Raposinha Raivosa




O sol, sua luminosidade e calor eram irritantes, aqueles edredons pareciam querer sufocá-lo, eram irritantes, tudo parecia predisposto a irritá-lo. Numa muda súplica de ser deixado em paz Draco deu um murro na cama, que de tanto que se moveu parecia revidar. Não funcionou muito como ele esperava, com todo aquele tremelique, só serviu para tirá-lo mais ainda do sério. Agora era oficial, era inútil tentar ser deixado em paz por todos aqueles objetos conspiratórios, que tinham por objetivo não deixa-lo dormir. Reunindo todo o mal-humor numa cara de poucos amigos, estava de certo incomodado, recostou-se na cabeceira da cama e passou as mãos pelos cabelos, como se estivesse cogitando alguma hipótese. Não, definitivamente ali não estava confortável. Num gesto súbito de impaciência, o loiro levantou-se da larga cama de casal, olhou para o lado e viu em seu relógio de bolso sobre a cama, que eram cinco da manhã.



-/p/ Por Merlim, só posso estar louco de acordar uma hora dessas – olhou de relance para a sua cama - /p/ Mas para lá eu definitivamente não volto! Está decidido.



O loiro espreguiçou-se e foi tomar um bom banho. Depois de longos 40 minutos, Draco sai do banheiro de roupão. Com preguiça de mudar de roupa fez um feitiço para se vestir e foi tomar o desjejum.



Ele pretendia chegar lá antes de qualquer um, principalmente seu pai, pois não estava de bom humor e com certeza seu pai saberia explorar essa ‘falha’, para irritá-lo ainda mais. Saiu de seu quarto exatamente uma hora depois que havia acordado.


Foi até a sala de jantar, sentou-se, na cabeceira, ele sempre se sentava lá quando fazia as refeições sozinho. Achava-se no direito, por era o herdeiro dos Malfoy. Draco ordenou que os elfos servissem a comida, no mesmo instante apareceu uma farta variedade de comidas, ele serviu-se apenas de algumas frutas e um pedaço de bolo. Estava nervoso demais para comer, fazia uma reviravolta no prato enquanto dava uma ou outra garfada, desistiu então. Estava sem paciência alguma para qualquer coisa que fosse, até para comer. Não ia continuar tentando, arrastou a cadeira para trás e saiu pisando forte, descontando toda a sua impaciência no chão.




Estava nervoso, por ter acordado tão cedo, por não estar conseguindo se concentrar em nada, por estar ainda pensando NELA. A raposinha era o motivo de toda a sua indisposição matinal, única e exclusivamente ela. Proibiu-se de desperdiçar mais um minuto sequer pensando em Virgínia, não iria perder sua pose tão fácil.



-/p/ Sem raposinha, sem estresse, sem estresse, volto a sanidade mental. Resolvido o meu problema.




Rumou impaciente para a biblioteca, iria achar a solução para aquele feitiço e seria hoje!



Chegando lá havia vários elfos, uns limpando o local, outros ajeitando os móveis e havia ainda uns que estavam tirando a poeira e organizando os livros.



-FORA! AGORA! – Draco quase gritou, estava com o polegar apontado para suas costas, onde se localizava a saída.


O garoto não precisou falar duas vezes, na mesma hora todas as criaturinhas largaram que estavam fazendo e rumaram apressadas para a saída, de modo que só se via pequenos pés descalços andando apressados em direção à porta.




Draco não perdeu tempo, foi até as estantes e pegou diversos livros, um deles, o mesmo que havia pegado da outra vez. Acabou formando uma alta pilha que ia de suas mãos até quase a altura dos olhos. Ele a carregava na direção de um largo sofá perto da lareira. Largou-a sobre o mesmo e em seguida largou-se sobre o confortável sofá também. Respirou fundo, passou a mão pelos cabelos, pensou em começar pelo mesmo livro da outra vez, talvez tivesse sido descuidado e deixado algo passar.




