Amigos?



A professora disse a senha á gárgula e levou os alunos até a sala do diretor. Não demonstrou surpresa diante da notícia, o que intrigou Harry. Entraram, e viram Dumbledore olhando pela janela, pensativo.

- A que devo a honra dessa visita? – perguntou o velho bruxo, sem se virar para eles.

- Encontramos Fudge em Hogsmeade. – respondeu Harry, vendo a hesitação de seus amigos.

- Já estou ciente disto. Muito triste. Uma pena que tenham presenciado isso. Posso saber como foi que o encontraram? – disse o diretor se virando para eles e olhando Harry nos olhos.

- Eu não sei dizer... senti uma energia estranha enquanto estávamos andando, e resolvi investigar. – disse ele, sinceramente.

- Vocês também sentiram? – perguntou Dumbledore voltando-se para Rony e Hermione.

- Não. – responderam os dois juntos.

- Desde a noite de ontem que eu estou sentindo que algo estava acontecendo. Então hoje pela manhã pedi a Tonks e Moody para irem investigar os arredores da escola, já que Lupin não está em condições. Pouco antes de vocês chegarem recebi uma coruja deles dizendo que haviam encontrado Cornélio morto.

- Mas por que só eu senti essa energia? – perguntou Harry

- Isso demonstra que seus sentidos estão em alerta para qualquer mudança do ambiente. Você será um ótimo Auror. – disse o diretor sorrindo.

- Mas senhor, o que era aquilo? – perguntou Hermione.

Dumbledore ficou em silêncio por alguns instantes.

- Ainda não tenho a resposta para sua pergunta, Sta Granger. – disse ele sério.

Estaria Dumbledore escondendo algo deles? Pensando nisso Harry resolveu tentar a legilimência. Olhou firme para o diretor e se concentrou.

Dumbledore olhou para ele e sorriu.

- Vejo que as aulas com Lupin tem dado resultado. Está ficando bom mesmo. Mas não se engane. Não poderá usar isso com todos.

Harry ficou envergonhado. Como podia ter sido tonto para tentar ler a mente de um bruxo como Dumbledore? Abaixou a cabeça e ficou a olhar os joelhos. Hermione e Rony não estavam entendendo nada, e olhavam confusos para o amigo.

- Me desculpe professor. – disse ele ainda de cabeça baixa.

- Não tem porque me pedir desculpas meu jovem. Agora, hoje é sábado e acredito que vocês tenham coisas mais interessantes para fazer do que ficar conversando com um velho. Mandem lembranças minhas a Sta Weasley.

Os garotos se levantaram e despediram-se do professor. Já no corredor Hermione segurou o braço de Harry, fazendo-o parar.

- Você não nos contou ainda o que é que Lupin vem te ensinando. – disse a garota curiosa.

Harry olhou os rostos dos amigos, que estavam curiosos com a resposta. Decidiu brincar com eles um pouco. Olhou para Rony e se concentrou. O ruivo pensava que Lupin deveria estar ensinando a Harry magias poderosas. Virou-se e olhou para Hermione. Esta pensava que Harry podia ter tentado um feitiço para ler mentes, ou algo do tipo. Ler a mente dos amigos era muito mais fácil do que ler a de Lupin.

- É Mione. Você sempre acerta tudo mesmo! – disse ele. Rony fez cara de que estava confuso e a amiga o olhava intrigada.

- Você leu... nossa! Você está aprendendo legilimência! – exclamou ela.

- Que legal! Sempre quis saber o que as pessoas pensam de mim. – disse Rony. – você tem usado isso com a gente? – perguntou ele assustado.

- Claro que não. A mente das pessoas não é algo que se possa acessar assim. Só em casos realmente importantes. Além do que é cansativo.

Foram conversando sobre isso até chegarem ao salão comunal. Hermione subiu para o dormitório feminino para ver se Gina estava melhor. Um tempo depois as duas desceram juntas. Gina cumprimentou-os e tranqüilizou o irmão sobre sua saúde. Olhou para Harry alguns instantes e depois se virou e foi conversar com seus amigos do sexto ano.

- Hermione, o que você acha que era aquilo... em Hogsmeade? – perguntou Harry, sem saber como dizer direito.

