A Ordem da Fênix



Hermione manteve acortina aberta por mais um tempo, seus olhos na rua logo abaixo.

Tinha certeza de ter ouvido algo... Parecia... Seria? Não... Não ali, não tinha conhecimento algum de um bruxo que morasse nas redondezas, além do mais, mesmo se houvesse, o que estaria fazendo ali, no seu quintal? – Tirando aqueles pensamentos da cabeça, Hermione levou o gato Bichento, que até então tinha nos braços ao chão e se afastou da janela... Seguindo em direção à cama, sentou-se e pôs a cabeça debaixo da mesma...

- Hermione querida... O que você está fazendo? – a garota pôs o pacote de baixo da cama assim que ouviu os passos da mãe na escada. Rony havia acabado de mandar-lhe um embrulho cheio de doces, segundo ele, feitos pela sua própria mãe. Certa de que se descobertos seriam positivamente confiscados, Hermione se apressou em escondê-los bem a tempo de sentar-se ereta na cama:

- Nada... – retrucou com um sorriso pequeno. Não costumava mentir para os pais... Rony era definitivamente uma má influência, pensou consigo mesma antes de sorrir involuntáriamente.

- Então venha jantar, seu pai e eu estamos esperando... – e segurando a maçaneta franziu a testa por um momento. – O que é tão engraçado?

- Nada demais... Eu já vou descer... – retrucou a filha. Esperando a mãe fechar a porta, Hermione se abaixou e checou o seu contrabando. Se seus pais descobrissem, sendo dentistas, não ficariam muito felizes com aquilo. Não bastando o castigo que levara quando reduzira seus próprios dentes. O clima não era dos melhores entre eles ultimamente...

Hermione caíra na besteira de fazer uma assinatura do Profeta para os dois... Na manhã do domingo seguinte, acabou tomando consciência da tamanha burrada que fizera. A primeira noticia (como sempre nos últimos dias) dizia respeito, obviamente à guerra. E como veio a notar, ambos não se mostraram muito alegres com relação àquilo... E principalmente ao fato de que a filha escondera as circunstâncias sob as quais ela estava indo ao colégio.

A foto de uma família assassinada na primeira página ascendeu uma esquentada e desconfortável explicação sobre trouxas, bruxos, sangues-ruins e Voldemort. O resultado foi que diferente do último verão, Hermione passaria esse natal presa dentro de casa. Não que ela não compreendesse a preocupação dos pais... Sabia que no fundo, eles tinham razão em se preocupar, e ela própria havia sentido na pele o motivo... – acrescentou mentalmente ao se lembrar daquele dia no Beco... Que, diga-se de passagem, tomou o cuidado de não mencionar...

- Você está calada... – disse seu pai após um momento.

- Como foi o seu verão...? – perguntou a mãe logo em seguida. Hermione levantou os olhos:

- Foi... Foi ótimo! Eu conheci os pais de Rony, e irmãos... E, algumas outras pessoas... – acrescentou Hermione, não vendo necessariamente porque falar nada sobre Potter. Apesar de ter absolutamente adorado seus pais e amigos...

O resto do jantar transcorrera sem problema algum. Hermione evitou por motivos óbvios falar sobre o que acontecia no mundo bruxo, de fato, seus próprios pais pareciam tentar evitar o assunto, agora que começavam a ter noção da gravidade...



Hermione sentiu um roçar seguido de cócegas na bochecha esquerda. Seus olhos abriram sonolentos e ela encarou o teto alaranjado. A luz do poste do lado de fora refletia um longo veio na tinta branca. Sua visão foi logo obstruída por um par de olhos amarelos vivos. Bichento miou. Encostando a cabeça no rosto da dona, miou novamente.

- O que...? – murmurou a contragosto. Ciente de que o animal não iria desistir tão cedo, Hermione resmungou um palavrão e fez menção de se levantar.

