O Encontro



NA: O capítulo está bem confuso. E louco. Então, atenção redobrada.

NA²: Quero agradecer os comentários. Me desculpar pela demora. E dizer que o que não entenderem podem perguntar.
Acredito que já estamos na reta final da fic.
Finalmente. \o/
Beijo, divirtam-se!


Capítulo XI – O encontro

Hermione não queria ver Ron sequer pintado de ouro. Fato.
E evitava a Harry como se ele fosse lhe passar a peste negra, ou pelo menos era o que o moreno começou a considerar depois de quase dois dias apenas no “alô” e “tenho de ir”. Ele só a via nas aulas e então, logo depois, ela pulverizava. Sumia das suas vistas, quase como milagrosamente.

Mas, principalmente depois de uma “pequena” discussão quanto ao que aconteceu na sala de requerimentos:
Haviam andado um bocado, só para se afastar de Ron e da história bizarra do placebo e sua amiga estava tão atordoada naquele momento que, ao pensar agora, parecia até maldade o que havia feito com ela.
Mas sua mente, ao contrário da de Hermione – que parecia estar embebida numa letargia chocada - estava fumegante. Cheia de perguntas sem respostas. E eram perguntas muito boas...

[Flash-back]

-Quando achava que estava sob efeito da poção eu só pensei em você, como lhe disse. Não em qualquer garota. Isso é normal?

-O que quer dizer?

-Por que justamente você? – ele indagou. – Ou por que eu? Quando, se supõe, não sentimos atração um pelo outro? Por que eu não pude pensar em nenhuma outra garota senão você, quando eu estava
interessado na Lizzie?

-Suponho que por estarmos um ao lado do outro... – ela disse incerta. Sabendo onde ele iria chegar.

-Não, e você sabe. A poção da Libido não funciona assim.

-Não estávamos sob efeito da poção – ela retrucou secamente.

-Mas
pensávamos que sim – Harry contrapôs fitando-a duramente. – Então, por alguma razão, você pensou, inconscientemente, que sentia atração por mim. Uma maior do que poderia sentir por qualquer outro garoto do colégio. Visto que, você estaria correndo atrás dele, se fosse um caso diferente – acrescentou ponderativo.

-Nós já havíamos experimentado
algo juntos, provavelmente nosso inconsciente nos pregou uma peça – argumentou defensiva. - Por conta das sensações que vivenciamos no quarto do bar Três Vassouras. Provavelmente também é culpa sua, por não querer esclarecer aquele incidente comigo, fingindo que nunca havia acontecido.

Ele a ignorou. - Então, inconscientemente, eu acreditei que sentia-me mais atraído por você que por Lizzie.

Aquilo ficava cada vez mais interessante.

O moreno meditou por um instante. Por que ele faria isso? Achar que estava atraído por Hermione? Pior:
Mais atraído; mais que por qualquer outra garota, mais até que por Lizzie, supostamente sua paixão platônica desde o inicio do ano letivo...
Por quê...?

-Eu quis tocar você – Harry disse, meio chocado, quase como uma epifânia. – Você quis me tocar – meio segundo depois acrescentou, como constatando um fato.

Foi o suficiente – ou demais - para Hermione que, desconcertada, lhe deu as costas e se foi. Simplesmente.

Harry ainda estava experimentando a sensação de reconhecimento para se dignar a segui-la.
Por Circe, sequer sabia o fazer com a descoberta! Apesar disto, ele não tinha dúvidas quanto a qualquer afirmação que fizera. Principalmente: estava certo de que tanto quanto ele, Hermione quisera o fazer. “Tocar”.

[Fim flash-back]

Mas ele resolveria isto tão logo a visse.
A morena, entretanto, parecia ter adivinhado as intenções do amigo, visto que se “materializou” ao lado de Harry no salão comunal da grifinória, como que evocada, assim que terminaram as aulas do dia.
-

Harry a observou detidamente, mas ela parecia exausta demais para se importar com seu olhar perscrutador. - Então você não está atrasada para alguma coisa? – indagou quase zombeteiro.

Ela o olhou por um instante. - Não seja tolo, Harry – retrucou virando os olhos, antes de recostar novamente a cabeça na poltrona e fechar os olhos.

-Está tudo bem?

-Só um dia estafante.

