Em Hogsmeade



— CAPÍTULO SEIS —
Em Hogsmeade




Na manhã de seu aniversário, Hermione recebeu uma coruja com cartas da família. Rony e Harry deram-lhe os parabéns, o primeiro meio envergonhado e o segundo com um presente. Ganhou também um presente de Hagrid. Bichento tinha sido o presente antecipado de seus pais, e Rony também lhe dera um presente anteriormente.
Entretanto, foi na aula de Estudo dos Trouxas que ela teve a maior surpresa. Adam Sthills, um colega da disciplina com quem ela nunca conversara, abordou-a um pouco antes do início da aula.
— Hoje é seu aniversário, não é? — perguntou ele.
Hermione encarou-o, perplexa. Como ele poderia saber, se nunca tinham dito um ao outro nem mesmo seus nomes?
— Bem, eu... — balbuciou, sem a menor idéia do que responder.
Adam pareceu ter compreendido a confusão e a surpresa de Hermione.
— Bem, — disse ele. — na verdade eu acabei vendo, sem querer é claro, um pergaminho seu, com umas contas envolvendo uma data de nascimento, imaginei que era a sua.
“Aritmancia”, pensou ela, lembrando dos cálculos com datas de nascimento.
— É meu aniversário hoje, sim — disse, por fim, corando.
Ele tirou de algum lugar que ela realmente não viu uma flor muito bonita, de um tom de rosa claro.
— Feliz aniversário.
Ela sorriu, muito envergonhada, as faces em fogo agora. Pegou a flor, hesitante, e depositou-a no canto da mesa. Não tornou mais a dirigir qualquer olhar ao colega durante a aula e tão logo ela terminou, juntou suas coisas apressadamente e saiu antes que ele tivesse qualquer chance de tornar a se aproximar.
No meio do caminho até o salão principal, onde encontraria Rony e Harry para o almoço, parou diante de uma lixeira e jogou dentro dela a flor. A justificativa que deu para si mesma por isso foi que não poderia aparecer repentinamente com uma flor ganha em uma aula que não assistira. Ao ver-se livre da flor, no entanto, sentiu um alívio imensurável.

Com o passar das semanas, as aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas ficaram tão mais interessantes quanto as de Trato das Criaturas Mágicas ficaram entediantes. Enquanto Lupin criava nos alunos um entusiasmo que nunca tinham tido pela disciplina, Hagrid resolveu retroceder muito depois do acidente de Malfoy; ao invés de cumprimentar hipogrifos, os alunos agora alimentavam vermes gosmentos.
Já no meio de outubro, Hermione e Rony notaram um aviso no mural da sala comunal certa noite.
— A primeira visita a Hogsmeade! — disse ele, entusiasmado.
— Vai ser no dia das bruxas! — disse Lilá Brown, parada ao lado deles e também lendo o aviso.
— Que ótimo — Hermione comentou, não com todo o entusiasmo que tinha pois estava muito cansada e ainda precisava fazer muitos deveres de casa.
Ela dirigiu-se a uma poltrona, e Rony acompanhou-a. Começaram a fazer os deveres, enquanto os colegas conversavam animadamente sobre tudo o que poderiam fazer em Hogsmeade. Harry entrou pelo buraco do retrato, em suas vestes de quadribol.
— Como foi o treino? — Rony perguntou.
— Cansativo, mas bom. — ele sentou-se na poltrona ao lado da de Hermione, olhando ao redor, provavelmente percebendo o alvoroço. — Hogsmeade, então?
— É, — disse Rony. — no dia das bruxas.
— Que ótimo — disse Harry desanimado. Ele já tinha dito aos amigos que seus tios não tinham assinado a sua autorização para visitar o povoado.
— Você deveria perguntar à profa. McGonagall se não pode ir, Harry — Rony sugeriu, para desaprovação de Hermione.
— Não é seguro com Sirius Black à solta! — ela protestou.
Bichento subiu no seu colo, trazendo uma aranha morta pendurada na boca e pondo-se a mastigá-la vagarosamente.
— Ele precisa comer isso na nossa frente? — Rony perguntou, enojado.
