Visita a Hogsmeade



O baile era o assunto de nove entre dez grupinhos de alunos. Harry almoçava sozinho, com o olhar perdido. Gina não tinha sequer olhado para ele. Sentou-se do outro lado da mesa, ignorando-o por completo. Rony e Hermione chegaram juntos e se sentaram em frente a ele. Os dois pareciam nervosos e envergonhados.

- Oi Harry. – disse Hermione.

- Ótimo baile o de ontem, não? – perguntou o ruivo, tentando soar descontraído.

- Eu não o definiria assim, mas e vocês como vão?

- Bem, muito bem não é Rony?

- Muito bem mesmo.

- Temos uma coisa pra te contar, não é Rony?

- É, temos. – disse ele corando muito.

- Podem falar então. Me dêem uma boa noticia. – disse ele entristecido.

- É uma boa noticia. Pelo menos esperamos que você goste... – disse Rony, tentando soar firme.

- Digam logo então, e saberemos se eu gostei ou não. – respondeu impaciente.

- É que... fala você Mione.

- Você é que deveria falar. Ele é seu amigo.

- Sou seu amigo também Mione. Diga logo, antes que eu me irrite.

- Nossa, acordou com o pé esquerdo hoje, foi? – brincou Rony.

- Acho que eu nasci com dois pés esquerdos, Rony. Mas chega de me enrolar.

- É que... eu e o Rony, bem... nós... nós estamos...

- Nós estamos... namorando! Pronto, falei! – disse Rony, que começou a olhar com grande interesse para seus pés.

- Mas... mas isso é ... isso é uma ótima noticia! Até que enfim vocês se entenderam! Graças a Merlin!

- Ufa, que bom que você não ficou chateado.

- E por que eu ficaria chateado? Vocês são meus melhores amigos, e se gostam. Meu maior desejo é que vocês sejam felizes!

- Ah Harry! – disse Hermione se levantando e abraçando o amigo.

- Hei! Menos por favor! Você agora é uma mulher comprometida, Srta Granger! – resmungou Rony.

- Não seja bobo! Eu não vou roubar sua namorada, pode ter certeza disso! – brincou Harry.

As semanas seguintes vieram com o frio do inverno que se aproximava. Os alunos agora eram vistos com seus cachecóis e luvas, todos bem agasalhados. Harry e Gina continuavam sem se falar. Ele decidiu que não forçaria nada. Se ela quisesse, ela que teria de falar com ele. Mas seu olhar sempre caía sobre aqueles cabelos ruivos.

Uma vez por semana Harry tinha aulas extras com Lupin. Estavam fazendo progresso, e agora Harry já conseguia ouvir os pensamentos do professor, mas a imagem ainda não era nítida. Os treinos de quadribol também aconteciam uma vez por semana. No inicio Harry se sentia inseguro em dar ordens aos companheiros, mas foi se acostumando. Era muito rigoroso com todos, exceto com Gina. A garota fazia tudo o que ele falava e assim que o treino terminava ela ia embora correndo, sempre com a desculpa de que tinha dever a fazer. Quanto a Sofia, esta sempre que tinha uma oportunidade e oferecia ao capitão, ora falando com um tom de voz sedutor, ora esbarrando nele nos corredores.

Rony e Hermione haviam tornado público o namoro dos dois, mas nem assim pararam de discutir. Tudo era motivo para brigas. Mas Harry nem se importava. Na verdade nada interessava a Harry, que se encontrava sempre irritado ou cabisbaixo.

Novembro já estava acabando quando veio a notícia da primeira visita deles a Hogsmeade. Os alunos faziam planos de irem juntos, marcavam encontros, pensavam no que iriam comprar no vilarejo. Os garotos jantavam na sexta-feira antes do passeio quando surgiu essa conversa.

- Gina, você vai com a gente pra Hogsmeade, não é? – perguntava Rony, enquanto comia seu purê de abóboras.

