Perebas Reaparece



— CAPÍTULO TREZE —
Perebas Reaparece




Hermione pôs a cabeça para fora da porta, olhando para todos os lados. Depois voltou e disse a Harry e Rony:
— Tudo bem, não tem mais ninguém. Vamos vestir a capa.
Harry passou a capa da invisibilidade por cima dos três e eles começaram a andar, muito juntos, em direção às enormes portas da frente do castelo. Tinham descido para o jantar, mas ao terminar não retornaram à torre da Grifinória. Harry tinha a capa da invisibilidade sob as vestes e os três esconderam-se em uma sala vazia esperando que o salão principal ficasse vazio.
O caminho foi tenso até a cabana. Quiseram apressar-se ao ver que o sol já começava a se pôr no horizonte, mas esforçaram-se para manter um ritmo que não os fizesse cair nem derrubar a capa. Quando finalmente chegaram, bateram à porta e Hagrid, quando abriu, ficou olhando para os lados em busca do visitante.
— Somos nós — disse Harry. — Estamos usando a capa da invisibilidade!
— Vocês não deviam ter vindo! — Hagrid afastou-se para que eles pudessem passar, e depois fechou a porta.
Eles despiram a capa e Hermione adiantou-se, hesitante:
— Hagrid, onde... está o Bicuço?
— Amarrado no jardim de abóboras...
Ele parecia desamparado, como alguém que já não lembra mais quem é. Tentou começar a preparar um chá, mas derrubou uma jarra e ela se espatifou no chão. Hermione tomou a mão dele, várias vezes maior do que a sua, e ofereceu-se para fazer o chá. Ele foi sentar-se no sofá junto com os garotos.
— Existe algo que se possa fazer? – Harry perguntou. — Talvez Dumbledore...
— Ele já tentou. Mas os conselheiros ficaram com medo de Malfoy... Macnair, o carrasco, é amigo dele. Pelo menos eu, eu... estarei ao lado do Bicucinho... E Dumbledore disse que virá, quando estiver na hora... Que virá ficar do meu lado.
Hermione tentava segurar as lágrimas, concentrando-se na tarefa.
— Nós também ficaremos. — disse.
— Não, vocês não podem! — protestou Hagrid. — Não quero que assistam, e vocês nem mesmo deveriam ter deixado o castelo à noite.
Hermione derramava lágrimas silenciosas. Quando ia despejar na leiteira o conteúdo da garrafa de leite, viu que ela não estava vazia, e soltou um guincho.
— Rony! O Perebas!
Rony veio correndo. Hermione virou a leiteira de cabeça para baixo e o rato deslizou para a mesa.
— Perebas! O que está fazendo aqui?
O rato estava mais magro do que nunca. Rony tentou agarrá-lo, mas ele se debatia tentando fugir. — Está tudo bem agora, Perebas!
— São eles — disse Hagrid, olhando pela janela.
Dumbledore vinha à frente, seguido por Cornélio Fudge, um outro membro do ministério muito velho e o carrasco, Macnair. — Vocês precisam sair daqui, vou abrir a porta dos fundos.
Rony guardou perebas no bolso e Hermione pegou a capa da invisibilidade. Harry veio atrás dos dois, e os três pararam de andar ao ver, pela porta dos fundos aberta, Bicuço amarrado atrás do canteiro de abóboras.
— Vamos! — disse Hagrid. — Já está bem ruim sem vocês se meterem em confusão. Andem!
Sem muita escolha, Hermione cobriu a ela e aos garotos com a capa, e os três contornaram o canteiro, em silêncio, enquanto os homens entravam na cabana. Hermione tremia dos pés à cabeça, e podia sentir que Harry e Rony, um de cada lado seu, também estavam tensos. Ouviram vozes dentro da cabana.
— Por favor, vamos logo! — Hermione sussurrou. — Não quero ouvir, não posso...
Começaram a subir a encosta o mais rápido que podiam, mas Rony parou de repente.
— É o Perebas! — disse, enquanto o rato se debatia e guinchava. — Ele não quer ficar quieto. Perebas, sou eu seu idiota, é o Rony! Fique quieto!
— Rony, por favor! — Hermione suplicou. — Vamos andando, eles vão executar Bicuço!
— Tudo bem. Perebas, fique quieto!
Nem bem eles recomeçaram a andar, pararam aterrorizados. Após um breve silêncio, ouviram o som inconfundível de um machado cortando o ar e abatendo-se sobre o alvo.