- Não sei direito. Me pareceu uma espécie de ritual. Mas nunca vi aqueles símbolos antes. – disse a garota pensando. – você saberia desenhá-lo para mim? É que eu fiquei meio impressionada com a cena toda, não me lembro direito de como era.

- Acho que sim. – disse ele se levantando e indo até seu quarto apanhar uma pena e papel. Desceu e se sentou em uma mesa encostada na janela. Tentou se lembrar bem do desenho, ignorando o resto. Depois do que pareceram horas ele terminou.

- Acho que era isso. – disse ele entregando o desenho para Hermione.

- É, era isso sim. Vou pesquisar.

Hermione foi para a biblioteca junto com Rony e Harry ficou sozinho, olhando pela janela a pensar.

No dia seguinte não se falava em outra coisa na escola a não ser na morte de Fudge. O profeta noticiara o fato, sem muitos detalhes. As pessoas ficaram assustadas com o acontecido, devido a forma como ocorreu e o medo de que isso acontecesse novamente se espalhou.

No início de dezembro aconteceu o primeiro jogo de quadribol: Grifinória contra Corvinal. Os alunos das casas estavam ansiosos e o clima de disputa estava no ar. Os grifinórios treinaram bastante, e Harry estava satisfeito com o time. Na manhã do jogo ele acordou nervoso, trocou de roupa rapidamente e desceu para tomar seu café. Chegando lá encontrou o time quase todo já sentado, a expressão de nervosismo estampada em seus rostos.

- Bom dia Harry! – disse Hermione tentando animá-lo.

- Bom dia. – respondeu ele sem emoção.

- Nossa, véspera de jogo me deixa faminto! – disse Rony pegando mais um pedaço de bolo.

- Você sempre está faminto Rony! – disse a namorada do ruivo.

- Acho que já vou indo. – disse Harry se levantando.

- Mas você nem comeu nada!

- Estou sem fome.

No vestiário o clima piorou. Sofia ficava tentando se aproximar dele, se fingindo de frágil. Dino ficava batendo os dedos no banco incessantemente. Seline e Jonathan ficavam repassando as jogadas verbalmente. Rony nada falava e Gina, sentada bem longe de Harry, fitava o chão. O barulho da torcida foi ouvido por eles e um apito soou.

- Bem gente, agora é a hora. Vamos lá acabar com os Corvinais. Quero que dêem o melhor de si, ok? – disse Harry se levantando e olhando para todo o grupo.

- Isso aí! Vai ser moleza. – disse Seline, animada.

Do lado de fora alguém começou a narração, que era ouvida por todos.

- Bom dia alunos de Hogwarts! Vamos ao primeiro jogo do ano, Corvinal e Grifinória! – disse ele, e a arquibancada vibrou ao ouvir o nome de seu time.

- E o time da Corvinal entra em campo! Será que eles serão capazes de deter o incrível time do capitão Potter? A capitã deles conhece bem o capitão adversário... Cho Chang, que já namorou Potter, vem a frente de seu time. A descendente de chineses, que já deveria ter se formado, volta a escola esse ano para melhorar suas notas nos NIEMS. Vamos ver o que ela será capaz de fazer no ar.

- Quem é que está narrando isso? – perguntou Rony, quando se posicionavam para entrar em campo.

- Collin Creevey! – disse Jonathan, espantado.

- E agora vamos acompanhar a entrada do time da Grifinória! Cooper e Robins são nossos batedores, Thomas, Smith e a jovem Weasley os artilheiros, seu irmão Weasley defendendo os aros e por último, mas não menos importante, o capitão desse seleção, o apanhador Harry Potter! – anunciou Collin. Ao pronunciar o nome de Harry a torcida feminina gritava, enlouquecida.

Os jogadores subiram em suas vassouras e voaram para suas posições. Os capitães se aproximaram de Madame Hooch, e pararam um em frente ao outro.

- Cumprimentem-se. – disse a professora de vôo.

Harry apertou a mão de Cho, fina e macia. A garota olhava em seus olhos e sorria.

- Nos encontramos de novo, Harry.

- É. Que vença o melhor.

Soltaram as mãos e subiram em suas vassouras. O apito foi soado dando início ao jogo. Harry sobrevoava o campo, em busca do pomo de ouro. Abaixo dele Collin narrava animado.

