A primeira viagem
A festa fora muito divertida. Houve um momento em que Harry teve que buscar uma tigela dentro da Toca, e deparou-se com Gina que parecia ter vindo buscar alguma coisa também, pois estava com um prato na mão.
-Oi. – disse – Tá gostando da festa? Enfim minha mãe vai poder descansar da “Fleuma”... – disse isso rindo descontraída. Harry teve que falar.
-Você está linda. – e viu que Gina corou. – Eu sinto muito. Eu queria estar com você.
-É. Mas não está. Me dá licença...
Nessa hora Harry ignorou tudo, qualquer coisa, e beijou gina. Ela estava linda mesmo, e ele não podia resistir ao seu perfume floral. Beijou-a, como na primeira vez. Um beijo demorado. Mas ao parar, baixou a cabeça, não podia fazer àquilo. Olhou pra ela, seu rosto estava mais alegre. Ele resolveu falar pra ela.
-Gina, eu te amo. Mas partirei essa noite, prometa que não dirá a sua mãe.
-Sim Harry. Eu imaginava. Eu também te amo, mas sei que precisa ir. Vá. Não direi nada, e não se preocupe comigo.
Ele a beijou de novo. Depois cada um seguiu para um canto da festa, Gina foi conversar com Mione, e Harry com Rony.
-E aí cara. Por quê demorou... Cadê a tigela?
-Ah... É... Me esqueci.
-Deixa... Mas o que ouve, que você parece estar bem feliz?
-Conversei com sua irmã, e nós nos entendemos...
-Mas você mesmo falou que era perigoso pra ela, e além do mais vamos partir... – Rony falou baixo, com medo de alguém ouvir. Harry não acreditou nisso, pois a festa estava bem agitada, no pátio da Toca todo decorado, todos conversavam.
-Sim Rony, mas pelo menos a indiferença com que ela me tratou, não existe mais.
-Entendo, agora percebo que ela parece mais alegre. Olha lá toda risonha com a Mione.
-Falando na Mione... Quando você vai se entender com ela?
-Não sei o que dizer a ela. Mas deixa isso. Vamos tomar mais cerveja amanteigada, pra comemorar seu “entendimento” com minha irmã.
-Tá. Oi Fred e Jorge.
-Oi! – disseram os gêmeos em coro. – Toma uma cerveja amanteigada com a gente?
-Sim. Como vão as suas duas lojas?
-Vão bem. - respondeu Fred.
-Ótimas mesmo! – concluiu Jorge.
O resto da festa foi pura diversão com os gêmeos. Hermione e Gina se juntaram com eles. Harry não chegou mais tão perto dela, mas sentiu-se grato pela presença dela ali com o grupo.
Momentos mais tardes, quando todos os convidados se retiraram. E Moly e Arthur estavam cansados demais, assim indo se deitar logo. Harry, Hermione, e Rony foram ágeis. Desceram as escadas numa hora que todos dormiam tranqüilamente. Estavam levando o necessário para os dias que viriam. Harry pegaria dinheiro no banco Gringotes. Achava que com dinheiro não teriam problema. Teriam que se manter escondidos, para que não soubessem onde estavam. Manteriam notícias de que estavam bem. Passaram no Largo Grinmaudi para pegar bicuço, que estava lá porque Harry pediu a Hagrid como um favor. Hermione foi até lá aparatando, e esperou Rony e Harry que foram com suas vassouras. De lá seguiram para Godric´s Hollow.
A viagem foi muito silenciosa. Os amigos estavam cansados. Resolveram parar numa cidade pequena, pois se aproximava o anoitecer. Haviam passado o dia viajando. Harry concluiu que aparatar podia ser melhor nesses casos. Tinham parado para pegar dinheiro no Gringotes. Depois mais uma vez, para almoçar o lanche que trouxeram. Tinha vezes que Hermione precisava parar, pois bicuço sentia fome e ia caçar alguma coisa perto de onde eles costumavam ficar. Geralmente perto de florestas, ou em campos.