— Não acredito... — Hermione choramingou com a voz falha. — Mataram Bicuço!
Ficaram paralisados por alguns instantes, trêmulos. Rony tornou a guardar Perebas dentro do bolso após uma nova tentativa de fuga.
— Vamos — disse ele, quase sem voz.
Os três recomeçaram a andar, apressados, em direção ao castelo. Quando chegaram nos jardins, a escuridão já era completa. Perebas se contorcia como nunca, e Rony lutava para segurá-lo.
— O que com ele, por que está piorando ainda mais?
Os três logo souberam a resposta. Bichento olhava na direção deles, e Hermione perguntou-se se ele podia enxergá-los através da capa.
— Bichento, vá embora! — disse. — Vá embora!
Mas o gato não obedeceu; vinha se aproximando.
— Perebas, não!
O rato finalmente conseguiu escapar da mão de Rony, que sem prévio aviso saiu debaixo da capa e pôs-se a correr atrás dele.
— Rony! — Hermione murmurou, desesperada.
Ela e Harry saíram correndo atrás do amigo, segurando a capa da invisibilidade, que flutuava atrás deles como uma bandeira. Rony pulou e conseguiu agarrar Perebas. Hermione voltou a estender a capa e murmurou, ofegante:
— Volte, Rony, para debaixo da capa! Fudge já deve estar voltando...
Mas nisso os três puderam ver um cão enorme, negro e de olhos claros, que atirou-se sobre eles, atingindo e derrubando Harry. Hermione lembrou-se de Adam apontando um arbusto, dizendo que vira um cão como aquele, e logo depois Bichento aparecera no mesmo lugar. O cão agarrou o braço de Rony e começou a arrastá-lo com facilidade. Rony gritava pedindo ajuda.
— Rony! — Harry gritou, ele e Hermione correndo para alcançar o amigo.
Estava tão escuro que não era possível ver por onde corriam. Algo golpeou Harry, movendo-o para longe da frente de Hermione, e enquanto ela virava-se para ver onde ele tinha caído, também foi golpeada, na altura dos ombros. Soltou um grito de dor a foi ao chão, sentindo em seguida o sangue umedecer suas roupas. Achou Harry e agarrou o braço dele.
— É o salgueiro lutador — disse Harry. — Corremos até aqui atrás do Perebas.
O cão sumiu dentro de uma abertura perto das raízes da árvore, ainda arrastando Rony, que lutava freneticamente para se soltar. Hermione e Harry, segurando-se um no outro, tentaram correr para a abertura, mas novamente foram golpeados pelos galhos velozes do salgueiro. Tornaram a levantar-se, e puderam ver a última tentativa de Rony de não ser puxado para dentro da abertura; ele enroscou a perna num tronco, mas com um estalo eles souberam que ela quebrou-se, e ele finalmente sumiu.
— Rony! — Hermione choramingou. — Precisamos pedir ajuda, Harry! Como vamos entrar aí?
— Não dá tempo de pedir ajuda; aquela coisa vai devorar o Rony!
Foi então que Bichento ressurgiu e correu em direção à árvore. Quando ele pisou em um determinado nó, os galhos pararam de se mexer, como se tivessem sido petrificados. O gato saltou para dentro da abertura tranqüilamente.
— Bichento? Como... como ele sabia?
— Ele é amigo daquele cão — disse Harry. — Já os vi juntos.
Hermione franziu o cenho, nervosa. O que Bichento poderia ter a ver com tudo aquilo? Sem o obstáculo dos galhos do salgueiro lutador, ela e Harry puderam correr até a abertura atrás de Rony. Era uma espécie de túnel.
Lumus — murmurou Harry, e Hermione fez o mesmo em seguida.
— Onde será que isso vai dar? — Hermione perguntou, trêmula.
— A abertura aparece no mapa do maroto, mas não aparece o que vem depois. Fred e Jorge acham que leva a Hogsmeade, mas disseram que ninguém sabe exatamente onde.
Percorreram um caminho longo, que pareceu terminar quando depararam-se com uma escada de madeira, os degraus rachados ou mesmo quebrados, coberta por uma espessa camada de pó. Subiram até um corredor que os levou até uma sala maior, cujos móveis pareciam ter sido quebrados de propósito. O papel das paredes parecia arrancado a unhas.
— Harry... Será que estamos na Casa dos Gritos?