A casa estava completamente às escuras. Descendo as escadas lentamente e cuidadosamente para não cair, seguiu tateando até a cozinha. O breu era tamanho que não fazia diferença entre manter os olhos fechados ou abertos ali. Bichento miou novamente. Ouvindo o barulho do bicho, Hermione se guiou até a porta da geladeira e abriu-a.

Uma luz amarela invadiu o local, que ficou na penumbra. Pegando uma garrafa de leite e pondo na mesa, Hermione apanhou uma tigela grande do chão e derramou o leite nela. A garota adivinhou precisamente o que o gato queria, pois no mesmo instante o animal subiu na pia e meteu a cara na tigela bebendo avidamente o conteúdo. Com um leve afago nas costas do gato, Hermione pôs a garrafa de volta na geladeira e puxou um pote de sorvete, chocolate. Seu favorito. Tecnicamente não deveria fazer aquilo... Mas já que estava ali, que mal faria?

Pegando uma colher, Hermione sentou no banco e pôs-se a comer. Bichento parou por um momento e observou a dona. Com um ronronar baixo e grave, voltou seus olhos para a janela da cozinha subitamente. Hermione virou-se para trás e observou o local:

- O que foi Bichento? – murmurou, anotando mentalmente logo em seguida, que se continuasse assim, dali a um mês estaria falando com seu peixe também... Mas o gato nem ao menos se moveu.

Com um pé atrás com relação ao instinto do gato, e decidida a não desconsidera-lo, Hermione pôs-se de pés lenta e silenciosamente e apanhou o primeiro objeto que viu. Uma panela. Lembrando amargamente da varinha que deixara na cabeceira, Hermione caminhou até a janela e olhou pela fresta da cortina. Nada...

Respirando fundo e tomando coragem, Hermione girou a maçaneta e saiu para o quintal. A luz fraca e alaranjada do poste iluminava pobremente o local, levantando a panela que tinha nas mãos correu os olhos até o muro da casa vizinha. Nada novamente.

Estava prestes a ir embora, quando um estalar súbito se fez ouvir logo ao seu lado. Foi involuntário. Gritando de surpresa e acima de tudo, susto, Hermione se virou e golpeou o nada com o objeto, que para sua surpresa atingiu algo duro demais ara se classificar como nada. Um gemido de dor veio do ”nada” numa voz que ela reconheceu como masculina e mais importante, desconhecida.

Passado o susto repentino, a primeira coisa que fez foi tentar correr para dentro de casa. Entretanto, uma mão forte segurou-lhe pelo braço. E puxou. Hermione gritou novamente, mas uma segunda tapou-lhe a boca sem demora.

- Calma! Hei! Hei! – mas Hermione não ouviu, apenas continuou a se debater furiosamente. Tateando o chão com o pé, achou rapidamente um volume, onde fincou o calcanhar, foi em cheio. O homem largou a garota que correu em direção à cozinha e fechou a porta.



- Eu já disse Ronald, pra cama! E Harry, eu não posso mandá-lo para cama também, mas eu asseguro que seus pais não vão ficar nada felizes em saber que você ainda esta acordado! – insistiu Sra. Weasley pela quinta vez.

Eram quase duas e meia da manhã, e ambos, Harry e Rony se encontravam sentados no topo da escada, na esperança de captar qualquer informação sobre a reunião que ocorria na cozinha naquele momento.

Praticamente toda a ordem estava ali... Exceto por algumas exceções, Harry descobrira, depois de muita insistência, estavam “a serviço”. E apesar da teimosia, essa foi a única coisa que seu pai dissera antes de se trancar na cozinha com os demais, até Sirius não se mostrara nem um pouquinho mais específico. Ele simplesmente...

- Aaarrrrgghh!!!! – Harry voltou os olhos para Rony, que cochilava com a cabeça em um dos degraus. O amigo se sobressaltou:

- O que diabos? – murmurou sonolento e assustado.