Hermione ignorou-o, e disse:
— Bichento inteligente, você pegou a aranha sozinho?
— Vê se pelo menos segura ele aí. O Perebas está dormindo dentro da minha mochila.
Hermione já ia ficando chateada com a rispidez de Rony e por ele fazer questão de demonstrar verdadeira aversão a Bichento, quando o gato saltou de seu colo e atacou a mochila do garoto. Ela não sabia bem o que fazer enquanto Rony sacudia a mochila furiosamente, gritando:
— Solta, seu gato burro!
— Não machuca ele, Rony! — ela gritou.
Perebas saiu em disparada de dentro da mochila e Bichento perseguiu-o. A essa altura, não apenas a sala comunal inteira assistia ao evento como alguns tentavam ajudar a capturar os animais.
O pior ainda estava por vir. Com Bichento já em seu colo e Perebas no de Rony, iniciou-se uma acalorada discussão.
— Olha só para o Perebas, Hermione! — Rony gritou, furioso. — Está pele e osso! Segura esse gato longe dele!
— Bichento não sabe que isso é errado, é da natureza dele! — retrucou Hermione, a voz trêmula. — Gatos caçam ratos!
— Mas tem uma coisa estranha com esse bicho! Ele me ouviu dizer que o Perebas estava na mochila!
— Não seja bobo, ele simplesmente sabe farejar.
— Esse gato está perseguindo o Perebas! Ele estava aqui primeiro e está doente!
Rony deu as costas e subiu as escadas para o dormitório. Hermione apertou Bichento no colo, ainda nervosa, com vontade de chorar.

Na manhã seguinte, durante a aula de Herbologia, Rony não dirigiu a Hermione nem mesmo um olhar. Sentindo a consciência pesada, ela aproximou-se dele em determinado momento e perguntou, timidamente:
— Como está o Perebas?
— Escondido. — respondeu Rony, ríspido. — E morrendo de medo, se você quer saber, de ser devorado a qualquer instante.
E afastou-se dela.
A aula seguinte era de Transformação. Antes do início, porém, houve uma pequena confusão na fila, do lado de fora da sala. Lilá Brown estava chorando, cercada pelos colegas. Parvati Patil a abraçava. Hermione se aproximou.
— O que houve, Lilá? — perguntou.
— Você se lembra quando a profa. Trelawnay disse que a coisa que eu receava aconteceria no dia dezesseis de outubro? Hoje é dezesseis de outubro! Ela estava certa!
— E o que aconteceu?
— Meu coelho, foi morto por uma raposa! Recebi uma carta de casa hoje!
— Mas por acaso ele era velho?
Lilá pareceu horrorizada com a pergunta de Hermione.
— Não, era só um filhotinho!
— Então por que você receava que ele morresse, se não havia um perigo tão iminente?
Lilá chorou mais escandalosamente. Rony veio pelo lado de Hermione, tocou o braço de Lilá e disse:
— Não ligue para a Hermione. Ela não se importa com os bichos de estimação dos outros.
Os dois fuzilaram-se com o olhar até a chegada da profa. McGonagall.

Hermione e Rony continuaram sem se falar pelos dias que se seguiram. Quem não parecia nem um pouco satisfeito em fazer o “meio de campo” era Harry. Na véspera do Dia das Bruxas, ele extravasou. Estava sentado na sala comunal com Hermione fazendo deveres, quando Rony entrou e veio sentar-se perto deles. Ele fez questão de mostrar que estava sentando-se na cadeira mais distante possível de Hermione. Com isso, Harry levantou-se e disse, em voz alta:
— Será que vocês dois não vão parar com isso? Por acaso irão a Hogsmeade, amanhã, sem se falar? Lembrem-se de que eu não estarei lá para fazer o papel ridículo de separador das discussões de vocês.
Hermione olhou imediatamente para Rony, envergonhada. Ele encarava os próprios pés, mas começou a se aproximar. Parou na frente dela e olhou-a nos olhos.
— Você me ajuda, então — disse ele. — a carregar as sacolas de doces do Harry?
