"Gossip, gossip, gossip..."
Hermione seguiu pelos corredores em direção à ala sul do castelo. O quão bom era aquilo? Seguia direto para o seu dormitório... Seu... Seu banheiro, sua cama, seu quarto, muita privacidade e acima de tudo: silêncio. Confortável e agradável silêncio. Poderia ser melhor? Não... Não poderia, afinal, ela era monitora-chefe...
Passando pela sala dos professores, ela seguiu em silêncio, com ar extremamente agradável e levemente distraído. Parando em frente a um pequeno quadro de formato oval, viu seu bom humor ser significantemente alterado. Estava vazio.
Respirando fundo, Hermione olhou a sua volta. Vários outros quadros se encontravam pendurados nas paredes do corredor. Dormindo... – acrescentou Hermione enfezada.
- Er... – tentou fracamente. – Com licença. – disse se voltando para a pintura do lado oposto à entrada.
O senhor da pintura tinha um ar sonolento e confuso, seu gorro caía pelo rosto indo até um volumoso bigode que ele mexeu desconfortavelmente ao ouvir a interrupção da garota:
- Hum...!? – resmungou o senhor com cara de quem ainda sonhava profundamente. Hermione insistiu levantando as mãos e batendo palmas. O som ecoou forte pelo corredor, fazendo a maioria dos retratos pularem em sobressalto. Elevando a voz para ser ouvida em meio aos resmungos dos mesmos ela insistiu:
- Onde está, er... – parou um momento voltando sua atenção ao pedaço de papel que tinha em uma das mãos. – Mary-Anne? O senhor sabe? – o velho abriu um olho e fitou Hermione que se manteve a espera de uma resposta.
- Volte a dormir! – gritou uma voz feminina vinda de um dos quadros no fim do corredor.
- Insolente! – resmungou o velho.
- Como? – exclamou Hermione que começava a se irritar. Estava prestes a revidar o desaforo quando ouviu murmúrios de conversa e risadinhas, até que o quadro atrás de si foi preenchido por duas mulheres. Uma mais jovem e muito magra, de cabelos pretos e extremamente encaracolados, apesar de muito organizados num penteado antigo. A seguinte, Hermione reconheceu rapidamente, talvez devido à absoluta discrepância das duas: A Mulher Gorda.
- Oh Merlin... – murmurou a Mulher Gorda. – Olá Hermione... – disse simplesmente com um ar divertido.
- Oi... – respondeu Hermione com uma impaciência mal disfarçada. O cansaço começava a bater no seu corpo, e já sentia os ombros pesados e doloridos da cansativa e longa, muito longa viagem... – lembrou com azedume.
- Oh! Você deve ser a nova monitora... – exclamou a mulher em seguida, sem esconder o ar de extrema excitação.
Chefe... Monitora -” chefe”.- corrigiu Hermione mentalmente, entretanto se mantendo calada. Havia simpatizado com a mulher, apesar de lhe parecer um tanto... “Avoada”, não, não... Não era isso... O fato era que apesar de simpática, Hermione não tinha certeza sobre a idéia de confiar-lhe a segurança do seu quarto...
- Já não era sem tempo de se ter uma garota por aqui... – comentou a mulher. – um resmungo veio do velho, que obviamente, apesar de tentar parecer estar dormindo, se mantinha completamente alerta agora. – Não ligue para ele... Com o tempo você se acostuma... – Hermione achava difícil, preferindo se manter incrédula.
Um bocejo se projetou em sua boca antes que pudesse evitar, fazendo com que levantasse as mãos logo em seguida para cobri-lo.
- Oh querida, você parece exausta... – comentou a mulher se afastando logo sem seguida e abrindo espaço para que Hermione entrasse.
- Ok... – foi tudo que Hermione disse, até que um pensamento lhe ocorreu. – Er... Você não vai me pedir a senha? – perguntou desconfiada.
- Ah! Sim, claro! – exclamou a mulher batendo na testa de modo estranho. – Eu sabia que estava esquecendo alguma coisa... Ai, ai... – então, se enrijecendo em sua posição, pediu – Senha? – demorou um pouco até que Hermione saísse do estado de exasperação.
- Ham... Pônei Verde Saltitante...
- Isso mesmo! – concordou com ar de felicidade. – Pode entrar agora!