-Venha, vamos comer alguma coisa. O jantar será servido em instantes – acrescentou ao consultar seu relógio de pulso.

Hermione gemeu um protesto fraco, mas aceitou a mão que ele lhe oferecia e, a contragosto, se ergueu. – Talvez eu devesse simplesmente ir pra cama – murmurou desanimada enquanto deixava Harry guiá-lo.

-Mas nem pensar, não pode dormir de barriga vazia, terá pesadelos – disse sem se voltar. – Teoria de Ron.

-Bom, seria uma ótima conclusão para esse dia – ela resmungou.

-Vamos Mione, anime-se um pouco – Harry hesitou, mas por fim a abraçou de lado; a morena nem ponderou ao se escorar no amigo que, passou a sustentar o peso dela enquanto andava. – Se ainda estiver tão cansada, eu prometo que a carrego para seu quarto.

Hermione não respondeu, fechou os olhos de deixou a cabeça sobre o ombro dele, confiante que Harry a levaria sã e salva até o salão principal.
--

Basta dizer que foi um alvoroço só vê-los entrando daquela forma no salão abarrotado de alunos com fome e apostadores natos no quesito do semestre: “Harry e Hermione: um casal?”.

O silêncio se apossou do local, de maneira abrupta; era como se todos tivessem parado de falar/comer/respirar ao mesmo tempo.
E Hermione semicerrou os olhos sonolentos, havia cambaleado todo caminho e, se não fosse pelo amparo de Harry, teria tropeçado em qualquer lugar e ficado ali mesmo, no chão, adormecida, isto, claro, se não se escorasse à parede e escorregasse para o piso. Deveria ter insistido para ir pra cama...
Seu dia não fora nada bom. Definitivamente. Não tivera paz um segundo, como um autômato percorrera cada recanto daquele colégio, em busca de alunos e professores: regulando, aprendendo, organizando, comunicando, pressionando, conversando, questionando, ensinando, repreendendo, discutindo; agora, sentia-se moída como se acabasse de ter saído de uma partida de quadribol, atingida, de perder as costas, por balaços de alta velocidade e precisão.

Então, a moça não estava preocupada com que as pessoas estavam vendo, ou o que pensavam de si. Ela só queria agradecer o silêncio...

Mas, óbvio, era pedir demais ficar quieta, ao menos de noite – depois de um dia brutal – naquele lugar.

Ron, “intromedito como sempre”, havia sentado a frente dos melhores amigos. A morena queria lembrá-lo que quando dissera “não quero ver você nem pintado de ouro”, não era tão literal. Ela também se referia à sua voz, cheiro, vassoura... ou qualquer coisa que lembrasse ele. Na verdade, também estava muito aborrecida com Harry, mas não conseguia se lembrar do porquê...

Ela não disse nada, de toda forma. Sua cabeça pousou na mesa e os olhos tornaram a se fechar. Resolveria com ele quando readquirisse a habilidade de se zangar e de brigar por banalidades com ganas. Por hora, considerava-se apenas meio-viva e não sentia vontade de nada que não fosse estar sob o seu edredom em sua cama aconchegante e cair nos braços de Morfeu.

-... E você falou com...?

-Hermione, você deveria “...”

-...Algo. Então eu a levarei para cama, logo que “...”

-Quem?

- ... Lizzie...

-Pra cama? Com ela?!

Hermione deu um sobressalto com a exclamação final, abrindo os olhos de supetão. Confusa e assustada. Recordando vagamente o que ouvira, trechos caóticos de uma conversa, supunha, desagradável. Para ela.
Ela sentiu uma mão acariciar seus cabelos e relaxou um pouco ao reconhecer o toque familiar; que entrelaçava os dedos em seu cabelo, ao encontro de sua nuca, e massageava-a.

-Não estou com fome, Harry – murmurou, deslizando uma mão para sua perna e a apertando levemente. – Foi uma má idéia ter vindo – continuou queixosa. Forçou-se a encará-lo e piscou diversas vezes para se acostumar à claridade, tento os olhos latejando e lacrimejantes desistiu, suspirou e tornou a apoiar a cabeça sobre a mesa.

-Vamos indo, Mione – ela sentiu que estava sendo erguida e esforçou-se para firmar os pés no chão. Sentia, mais do que via, que não estava sendo muito efetiva e Harry estava, outra vez, sustentando-a em pé enquanto caminhavam, ou mais bem, enquanto ele a rebocava.