Escolheram uma cabana, que enfeitiçaram para desaparecer. As aulas em Hogwarts estavam servindo de muita ajuda, e Hermione ser um bocado inteligente também. A cabana estava abandonada, então não teriam problemas com trouxas. Fizeram outros feitiços para manter o lugar mais confortável. Ela tinha uma escada, que dava a um dormitório só. Foi lá que Hermione foi dormir. Rony e Harry ficaram na parte de baixo.
-Será que ela já dormiu? – perguntou Rony, preocupado, Harry pode perceber.
-Acho que sim, por quê?
-Eu tentei fazer ela desistir de vir com a gente, mas não consegui. A Mione é cabeça dura, diz que quer lutar até o fim...
-Você se preocupa mais com ela do que com você mesmo, não é Rony?
-Sim Harry. Me preocupo com ela. Muito. Assim como você com Gina... – nessa hora Rony corou.
-Eu já sabia que você gostava dela, mas por que não fala com ela?
-Harry, pensa. Ela é muito mais inteligente do que eu, ela é muito melhor do que eu. Não sei como dizer a ela, que eu, um perfeito idiota, gosto dela.
-Cara! A Mione não pensa assim. E você não é um idiota!
-Pode ser... Mas... É, eu tenho que confiar mais em mim, acho que vou falar com ela amanhã. Noite, Harry.
-Noite, Rony.
Harry dormiu, e naquela noite sonhou com a escuridão e uma luz verde, como se fosse um ponto no meio do nada.
Harry acordou com sua cicatriz doendo um pouco, mas não quis pensar em Voldemort. Resolveu se concentrar em arrumar o café da manhã. Mas antes que se levantasse, Harry pôs seus óculos, ao sentir cheiro de torradas. Levantou-se, Rony ainda dormia. Mione estava sentada num banco de madeira, o único que tinha ali. Harry lembrava-se de o banco ter uma perna quebrada, mas percebeu que Hermione concertara.
-Bom dia, você que fez as torradas?
-Sim. Sirva-se. Rony ainda deve ta dormindo como sempre, acorda tarde.
-É. – respondeu Harry, servindo-se de uma torrada. – Você, pelo visto conhece o Rony muito bem...
-Somos amigos há anos. Eu sempre vou passar alguns dias do verão na Toca, convite da mãe dele, e de Gina. É claro.
-Sei Mione, mas eu quis dizer outra coisa.
-O quê Harry? – Hermione estava escarlate, mas fingia não entender.
-Você o ama, por isso já o conhece bem.
Hermione ganhou um ar de dignidade ferida, mas começou a falar.
-Harry, vou abrir o jogo, pois só Gina sabe até hoje. Realmente o amo. – nesse momento ela pegou a xícara de chá que conjurara. - Mas Rony é um idiota...
Nessa hora Rony levantava-se, já vestido. Harry deduziu, que pela cara dele, ele só ouvira as cinco últimas palavras.
-Eu sou um idiota, então Mione? – perguntou com raiva.
-Não é bem isso Rony...
-Foi isso que eu ouvi. Falando pelas costas? Que amiga você é? Hein?
-Rony você não é nenhum santo... – Hermione se enfurecera – Quantas vezes falou de mim pelas costas? Quantas, HEIN? – Gritou ela.
-Falar com você é impossível... Vou dar uma volta. Dizendo isso Rony saiu pelo campo, parecia magoado. Hermione, aos olhos de Harry, estava mais braba que magoada.
-Ele não entende, como pode não perceber?
-Calma Mione, ele se magoou. Não sabia do que você estava falando, deixa-o pensar.
-Ele não pode ser tão cego!
-Repito, fique calma. Logo ele se desculpa.
-Eu também fui grossa com ele, mas saí do sério.
A manhã passou mais calma, Rony e Hermione não se falavam. Rony comeu suas torradas, e perguntou a Harry, quando eles partiriam. Decidiram almoçar, e continuar com a viagem. Faltava pouco para chegar a Godric´s Hollow.