Hermione se manteve um momento parada observando a mulher... Louca... Definitivamente, era essa a palavra... – caminhando em direção ao quarto levantou os olhos e seu queixo caiu.
- Você gostou? – perguntou uma voz vinda do quadro que agora se fechava atrás de si. Hermione olhou em volta.
O quarto, era... Grande... Grande e muito confortável. No centro, tomando a maior parte de sua visão, estava uma cama rodeada por um dossel com cortinas vermelhas rubro. Os lençóis eram vermelhos, com alguns detalhes dourados, que ela veio logo a perceber, eram pequenos leões, iguais aos grandes travesseiros que cobriam a cabeceira... As cores e o brasão da Grifnória... Caminhando alguns passos, seguiu em direção ao guarda-roupa, onde como sempre, suas roupas já estavam dobradas e guardadas, no canto, um biombo de madeira escura e detalhes antigos, chamou logo sua atenção... O quarto era... Perfeito. Um sorriso tomou conta dos seus lábios, e sentiu que ela já não estava mais cansada...
- Você devia dar uma olhada no banheiro...
Harry acelerou seu passo em direção a sala de Transfiguração. Era o primeiro dia de aula, e seu humor não era dos melhores, e para completar, Rony estava particularmente irritante... Ou talvez ele estivesse extremamente irritável... Ele não sabia dizer...
- Bem, eu só achei que depois desse verão... Bom... – tentou Rony com uma voz esperançosa. – Giny disse que talvez, bem...
- Não.
- Mas...
- Não.
- Porque não?
- Ela é... Eu não gosto dela! – concluiu Harry ao não encontrar uma expressão exata. – Agora será que dá pra esquecer o assunto?
- Bom dia! – exclamou uma voz feminina que se juntou aos dois na fila.
- Falando no diabo...
- Harry! – reclamou, apesar de rir do mau humor do amigo.
- Bem, eu prefiro “Senhora de todo o mal e todas as coisas vis da face da terra”. Se é que você me entende... – retrucou Hermione com um incansável sorriso no rosto e um ar sarcástico.
Rony riu abertamente. Parando quase que instantaneamente ao ver a expressão do amigo, se voltando para a garota num murmúrio.
- Ele está de mau humor...
- Bem... Eu não me preocupo com isso, sabe por quê? Porque eu acordei de BOM humor, muito bom humor! E não tem jeito nenhum de você me atingir hoje... Ah! – disse ela passando logo em seguida e seguindo em direção ao seu lugar calmamente e sentando-se com os livros a sua frente.
Harry seguiu em silêncio até a primeira cadeira que viu e sentou-se seguido logo pelo amigo com ar receoso. Então ele estava de mau humor... E daí? Desde quando era tão errado estar de mau humor?
Claro... Ele sabia exatamente o porquê do seu mau humor... Bem, não realmente... Era bem verdade que o esclarecimento do dia anterior o deixara mais incomodado que o que ele gostaria... Não ele, seu ego... Isso, seu... Orgulho... Ele não estava acostumado com aquilo... Ser... Tão, descartado... Não, não era essa a palavra... Desconsiderado... Isso. Não que tivesse qualquer interesse, não! Era só que... Bom, pelo menos a idéia de...
“Ele estava divagando? Estava divagando...”.
Hermione correu o dedo indicador pelos livros da prateleira em busca do que queria. Com outro na mão para consulta, estava concentrada demais para notar uma segunda e terceira presença se aproximando do outro lado da estante...
Hermione finalmente achou o livro puxando-o logo em seguida, deixando um espaço vago na prateleira, que foi tomado de repente por um grande olho azul arregalado.
- Ah! – gritou Hermione largando o exemplar no chão. Vários olhares se voltaram para ela, que enrubesceu furiosamente. - Foi mal...
- Oh... Desculpe-me... – disse uma voz vinda de trás da estante que ela logo reconheceu como sendo de Lilá Brown. – Foi sem querer... – acrescentou agora aparecendo seguida por Parvati que ria abertamente. Hermione franziu a testa sem dar muita atenção. Abaixando-se rapidamente apanhou o livro e tornou a folheá-lo enquanto caminhava em direção à mesa.
- Hermione espere... – pediu Parvati seguindo a garota com ar de excitação. Nos olhos.