Imaginou que era assim que pessoa que drogadas ou caindo de bêbadas se sentem depois de uma ressaca, como se seu corpo não lhes pertencesse.
Seu corpo, no momento, era de Harry. Esperava que ele fizesse bom proveito...

E ela caiu outra vez no sono...
---

Só para se alarmar - ao que lhe pareceu - segundos depois, quando foi colocada sobre uma superfície macia.

-Hei, acalme-se – ela registrou a voz de Harry, mas ainda assim se sentou rapidamente, observando a sua volta.

O local estava agradavelmente mal iluminado, então por mais sonolenta que estivesse, não sentia o desconforto que sentira no salão principal.

Era o seu quarto. Como monitora-chefe tinha um quarto só para si e ela nunca agradecera tanto como agora. Estava sobre sua cama, sentada, sendo observada por Harry, de pé ao lado da cabeceira. Suspirou aliviada enquanto os fatos do dia a atingiam e preenchia sucessivamente.

-Tudo bem? – ela perguntou.

O moreno franziu o cenho. – Eu quem devo lhe perguntar. Parece aflita – acrescentou sob o olhar dela.

-Só me assustei um pouco. Eu... não tenho idéia de como chegamos aqui – confessou constrangida.

-Não me surpreende, você estava mais dormindo que qualquer coisa enquanto nos dirigíamos para cá – ele sorriu levemente. – Eu a carreguei até aqui, você não tinha condições alguma de subir as escadas, mesmo com ajuda – esclareceu, sentando-se na ponta da cama.

Hermione deixou-se deitar novamente na cama, suspirando em alivio, e se voltou para o amigo, ficando de lado. – Me desculpe. Obrigada.

-Bobagem, eu só espero que não queira me matar quando ouvirmos os comentários amanhã, vou recordá-la que até me agradeceu... – comentou divertido, deslizando a mão sobre o cabelo dela.

Hermione riu suavemente já de olhos fechados. – Não vou me queixar – e bocejou.

-Você deveria ao menos der bebido um copo de leite.

-Não sinto fome, Harry...

-Não agora – ele retrucou como numa repreensão paternal, estando ciente de que Hermione provavelmente sequer se lembraria daquela conversação. A observou até que sua respiração se regulasse e suas feições se tranqüilizassem para se dirigiu até o armário e, vasculhando o local, pegou uma camisola de Hermione.

Só então se deu conta do que fazia, do que pretendia fazer. Suspirou fitando a camisola, ponderando se deveria deixar pra lá, cobrir Hermione e sair do local.

“Bom, Não era exatamente uma camisola... era uma grande camisa, de manga curta e que ia até um pouco acima dos joelhos de Hermione, tinha o desenho de um grande gatinho sorridente na frente e acima dele o dizer ‘bom dia, doçura!’, Hermione adora esta camisa...”. Decidiu que o que faria era uma coisa inocente e não tinha por quê se sentir mal. Estava fazendo um favor.

Subiu na cama, retirou primeiro os sapatos de Hermione e, com o máximo cuidado, as meias 7/8 – ele não queria tocar nela mais que o necessário.
A chamou baixinho, mas não obteve resposta. De toda forma, disse o que pretendia fazer, apesar de se sentir tolo. E, meneando a cabeça negativamente, se dispôs a desabotoar a camisa do uniforme dela. Em cada botão livre, observava nervosamente a amiga... pensando que, apesar de ter a melhor das intenções, não parecia algo direito.
-

Quando abriu os olhos entre um desabotoar e outro de Harry, Hermione achou que estava tendo uma visão. Não era desagradável, mas tinha uma breve noção de que deveria se sentir ofendida.

-O que está fazendo?

Harry ergueu a vista para encontrar os olhos bem abertos da amiga. Sem querer, corou furiosamente, antes de tartamudear uma explicação nada coerente.

“Jesus, é apenas Hermione!” pensou tratando de se controlar. Não é porque agora sabia o quanto gostaria de... Era melhor não entrar nessa linha de raciocínio.

Suspirou, e a encarou resignado. – Eu só queria tocar... – ele meneou a cabeça - TROCAR você – corrigiu rapidamente, mostrando a camisola.