Em Godric´s Hollow tudo parecia calmo. Era uma bela cidade, marcada por uma tragédia, onde um bebê sobrevivera a uma maldição Avada Kedrava. Sobrevivera ao mais temido bruxo das trevas, Lorde Voldemort. O bebê agora estava de volta, crescido, com 17 anos, não era mais indefeso, não precisava mais da proteção de sua mãe.
-Seus pais escolheram uma bonita cidade para morar... – começou a dizer Hermione, encantada com os jardins das casas, floridos. As casas eram muito bonitas também. – Para te criar...
Hermione percebeu seu erro ao ver a cara que Harry fez.
-Desculpa...
-Esquece, já me acostumei à idéia de não ter sido criado com eles, mesmo que eu não aceite isso. – nesse momento Harry sentiu raiva. – Voldemort vai me pagar caro!
Rony e Hermione resolveram não falar nada, sabiam que Harry estava atrás de Voldemort, que lutaria com ele.
-Vamos ao cemitério. Preciso conhecer o túmulo de meus pais.
-Vamos. Rony vem! – Hermione acenou pra Rony, este a seguiu.
O caminho de pedras da entrada do cemitério tinha flores no chão, e ventava um pouco. Harry teve a impressão de que, era porque ele estava ali. Não foi difícil encontrar o túmulo de seus pais, era um de pedra de mármore branca. Os dois foram enterrados juntos. Ele sentiu seu estômago afundar.
-Pai... Mãe... – sussurrava. – Eu vim pra dizer, que Voldemort vai pagar caro pelo que fez com vocês...
Ele largou as flores que conjurou, em cima do túmulo, que estava sendo bem cuidado. Harry se perguntou, se era algum feitiço. Ou seria um bruxo, ou até um trouxa que sempre cuidava. Ele não tinha se dado conta, mas estava de joelhos a um tempão olhando para o túmulo. Foi desperto por Hermione, que o levantou, segurando-o em seus ombros.
-Vamos Harry, não quero que anoiteça para procurarmos um lugar para ficar, vamos...
-Ta. Vão indo, já vou.
Hermione e Rony saem juntos, deixando Harry com seus pensamentos.
Quando encontrarei as quatro horcruxes restantes? Quanto poderei destruir Voldemort?
-Quando? Quando meus pais?
Nesse momento algo aconteceu.
Tudo ficou escuro, Harry pensou logo em um dementador, e então viu uma luz verde. De repente tudo volta ao normal. Ele lembra-se de algo que já havia esquecido.
-Será que foi um sinal? – pergunta-se Harry. – O sonho, e agora isso na frente do túmulo de meus pais?
Ele procura na sua mochila de viagem um papel. Encontra-o muito amassado, estava grudado num moletom, o último que ganhara da senhora Weasley. Ao ler a mensagem que estava na falsa horcrux, Harry começa a pensar em quem seria R.A.B? E porque levara a Horcrux? Decidiu procurar seus amigos.
-Por quê não nos contou antes? – perguntou Hermione em tom de censura, meia hora mais tarde, quando Harry contou o que acontecera e também sobre a mensagem. Eles já estavam caminhando em direção a pensão que Rony e a amiga haviam registrado os três. Um lugar bem conservado, com uma recepcionista um tanto desligada. Harry achou isso, pois era uma das poucas bruxas que nem notara sua cicatriz.
-Já falei Mione, esqueci completamente. Guardei o papel no malão, e por acaso ao procurá-lo, ele veio grudado junto com um moletom, dentro da mochila. Se não fosse a escuridão e a luz verde, nem lembraria...
-É, né? Mas essa mensagem é muito importante. Temos que decifrá-la.
-Vai nessa Mione! – disse Rony, parecendo um pouco cansado. Sentou-se no sofá da sala da pensão.
-Aqui diz que ele já está morto, isso é obvio! – começou a falar Hermione, Harry prestava atenção, mas Rony fechava os olhos, e parecia dormir. – Mas não lembro de ninguém com essa sigla no nome. Já tinha dito isso pra você antes.