- Sinto muito. Combinei com Luna, Collin e Neville. – disse ela olhando para Harry por alguns segundos e virando seu olhar para um outro ponto da parede.

- Sei. Olha aqui, já cansei de vocês dois! Quem é que vai me dizer o que está acontecendo aqui? Vocês nem se olham mais! Aonde foi parar aquela amizade que existia entre vocês? – bravejou Rony.

- Tenho que fazer um trabalho para Snape, depois conversamos. – disse Gina se levantando e saindo do salão.

- E eu tenho que fazer umas coisas pro Remo. – disse Harry já se levantando, mas sendo impedido pelo braço do amigo.

- Não tão rápido. Antes vai me responder. O que você fez a Gina?

- Eu não fiz nada com ela. – respondeu ele sério.

- E por que vocês não estão conversando? – perguntou Hermione, curiosa.

- Ela é que não está falando comigo. Pergunte a sua irmã. – disse ele com uma expressão triste e saiu da mesa.

- Tem alguma coisa aí, disso eu tenho certeza. – disse Hermione ao namorado.

- Isso tem, mas se eles não querem falar... olha só como a lua está bonita Mione! – disse ele olhando para o teto encantado, que revelava o exterior, enquanto os dois saiam de mãos dadas.

- A lua cheia é sempre tão romântica! – suspirou ela

Sábado amanheceu nevando. Os alunos se agasalhavam o máximo que podiam para enfrentar o frio das ruas do vilarejo vizinho a escola.

- Hermione, você viu Gina? – perguntou Luna, parada em frente aos portões da escola.

- Vi sim. Ela pediu pra te avisar que não vai mais para Hogsmeade. Passou mal a noite inteira, e amanheceu muito fraca.

- O que ela tem? – perguntou Rony preocupado.

- Não sei dizer Rony. Ela estava sentindo muita dor de cabeça e muita fraqueza.

- Deve ser só uma gripe. – disse Luna com seu ar aéreo.

- É, deve ser isso mesmo. Vamos então? – disse Hermione já junto de Rony.

Andaram pelo caminho que dava até a cidade apressados pelo frio. As ruas estavam movimentadas por estudantes da escola e moradores do lugar, tornando o ambiente um pouco mais quente.

- Aonde vamos primeiro? – perguntou Hermione, animada.

- Vocês eu não sei. Mas eu preciso de uma cerveja amanteigada. – respondeu Harry.

- Eu também. Vamos ao três vassouras. – respondeu Rony.

O bar de madame Rosmesta estava lotado como sempre. Com muito custo acharam uma mesa vazia ao fundo e passando muito vagarosamente entre as pessoas alcançaram-na. Um jovem alto e magro, de cabelos castanhos e vestindo um avental, veio na direção deles.

- E ai, o que vão querer?

- Você é novo aqui? Não me lembro de ter te visto aqui antes... – perguntou Hermione.

- Sou sim. Vim passar uns tempos com minha tia, a dona do bar. Aí estou dando uma ajudinha.

- Três cervejas amanteigadas, por favor. – respondeu Rony rápido, e o garçom saiu em busca do pedido.

- Você poderia ser mais discreta, sabia? Paquerando o cara na minha frente! – disse Rony nervoso.

- Que isso Rony! Eu não estava paquerando ninguém. Só acho que devemos saber quem são as pessoas que estão a nossa volta. Por segurança. – respondeu ela, bastante ofendida.

- As cervejas de vocês. – disse o jovem, deixando três cervejas em cima da mesa e saindo para atender outras pessoas. Harry pegou a sua e bebeu de um gole só.

- Hei! Vai com calma aí! Não estou nem um pouco interessado em carregar marmanjo bêbado de volta pra escola não! – disse Rony, ao ver o amigo pedindo mais uma cerveja.

- Pode ficar tranqüilo. Não vou ficar tonto. – disse Harry pegando a cerveja que o garçom acabara de trazer e bebendo-a também de um só gole.