A Casa dos Gritos era famosa em Hogsmeade, mas estava fortemente fechada, impedindo a entrada de qualquer pessoa, por isso só era possível observá-la por fora. Diziam que era assombrada e que ouviam-se gritos vindo lá de dentro.
— Pode ser — murmurou Harry.
Os dois andaram cautelosamente pela sala, até uma porta fechada. Entreolharam-se e trocaram um aceno, e então Harry derrubou a porta com um pontapé. Os dois puderam ver, sobre uma cama de madeira, Bichento, que ronronou alto ao vê-los. Eles entraram no quarto, e viram Rony sentado a um canto, a perna estendida em um ângulo estranho.
— Rony! — Hermione correu até ele, seguida por Harry. — Você está bem?
— Onde está o cão?
— É uma armadilha... — disse Rony. — Ele é o cão, um animago!
Hermione e Harry viraram-se rapidamente para trás, e reconheceram a figura assustadora de Sirius Black, fechando a porta. Ele tinha a varinha de Rony na mão, e gritou:
Expelliarmus!
As varinhas de Hermione e Harry saltaram até ele, que as recolheu. — Imaginei que viria ajudar seu amigo, Harry. Seu pai teria feito o mesmo por mim.
Hermione viu que Harry estava prestes a avançar sobre Black, e segurou-o. Rony ficara em pé, com muito esforço, para segurar o amigo também. Ele dirigiu-se a Black:
— Escute, se quiser matar Harry, terá que nos matar também!
Hermione viu Black transferir o olhar de Harry para Rony, e dizer num tom brando:
— Deite-se, ou vai piorar essa fratura.
— Você me ouviu? — Rony gritou, indignado. — Terá que matar os três!
— Só haverá uma morte aqui esta noite. — retrucou Black.
Harry conseguiu soltar-se e avançou em Black. Hermione e Rony gritaram, juntos:
— NÃO!
Por algum motivo, Black não reagiu enquanto Harry o golpeou e o derrubou no chão, caindo também. Os dois ficaram embolados no chão, Black tentando imobilizar Harry e Harry socando-o onde alcançasse, até que Black venceu, envolvendo o pescoço do garoto com uma das mãos.
— Não... — disse ele. — Esperei tempo demais.
Hermione não pensou duas vezes; levantou-se e correu até eles, dirigindo à cabeça de Black um chute com toda a força, fazendo-o soltar Harry. No instante seguinte, Rony também estava ali, tentando recuperar as três varinhas. Harry conseguiu escapar da embolação de corpos, e Hermione ou viu travar uma breve luta com Bichento por sua varinha. Ela mesma conseguiu atirar-se no chão para recuperar as varinhas dela e de Rony.
— Saiam da frente! — ordenou Harry, em pé e com a varinha em posição.
Hermione puxou Rony para trás, e levou-o para a cama onde Bichento estivera. Ele sentou-se, sem cor alguma no rosto, os braços ao redor da perna quebrada. Hermione, em pé perto dele, sentia o queixo tremer de medo e nervosismo. Harry avançava para Black, que estava atirado contra a parede.
— Você matou meus pais. — acusou Harry, apontando sua varinha para o coração de Black.
— Não nego... Mas se você soubesse da história completa...
— Você vendeu meus pais a Voldemort, isto é tudo o que eu preciso saber.
— Me ouça, você precisa me ouvir... — Black tinha urgência na voz.
Bichento saltou em direção a Black e sentou-se no peito dele, bem na altura do coração. Black tentou empurrá-lo, dizendo que saísse. Hermione observava, horrorizada; então Bichento era amigo daquele homem?
Harry ficou parado, a varinha apontada para Black, cujo peito Bichento protegia. Hermione imaginou que o garoto devia estar buscando coragem para fazer o que achava que tinha que fazer. Rony respirava ruidosamente ao lado dela, abafando gemidos de dor. E então ouviram passos no andar de baixo.
— AQUI EM CIMA! — Hermione gritou. — ESTAMOS AQUI EM CIMA! SIRIUS BLACK! DEPRESSA!
Os passos aproximavam-se, até que, com um estalo e faíscas vermelhas, a porta abriu-se e o prof. Lupin irrompeu pelo quarto.
Expelliarmus! — gritou ele, e as duas varinhas que Hermione segurava lhe escaparam, assim como a que Harry apontava para Black.
O professor apanhou as varinhas, e continuou apontando a sua para Black.
— Onde ele está? — perguntou.
