Imprevistos
A noite foi tranqüila, confortante e certamente a melhor da vida de Draco Malfoy. Tão rápida quanto a noite havia se passado, foi-se a madrugada e já era dia, um dia claro de inverno porém, a neve ainda estava caída lá fora. Draco ouviu um barulho de algo se abrindo, pequenos arranhões no chão e novamente o mesmo barulho da primeira vez, o sono, porém não lhe permitiu associar isso a nada. Ele apenas continuou dormindo, queria ficar ali a vida inteira, se pudesse a pós-vida também, queria passar toda a eternidade com aquela raposinha arisca recém capturada e fortemente presa em seu abraço, esquentando-o. Draco sorriu ainda de olhos fechados, de pura felicidade, felicidade essa que não durou muito.
- DRACO MALFOY!!! – era seu pai, ele não via, mas sabia que era. Esse grito entre dentes, a voz firme e arrastada, só podia ser ele.
Ginny pulou de seus braços, olhou para todos os lados, assustada. Quando seus olhos pousaram em Lúcius eles se arregalaram, ela soltou um gritinho abafado e se cobriu depressa e escondeu-se atrás do corpo de Draco. Ele foi incapaz de dizer uma palavra, mas não se moveu muito, afinal já estava meio sentado e não podia demonstrar fraqueza perante seu pai, sabia que isso só agravaria a situação. Ele sentiu as mãos de Virgínia agarrando a sua que estava por trás de seu tronco, de modo que Lúcius não visse. Ela tremia. Draco enlaçou seus dedos nos dela, queria passar segurança à pequena, precisava passar.
- O que você pensa que está fazendo? – ele não estava aos berros, mas Draco sabia que estava furioso, como jamais estivera – E em MINHA casa?! Ela é sua prima! O que... – ele olhava de Draco para Gina como que esperando que eles pulassem da cama dizendo “1º de Abriiiiiiiiiiiiiil!”. Mas isso não ia acontecer.
- Virgínia! – Ginny deu outro pulo e tremeu mais ainda – Vá para o quarto de Draco, AGORA! E fique lá... – De você cuidam os seus pais!
Ginny não queria soltar a mão de Draco, mas percebeu por um olhar desesperado que ele lançara a ela, que se não fosse, acabaria agravando a situação e não queria ficar para ver o que Lúcius era capaz de fazer. Não esperou mais, pegou várias colchas e se enrolou nelas, quase como um vestido.
- Você – elfo – leve-a até o quarto!
Até o elfo parecia demasiado amedrontado para falar. Gina foi da cama à porta na maior velocidade que aquele ‘vestido’ lhe permitia, tomando o cuidado de passar por trás de Malfoy e mesmo assim sem se atrever a olhá-lo.
Com a saída de Virgínia, Draco entrou em pânico. Estavam apenas ele e seu pai, completamente sozinhos naquele quarto. Ele sabia do que seu pai era capaz e exatamente por isso que estava tão assustado.
- Nunca mais – Lúcius voltava a falar – coloque um pé dentro dessa casa. Você não é mais meu filho – Amanhã pela manhã, você sai, para que até lá suas coisas estejam prontas para a sua partida.
˱˱˱˥˱˱˱˥O feitiço da serpente ˱˱˱˥˱˱˱˥ O feitiço da serpente ˱˱˱˥˱˱˱˥
Ginny chegou a seu quarto e agora tentava livrar-se do mar de lençóis que a envolvia, não sabia por que, mas sentia que se conseguisse se livrar desses lençóis estaria mais segura. Alguma coisa estava presa, ela sentiu o pescoço sendo puxado e percebeu que seu colar estava embolado e puxando fios do lençol. Então percebeu que havia algo errado com o colar, terminou o mais rápido que pôde de desenrolar o lençol, para ver melhor.