— Tudo bem. — ela respondeu, desejando que ele tivesse pedido desculpas.

Na manhã seguinte, então, Hermione e Rony já agiam normalmente um com o outro. Tomaram café com Harry, antes de partirem com os outros colegas para Hogsmeade.
— Vamos trazer muitos doces, — prometeu Rony. — muitos doces mesmo!
Ele demonstrava muita pena do amigo no momento em que se despediam dele. Hermione também sentia pena, e sentia culpa por não poder fazer mais nada além de prometer doces. Disse, por fim:
— Cuide-se, Harry.
Os alunos do terceiro ano que nunca tinham estado em Hogsmeade formavam um grande grupo liderado pela profa. McGonagall, que só dispersou-se quando chegaram ao povoado. Hermione e Rony, que tinham ficado calados até ali, acabaram ficando sozinhos. Um pouco constrangido, Rony perguntou:
— Aonde vamos primeiro?
Hermione olhou para os lados.
— Dervixes e Bangues — foi o primeiro nome que enxergou. — Vamos ali.
Os dois entraram na loja, que era repleta de equipamentos de bruxaria: varinhas, caldeirões, ingredientes de poções, livros de feitiços e uma infinidade de outros objetos encantados.
— Veja, Rony — Hermione disse, animada. — Uma pena que escreve o que a pessoa dita!
— Olhe isso, Mione! Uma vassoura com piloto automático! Você diz a ela onde quer ir e não precisa fazer mais nada!
Hermione virou um pouco a cabeça para o lado e enxergou a última coisa que esperava: dentro de uma caixa de vidro, estava pendurado um pingente em forma de ampulheta. Enquanto Rony observava distraído a vassoura, ela aproximou-se do vidro, e perguntou a uma atendente que estava ali perto.
— O que é isto?
— Sinceramente, não sei... — respondeu a atendente. Na verdade, minha chefe me avisou que não é um objeto encantado de verdade, ela disse que é só uma representação. Segundo ela, os verdadeiros não são vendidos, pois o uso é muito restrito, controlado pelo Ministério da Magia. Acho que tem alguma coisa a ver com adivinhações do futuro.
"Adivinhação", Hermione repetiu mentalmente, com desdém. Um vira-tempo como objeto de estudo da aula da profa. Trelawnay! Era uma idéia ridícula.
— Obrigada — agradeceu, afastando-se.
Depois que saíram da Dervixes e Bangues, Hermione e Rony passaram pela Zonko's, uma loja de logros e brincadeiras. Hermione não gostou muito dos objetos, varinhas falsas que davam sustos e coisas do gênero.
— É o lugar favorito de Fred e Jorge — Rony comentou.
Saindo da Zonko's, os dois passaram na frente de uma agência postal enorme, com caixas de correio classificadas por cores, conforme a urgência. Saíam e voltavam corujas a todo o momento, usando amarradas às pernas fitas representando as cores da classificação de prioridade.
— Olha, Rony! Que incrível! — Hermione exclamou.
Fred e Jorge vinham saindo de um pub chamado Três Vassouras, em direção à Zonko's. Quando os viram, aproximaram-se e disseram:
— Não vão provar uma cerveja amanteigada? Esquenta pra valer.
Hermione e Rony entreolharam-se, e numa decisão silenciosa entraram no Três Vassouras. Tão logo adentraram o bar, Rony parou de andar; parecia hipnotizado. Hermione, confusa, procurou o que ele poderia estar vendo, e não foi difícil encontrar: era uma bruxa muito bonita, provavelmente a responsável pelo estabelecimento, pois servia os fregueses. Hermione sentiu suas faces em fogo, puxou Rony pelo braço e conduziu-o até uma mesa.
Eu vou pedir as bebidas — disse, sem dar a ele a menor margem de resposta.
Ela aproximou-se da mulher, odiando-a mortalmente, e disse:
— Duas cervejas amanteigadas, por favor.
— Olá querida, seja bem vinda ao meu pub! Estuda em Hogwarts? Eu sou Madame Rosmerta.