- A porta! Vamos! – Harry levantou e puxou o amigo pelo braço, correndo em direção à porta do casarão. Harry identificou a voz insuportável da mulher, mãe de Sirius, assim que ouviu o grito. Das duas uma, ou alguém obtuso o suficiente se descuidara e acordara a velha, ou alguém tocara a campanhia e conseqüentemente acordara a velha, ou o efeito da estuporação que o próprio filho lhe dera naquela manhã havia acabado. Harry, ávido por novidades, se decidira pela segunda opção. E logo veio a descobrir que estava absolutamente certo.

Na entrada do corredor, Harry e Rony encontraram Mundungos, que tinha o nariz ensangüentado e a testa franzida num terrível mau-humor.

- O que houve? – perguntou Rony, enquanto Harry ajudava o homem que parecia ter dificuldade de se manter em pé, a caminhar.

- Eu... Minha cabeça... – murmurou Mundungos. Supondo que a pancada havia sido realmente forte, Rony correu até a cozinha, batendo com força na porta.

- Um Moody enfezado abriu a porta:

- O que? Você não devia estar na cama?

- Ronald. Você acordou a minha mãe? – questionou uma voz vinda da cozinha. Sirius acabara de se levantar.

- Não... É Mundungos, ele acabou de chegar... Ele está... Ele está bem machucado... – disse Rony, com um ar sério e urgente. – Ele está na sala com Harry. A cozinha estava relativamente cheia. Lupin, que se encontrava do lado de Moody foi o primeiro a sair em direção à sala.

- Mundungos! O que houve?! – questionou Tonks ao ver o estado do homem.

- Você deveria estar de plantão! – exigiu James.

- Eu estava! – rebateu o homem que se encontrava sentado no sofá gemendo e com o nariz ensangüentado.

- O que você está fazendo acordado? – questionou Lílian, que se voltava agora para o filho com ar de poucos amigos.

- E-eu... Bom... – tateou Harry. – Porque você está brigando comigo? Ele que ta com o nariz arrebentado! – desviou Harry.

- Alguém o atacou? – perguntou Moody com um ar funesto. – Foram os comensais?

- Não... - respondeu ele irritado. – Será que dá pra alguém me arranjar um lenço? – Snape jogou um pedaço de pano no colo do homem.

- E Então? – exigiu logo em seguida.

- Mundungos... Onde ela está? – perguntou Sr. Weasley, com um ar que Harry reconheceu como preocupado.

- Ela está bem! – retrucou impaciente. – Eu preciso de uma essência de murtisgo... – murmurou em seguida.

- Bom você não sabe certo? Quero dizer... Você não está exatamente lá! – reclamou Lílian com ar urgente.

- Quem? – questionou Rony.

- Bom, foi ela quem fez isso comigo em primeiro lugar! – respondeu ele.

- Porque Hermione faria isso com você? –Lupin agora parecia tão confuso quanto os outros ali presentes. Sirius riu:

- Ela te bateu? – questionou com ar zombeteiro. Mundungos ignorou.

- Hermione? Granger? – perguntou Harry ainda mais confuso. – Porque Mundungos estava com Granger?

- É? Por quê? – apoiou Rony indignado por não ter sido informado daquilo.

- Ela está em casa... – esclareceu ele.

- Mas ela está bem? - insistiu Lílian.

- Melhor que eu com certeza! – Sirius riu mais ainda.

- Sirius pare! – retrucou James, o amigo não se calou, mas baixou o tom da risada sensivelmente. – Eu ainda não entendo...

- Ela me atacou! – exclamou o homem indignado. E aqui, Harry pode perceber o porquê da gargalhada do padrinho.

- James... – começou Lílian se voltando para o marido que parecia ligeiramente desnorteado. Entretanto, quem respondeu foi Lupin:

- Eu vou... – disse com ar preocupado caminhando até o corredor e saindo.