Parou defronte ao espelho, segurou o pingente nas mãos e olhava para o próprio reflexo. Não era mais apenas uma serpente, entre as mandíbulas da cobra estava uma rosa, com outra corrente pendendo por uma argolinha afixada em seu cabo. A flor era linda, vermelho sangue, o cabo dourado e a corrente também.
Ginny intuitivamente forçou a boca da serpente para tentar tirar a rosa de lá, sabia que era um outro colar. A serpente não ofereceu nenhuma resistência e na menor menção de Gina de tirar a rosa ela a soltou.
Longe da serpente e nas mãos de Ginny a rosa exalou algo parecido com pólen, vermelho que logo se transformou em várias letras, soltas pelo ar. As letras se transformaram numa frase, escrita no ar, parecendo ser feita de minúsculas continhas.
“A serpente já vive na rosa. Tudo que a rosa deseja é viver na serpente”.
Gina ainda olhava para as letras, esperando elas se transformarem no resto da frase, que não veio. Uma vez convencida de que não havia nada além daquilo, ela concluiu se tratar de outro enigma. No começo achou-o um tanto estranho, para não dizer sem nexo, mas não foi difícil compreender do que se tratava bom, depois de um tempo de convivência com Luna Lovegood começa-se a ter aptidão para solucionar esquisitices. Percebeu que era um simples jogo de palavras em que ‘rosa’ tanto significava o pingente, quanto ela própria, uma vez que o brasão de sua família era uma única rosa vermelha. E ‘serpente’ tanto era o pingente que ela trazia em seu pescoço, quanto o próprio Draco, afinal a serpente era o brasão da família dele. Nesse jogo de palavras basicamente se dizia que, a serpente já “vivia” em Ginny e tudo que precisavam fazer era colocar a rosa para “viver” em Draco, ou seja, colocando o colar da rosa nele.
Sim, era realmente simples, não fosse pelo pequeno detalhe que havia um Lúcius furioso andando desembestado pela casa, tomando todas as precauções para que os dois estivessem a maior distância possível e imaginável um do outro. E a última coisa que ela precisava era enfurecê-lo ainda mais e correr o risco até de nunca mais ver Draco, e ficar presa naquele ‘mundo’.
- Nancy veio levar a senhorita para jantar – Ginny não havia nem notado a presença da elfo, não fosse ela ter se pronunciado.
- Ah, certo.
Mesmo sabendo o caminho ela não pretendia fazer objeções sobre ser ‘escoltada’ (era assim que ela se sentia, sendo carregada por elfos de um lado para o outro) por Nancy até lá. Afinal, sabe-se lá que ordens malucas Malfoy teria dado a ela caso Ginny não quisesse ir. Resolveu não arriscar e o trajeto inteiro foi feito no mais profundo e incômodo silêncio.
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Draco estava sentado à mesa, mas não se atrevia a chegar perto de seu pai, estava sentado ao lado de sua mãe e tentava de todas as maneiras se manter coberto por ela. Lúcius que já chegara a parecer até cortês certos dias na presença de Virgínia, estava sério e parecia estar em um de seus piores dias. Narcisa, por outro lado, parecia não saber de nada, pois conservava o ar neutro e despreocupado de sempre, mas Draco duvidava que seu pai não tivesse contado nada a ela. Mas agradeceu por isso, pelo menos dessa forma era apenas um declaradamente contra ele, era muito mais fácil suportar.
Mesmo assim, não se atrevia nem ao menos levantar a cabeça, conhecia seu pai, sabia que o menor gesto de ‘atrevimento’ o atiçaria e pior do que já estava Draco nem queria pensar como seria. Então, comia e continuava fitando o prato, como se ali estivesse contida a essência da sua vida.