- Então… - começou Lilá com cautela. – Como você foi de férias, se divertiu...? – Hermione levantou os olhos com estranheza:
- Bem, eu suponho que sim... – respondeu simplesmente.
- Nada de interessante?
- Bem... Não foi chato, se é isso que você quer dizer... – respondeu Hermione com ar confuso.
- Certo... Mas, é verdade...? – questionou Parvati que parecia profundamente impaciente com os rodeios da amiga. Hermione se levantou novamente em busca de um segundo livro, desaparecendo no meio das prateleiras. De modo que ambas se levantaram e seguiram atrás da garota.
- Como assim? – falou Hermione apesar de não dar muita atenção às perguntas sem muito sentido.
- Você sabe... – disse Parvati.
- Não, eu acho que não. – retrucou começando a se irritar.
- Que você passou as férias com Potter... Teve gente até que viu vocês no trem e, bom nós só... – ela devia ter adivinhado... Pensou logo em seguida com um bufo de indignação. Ela estava realmente sendo atrapalhada por isso?
- Nós passamos as férias no mesmo local. Mas eu suponho que existam várias formas de se encarar...
- Na casa de Weasley? – perguntou Lilá interessada – Hermione piscou por um momento tamanho o tom incisivo da pergunta.
- Isso... – respondeu. Visto que o assunto estava encerrado, pelo menos para ela, Hermione se virou e começou a guardar seus livros para descer pro jantar quando sentiu as duas se aproximarem novamente.
- Então como foi? – perguntou Parvati. Hermione revirou os olhos impaciente.
- Como qualquer outro lugar Parvati! – respondeu exasperada.
- Você viu alguma coisa? – insistiu a garota que parecia decidida a arrancar o máximo de informação de Hermione, mesmo que ela própria não as tivesse.
- Como o que? – questionou seguindo em direção à saída da biblioteca. - Você o viu sem camisa? – questionou a menina antes que pudesse se conter. - Bom eu... O que?! – Hermione parou e se virou indignada. - Parvati... – sibilou Lilá. Obviamente a garota não tinha demonstrado muito tato. E agora que Hermione realmente parecia irritada elas definitivamente não saberiam de mais nada... - Oh honestamente! – sibilou Hermione dando as costas as duas e caminhando pelo corredor a passos largos. - Bom... Nunca se sabe... – se defendeu Parvati. - Agente dividiu uma casa, não um quarto Parvati! – retrucou Hermione extremamente ofendida. - Certo! Eu sei, é só... Você poderia ter visto... Ou sei lá... – ela se interrompeu ao ver Hermione parar mais uma vez. Agora definitivamente revoltada. - Vocês já terminaram? Porque apesar de vocês não terem muito que fazer, eu por outro lado tenho coisas mais importantes a tratar, que não incluem ficar aqui conversando sobre Potter! - Ok... – murmuraram as duas em uníssono. - Então? – apressou Hermione, visto que as duas ainda estavam em pé com o olhar sobre ela. - Certo. – disse Lilá compreendendo o aceno da garota e seguindo Parvati e desaparecendo pelas escadas. - Francamente... – murmurou Hermione enquanto seguia para seu quarto com um misto de indignação e ofensa. - Eu já disse que foi normal! – insistiu Harry pelo que lhe pareceu ser a vigésima vez. Mas tanto Simas quanto Dino pareciam não estar propensos a desistir assim tão fácil... - Eu achei que vocês não se davam muito bem... – disse Simas levantando as sobrancelhas. - Não nos damos. – respondeu Harry enfiando a cabeça no seu malão novamente em busca de outra camisa para vestir. Os colegas o estavam perturbando tanto que já havia saído do banho há quase uma hora e ainda nem se vestira. Imaginando que Rony criara raízes ao esperar por ele na comunal, tentou se concentrar em procurar sua roupa. - Bem é só que, Vance me disse que viu vocês no trem e... – continuou Dino. - O trem estava lotado, e se você precisa mesmo saber, não foi uma viagem que eu chamaria de agradável. – retrucou Harry sem esconder a irritação. - E desde quando vocês dão atenção ao que Romilda fala? - Certo, mas... Você não... - Você viu alguma coisa? – perguntou Neville, que até então se mantinha calado, abruptamente. Todos se voltaram pra ele. – O que? - Neville está certo! Quero dizer... Rony não fala nada disso pra