Puxou a varinha das vestes, empenhou-a e ordenou:
- Finite Incantatem!
O elfo que antes estava parecendo uma estátua, agora recuperava os movimentos e olhou assustado para Ginny. Ela apenas sorriu e disse como se nada tivesse acontecido:
- Oh, estou cansada... Você poderia me acompanhar até meu quarto? – agora que pensava melhor ela sentia pena da elfo, pobre criatura, ela apenas fazia o que era obrigada a fazer. Não era realmente sua culpa o que fazia.
O caminho até o quarto foi silencioso, a elfo parecia novamente assustada demais para qualquer coisa. Isso foi o suficiente para Gina se manter calada. Por mais que sentisse pena da elfo, realmente não estava disposta a conversar. Estava demasiado ocupada, se preocupando.
Chegaram ao quarto depois do que se pareceram horas e a elfo abriu a porta e segurou-a indicando para que Gina passasse. Ela passou e a porta se fechou com um “click”, deixando Nancy para o lado de fora, mas ela sabia que a elfo não sairia dali. E aquilo não mais a incomodava.
Largou-se na cama e quicou um pouco devido ao impacto. Agora ela se perguntava. Quanto mais teria que agüentar? Aquela torturante espera, estava a levando a insanidade. E como Draco a encontraria em sabe-se lá qual fim de mundo ela estaria? Poderiam se perder e nunca mais encontrar. E se ela nunca mais encontrasse Draco e ficasse presa ali para sempre? Todos esses pensamentos causaram um terrível impacto em Ginny, era como se os céus desabassem sobre a sua cabeça, de uma vez só. Eram tantas coisas para pensar, tanto que poderia acontecer, que ela gastou a tarde inteira ali deitada sem nem perceber que o fizera. Estava pensando em tudo. E ao mesmo tempo. Por diversas vezes tentou parar, mas ela já não mais controlava todas essas hipóteses que simplesmente surgiam em sua mente, como anúncios de sabonete.
Mais perto da chegada da noite e após muitos devaneios ela percebeu, percebeu o que havia feito de errado. Deu-se conta de que violara a principal regra do seu conto de fadas, a regra do silêncio. Ela sabia por fato que quando as regras eram quebradas coisas horríveis aconteciam, agora sabia por que pressentira algo ruim por vir. Realmente algo de ruim estava acontecendo e ela tinha medo que o castigo não fosse apenas Draco se afastar temporariamente. Mas vejamos o caso da própria Cinderela, ela pelo menos havia sido avisada das regras do seu conto, que deveria voltar à meia noite quando o encanto seria quebrado. Ela tinha uma fada madrinha para isso, para preveni-la e ajuda-la. Isso não era justo, Ginny não tinha uma fada madrinha para aconselhá-la, nem mesmo um trasgo padrinho, nada. Isso era uma tremenda injustiça, o que Cinderela tinha que ela não? Mas antes que pudesse ter qualquer outro sentimento invejoso por Cinderela a porta de quarto se escancarou com um estrondo e ela pulou na cama.
- Virgínia, se arrume e pegue suas coisas – era um Lúcius assustadoramente calmo que falava.
- Mas, eu não ia só amanhã de ma...
-Mudança de planos, ande logo. Você tem uma hora para estar COMPLETAMENTE pronta – e saiu batendo a porta ao passar.
Ela não sabia se estava confusa ou apavorada, sentia um misto das duas coisas. E o pior de tudo era que não sabia como encontrar Draco, ou pelo menos avisá-lo que não estaria mais ali. Pensou numa coruja, mas não tinha nenhuma e não seria uma idéia tão boa pedir ao Sr. Malfoy, ela até conseguia imaginar a cena.
“Tio, será que o senhor poderia me emprestar uma coruja, par...”
“Isso é alguma piada, não é mesmo Virgínia?”
“Am, claro, uma piada.”
Não, definitivamente ela não teria nem cara para ficar frente a frente com Lúcius, quanto mais lhe pedir uma coruja. Foi aí então que ela se lembrou dos membros da ordem e dos patronos que usavam para se comunicar uns com os outros. Mas ela se recordava muito bem das aulas da A.D, e dos maravilhosos patronos de 5 segundos que ela conseguia fazer antes de sentir as pernas bambearem. A não ser que ela conseguisse mandar um patrono dar um recado a Draco em 5 segundos, em código Morse talvez.
Desistiu de tentar se comunicar e aderiu ao conformismo, não havia nada que ela pudesse fazer naquele momento. Talvez quando chegasse em ‘casa’ conseguiria se comunicar com Draco. Mas, por hora ela tinha que, como sempre, sentar e esperar.