- Eu vou chamar a polícia! – berrou seu pai novamente brandindo o aparelho nas mãos enquanto Hermione corria de sua mãe atônita e assustada para o pai enraivecido e indignado:

- Pai não! – berrou Hermione caminhando em direção ao pai.

- Hermione não discuta! – e se virou pronto a discar o número.

- E o que agente vai dizer? – insistiu Hermione com um tom de desespero. – Que alguém invisível me atacou? – era um bom argumento.

Seu pai pareceu considerar por um momento. De fato, seria uma denúncia estranha. E quando lhe perguntassem a descrição do sujeito? “Senhor policial não é possível dizer, pois ele estava invisível...” Até mesmo em sua mente já era extremamente ridículo. Ele próprio não acreditaria nele mesmo...

Uma leve batida na porta da sala se fez ouvir. Hermione firmou a varinha em sua mão e caminhou em direção à porta.

- Não atenda! Pode ser um deles! – sussurrou seu pai. Cautelosa, Hermione continuou. Duvidava que se algum comensal fosse até ali, sabe lá Deus porque, ele se daria ao luxo de bater à porta antes... Olhando pelo canto da janela antes, Hermione reconheceu o casaco longo marrom e surrado do professor...

- Lupin! – abrindo a porta sem muita demora, Hermione deu espaço para o homem entrar. Mas o alívio foi logo substituído por estranheza... Como ele sabia que ela estava em maus lençóis?

Após uma rápida olhada na feição, séria, mas aparentemente calma de Lupin, a primeira coisa que questionou foi se realmente estava em maus lençóis...

- Hermione... Você está bem? – perguntou se dirigindo para a sala após o convite da menina.

- Bem? Se eu estou bem? – repetiu exasperada. – Eu acabei de ser atacada! E porque você está aqui? – acrescentou sem esconder a confusão.

- Mundungos está bem por sinal... – comentou Lupin caminhando em direção aos pais de Hermione. Ambos tinham uma expressão lívida no rosto. Lupin respirou fundo. Seria uma longa noite...

Lupin se apresentou a ambos, que apesar de absolutamente céticos com relação à visita, devido à insistência da filha, acabaram por se dispor a ouvir o que ele tinha a dizer. Lupin achou por bem não entrar em muitos detalhes, até mesmo porque, James e Lílian deveriam decidir exatamente o quanto contar a garota, quiçá seus pais. Entretanto, era preciso esclarecer que a presença de Mundungos era para sua própria segurança, e que tudo aquilo havia sido um grande, grande mal entendido.

- Proteção? Da parte de quem? – questionou Sr. Grager com ar surpreso e ainda levemente preocupado.

- Da nossa parte... – e Lupin começou a explicar, tudo que podia sobre a Ordem, e que a justificativa pela qual havia alguém àquela hora da noite escondida nos jardins da sua propriedade era de absoluta boa vontade... Um barulho forte anunciou a chegada na sala de Hermione e sua mãe, que a pedido de Lupin e insistência de seu pai, havia subido e recolocado suas roupas todas de volta no malão.

- Pra onde eu estou indo? – retrucou Hermione que acabava de chegar. Obviamente ela não estava ciente do que acontecia, e não se esforçava em esconder a irritação e cansaço.

- Não se preocupe... – pediu Lupin que se levantou e apontou a varinha para um vaso que se encontrava em cima da mesa. O objeto se iluminou rapidamente e tremeu um pouco, até que ficou imóvel novamente. – Aqui. – disse estendendo as mãos e entregando para a garota.

- O que é isso? – perguntou impaciente. Porque ele estava lhe dando seu próprio vaso?

- É só uma chave de Portal, vai levar você pra mansão... – Hermione piscou.

- Uma chav...? O qu...? - mas ela nem ao menos teve tempo de revidar, quase que instantaneamente sentiu um puxão forte na barriga e seus pés saíram do chão. Entretanto, não demorou muito para que sentisse terra firme novamente. Sua aterrissagem, não foi, no entanto, tão classuda...