Ele ouviu passos longínquos, torcia mentalmente para que fosse Ginny, pelo menos seria algum ‘conforto’. Ousou levantar sua cabeça por um momento, salvo pela concentração de seu pai em cortar um pedaço de seu pão. Foi o suficiente para constatar, era ela de fato, Draco se conteve em não sorrir ou abraça-la. Lançando um olhar mais minucioso à pequena, sabia que ela travava uma batalha mental, entre sentar ao seu lado e morrer, ou sentar ao lado de Lúcius, sabia que ela sentaria à seu lado. Afinal, sendo apenas uma raposinha ela desconhecia essas regras. Ele levantou o olhar mais uma vez, dessa vez para tentar avisa-la, impedir de alguma forma que ela sentasse ao seu lado. Era tarde demais, quando foi ver ela já vinha decidida em sua direção e ele pôde jurar que a vira lançando um olhar suplicante. Nesse momento Draco percebeu, ela precisava lhe dizer algo. Mas, antes mesmo que chegasse perto da cadeira dele.
- Ah-hã, Virgínia. Eu quero que se sente ao meu lado hoje – Lúcius falava calma e pausadamente, mas qualquer um era capaz de ver fumaça saindo de suas orelhas.
Draco foi capaz de ver os olhos de Ginny rapidamente pegarem fogo e neles refletido também um ódio que beirava o desespero. Ele se culpou por ter sentado ali e deixado a pequena, que de certo tina menos experiência em lidar com a fera, sentar-se ali.
- Virgínia, mandei hoje uma coruja à seus pais – Lúcius falava quase que agradavelmente, bebeu um gole da taça a sua frente e continuou – Bem, suas coisas estarão arrumadas pela noite... Então acredito que amanhã de manhã estejas pronta para partir.
Gina acabara de descobrir, ela tinha muito mais medo desse Lúcius calmo que agora falava com ela, do que daquele quase descontrolado que estava pela manhã.Na verdade, estava completamente apavorada. Seu medo e ansiedade eram tamanhos que ela até se esqueceu de que estava ali para comer.
Por diversas vezes ela tentou se comunicar com Draco, mas ele não parecia perceber. Em todo caso, só se ele fosse perito em legimência para entender os rápidos olhares que Virgínia vez ou outra lhe lançava queriam dizer. E eram muito raras as ocasiões em que numa distração de Lúcius ela conseguia olhar na direção de Draco, que estava sempre de cabeça baixa e parecia não notar.
Depois de certo tempo ela viu que seria completamente inútil tentar falar com Draco à mesa, para não dizer estupidez, sequer dirigir um olhar a ele na frente de Lúcius. Tentou comer alguma coisa, enquanto ganhava tempo para pensar numa maneira de falar com Draco, agora seria certamente bem mais complicado ficar à sós com ele.
Ginny desistiu de fingir que comia. Largou os talheres em cima do prato e afastou a cadeira para se levantar.
- Onde está indo Virgínia?
- À biblioteca – ela respondeu de má vontade, mas logo adorou ter dito isso, assim Draco saberia onde a encontrar. Lançou um olhar significante a ele e dessa vez, teve certeza de ter sido vista.
- Nancy a acompanhará para eu ter a certeza de que estará lá.
- Maravilha! – agora sim ela estava aborrecida.
No momento em que ela se afastou da cadeira em menção de ir embora a elfo se postou a sua frente para guiá-la. Ginny, apesar da situação não a agradar em nada, não fez mais objeções, Lúcius já estava irritado o suficiente e ela tinha ciência disso.
Draco que ainda estava sentado e até agora não falara nada se pronunciou também.
- Vou para meu quarto – seu tom era quase entediado
- Você também vai com um elfo, garoto.
- Eu não preciso de elfo nenhuma de babá!
- E quem disse que eu te perguntei alguma coisa? Isso é uma ORDEM! – Lúcius esbanjava um sorriso debochado, muito semelhante ao dele próprio.
O trajeto da sala de jantar até seu quarto foi silencioso, marcado apenas pelos seus passos ecoando nos corredores frios da mansão. Já em seu quarto, Draco estava farto daquela criatura ali, parecendo um dois de paus, encarando-o.
- Sabe você não precisa ficar aqui não, vá limpar alguma coisa ou o lá o que vocês eslfos fazem.