Com dificuldade, Black apontou para Rony. Hermione não entendeu mais nada. — Mas então por que ele não se revelou antes? A não ser que ele fosse... vocês trocaram... sem me dizer?
Black confirmou com a cabeça, o que quer que fosse, e Lupin avançou para ele, erguendo-o do chão e abraçando-o como a um irmão. Hermione avançou, com lágrimas de raiva nos olhos.
— EU NÃO ACREDITO! — berrou, apontando para Lupin um dedo acusador. — O senhor... e ele!
— Hermione, acalme-se. — disse Lupin.
— Eu não contei a ninguém! Tenho encoberto o senhor!
— Eu confiei no senhor! — gritou Harry.
— Ele tem ajudado Black a entrar no castelo, Harry! Quer ver você morto! Ele é um lobisomem!
Ela viu o choque em Harry e Rony. Lupin não se alterou.
— O que disse não condiz com seu padrão de acertos, Hermione. Acertou apenas uma alternativa em três. Não tenho ajudado Black a entrar no castelo, e certamente não quero ver Harry morto. Mas sim, sou um lobisomem. Há quanto tempo você sabe?
— Há séculos. Desde a redação do prof. Snape.
— Era o que ele queria mesmo, que alguém juntasse as peças. Você é a bruxa mais inteligente da sua idade, Hermione.
— Não, não sou. Se fosse, teria contado a todos quem você é!
— Mas todos já sabem. Pelo menos os professores.
— Dumbledore o contratou sabendo que era um lobisomem? — perguntou Rony, horrorizado. — Ele é louco?
— Na verdade, ele teve que trabalhar muito para convencer alguns professores de que eu era digno de confiança.
— E estava enganado! — disse Harry.
— Deixe-me explicar! — Lupin devolveu as três varinhas, e enfiou a sua no cinto. — Pronto. Estão armados e nós, não. Vão me ouvir agora?
— Como soube que Black estava aqui se não o estava ajudando? — Harry perguntou.
— O mapa do maroto. Eu o tirei de você certa vez, quando Snape o descobriu indo escondido para Hogsmeade, lembra? Vi através do mapa que Sirius e vocês estavam aqui.
— Você sabe trabalhar com o mapa?
— Claro; ajudei a prepará-lo. Sou Aluado, esse era o apelido pelo qual meus amigos me chamavam. Estava observando o mapa para ver se vocês três tentariam sair do castelo para ver Hagrid antes da execução do hipogrifo. E estava certo, não é mesmo? Imaginei que poderiam usar a capa da invisibilidade do seu pai.
— Como você pode saber sobre a capa? — perguntou um Harry cada vez mais incrédulo.
— O número de vezes que vi Tiago desaparecer embaixo dela... Mas enfim, eu os estava observando pelo mapa e mal pude acreditar quando vi que ele estava com vocês quando saíram da cabana.
— Ele quem? Não tinha ninguém com a gente! — disse Hermione.
— Não acreditei; imaginei que o mapa devia estar registrando errado. Mas então vi o pontinho rotulado Sirius Black se aproximando e colidindo com vocês, e depois arrastando dois de vocês.
— Um de nós! — Rony corrigiu, raivosamente.
— Não, Rony. Dois de vocês. Você acha que eu poderia dar uma olhada no seu rato?
— Quê? Que é que Perebas tem a ver com tudo isso?
— Tudo. Posso vê-lo?
Rony tirou-o do bolso, hesitante. Lupin ficou a observá-lo por alguns instantes.
— O que é que o meu rato pode ter a ver com qualquer coisa?
— Isto não é um rato — disse Lupin. — É um bruxo.
— Um animago, — acrescentou Sirius Black. — que atende pelo nome de Pedro Pettigrew.
— Isso é ridículo — disse Harry. — Pettigrew está morto, Black o matou!
— Tive a intenção, mas ele levou a melhor. Mas desta vez será diferente.
Black avançou feroz na direção de Rony, mas Lupin o segurou.
— Eles têm o direito de conhecer toda a verdade primeiro!
Black afastou-se.
— Seja rápido, Remo. Quero cometer logo o crime pelo qual fui preso.
— Houve testemunhas — disse Harry. — que viram Black matar Pettigrew.
— Acharam que viram, Harry. Pettigrew está vivo, na mão de Rony.
Hermione não acreditava no que estava ouvindo. O professor estava já dizendo coisas sem sentido. Tentou chamá-lo de volta à realidade, perguntando em um tom mais ameno:
— Professor... O senhor sabe que Pettigrew não pode ser um animago.