Hermione não queria saber quem ela era ou de quem era o pub, muito menos responder se estudava em Hogwarts. Esperou silenciosa enquanto ela servia as bebidas. — Aqui está — disse Madame Rosmerta, sorrindo.
— Obrigada — Hermione respondeu, com má vontade.
Voltou com as duas canecas para a mesa em que Rony a esperava. Ainda enfurecida com o garoto, Hermione sentou-se e começou a sorver a cerveja amanteigada como se fosse o último gole de água no meio de um deserto. A bebida era realmente deliciosa, e esquentou-a por completo.
— Mione — disse Rony, e ela desejou que aquela expressão que ele tinha no rosto significasse culpa, mesmo que não quisesse investigar a fundo o motivo de desejar aquilo. — Veja, aquilo lá não é um ogro?
Hermione virou-se na direção em que ele apontava, não muito animada, e mais tarde não saberia dizer se o que viu era um ogro ou não, tamanha a falta de atenção.
— Não sei — foi sua resposta desanimada, antes de voltar a beber.
— Mione, você não está bebendo isso meio rápido demais?
— Estou com sede.
Ela sentiu as faces novamente afogueadas, não mais de raiva, mas agora da bebida. Olhou para Rony, que a fitava com uma expressão preocupada.
— Você está bem?
— Beba — foi o que ocorreu a ela dizer. — Beba logo, precisamos ir ainda comprar os doces do Harry!
Ela percebeu que dissera aquilo muito rápido e em uma voz um pouco mais alta do que planejara. Percebeu também que sorria; sentia-se animadíssima. Afinal, Madame Rosmerta morava no inferno, Sirius Black era inofensivo como um inseto e todo o resto do mundo era uma maravilha. Virou rapidamente o resto de sua cerveja e não deixou Rony em paz enquanto ele não terminou a dele.
Quando alcançaram a rua, Hermione e Rony conversavam animados como nunca tinham conversado antes. Ele parecia absurdamente feliz e ela tinha a impressão de que também parecia. Entraram na Dedosdemel e começaram a escolher tantos doces quantos pudessem carregar para levar para Harry. Com tudo já empacotado, puseram-se a comer.
Os dois sentaram-se em banquinhos, conversando e rindo, falando de Harry, dos professores, do que já tinha acontecido nos quase três anos em que estudavam juntos e até da rixa entre Bichento e Perebas, provavelmente a única oportunidade em que ririam do assunto.
— Coitado do Perebas... Imagine... Ele nunca fez nada da vida! — comentava Rony, rindo. — De repente ele viaja para o Egito, fica doente, e quando volta, ainda por cima tem um monstro maluco perseguindo ele! — e gargalhou.
Hermione riu também.
— Pobrezinho do Bichento... Desde que nasceu morava naquela loja de animais, vendo um monte de ratinhos protegidos dentro de gaiolas, imagine a vontade reprimida de comer ratos! — e gargalhou. — De repente, alguém o compra, o leva para um lugar fantástico como Hogwarts e ele muda completamente seus hábitos alimentares... Sem falar na verdadeira tentação que é o Perebas, aquele rato inútil e velho, com um dedinho faltando!
E Rony ria. Hermione, que não gostava tanto assim de doces, comeu até não agüentar mais. Rony pareceu comer o triplo que ela, e parecia ainda disposto a comer mais.
Durante o resto da tarde, os dois caminharam muito com as inúmeras sacolas de doces que levavam para Harry, fazendo pausas de quando em quando para sentarem em algum banco público. Tudo era motivo de risada, mas o efeito da cerveja amanteigada não demorou tanto assim para passar. Conforme passavam as horas, os dois riam menos, ficavam mais tímidos e implicavam mais um com o outro.
Chegaram de volta a Hogwarts quando já começava a anoitecer, junto com o resto dos alunos que tinham ido a Hogsmeade. Na sala comunal, deram a Harry os doces e contaram-lhe o que se lembravam de ter feito. Rony fez uma ressalva especial sobre o fato lamentável de não ter podido trazer cerveja amanteigada para o amigo.
— E você, Harry, — Hermione perguntou. — o que ficou fazendo?