Começou então a se vestir e depois arrumar as malas que haviam aparecido ao lado de seu guarda-roupa. Ginny fazia um feitiço convocatório simples que sua mãe havia a ensinado no ano anterior, para trazer as roupas do guarda-roupa às malas abertas sobre a cama. Depois de arrumar tudo dentro da mala e estar completamente vestida ela se largou junto às malas, sobre a cama macia.
Nem mal deitara quando começou a ouvir a janela ao lado sendo arranhada. Virou-se para ver melhor o que acontecia, era uma pequena coruja das igrejas que bicava freneticamente a janela. O estômago de Gina dava piruetas e seu coração pulsava desritimado de felicidade. Deixou a coruja entrar e retirou a pequena carta de seu bico.
“Já sei para onde vás. Espere uma surpresa”.
Não estava assinado, também nem precisava, quem mais lhe mandaria uma carta? A felicidade a invadiu por completo, por não ter sido esquecida, estava salva afinal.
Ecoavam pequenas batidinhas à porta e por reflexo, ela escondeu o bilhete pelo decote do vestido no sutiã.
- Nancy veio buscar a senhorita, minha senhora.
- Ah, ok. – agora Ginny estava indiferente. Tanto fazia o que lhe aconteceria ou para aonde iria, Draco não a havia esquecido e isso era mais do que suficiente para entorpecê-la.
Ela foi guiada até a entrada da mansão, por um trajeto frio e silencioso. À porta da mansão havia uma carruagem negra com cavalos alados da mesma cor e um rapaz de aparência raquítica. Percebendo a presença de Ginny, ele fez uma reverência e se prontificou a pegar as malas que antes flutuavam seguindo-a.
- Obrigada.
O raparigo a olhou desconfiado como se aquilo fosse uma brincadeira ou um deboche. Aquilo era o que mais a irritava em ‘ser’ uma Malfoy, ela não podia tratar ninguém com certo respeito que todos a olhavam torto como se ela fosse de outro planeta. Ela simplesmente não suportava a arrogância dos Malfoy. De acharem que eram os donos do universo, que todos estavam ali para lhes servir. Aquilo era simplesmente revoltante.
Recuperado do ‘choque’ o cocheiro abriu a porta da carruagem e a manteve aberta para que Gina passasse.
- Adeus – Ginny disse à elfo.
- Adeus minha senhora – Nancy sorria algo que ficava extremamente esquisito somado a seus olhos do tamanho de bolas de golfe, meio contraídos, era realmente uma cena meio cômica.
Ginny entrou na carruagem e logo sentiu a partida. No começo ela sentiu a carruagem levantar e, numa rápida olhadela pelo canto frouxo da cortina da janelinha lateral, pode ver que já não estavam mais em terra firme. Não durou muito, porém a viagem aérea. “Graças a Merlim”.Ela suspirou alto, detestava voar, ainda mais sem ver para onde estava indo. Logo estavam de volta à segurança do solo.
Ela percebeu que a viagem não seria curta e resolveu que o melhor a fazer seria relaxar. Como não havia nada de útil para se fazer, Ginny simplesmente afastou a cortina de uma das janelinhas laterais e ficou observando a paisagem úmida e lamacenta que passava apressada por eles.
Aparentemente sem motivo algum a carruagem deu um solavanco bruto e parou de súbito. Algo estava errado, algo estava terrivelmente errado. O pânico se apoderou de Gina, ela tentava abafar a respiração para não fazer barulho, talvez não percebessem que ela estava ali, não, claro que não. Quem levaria uma carruagem vazia? Que idéia estúpida. Pânico. Ela não tinha a menor idéia do porquê havia parado, mas não pretendia ficar ali dentro para descobrir. Mais do que depressa tirou a varinha e a empunhou com a mão trêmula e o medo passando por cada veia de sua circulação. Com um empurrão ela abriu a porta da carruagem de uma vez e provocando um estrondo imenso.
Olhava para os lados em alerta, então o viu. Estava sozinho, um homem alto, de porte imponente, com rebeldes cabelos loiros que lhe caiam nas faces... Draco Malfoy. DRACO MALFOY?!
- Aaah eu te mato seu filho-da-mãe miserável, o que você pretendia com essa entrada triunfal? Me matar do coração?!!
- Não, apenas salvar a sua vida Virgínia.
- Eu não sou nenhuma donzela em perigo que precise ser salva! Você que vai precisar de salvamento depois do que eu vou fazer com você!
