Make me lose control -parte I

- Sua comunal é maior que a nossa... – murmurou um quintanista da Corvinal. – Hermione ignorou-o.

- Verdade... - murmurou uma segunda voz com audível inveja.

- Eu to com um pouco de fome... Tem comida aqui não é?

- É só nisso que você pensa?

- Na verdade não... Vai ter bebida?

- Aqui não tem lareira? – resmungou uma menina após um barulho abafado de pancada.

- Claro que tem! – retrucou Lilá.

- Porque ta tudo escuro? – Um súbito clarão alaranjado iluminou a comunal. Entretanto, ali em cima, a única luz vinha da varinha de Giny:

- Você trancou? – murmurou ela, parando meio caminho da maçaneta. Hermione voltou-se dando as costas para a outra porta:

- Tranquei. – respondeu sem esconder a indignação.

- Bom! – murmurou uma voz vinda do meio do grupo. Hermione adiantou-se para Giny forçando caminho entre um grupo de garotas que se amontoava no pequeno hall:

- Eu – eu n... Dá licença? – pediu Hermione empurrando um braço e tirando um chumaço de cabelo do caminho. – Ai! Peraí...! Porque vocês estão aqui de qualquer forma? Todo mundo vai descer!!

- Agente quer ir também!

- É!

- São cinco pessoas, agente não precisa de dez garotas para acordar cinco pessoas! – acrescentou Giny. Enquanto Hermione se aproximava:

- Giny... Eu não ach... Baixa isso! – ordenou franzindo o cenho e baixando a varinha da garota dos seus olhos.

- Desculpe.

- Eu continuo insistindo, que isso é totalmente injusto... Agente fica aqui fora se divertindo, e...

- Hermione pelo amor de Merlin! – reclamou uma das meninas.

- Eles são crianças! Eles nem sabem o que diversão significa! – acrescentou uma das gêmeas, que naquele escuro, Hermione não soube muito bem definir qual.

Giny largou o trinco da porta mais uma vez, voltando-se para Hermione num sussurro agudo:

- Você entende que pode ficar em sérios problemas se der bebida a crianças não é?

- Tecnicamente Giny, eu não poderia dar bebida nem a você! – rebateu Hermione. Giny franziu o cenho extremamente ofendida, e voltou a luz da sua varinha de volta para a porta.

- Abre logo essa porta!

- Não grita!

- Eu não estou gritando...!

- Sh! – cortou Giny abrindo a porta lentamente.

O quarto estava escuro e em completo silêncio, que logo foi quebrado. Assim que Giny pôs o pé dentro do quarto, sentiu um encontrão que a arremessou pelo menos dois passos à frente:

- Hei!

- Eu vou!

- Não, eu pedi primeiro!

- Peraí!

- Ai! Meu pé!!

- Meninas! – reclamou Giny num sussurro impaciente. – Calma! Eu vou.

- Eu fico. – falou Hermione encostando-se no vão da porta. Giny voltou-se para a garota em silêncio. Hermione fitou Giny por um momento e indicou a cama rodeada pelo dossel vermelho, obviamente ela esperava que a garota fosse também... Giny deu de ombros e seguiu até a cama puxando as cortinas, não havia muito com o que se preocupar, ainda tinha planos para a amiga aquela noite...

- Quem vai buscar Rony? – questionou Hermione, se perguntando se ele já não estaria acordado com aquele barulho todo...

- Eu vou! – adiantou-se Lilá passando num segundo por Hermione e caminhando até um dos dosséis, tão precisamente que se chegava a suspeitar se não já o havia feito antes...

- Ok... – murmurou Hermione afastando-se.

Giny apanhou um par de óculos no criado-mudo e atirou para o amigo. Harry sentiu um objeto pontudo atingir-lhe no rosto, acordando num espasmo:

- Hãn...?

- Psiu. Hei... Acorda...

- O qu...? – Harry abriu os olhos sonolentos e observou uma figura embaçada na sua frente. Giny continuou:

- É melhor você levantar antes que eu não possa mais te proteger... – avisou Giny.

- Que barulho é esse? – reclamou Dean do outro lado do dormitório.

- Giny? – tateou Harry pondo os óculos.

- Harry?

- Rony... – murmurou Harry ao reconhecer a voz do amigo

- Hei irmãozinho...

- Giny? O que está havendo...? – e com um pouco mais de ênfase - O que você está fazendo aqui?

- OI. – cumprimentou uma quarta voz..

- Ah! – exclamou Rony pego de surpresa. E depois de alguns segundos – Lilá...?