— Por que não pode?
— Estudamos animagos com a profa. McGonagall, e o Ministério da Magia os controla através de um registro. Neste século só houveram sete animagos registrados, eu olhei o registro para ver o nome da profa. Minerva, e o nome de Pettigrew não constava lá.
— Certo outra vez, Hermione! Mas o ministério nunca soube que havia três animagos não registrados à solta em Hogwarts. Tudo começou comigo. Era bem pequeno quando fui mordido, e passei a me transformar em um verdadeiro monstro uma vez por mês. A poção que Snape prepara para mim, hoje, é uma descoberta recente, que permite que eu mantenha minhas faculdades mentais mesmo transformado. Quando eu era pequeno, ela não existia, então parecia impossível que eu pudesse freqüentar Hogwarts. Mas Dumbledore se condoeu. Esta casa e o túnel que traz de Hogwarts até aqui foram construídos para meu uso, eu era trazido para cá uma vez por mês para me transformar. Os gritos que as pessoas ouviam eram meus uivos. O salgueiro lutador foi plantado na entrada do túnel para que ninguém pudesse vir me encontrar no meu período perigoso. Era muito doloroso, eu me arranhava e mordia os móveis.
Hermione escutava atenta, procurando algo que pudesse apontar de contraditório ou impossível para desbancar a história. Mas o pior era que por mais absurda que pudesse parecer, fazia sentido. Rony, a seu lado, tinha no rosto uma expressão de dor tão intensa que ela segurou-se para não chorar por ele. Harry prestava toda a sua atenção em Lupin. O professor continuou.
— Fora isso, eu era muito feliz. Tinha três grandes amigos: Sirius Black, Pedro Pettigrew e Tiago Potter. Durante algum tempo, escondi deles que era um lobisomem, com medo que me abandonassem. Mas eles acabaram descobrindo; e não me abandonaram. Fizeram ao invés disso algo muito grande por mim... estudaram para tornar-se animagos, e assim poderiam vir me ver aqui quando estivesse transformado. Afinal, um lobisomem só apresenta perigo para gente, não para animais. Com o tempo, passamos a nos aventurar fora daqui, pelos terrenos da escola. Como Sirius e Tiago transformavam-se em animais grandes, podiam controlar o lobisomem. Fizemos o mapa do maroto com todo o conhecimento de Hogwarts que adquirimos. Sirius era Almofadinhas, Pedro era Rabicho e Tiago era Pontas.
“Durante o ano todo me atormentou a dúvida entre contar ou não a Dumbledore que Sirius era um animago, pois isso seria admitir que traíra a confiança dele enquanto estudava aqui. Imaginei que Sirius estava entrando no castelo por meio de artes das trevas aprendidas com Voldemort, por isso achei irrelevante contar... Ou pelo menos foi como me justifiquei para mim mesmo, quando na verdade o motivo maior foi covardia. Por isso, pode-se dizer que Snape estava certo quando ele disse a Dumbledore que eu não era digno de confiança.”
— Snape? — perguntou Sirius, que estivera o tempo todo calado, vigiando cada movimento de Perebas. — O que ele tem a ver com isso?
— Ele é professor aqui também, Sirius. Snape freqüentou a escola conosco. E ele guarda uma mágoa do nosso grupo. Sirius pregou uma peça nele que quase o matou.
— E teria sido bem feito — defendeu-se Sirius. — Ele andava investigando o que fazíamos, na esperança de provocar nossa expulsão.
— Ele odiava Tiago — explicou Lupin. — Acredito que devia ser ciúme do talento no quadribol que seu pai tinha, Harry. Ele tinha muita curiosidade de descobrir aonde eu ia todo o mês, quando sumia da escola. Certa vez ele me seguiu enquanto Madame Pomfrey me trazia. Sirius viu e resolveu pregar uma peça; contou a ele como neutralizar o salgueiro lutador, para entrar no túnel e descobrir onde eu estava. Snape não teve dúvidas e seguiu a dica. Quando Tiago ficou sabendo, arriscou a própria vida para ir atrás dele e salvá-lo, antes que eu o encontrasse e... enfim. Mas Snape acabou me vendo, mesmo assim, e descobriu o que eu era.
— Por isso, então, que ele não gosta de você? — perguntou Harry.
— Isso mesmo — disse Snape, removendo a capa da invisibilidade e apontando sua varinha para Lupin.

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