— Estive com o prof. Lupin. Ele disse que conheceu meus pais. E vocês não vão acreditar no que aconteceu.
— Mas o que aconteceu? — Rony perguntou, surpreso.
— Lá pelas tantas, Snape entrou na sala do Lupin, trazendo uma poção. E o Lupin a bebeu.
Os dois ficaram intrigados.
— Será que Snape estava tentando envenenar Lupin? — disse Rony.
— Não acho que, se fosse realmente veneno ou algo ruim, Snape daria a Lupin na frente do Harry — disse Hermione.

Os três desceram pouco depois para a tradicional festa do dia das bruxas de Hogwarts. A decoração estava espetacular como de costume, com muitas abóboras com velas dentro. A comida estava tão deliciosa que até mesmo Hermione e Rony, que já tinham comido muito na Dedosdemel, acharam um espaço para repetir.
Mais tarde na volta à torre da Grifinória, porém, havia um tumulto ao redor do retrato da mulher gorda. Ou pelo menos do lugar onde ele costumava ficar. A verdade era que a mulher gorda sumira do retrato.
O tumulto logo cresceu, e até Dumbledore foi chamado. Foi Pirraça, porém, quem esclareceu tudo.
— Coitada, — disse ele. — a encontrei em um quadro por aí, escondida, assustada. Parece que o homem tentou de todo o jeito fazê-la deixá-lo entrar, e ficou muito furioso por ela não ter colaborado. Que gênio, o desse Sirius Black.
Dumbledore ordenou que todos os alunos fossem para o salão principal. Lá, anunciou que seria feita uma busca meticulosa pelo castelo atrás de Sirius Black, e que enquanto isso os alunos passariam a noite ali mesmo no salão. Com um toque de sua varinha, o diretor afastou as quatro mesas das casas para as extremidades, e com outro toque conjurou sacos de dormir para todos.
— Vamos — disse Rony, pegando um saco de dormir para si, enquanto Hermione e Harry também pegavam um cada um.
Os monitores ficariam de guarda, sob o comando dos monitores-chefes. Percy, com um imenso sentimento de importância, cobrava silêncio dos alunos que ainda conversavam. O assunto principal era o meio que Black teria usado para entrar no castelo.
— Francamente, — disse Hermione. — será que só eu li Hogwarts: uma História?
— Provavelmente, — respondeu Rony. — por que?
— No livro está bem descrito o esquema de segurança do castelo. Sabem, ele não é protegido apenas por paredes, mas também por diversos feitiços e encantamentos. Ninguém pode aparatar aqui para dentro. Se ele tivesse chegado em uma vassoura, alguém o teria visto. E Dumbledore disse que os dementadores não são enganados por nenhum disfarce.
Pouco depois, os três deitaram-se dentro dos sacos de dormir, vestidos e bem cobertos. Nenhum deles, no entanto, conseguiu pegar no sono. Conforme os colegas iam adormecendo, o silêncio ia imperando no salão principal.
Hermione tinha olhado o relógio não fazia muito; eram cerca de três da madrugada, quando ouviu uma conversa de Snape e Dumbledore, que dava-se aos sussurros.
— É impossível que o criminoso tenha entrado no castelo sem nenhuma ajuda interna. Você se lembra daquilo sobre o que eu o avisei, quando você admitiu o...
— Severo, ninguém de dentro desta escola ajudou Sirius Black a entrar.
E os passos deles afastaram-se. Hermione procurou os olhos dos amigos; eles também estavam acordados.
— Do que eles estavam falando? — Rony perguntou, apenas com o movimento da boca, mas sua pergunta ficou sem resposta.
Hermione olhou para cima, fitando o teto encantado, salpicado de estrelas. Tocou o vira-tempo por dentro das vestes, desejando pela primeira vez usá-lo para algum outro fim que não assistir às aulas: voltar no tempo para avisar alguém da vinda de Sirius Black, para que ele pudesse ser capturado.
Sabia, no entanto, que não poderia fazer isso. Enquanto as pontas dos dedos contornavam a pequena ampulheta, um sentimento angustiante de impotência dominou-a.

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