- Sério, agente pode ficar nisso a noite toda... – murmurou Hermione impaciente.

- Nisso o que? – perguntou Neville que acabara de puxar as cortinas do próprio dossel.

- Será que dá pra fazer silêncio? – reclamou Simas irritadamente.

- O que é isso tudo? – questionou Rony apanhando o próprio roupão.

- Eu não faço idéia... – murmurou Harry enquanto colocava o roupão que Giny havia entregado.

- Isso é uma surpresa! – disse Lilá.

- Sério?

- E vocês estão demorando demais! – acrescentou Hermione das escadas.

Houve uma ligeira comoção até que Simas se levantasse também e seguisse a contragosto junto com o resto do grupo para as escadas. Hermione caminhou até o amigo que acabava de passar os olhos na comunal logo abaixo das escadas.

- Parabéns! – Rony voltou-se para a amiga surpreso:

- Você fez isso... – murmurou ele visivelmente descrente

- Em parte... – acrescentou.

- A maior parte! – corrigiu Giny aproximando-se e pondo um braço ao redor da garota.

- Bom... Não realmente, quero dizer... – mas Giny não pareceu dar muita atenção, visto que cortou a garota arrastando-a logo em seguida:

- Vamos! Vamos beber alguma coisa...

- Sabe Giny, eu não sou muito resistente com bebidas, e...

- Sério...? – rebateu ela, apesar de não haver muita surpresa em seu olhar...

Rony observou as duas se afastarem completamente abismado. Harry aproximou-se tão chocado quanto:

- Ela fez isso?

- Foi.

- Isso não é contra o regulamento...?

- É sim...

- Uau.

- Eu sei!

- Parabéns, por falar nisso... – Rony sorriu.

- Brigado...

- Uma festa do pijama... – murmurou Simas aproximando-se dos dois meio que descrente. - Por que eu nunca tive uma festa do pijama? – acrescentou revoltado.

- Eu estou vendo bastante bebida... – comentou Rony.

- E pijamas... – acrescentou Harry sorrindo.

- Legal...

---

Agora... Ele era um bom amigo. E aquela era a única razão por estar fazendo aquilo. Rony. E o fato de que os dois eram amigos... Certo?

Por que... Normalmente, ele não estaria ali. Normalmente... Ele estaria se divertindo, como todos. Provavelmente também não estaria sozinho... Mas não.

Como um bom amigo, ele agora se encaminhava, sozinho, para Giny:

- Você devia parar de beber. – Giny que se ocupava em rir vigorosamente de algo que Dino havia acabado de contar, virou-se ainda sorrindo:

- O que?! – e ao enxergar o amigo acrescentou. – Oh, Harry! Ouça isso! Dino...

- Giny. – cortou Harry.

- O que foi? - questionou a garota ao captar a irritação dele. Harry abriu a boca novamente, mas Dino o interrompeu.

- Harry... Eu achei que você ia estar se divertindo... Parvati acabou de passa procurando você. – Harry olhou para trás por alguns segundos:

- É ela me achou. – acrescentou com impaciência. – Giny?

- Certo... – levantando-se do sofá em que estava seguiu Harry até um canto. – Porque você está de mau-humor?

- Pare com isso. – pediu Harry tomando a garrafa de cerveja que a garota levava até a boca.

- Oh, Harry, sério? Vai encher outro. Melhor... Vai se divertir! – e tomando a garrafa de volta bebeu um gole. – Harry ponderou por um momento.

Nunca foi de tentar controlar Giny, pelo contrário. Na realidade, mais de uma vez tentara alertar o amigo sobre ser absolutamente possessivo com relação à irmã. Até mesmo porque, sabia que a garota podia cuidar muito bem de si mesma. De fato, o problema ali, não era exatamente Giny.

- Eu não estou falando de você! – Giny voltou-se erguendo a sobrancelha:

- Eu sei disso.

- Ela está bêbada. Pare de lhe dar bebida. – falou Harry observando um grupo do outro lado da comunal.

- Ela não está bêbada. E eu não estou dando bebida nenhuma! Ela está bebendo sozinha! – defendeu-se ofendida.

- Isso é porque ela está bêbada! – insistiu Harry. – Fale com ela.

- Eu não. Vai você já que está tão preocupado...

- Eu não estou preocupado! – defendeu-se Harry.

- Certo...

- Não estou! Na verdade eu não to nem aí!