Depois de mais cinco cervejas amanteigadas de Harry, Rony e Hermione resolveram tirar o amigo do bar antes que este começasse a passar mal ali dentro.

- Eu queria muito comprar uns abacaxis cristalizados. Vamos a Dedosdemel? – perguntou Hermione.

- Vão vocês. Eu quero mais uma cerveja. – disse Harry chamando o garçom novamente.

- De jeito nenhum! Você vai com a gente, nem que eu tenha que te estuporar aqui! Ande! – disse Rony se levantando e puxando o amigo pelo braço. Deixaram o dinheiro sobre a mesa e saíram do pub.

- Vocês não são meus pais para me dizer o que fazer ou não! – resmungou Harry, já na rua.

- Não, não somos mesmo! Acontece que somos seus amigos e não vamos deixar você se tornar um alcoólatra! Você tem que parar com essa sua mania de se isolar sempre que algo acontece, cara! Vai, conta pra gente o que está acontecendo com você. – disse Rony, preocupado.

- Não tenho nada a dizer. – respondeu Harry grosseiramente.

Andaram em silencio até a loja de doces. Rony comprou vários sapos de chocolate e uma caixa de caramelos de todos os sabores. Hermione comprou só uma caixa de abacaxis cristalizados e um sapo de chocolate para Gina. Harry nada quis comprar, e ficou esperando os amigos na porta da loja.

- Acho que esse passeio já terminou para nós, não é? Vamos voltar. – disse Hermione.

- É. Estou preocupado com Gina. Vamos embora.

Andaram pelas ruas, e de repente Harry parou em frente a um beco deserto.

- Que foi? Vamos.

- Vocês não estão sentindo? – perguntou ele, farejando o ar e olhando ao redor.

- Sentindo o que? Acho que você está sentindo coisas... te disse para parar de beber! – respondeu Rony em tom reprovador.

- Não! Claro que não! Vem daqui. – disse ele seguindo pelo beco deserto. Os amigos o seguiram, protestando sempre que não deveriam estar num lugar como aqueles. No final do beco havia uma trilha por entre algumas árvores, e Harry seguiu por ela. Andaram alguns minutos, então Hermione parou.

- Já chega Harry. Não tem nada aqui! Vamos voltar.

- Espere! Venham aqui! – disse ele entrando por entre algumas árvores. Os amigos o seguiram e pararam, chocados demais com a cena sua frente.

Entre as árvores havia sido aberta uma clareira. Velas negras estavam espalhadas pelo lugar, ainda acesas. No centro havia um círculo desenhado no chão, com uns símbolos estranhos. Hermione deu um grito de horror, e Rony a abraçou para que a namorada não visse mais nada daquele lugar. Ninguém conseguia dizer nada. Harry quebrou o silêncio.

- Mas... o que é isso? – perguntou ele horrorizado, ao ver o cenário bizarro a sua frente.

Havia um homem no centro do círculo, e Harry se aproximou para ver melhor. Havia um desenho estranho na testa dele, seus olhos estavam vidrados olhando o céu. Cornélio Fudge estava morto. Suas roupas estavam rasgadas e ensangüentadas.

- Precisamos avisar Dumbledore. – disse Rony, se aproximando do amigo, segurando o estômago.

- Vá você e Hermione. Vou ficar aqui. – disse ele, categórico.

- De jeito nenhum! Você não vai ficar nesse lugar assustador, muito menos sozinho. – disse Hermione. – vamos todos.

Harry se sentia fraco, e resolveu ir. Andaram rápido, e nada disseram. Entraram no castelo e quase correndo foram até a gárgula que dava passagem para a sala do diretor. A prof. Minerva estava no corredor e vendo os rostos dos alunos se aproximou para saber o que era.

- Encontramos Fudge. E a visão não é lá agradável. – respondeu Rony, irônico.

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