- Então... Granger quebrou o seu nariz? – questionou Harry com os olhos em Mundungos, que se encontrava sentado a sua frente. Captando a conotação zombeteira na voz do garoto, ele ignorou.

- Essa era a sua obrigação? Vigiar Hermione? – perguntou Rony escavando informações.

- Ronald pare de perguntar. – rebateu Sr. Weasley. Rony se calou por um momento. Breve:

- Por que ninguém nos contou?

- Ronald! – insistiu Sra. Weasley Que se encontrava sentada na ponta da mesa, ao lado do marido... – entretanto, Harry concordava absolutamente. Não que estivesse delirante em saber notícias da menina... Mas se estava relacionado à Ordem ele preferia imaginar que seus pais não esconderiam nada. Apesar de sua imaginação não estar muito relacionada com a realidade ultimamente...

Harry olhou em volta. Todos se encontravam na cozinha agora. A repentina agitação havia se esvaído e a suposta reunião interrompida havia terminado. Poucas pessoas se encontravam ali agora. Todos parados. E o silêncio seria total, não fossem os resmungos que vez ou outra Mundungos soltava em voz baixa. O que eles estavam fazendo? Esperando...?

Sua resposta veio em forma de um barulho abafado e grave vindo, se não muito se enganava da dispensa. Levantando a cabeça rapidamente ele se voltou para o amigo ao seu lado. E vendo a mesma curiosidade que ele possuía se voltou para o pai que falava algo no ouvido da mãe e não fez menção alguma em checar o barulho.

Tonks se levantou e caminhou até a despensa em silêncio.

Por um momento Hermione chegou até a pensar que Lupin a havia mandado para o lugar errado, tamanha era a escuridão ali. Sua cabeça tinha ido de encontro a algo muito maciço, que devido à falta de iluminação, não identificara muito bem. Sentia-se levemente tonta, além de extremamente nauseada pela viagem que não era, constatou sem desejar uma segunda dose, muito agradável.

Um barulho cadenciado de passos se fez ouvir. Hermione se sentou reta no momento seguinte a entrada de um clarão repentino no local, que ela notou logo ser estranhamente um armário.

- Oi! Você está bem? – perguntou Tonks com ar de naturalidade. Quem a ouvisse imaginava ser absolutamente comum pessoas desabando dentro de dispensas vez ou outra...

- Eu... Tonks...? – questionou Hermione mais confusa ainda.

- Vamos, eu te ajudo... Nunca usou uma chave de portal antes não? – perguntou ela com um sorriso.

- Não... Não realmente... Tonks o qu...?

- Venha. Todo mundo estava te esperando... Mundungos não está muito feliz acho... – acrescentou logo em seguida.

- Todo mundo? Quem é todo mundo? Ouça Tonks, eu... – tentou começar num tom urgente. Mas a mulher não deu atenção. De fato, parecia que nada de importante havia acontecido, visto a forma como ela estava sendo tratada... Alguém fazia idéia de que ela acabara de ser atacada? – questionou mentalmente com indignação crescendo dentro de si.

Ambas saíram de dentro do cubículo e seguiram para uma longa e relativamente escura cozinha. Lá, Hermione reconheceu rapidamente os presentes...

- O qu...? – Hermione olhou em volta, seus olhos recaíram sobre o homem sentado à mesa, ele tinha um pano ensangüentado encostado no rosto. Era...? – O que diabos está acontecendo aqui? Ele me atacou! – exclamou Hermione sem esforço algum para conter a revolta.

- Eu não a ataquei! – revidou o homem demonstrando grande ofensa.

- Atacou sim! – insistiu Hermione.

- Hermione... – falou Sr. Weasley, mas Hermione não deu ouvido.

- Eu estava disfarçado! Porque eu atacaria alguém?! – se defendeu o homem.