Chegou a página que havia aberto no outro dia, e voltou a página da “dica”. Ficou um bom tempo vasculhando a página de cima abaixo, procurando algo, qualquer pista, algo subscrito, nada. Não achou nada, além de informações “técnicas” sobre os Weasleys.



-/p/ MAIS QUE MERDA DE LIVRO – atirou-o para fora do sofá.



Draco continuou ali, sentado, folheando página por página dos livros, procurando alguma resposta, uma dica, qualquer coisa que pudesse ajudá-lo.










˱˱˱˥˱˱˱˥O feitiço da serpente ˱˱˱˥˱˱˱˥ O feitiço da serpente ˱˱˱˥˱˱˱˥









Ela abriu os olhos, à muito tentava fugir da claridade, virava-se de um lado para o outro fugindo do sol, acordou com o calor insuportável que os edredons lhe proporcionavam. Desistiu de voltar a dormir, afinal agora já estava completamente desperta, sabia que seria inútil tentar. Ginny espreguiçou-se e se sentou com os pés já no chão, piscava forte para ver se melhorava as vistas. Procurou pelas pantufas enquanto bocejava e travava uma batalha em sua mente, decidindo sobre ir ou não para o banho.



-/p/...Mas será bom para despertar.
-/p/Aaaaai... Mais á tão longeee...
-/p/ Isso é preguiça, anda logo.
-/p/Ah! E se for mesmo? Depois do café eu vou.
-/p/ Depois vai arranjar como sempre outro pretexto para não ir.




Decidiu-se por ir, tomou o banho e logo saiu enrolada na toalha, sentia-se bem mais disposta. A ruiva foi em direção do guarda-roupa, abriu-o e chegou a ficar até tonta, com tantos vestidos que encontrou ali, não tinha nem idéia do que era prudente de se usar.


-/p/ Definitivamente esse não! - concluiu ao passar o olho por um vestido vermelho que chegava doer os olhos de tanto que brilhava.



Ginny ficou ali, parada, encarando os vestidos por um bom tempo, até que finalmente fartou-se.



-/p/ Que seja! Vai esse mesmo! – passou a mão num vestido de alcinhas rosa-bebê, ele ia até os joelhos de Ginny e era feito de um tecido extremamente macio e gostoso de passar a mão. Estava muito frio e o vestido era de alças, um pouco mais grossas que o normal mais ainda sim alças, ela começou então a procurar algo para agasalhar-se. Revirou um pouco o armário e logo achou um lindo bolerinho branco, com uns detalhes rosinhas, ficava perfeito com o vestido, deviam ser conjunto. Já vestida e devidamente agasalhada, Gina resolveu tomar o desjejum. Impedida apenas pro um pequeno detalhe, ela não fazia a mínima de para onde ir. Até que se lembrou da noite anterior e do sininho. Vasculhou a sua memória em busca do local que havia deixado o pequeno objeto.



-/p/ Ah! Claro, a penteadeira! – correu até lá para pegar o conveniente sino.




Ginny não sabia ao certo o que fazer, sacudiu-o então, pois parecia ser o óbvio a ser fazer. Esperou um tempo e logo ouviu as batidinhas de Nancy à sua porta.



-Chamou Nancy Srta.? – ela parecia exausta, devia ter vindo correndo.


-Sim, me leve a sala de jantar, por favor.

- Nancy leva.




A elfo começou a andar, sendo seguida por Gina, mais uma vez ela se encontrava perdida, virando corredor por corredor naquele labirinto, pensava em como alguém poderia suportar morar ali, ela que só estava lá fazia um dia, já estava farta. A garota reparou outra coisa também, Nancy, estava bem menos receosa que antes em relação a ela, e já não gaguejava tanto, quem sabe estivesse percebendo que Ginny não era como o resto dos Malfoys.




Chegaram finalmente ao seu destino.



-Nancy manda trazer a comida.


-Ei, Nancy! Espere – ela havia acabado de notar algo – Onde estão os meus er... meus tios?


-Oh! Como Nancy pode se esquecer, mestre mandou dizer que eles tiveram que viajar de última hora, mas que a senhorita pode ir falar com jovem Draco se precisar de alguma coisa.