- Hum, provocante – sem dizer mais nada ele a enlaçou pela cintura, de modo que ela não fosse capaz de mais nada. Estava tão perto do corpo dele, que não tinha mais controle sobre as atitudes. Esqueceu-se da raiva que estava sentindo e da vontade de esganá-lo. Como ela sentia falta daquela insanidade que ele a levava toda vez que a tocava, do cheiro dele, desse calor que vinha de seu corpo...
Ele a beijou primeiro na pontinha do nariz, depois numa bochecha, na outra, na trave... Ele parecia se divertir com aquela tortura, um sorriso se formou em sua face e ele finalmente a beijou, com desespero, paixão, saudades.. Tudo isso misturado num único beijo.
- Eu acho melhor sairmos daqui o quanto antes, quando descobrirem que você não chegou em “casa” vão saber que fui eu, conheço meu pai, vai ficar furioso. Se é que é possível ele ficar mais. Vamos.
Ele soltou um cavalo alado da carruagem e já ia levanta-la pela cintura...
- Espere, como você me achou?
- Virgínia, eu sinceramente acho que temos coisas mais importantes para nos preocuparmos agora, como salvar os nossos pescoços por exemplo.
- Grosso.
- Estúpida.
- O que?! – Ginny tinha as mãos na cintura, com uma imitação bem precisa da Sra. Weasley.
- Nada – ele resmungou de cara amarrada – Podemos? – e fez sinal para o ‘cavalo’.
Sem esperar uma resposta da parte da ruiva ele a pegou pela cintura e colocou-a no cavalo alado, sentando-se à sua frente logo em seguida.
- Para onde estamos indo? – ela gritava para ser escutada, pois já estavam a mais de vinte metros de altura e o vento dificultava um pouco as coisas.
- Ah, eu estive pensando em irmos pro Alasca, eu sempre quis ter uma casa no meio do gelo.
Depois dessa resposta ela achou melhor ficar quieta e esperar.
Ela sabia que a viagem havia sido curta, mas mais lhe parecera uma eternidade de pavor. Sem nem ao menos ver o que estava fazendo ela desmontou do animal de qualquer jeito e o resultado foi uma esplendida queda de bruços no chão áspero. Draco logo desceu também, só que com muito mais classe.
Eles estavam parados defronte a velha e desgastada porta do caldeirão furado.
- Então, o que achou do Tibet? – ele perguntou debochado.
- Chega de cinismo Draco – agora era a vez de Gina de ficar emburrada – Que diabos estamos fazendo aqui?
- A não ser que você pretenda dormir na Rua Virgínia...
Draco entrou e Ginny seguiu-o de perto. Assim que abriram a porta, várias cabeças viraram para olhar e logo depois retornaram a barulheira habitual, o lugar estava lotado. Nesse momento, Draco fez a coisa mais inesperada de todas e Gina não sabia se ficava surpresa ou perdidamente apaixonada. Draco Malfoy estava com os dedos entrelaçados nos de Gina, que sorria abobadamente para os lados. Ela estava radiante, essa era a coisa mais fofa do mundo, ele estava sendo protetor e ciumento. Por isso mesmo ela não se conteve em provoca-lo.
- Por que isso agora? – ela se controlava ao máximo para não rir.
- Porque todos esses marmanjos têm que saber que você tem dono, que você é minha – dizendo isso ele apertou mais ainda a mão de Gina.
Ela não se conteve com toda aquela repentina demonstração de afeto, e lhe selou os lábios com carinho.
- Agora eles sabem.
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n/a: * se esconde das pedras* :$ Ai, eu não sei nem o que falar aqui, me perdoem mais uma vez pelo atraso, mais essa foi péssima, realmente admito. Mas o que acontece é que, o cap estava pronto desde que eu postei o outro, só faltava digitar, ai o floreios saiu do ar e só hoje fui saber que ele tinha voltado, e com os comentários maravilhosos que tinha aqui eu digitei tudo o mais rápido possível e vim aqui postar pra vcs,, pq afinal eu vacilei e espero que com isso tenha me redimido :D
Ai gente, muito obrigada pelo carinho e pelas críticas maravilhosas, tipo eu admito, eu tinha desanimado com a fic, pq eu tava lendo umas fics e vendo como as meninas escreviam bem e tals e desanimei, mas esses comentários maravilhosos me motivaram mais uma vez. :D
Eu espero que vcs tenham gostado desse cap que eu achei tão fofo e escrevi com muito carinho ^^. Então a fic tá quase no final e eu aumentei ela um pouquinho, como por exemplo esse cap, ele não tava planejado ;x ;D
Obrigada por tudo, e me desculpem a demora meeesmo, perdão. T.T
;° Bruna Guasti
[email protected] :: quem quisé add no mns pra me apressar ;D aioshasuioh
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