-E então, o que você acha? Acha que a pessoa assinou assim, propositalmente? Como se quisesse não se identificar? – perguntou Harry, Rony dormia.
-É possível, pois tenho quase certeza que ele era muito próximo de Voldemort...
Hermione, agora falava sem medo o nome de Voldemort.
-... E se era próximo, se continuasse vivo, não gostaria de ser descoberto. Rony?
-Não fui eu, eu sempre te amei... – murmurava Rony – Aranha não... Não...
-Rony, acorda! É só um sonho! – Hermione o tocava com delicadeza.
-Acorda cara!
-Harry? Mione? O que houve?
-Você estava sonhando. – respondeu Harry.
Nesse momento Rony pareceu apreensivo.
-Como vocês sabem? Eu dormi e sonhei, mas...
-Você murmurou coisas. – respondeu Mione.
Rony ficou corado, parecia se perguntar algo, e Harry achou que a parte “...eu sempre te amei...” tinha a ver com Mione. Mas nessa hora ela começou a bocejar.
-Vou dormir. Meu quarto é o 204. O seu e do Rony, é 206. Boa noite.
Após ela sair, Rony escorregou pela poltrona cor de salmão da sala da pensão. Parecia estar aliviado.
-Ufa! Pensei que ela ia deduzir...
-O quê Rony?
-Harry, eu sonhei com ela, e depois com aranhas. Mas acho que a parte que disse que a amava ela não ouviu... Ouviu?
-Mais ou menos, você não disse quem amava. Mas Mione é inteligente, acho melhor falar de uma vez. Se é que ela já não sabe.
Rony pareceu ficar absorto em pensamentos. Subiu as escadas junto com ele, entrou no quarto, e logo ao se deitar adormeceu. Harry não pode fazer o mesmo, agora era ele quem estava absorto em pensamentos. Quem era R.A.B? Um amigo de Voldemort? Quando adormeceu sonhou de novo. Dessa vez harry sonhou com uma claridade muito forte, parecia estar voando, seria com a vassoura? Estava segurando duas varinhas, mas não fazia idéia do porquê?
-Quero ir a casa onde morei no meu primeiro ano de vida. Vamos ver se Hermione já acordou, Rony. Ela deve estar na sala, lá embaixo.
-Sim, cara...
Hermione já tomava seu café, olhando o Profeta diário do dia, que ficava em cima da mesinha na sala.
-Bom dia pros dois.- disse meio desanimada. - Vazou que nós sumimos... Mas não se preocupem, - disse olhando para a cara preocupada de Rony - é um mero pedaço escrito numa página pouco importante. E diz que somos maiores de idade, e temos direito de ir e vir. Mas só não avisamos. Parece que seu pai não quis fazer alarme por isso, Rony. Sua mãe deve estar triste e angustiada, mas já devíamos saber das conseqüências.
-Sei. Mas ela tem que entender de que nos repreender, só faria com que realmente fossemos embora para poder fazer alguma coisa. – disse Rony revoltado.
-Vocês são realmente corajosos por enfrentarem tudo, não só isso, mas também o que está por vir. – Harry começou a falar - Eu agradeço. E no momento que for preciso vocês voltarem, escutem com atenção... – Harry ganhou uma expressão séria no rosto. – Quero, que os dois voltem. Aconteça o que acontecer. Quero que voltem. Jamais suportaria se algo acontecesse. Entendido?
-Sim Harry. – falou Hermione. – Mas queremos estar com você sempre.
-É cara, sempre!
-Prometam! – falou Harry num tom claro e direto.
-Não Harry! Quando você encontrou a pedra filosofal, não fomos até o fim com você, queremos dessa vez ir, você é quem precisa entender a gente. – protestou Hermione.
-Harry, cara! A Mione está certa, vamos até o fim. Esqueça tentar nos mudar de idéia.
Não tocaram mais no assunto.
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