gente! – reclamou Simas, com um tom de indignação na voz e parecendo extremamente ofendido. - É! – apoiou Dino. – É como se agente nem existisse! - Eu lembro da última vez que você falou algo desse tipo na frente dele... – comentou Neville. – Ele não pareceu muito satisfeito. - Viu? – concluiu Simas se voltando para Harry novamente. – Ele é um grande, grande obstáculo entre ela e qualquer um que tente alguma coisa! - Harry respirou fundo. - Olhe... O que vocês querem que eu diga? O mais próximo que eu cheguei dela foi escovar ao os dentes, e mesmo disso eu me arrependi. Ela não é uma pessoa muito agradável. – mentiu Harry agora com uma vívida lembrança do seu aniversário na mente. – De qualquer forma. Levando em conta a quantidade de tempo que ela passa junto de um livro eu diria que se você quiser alguma coisa, tente a biblioteca. - e finalmente pegando o casaco estendido na cama, Harry desceu ao encontro de Rony, tomando o cuidado de não comentar nada sobre o motivo da sua demora para o amigo. Harry esticou o braço em busca da jarra de suco a sua frente. - Então, eu estava apensando em usar a mesma tática do treino dessa tarde... – continuou após engolir o pedaço de carne que colocara na boca. - Eu sei, mas Malfoy viu o nosso treino, talvez... - Eu não sei ainda... Kátia deve definitivamente se manter na posição em que está. Eu sei que você prefere a lateral esquerda Giny... – acrescentou Harry ao ouvir um resmungo vindo da ruivinha a sua frente, que parecia prestes a revidar. – Mas você joga bem nas duas posições, e Kátia está melhor assim... – explicou Harry ciente de que o elogio acalmara a revolta da garota. - Bom... Eu suponho que você esteja certo... Até mesmo porque o jogo é amanhã... – apoiou logo em seguida se voltando para seu prato novamente. - Certo... Amanhã... – Hermione levantou os olhos e encarou o amigo. Rony sempre ficava meio nervoso antes de um jogo... Não que ele fosse ruim, ele só ficava nervoso demais aí... Bom pelo menos ela achava que ele não era ruim assim, não que ela entendesse muito de quadribol (na verdade não entendia quase nada), mas pelo que via, e ouvia, ele até que era bom... - Vocês não se cansam de falar de quadribol não é? Honestamente... – comentou baixando os olhos novamente e voltado sua atenção para o livro enquanto partia um pedaço de pão simultaneamente. - Se você está tão incomodada saia. – retrucou Harry fitando a menina com óbvia irritação. Hermione ignorou-o. - Rony... Aquela não é Pichi? - disse simplesmente apontando para cima. De fato, Pichi pousara ao lado da jarra de suco logo em seguida. Acompanhada sem demora por uma grande e bonita coruja branca. Que ela reconheceu como sendo de Potter. - É da minha mãe... – comentou Rony ao abrir a carta reconhecendo a letra. – Ela diz... Ok, Ok! Sai! – enxotou o pequeno animal impaciente, visto que o bicho saltitava pela mesa, obviamente extremamente orgulhoso da entrega. - Rony! – repreendeu Giny franzindo o cenho, o irmão não deu atenção. - Ela está dizendo pra eu chamar você pra passar o natal lá. – um pequeno gemido involuntário veio de Harry. - Mas Sra. Potter já me mandou uma carta me chamando... – disse Hermione. Enquanto Harry se ocupava em abrir a dele: “Harry, Aluado trás vocês no sábado. Sua mãe mandou beijos e disse que ela e James vão esperar por você aqui. Seu pai mandou você convidar Hermione por nós... Abraços, Almofadinhas. Ps: pare de choramingar e seja educado.” De fato, ao terminar a carta a primeira coisa que Harry fez foi resmungar em desagrado. - Você vai não é? – perguntou Giny. - Minha meus pais querem passar o natal comigo, já que eu fui pra lá nas férias... – respondeu Hermione encarando a amiga. - Eu já mandei uma carta para as duas dizendo que não podia ir... Mesmo eu tendo ADORADO O CONVITE, não vou poder estar lá... – disse aqui levantando a voz. Harry simplesmente resmungou, supondo que aquilo fosse uma boa notícia... - Não é uma pena? – satirizou ele voltando sua atenção para a comida novamente. Por que a insistência em convidá-la de qualquer forma...?
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