- Smith com a bola. Passa para Thomas e, mais o que é isso? Uma jogada ensaiada fenomenal! Thomas dá um giro de 180 graus e solta a bola, que cai nas mãos da jovem Weasley e marca! Gol de grifinória. 10 a zero! Corvinal com a bola. Se preparam para dar o troco. Boot passa a goles a Córner, mas um balaço acerta o braço esquerdo de Miguel e a goles cai! Davies recupera a goles, passa para Boot que arremessa e... Weasley defende! Pelo visto o time andou treinando muito!

Harry parou de prestar atenção e se pos em busca da pequena esfera dourada. O jogo estava ficando agitado, e o placar já marcava 60 a 40 para grifinória quando Harry viu algo brilhando atrás do aro esquerdo de Rony, e voou em direção dele. Cho, que estava logo atrás de Harry, percebeu o movimento do moreno e mergulhou em busca do pomo. Estavam muito próximos, e o pomo voava para o outro lado do campo. Harry se curvou para frente em busca de adquirir maior velocidade. Cho o imitou mas a Nimbus 2001 da garota não foi páreo para a firebolt de Harry. Ele esticou o braço e buscou a pequena esfera, fechando a mão sobre o pomo.

- Potter pega o pomo! Jogo encerrado! Grifinória vence!

O time pousou em terra firme e correu para abraçar o capitão. A arquibancada gritava animada e contente.

- Festa no salão comunal! – gritou Dino. O time, cercado pelos outros alunos, subiram animados para seu salão comunal, gritando e cantando pelos corredores.

- Ótimo jogo Rony. Defendeu muito bem. – disse Harry ao amigo, sentado numa mesa do salão comunal.

- Obrigado. Dessa vez eu tava mais calmo.

- É, sei muito bem o que é que te acalmou. – disse o moreno, com um sorriso maroto no rosto, fazendo o amigo corar. – anda, ta esperando o que pra ir lá “se acalmar” nos braços de uma certa amiga minha?

- Já estou indo mesmo. Pelo visto seu humor melhorou muito.

- Quadribol sempre me anima.

- Eu aconselharia outra coisa pra te animar. Por que não dá uma chance a Sofia? Divirta-se um pouco.

- Aquela garota de jeito nenhum! Ela já me irritou o bastante.

- Você que sabe. Fica aí então bebendo sozinho, Sr solidão! – disse Rony saindo e abraçando Hermione, que estava conversando com umas garotas do quinto ano.

Harry ficou a observar os colegas. Estavam todos tão animados e felizes, por que ele também não se sentia assim? Ao seu lado já havia cinco garrafas de cerveja amanteigada vazias, e ele bebia a sexta. Olhou pela janela e viu que tinha começado a nevar.

- O inverno chegou mesmo, né? – disse uma voz as suas costas. Virou-se para ver quem era e se surpreendeu. Gina segurava uma garrafa de cerveja na mão, e já tinha tirado o uniforme de quadribol. Vestia uma blusa branca de gola alta, calça jeans bem clara e um cachecol nas cores da sua casa. Olhava para Harry nos olhos, e sorriu.

- É o que parece. Vou ter que providenciar uns gorros de lã pra mim. Tenho sentido frio nas orelhas.

- Posso sentar aqui? – perguntou ela apontado a cadeira em frente a Harry.

- Por favor. Será um prazer ter a sua companhia novamente. – disse ele, fazendo a ruiva corar.

- Eu queria me desculpar por meu comportamento nesses últimos dias. Agi como uma garotinha de 10 anos.

- Não tem problema. Sinto muito pelo que você viu aquela noite, eu queria te dizer que aquilo...

- Não tem porque se explicar pra mim, Harry. Você não me deve satisfações.

- Mas eu gostaria de me explicar mesmo assim. – disse ele olhando nos olhos castanhos dela, firme.

- Não há necessidade. Isso não é da minha conta. Podemos voltar a ser amigos? – disse ela estendendo a mão para que ele apertasse.

Amigos? Ela não entendeu o que eu quero dela? – pensava o moreno, mas em vez de dizer algo do tipo, da sua boca acabou saindo – Claro, porque não? – disse ele apertando a mão dela, macia. “É melhor que seja assim mesmo. Não ia dar certo. Ela não quer nada comigo”, pensou ele tentando se consolar.

- Fico feliz que tudo tenha voltado ao normal.

- Eu também. Eu também.

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