Hermione o fitou franzindo o cenho, desconcertada, o sono sendo substituído por rajadas de adrenalina que seu corpo dispensava. – Não precisava – disse devagar, Harry deu de ombros. – E Não deveria – acrescentou então, em tom indefinido para Harry, mas a expressão facial dela demonstrava enojo.

Ele se ofendeu e, sem pensar, contrapôs secamente:
-Não é como se eu não tivesse visto antes, Hermione – se arrependeu ao instante, vendo-a corar de vergonha e raiva. – Eu só quis ajudar.

-O que pensaria se visse uma garota em sua cama, sobre você, lhe retirando a roupa?

-Se você estivesse lá, eu certamente pensaria que tem uma explicação plausível.

-Será mesmo Harry?

-Você quer tentar uma noite dessas? – indagou no mesmo tom de ironia dela, lhe jogando a camisola sobre o torso. Hermione o fuzilou com o olhar.

-Acho melhor que vá agora.

-Claro, é sempre melhor do que admitir que está fazendo uma tempestade num copo d’água – redargüiu sem se mover.

-Talvez seja simples pra você desnudar uma garota – disse secamente. – Mas não é banal pra mim!

Era como se ela o tivesse estapeado, mas doía mais. – Eu nunca – ele respirou fundo tentando se acalmar. – Eu nunca pensaria algo assim – murmurou cerrando os punhos, afastando-se bruscamente de Hermione, com medo que pudesse machucá-la se explodisse de rancor.

-Não é o que “Lizzie” tem espalhado por aí – ela retrucou silenciosamente, como se fosse estivesse tão raivosa que sua voz estivesse falhando. Para logo depois haver a explosão.

Então Hermione se lembrou do porquê estava tão irritada com Harry, e por que o evitava havia dois dias. Era porque se o encontrasse – ou a Lizzie –, o retalharia em pedaços irreconhecíveis. Ele era... falso. Soluçou sem querer.

Depois daquela conversa “saudável” onde Harry descobrira que ela adorava tocá-lo... As coisas entre eles ficaram “estremecidas”, mas nada tão palpável a ponto de ser um incomodo estar ao lado dele; eles simplesmente ignoravam o assunto do placebo. E dos beijos. E, principalmente, a história da repentina descoberta do prazer em se tocar mutuamente...

Era quase heróico, na verdade. Já que depois de ter confirmado que Harry também gostava de “estar” consigo, era difícil tirar as mãos dele, literalmente. E, em nome de Merlin, a recíproca era verdadeira.
Ela se flagrava postando a mão na perna dele, deslizando distraída a mão por suas costas antes de abraçá-lo, confortavelmente, de lado. E lá estava ele, em contrapartida, fazendo círculos com os dedos nos joelhos desnudos dela. Acariciando seus cabelos e conseqüentemente sua nuca...

E então Ron, “amigo fiel alcoviteiro”, disse para Harry que “Lizzie” queria vê-lo. Num encontro. Era evidente que Hermione esperava uma reação indignada da parte do moreno. Harry, entretanto, aquiesceu.
Mas isso não era o pior.

Depois do “encontro”, Lizzie “sem vergonha/ devoradora / defloradora” Mcflair espalhou para toda Hogwarts que havia “tirado qualquer vestígio de inocência” do sr. Potter.

Hermione não comentara nada, tinha esperança que Harry falasse com ela. Mas ele não disse nada. Então, ela estava muito irracional para ouvi-lo, se Harry, em algum momento, tivesse tentando lhe falar algo.

-Por que não vai atrás de Mcflair? – indagou depois de lembrar da conversa que ouvira a meados, Harry a fitou intrigado. – Aposto que ela ficaria encantada que “trocasse” sua roupa.

-Do que está falando?

Hermione suspirou fundo, acalmando-se. O que menos queria era fazer uma cena. O que menos queria era demonstrar sua fraqueza: Harry Potter.
Ele não merecia um ataque de ciúmes, muito menos ela merecia perder o resto de sua dignidade.

-Vai embora, Harry.

-Nós ainda não terminamos – ele exclamou entre dentes.

-Eu quero que você vá agora.

-Hermione--

-Só VAI.

Harry lhe lançou um olhar que Hermione ignorou; e ela só voltou a respirar quando a porta abriu e foi fechada. Então tapou os lábios com as mãos para não gritar o nome dele.
Irracionalmente, queria-o de volta.
--
(continua)
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