- Oh, Por favor! Um boi se disfarçaria melhor! – rebateu com mau-humor. Harry sentiu seu estômago revirar e seus olhos encontraram os do amigo em seguida. Pelo rosado que surgiu nas orelhas de Rony, ele parecia fazer o mesmo esforço para não rir que ele.

- Hermione querida... Ele não te atacou... Ele... – começou Lílian calmamente, mas Hermione ainda se encontrava extremamente alterada:

- Então porque ele estava me seguindo?!

- Ele não estava... – disse Sirius. – Ele estava guardando a sua casa...

- Guardando? Porque eu precisaria de guarda? – perguntou Hermione como se aquilo fosse a coisa mais ridícula que já ouvira.

- Porque... – começou Sr. Weasley, vagarosamente. E aqui, Hermione pode notar um trocar de olhares no local. – Desde o ataque no Beco, quando você foi vista com...

- Conosco. – cortou James. – Desde que vocês foram vistos conosco, bem.. Vários ataques têm ocorrido vocês precisam de proteção... – Hermione parou por um momento. Aquilo não fazia sentido, pelo menos não pra ela...

- Então? Todo mundo precisa então certo? Além do mais... O ministério pode fazer isso não? – questionou Hermione metodicamente. E se voltando para Mundungos. – Você é do Ministério? Eu acho que não! – Mundungos abriu a boca para responder, entretanto Tonks cutucou-lhe as costelas ao sentar-se do seu lado. E se virando ele murmurou num tom veemente:

- Eu não gosto dela! – Tonks ignorou-o.

Sirius levantou os olhos e encarou o amigo que se encontrava em pé no canto da cozinha. Ele sabia que a menina não ia engolir qualquer desculpa... Afinal, realmente era um pouco tarde para tentar esconder a existência da Ordem certo? E James, pareceu concordar, visto que recomeçou a falar logo em seguida:

- Bem... Veja... – Hermione puxou uma cadeira e sentou-se ouvindo com atenção. Não demorou muito para que ela compreendesse o que estava acontecendo ali.

“Então, eles eram algum tipo de organização certo?” Isso, ela entendeu, entretanto. Não se recordava de ter ouvido a parte em que eles explicavam o porquê daquilo. Certo, além do óbvio... Mas, por que eles? Após uma breve explicação sobre o que ela descobriu ser a Ordem da Fênix, cuja, para sua surpresa, tinha Dumbledore como mentor. Hermione não teve nenhuma de suas perguntas respondidas. E como ninguém ali parecia apto a respondê-las, ou simplesmente não o queriam, ela partiu rapidamente para outro assunto, que de fato lhe preocupava muito mais:

- E meus pais? Eles não podem fazer parte disso! Eles são trouxas! – explicou Hermione. – Eles não podem se defender! – Hermione passou os olhos onde Rony estava sentado, ele baixou a cabeça. Ela não podia acreditar que ele a trouxera na casa dele sem contar a verdade...

Lílian puxou uma cadeira e sentou-se ao lado dela, fazendo com que Hermione desviasse sua atenção para a mulher:

- Exatamente... Querida, por serem trouxas, seus pais estão em muito mais perigo que você... Por isso, nós, bom... Seria mais seguro para eles se nós os escoltássemos para fora do país...

- O que?! – retrucou Hermione.

- É mais seguro... – acrescentou ela.

- Mas... E eu?!

- Se você não estiver disposta a deixar Hogwarts... – disse Sra. Weasley pela primeira vez. – Você pode ficar conosco. – ofereceu com um sorriso carinhoso. Que não pareceu fazer muito efeito visto a expressão da garota. – Só por um tempo até as coisas se acalmarem... – acrescentou.

- “Por um tempo”? – repetiu Hermione incrédula, e desejando que tivesse se despedido apropriadamente dos pais. Algo lhe dizia que aquele tempo duraria muito mais que todos ali gostariam...

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