- Ok então! Você não está. – concluiu Giny, fazendo um esforço imenso para não rir da cara dele. – O que é bom, eu suponho, certo? – continuou com um ar cúmplice. – Afinal, não é como se vocês fossem amigos, ou qualquer outra coisa... Então, porque você ligaria, não é...? – Harry manteve-se calado observando enquanto ela voltava para a conversa com Dino.

Encostando-se na janela junto à escada, Harry correu os olhos pelo local. Não demorou muito para que identificasse a garota, visto que ela caminhava em direção à ele:

- Oi... – Harry não respondeu, apenas erguendo os olhos e observando-a.

Ela tinha um copo do que parecia ser vinho em uma das mãos. Usando uma camisola e coberta por um roupão aberto, mantinha os cabelos soltos. O que era uma mudança, considerando que não se recordava de tê-la visto assim antes... Erguendo uma das mãos passou-a no cabelo retirando alguns cachos dos olhos e sentou-se ao seu lado:

- Você viu Rony? – perguntou encarando-o incomodamente.

- Não. – respondeu Harry olhando em volta. – Provavelmente em algum canto com Lilá.

- Provavelmente. – concordou Hermione com um ar desleixado. Harry observou-a enquanto ela baixava a cabeça e apoiava nos joelhos.

Realmente, ela não estava bem... Se perguntando como ela conseguira contrabandear vinho pra dentro da escola, estava prestes a tomar-lhe o copo, quando seus pensamentos foram interrompidos pela presença de uma terceira pessoa. Hermione que também pareceu ter notado o rapaz voltou-se levemente irritada:

- Hei. Cormac... – e levantando-se, não sem antes bambear um pouco fez menção em ir embora. Obviamente não queria a presença do rapaz.

- Espere. – pediu ele seguindo a garota, que não deu ouvido e continuou a caminhar em direção à porta. Harry acompanhou com os olhos o rapaz seguindo-a. Num gesto rápido, levantou-se caminhando em direção aos dois. Ignorando a terceira presença ali impediu a menina segurando-a pelo braço.

- O qu...?

- O que você está fazendo? - questionou sem esconder a irritação.

- Como? – cortou Hermione confusa.

- Hei! Potter calma! – interpôs o rapaz com um sorriso zombeteiro. Ignorando-o novamente ele continuou:

- Você devia largar isso e voltar pro seu quarto... – disse Harry apontando para o copo, com a sensação de que no que dizia respeito a intenções, as de Cormac não eram exatamente as melhores...

- Vai encher outro... – insistiu ele.

- Me larga! – ordenou Hermione soltando-se. O movimento rápido fez com que ela perdesse o equilíbrio e se apoiasse na mesa mais próxima, e então, aos tropeços, caminhando até o buraco do retrato, saiu.

- Deixa a garota se divertir! - Harry voltou-se para ele grosseiramente:

- Você quer dizer ela ou você? – ele parou por um momento considerando.

- Mesma coisa... – e afastando-se, ainda sorrindo ele deu as costas, também saindo da comunal.

Sentindo uma incomum e inquietante irritação, Harry voltou-se em direção às escadas num impulso. Sem se incomodar em bater na porta, Harry entrou no dormitório com ar de poucos amigos.

- Rony? – houve um momento de silêncio, no qual, Harry agradecendo o quarto estar completamente às escuras, esperou pela resposta do amigo:

- Quem está aí? – perguntou uma voz feminina que ele reconheceu como sendo de Lilá.

- Harry?! – questionou irritado. – O que houve?

- É sobre Granger...

- Vocês brigaram de novo?

- Não... Sim! Mas não é isso qu... – Rony soltou um bufo de exasperação durante o qual Harry soltou um muxoxo e fez menção de continuar impaciente:

- Ela...

- Harry. Hoje é o meu aniversário, e eu agradeceria se vocês agissem amigavelmente e se resolvessem sozinhos, ok?

- Mas...

- Muito obrigado! – e sem pensar duas vezes fechou a porta novamente. – Harry soltou um palavrão à falta de consideração do amigo.

Não que ele ligasse, certo? Quero dizer... Não foi ele que bebeu um galão de vinho, e não era ele que ia tirar vantagem da situação, então... O não importando o que aconteça, ele estaria completamente livre de qualquer culpa...

Afinal, bater de frente com Cormac não estava exatamente nos seus planos. E além do mais, Granger sabia muito bem cuidar dela própria. E ele, Harry não tinha nada a ver com isso, ponto final.

...

Respirando fundo, e consciente de que se arrependeria muito, muito em breve, Harry apanhou a varinha do bolso do próprio roupão e caminhou em direção à saída.