-Ah...Sim. Você sabe para onde eles foram?


-Oh, eles foram ver os Lestrange, jovem Virgínia. Não se lembra?


-Ah, claro, como pude me esquecer – ela não fazia idéia de que seus “tios” iriam visitá-los ou mesmo o porquê, mas achou melhor concordar para não gerar conflitos.


-Agora Nancy traz a comida – dizendo isso a elfo desapareceu por uma portinha.




Logo depois surgiram vários pratos sobre a mesa, Gina sentiu-se deslumbrada, ela adorava o café da manhã, gostou ainda mais com toda aquela variedade. Serviu-se de um pouco de tudo, primeiro as frutas e cereais. Depois pães com os mais variados recheios e por fim alguns generosos pedaços de bolo. Ela adorava a idéia de que não tinha que sentar à mesa junto de Lúcius, queria que essa “viajem” deles durasse para sempre, ou pelo menos o tempo em que estivesse por lá.



Acabando de comer, Ginny começou a pensar no que fazer, os jardins estavam fora de questão, nevava forte lá fora e mesmo com aquele casaco enfeitiçado ela não sentia a mínima vontade, afinal, qual a graça de brincar na neve sozinha? A ruivinha se lembrou então do dia anterior e da biblioteca que tinha ido com Draco. De súbito levantou-se da cadeira, no mesmo momento Nancy apareceu.



-Quer que Nancy traga mais alguma coisa jovem Virgínia?


-Não obrigada, estou satisfeita. Mas você poderia me levar à biblioteca?


-Nancy leva – respondeu prontamente.




Depois de longos minutos no confuso labirinto de corredores chegaram à biblioteca e sem dizer mais uma palavra, Nancy girou nos calcanhares e foi embora.



Ginny olhava para as estantes deslumbrada com a quantidade imensa de livros que ali havia, dirigiu-se a uma delas procurando algo de interessante para passar o tempo. Já fazia muito tempo que ela percorria o olhar pelos livros e não achava nada além de magia negra.



- O bom desse lugar é a diversidade, né?- sussurrou sarcástica para si mesma.



Quando já estava ficando cansada de procurar, avistou um exemplar meio escondido sob um outro livro que cobria parte do seu título. Um livro que ela ouvia Hermione falar desde que ela se lembrava ser sua amiga: “Hogwarts, uma história”. Não que ela tivesse muito interesse por lê-lo, mas preferiu a “A arte do Cruccio, 52 maneiras eficazes”.



Já com o livro nas mãos foi andando em direção ao local em que ela mesma havia apelidado de “cantinho da leitura”, era o ambiente em que havia várias poltronas, sofás, mesinhas e abajures para se sentar e ler. Tomou um susto ao avistar cabelos prateados sentado num sofá rodeado por vários livros, e com as próprias faces imersas num deles.



Draco pareceu notar a presença da raposinha, subiu o olhar para encará-la. Decidiu-se por manter a calma, por mais que estivesse irado, com vontade de estrangulá-la não o faria, faria o que ele sabia fazer de melhor, a feriria com palavras, não perderia a pose. Esperaria o momento certo para falar.




- Sentiu minha falta raposinha? – ele disse num tom quase ameaçador e muito frio.


Ginny revirou os olhos – Da onde você tirou de me chamar de “raposinha”? E o que está fazendo aqui?


Ela seguiu andando em direção a uma poltrona depois do sofá, impedida de continuar caminhando quando tropeçou em algo, que a fez cair de joelhos no chão.



-Sua mãe não te ensinou que é falta de educação responder uma pergunta com outra?- Draco não pareceu nem se abalar com o fato de Ginny estar agora caída no chão massageando os tornozelos. Mas só parecia, porque a vontade que ele teve naquele instante era de pegá-la em seus braços e dizer que estava tudo bem, mas não o faria, ela estava fazendo de tudo para irritá-lo então também agiria de tal forma.