- Oh, Rugribi não pode jovem mestre, mestre disse a Rugribi que ficasse.
- Ah, é mesmo? – isso já era demais, isso ele não toleraria. Automaticamente Draco tirou a varinha das vestes.
- Petrificus Totalus!
Numa fração de segundo, o que antes era um elfo doméstico agora era uma estátua perfeita de um, parecia pedra. Draco riu-se por dentro.
-/p/ Que coisa fácil!
Ele não parou para pensar nem um momento, no mesmo instante via-se saindo do quarto dando passadas longas e apressadas. Logo que tomou ciência estava parado no portal da biblioteca e conseguia ver de longe a silhueta de mais um elfo. Ele foi astuto, adiantou-se mais um pouco a fim de melhorar a mira e sem perder tempo:
- Petrificus Totalus!
Ele começava a achar aquilo divertido e se deu conta de que tinha acabado de achar um novo hobbie. Se esqueceu do elfo quando avistou Virgínia, que no instante em que o viu pulou do sofá e agora vinha em sua direção.
- Draco! – ela gritou de felicidade.
Chegando próxima dele ela o enlaçou pelo pescoço enquanto chorava e tentava falar ao mesmo tempo.
- Draco – ela soluçou – Estou com tanto medo – ela o abraçou mais forte ainda.
Ele não foi capaz de dizer uma palavra, ao invés disso Draco enlaçou Ginny pela cintura e a beijou, ternamente. Depois disso ele encostou sua testa na dela, olhou-a nos olhos e simplesmente disse.
- Não fique. Eu estou com você, pequena.
Não foi preciso dizer muito, até porque Draco não era muito bom com palavras. Mas ela entendia, sabia que ele a protegeria, que estava ali para ela. Ginny não conteve um sorriso, apesar de tudo sentia-se extremamente feliz de estar ali, com ele.
- Você é expert nisso.
- No que? – Ginny realmente não sabia do que ele estava falando.
- Sorrir.
Ela não conseguiu fazer nada, senão sorrir mais ainda, estava sem reação...
Não foi necessário falar, eles apenas ficaram ali, abraçados, com as testas coladas e olhares fixos. Ambos sentiam-se confortáveis com o silêncio, parecia que estavam tendo uma proveitosa conversa, de tão compenetrados que estavam. Essa era a regra para o conto de fadas deles, o silêncio. Era a única maneira em que concordavam e não acabavam brigando. E as regras não podem ser alteradas, nem contestadas, elas estão ai simplesmente para serem seguidas, não há maneira de compreender.
- Draco...
Porém Ginny quebrou o silêncio e estaria prestes a notar a importância das regras no frágil ecossistema do conto de fadas deles. E isso só poderia ser um mau presságio.
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n/a: Am, obrigada Misty Weasley Malfoy por se orfereçer em se minha beta :D. De coração, fico muito feliz, mas a Laurets já se ofereçeu ^^, obrigada de novo. Am, sim agora eu teho uma beta, mais o cap nçao foi betado ainda, pq ela não estava on agora e eu estava aflita para postá-lo :D. Assim que ela betar eu coloco ele de nvo aki ^^.
Aaaa obrigada meeesmo por todos os comentes ^^
Me deixaram de imenso feliz, mas não parem, pq com eles eu me animei ^^ ashaoiuhouasihoauh
Mas, am aviso de ante mão que o próximo cap vai demorar um pouco, pq ele está um pouco complicado ;/
e am, a dic já tá quase acabando :D
Pra mim isso é bom, pq eu to com ess otra idéia e com muita vontade de realizá-la xD
ashaosihasuhas
.
Am, esse foi um dos caps que eu mais gostei ^^.
Obrigada por tudo xuxus e desculpem qualquer coisa.
E ah, o botão do coment não morde mais, devido algumas reclamações eu arrumei ele e agora eu garanto que ele não morde mais ^^ aiosuhaosihasuih.
;° Bruna Guasti
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