---

Harry deu as costas a uma Mulher Gorda profundamente irritada com a sua interrupção do que pareceu ser uma piada, a qual Harry definitivamente não estava disposto a ouvir. Procurando ignorar os resmungos da mulher, que demonstrava certa embriaguez, voltou-se para o corredor em busca da garota. Com sorte ela não teria conseguido ir muito longe... Ainda mais naquele estado.

- Espere... – Hermione parou. Seu estômago estava embrulhado e sua mente parecia mover-se cinco segundos mais devagar... – Eu não estou me sentindo muito bem...

Hermione sentou apoiando-se num local maciço. Onde diabo ela estava...? Sentindo uma mão apoiar seus ombros enquanto sentava, ergueu os olhos...

- O qu...? Cormac... – franzindo o cenho, Hermione afastou o garoto com um dos braços e fez menção em ir embora, mas foi logo impedida. Sentido que a idéia de ter aceitado aquele monte de bebida não tinha sido muito boa ela insistiu em vão. – Não... Sério, pare!

Harry caminhou pelo corredor meio sem saber onde procurar. Pra falar a verdade nem ao menos sabia o que faria quando encontrasse os dois... Considerando ainda a possibilidade de voltar para a festa, Harry mudou de idéia assim que ouviu uma voz familiar vinda de uma das salas.

Sem pensar muito e com uma inquietude que desejava não sentir, Harry empunhou a varinha e entrou.

Por um momento, Harry correu os olhos pela sala de aula e não viu ninguém, o local estava absolutamente escuro. Estava prestes a dar meia volta e continuar a procura quando ouviu a voz insistente da garota:

- Não!

Harry puxou uma das cadeiras fazendo o máximo de barulho possível. Com um aceno de sua varinha o local se iluminou.

- Hei! – chamou com irritação. Houve uma comoção por alguns segundos, durante os quais ele caminhou com a varinha firme em punho até os dois. O barulho da chegada do garoto chamou a atenção de Cormac que se virou.

Hermione desvencilhando-se, fez menção em ir embora. Entretanto, ao que pareceu, dentro das circunstâncias, ir embora por conta própria era algo muito além das suas habilidades locomotoras...

Um baque surdo se ecoou na sala assim que o corpo da menina atingiu o chão, desabando literalmente da mesa onde se encontrava. Harry adiantou o passo e Cormac agachou-se em direção à garota que tinha a mão na testa e a cabeça baixa.

- Não! – exclamou Harry erguendo a varinha e apontando para ele. Cormac parou e observou a varinha surpreso:

- Potter o que você está fazendo?

- O que você está fazendo?! – retrucou Harry revoltado. – Ela está bêbada!

- Volte pra festa. – ordenou simplesmente.

- Eu acho que não. – respondeu Harry friamente. O garoto respirou pesadamente, obviamente sem muita paciência com a interrupção:

- Potter, o que isso tem haver com você? – questionou levantando-se novamente e erguendo o tom de voz.

- Bom, isso não é mesmo da sua conta não é?! – exclamou Harry de volta. – Agora vá embora! – os olhos do garoto pousaram na varinha de Harry e voltaram-se para Granger, e então de volta para Harry. Obviamente estava ponderando se valia à pena se envolver em uma briga por causa da garota.

Normalmente não seria muito sábio se envolver em uma briga com McLaggen, afinal, ele realmente era duas vezes o seu tamanho. Além de não ser lá muito paciente. Entretanto, Harry possuía uma varinha, e ele não. E mesmo se possuísse, considerou Harry mentalmente, apostava qualquer coisa que era muito mais rápido e habilidoso com a mesma...

Houve um momento de silêncio, até que o garoto deu de ombros e sem esconder o ar de irritação deu as costas, seguindo de volta para a festa. Harry respirou fundo voltando-se para a garota ainda no chão.

Ela estava sem roupão. Prendendo a varinha na calça, tirou seu próprio roupão e caminhou em direção à Hermione abaixando-se junto a ela:

- Você está bem? – perguntou num misto de desconcerto e indignação. – Ele te machucou? - Talvez estivesse um pouco irritado também. Afinal, o que diabo ela estava pensando?

Afastando o braço do garoto, Hermione retrucou erguendo o rosto, ainda tonta:

- Eu estou bem... – murmurou ela de modo nada convincente. Harry ofereceu o roupão colocando-o na garota que aceitou sem dizer uma palavra. Observando o seu estado por um momento, seus olhos se prenderam na testa da menina que mantinha um hematoma arroxeado. Resultado da queda, aparentemente...

- Vamos. – pediu ajudando-a a se erguer. – Venha...

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