Ginny agora bufava indignada, olhou de relance para trás para ver o objeto que a tinha feito cair, para averiguar do que se tratava. Era um livro, e estava aberto com as páginas viradas para o chão, tomando o cuidado para não perder a página já aberta, ela pegou-o. Agora ela estava com os olhos arregalados e a boca aberta, muito espantada.



-/p/ Pelas barbas de Merlim! Essa...Essa...é a minha família – ela falava enquanto olhava para um brasão com um descrição logo abaixo – N-n...na mansão Malfoy? Não pode ser.



Gina leu minuciosamente a parte em que falava sobre a sua família, depois percorreu o olhar sobre as outras famílias-puro-sangue. Finalmente chegou à observação da outra página, entendeu tudo, aquele era o livro com o qual Malfoy havia aprendido a fazer o feitiço.





Voltou a olhar mais uma vez a parte em que falava sobre a sua família, não pode deixar de se sentir importante por isso, inconscientemente levou uma mão à gravura do brasão de sua família, ao passar à mão pela figura notou algo estranho, ela estava com cola apenas nas partes superior e inferior, suas laterais eram soltas, passou a mão por detrás da gravura e sentiu algo, um pequeno relevo, era um minúsculo pedaço de pergaminho dobrado, tirou-o de lá, desdobrou-o e leu, leu novamente e levou uma mão a boca.


-/p/POR MERLIM! – foi tudo em que ela foi capaz de pensar.


Draco encheu-se da ruiva ali parada, abobalhada, ficou com raiva por ela não estar mais prestando atenção a ele. E como sempre quando ele ficava com raiva, falou algo que ele não tinha a intenção de dizer, mas que a machucaria bastante – E como sou muito bem educado, pequena, responderei à sua pergunta – pausou, Gina agora o olhava nos olhos – O que faço aqui? Na verdade, é bem simples. Procuro um jeito de reverter esse feitiço e me livrar de você o quanto antes, porque já que não estás servindo para entretenimento, não vejo outra utilidade para você. – ele agora sorria malicioso, por ter descontado sua raiva.




As orelhas de Gina ficaram vermelhas, seu sangue fervia, de ódio. Suas mãos abriam-se e fechavam fervorosamente. Estava com ódio daquela doninha albina que estava em sua frente, mas principalmente se martirizando por dentro. Fora tão ingênua, acreditara que aquele crápula sentia algo por ela, que pudesse ter algum sentimento dentro daquela carcaça oca, achava que talvez ele só estivesse com medo, quando na verdade o desgraçado só queria se divertir com ela. A raiva ultrapassou o limite da razão, ela agora falava desenfreada juntando tudo numa frase só.



- É ISSO MESMO QUE VOCÊ ACHA?! ENTÃO TOMA AI ESSA MERDA DESSE ENIGMA! APROVEITA E SE DIVERTE UM POUQUINHO COM ELE TAMBÉM!! DESCOBRE ESSA DESGRAÇA E DEPOIS ME ACHA!! PORQUE EU TÔ INDO ME PERDER NESSA MANSÃO MALUCA ENQUANTO ISSO! – ela chorava e berrava ao mesmo tempo, não sabia nem mais o que falava ou fazia a esse ponto. Pegou o livro que estava em seu colo e o atirou com toda a sua força em Draco, acertando em cheio as suas faces, logo depois, atirou o pequeno pergaminho em seu colo.



Enquanto o loiro se recuperava da pancada, só via o que parecia ser a silhueta da raposinha, correndo e pisando forte para fora do aposento. Ainda meio zonzo, ele só pensava no que havia acabado de fazer, não raciocinava muito bem, sua cabeça doía muito e tudo começava a rodar. Fez a única coisa que parecia ser capaz, desenrolou o pergaminho e forçava as vistas para conseguir ler:



“Quando o impossível se unir, sem máscaras, a serpente trará a resposta.”



Draco sentiu os olhos falharem, a cabeça doía mais e mais, tudo rodava até que uma escuridão invadiu seus olhos o garoto perdeu a consciência.





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Cap betado.

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