O Vira-Tempo
O Vira-Tempo
A profa. Minerva McGonagall levantou-se, ainda fitando Hermione. A garota chegava a ouvir as batidas de seu coração.
— Srta. Granger... — disse a professora. — Eu recebi a sua resposta àquele bilhete que lhe mandei.
— Sim, professora.
— Pois bem. Eu fiz o que estava ao meu alcance, e foi impossível alterar os horários das aulas. E francamente, eu não poderia fazer grandes mudanças nos horários por causa de uma única aluna. Como já disse, é a primeira vez que alguém se inscreve para todas as disciplinas.
Hermione sentiu um misto de culpa e frustração. Sentiu-se uma idiota; não era apenas implicância de Rony, até mesmo a professora McGonagall achava uma idéia absurda um aluno cursar todas as matérias.
— Professora, — disse, medindo as palavras, receosa. — sinto pelo incômodo que causei, eu...
— Por favor, srta. Granger, não me interrompa. — disse a professora, sem alterar seu tom severo de sempre.
A garota empertigou-se.
— Sim, professora. Sinto muito.
— Como eu dizia, você é uma exceção. Porém uma exceção não apenas neste caso. Eu trabalho nesta escola há muitos anos. Poucas vezes vi exemplos de alunos como você, aliás, não posso dizer com certeza se já vi alguém como você.
Paralisada pela expectativa, Hermione não sabia o que esperar. Não sabia se a professora falaria bem ou mal dela.
— É uma aluna modelo, srta. Granger. Um exemplo para todos os seus colegas. Com exceção, é claro, de algum gosto por aventuras arriscadas... — a professora sorriu, para surpresa de Hermione, e acrescentou, num tom casual: — Certamente uma característica de um bom aluno da Grifinória. Mas que nenhum outro me escute!
— Obrigada... — Hermione disse, hesitante, mas sorrindo.
— Foram estes argumentos, srta. Granger, exceto é claro esta última parte, que eu usei em minhas correspondências com o ministério da magia. Estive negociando com eles durante as últimas semanas para conceder-lhe a permissão de usar isto. — A professora tirou de dentro de uma gaveta uma caixinha retangular vermelho-vinho. — O que há aqui dentro é um objeto mágico muito poderoso... E tudo o que é muito poderoso é também muito perigoso... Abra.
McGonagall estendeu a caixinha para uma Hermione trêmula, que tomou-a nas mãos e levantou a tampa. Pôde ver uma longa e fina corrente de ouro, com um pingente em forma de ampulheta. Era lindo, mas ela realmente não conseguia entender o que aquilo poderia ter a ver com os horários das aulas.
— Hermione... — disse a professora, em voz baixa, aproximando-se mais. Hermione surpreendeu-se ao ouvir o primeiro nome. — Eu confio em você. Acho que você se parece muito comigo quando tinha a sua idade. Não irá me decepcionar, não é?
— Claro que não... — disse a garota, tocada com o que a professora acabara de dizer.
— Ótimo. Isto se chama vira-tempo. É muito simples de usar. — a professora sentou-se ao lado dela, onde Harry estivera pouco antes, e tomou a pequena ampulheta na mão. — Você gira a ampulheta uma vez para voltar uma hora no tempo. Duas para voltar duas. Assim, você poderá assistir aulas que começam no mesmo horário. Assiste uma, volta, assiste outra.
— Professora... — Hermione estava boquiaberta, mas sorriu.
— Mas há duas regras muito importantes. Em primeiro lugar, você só deve usá-lo para assistir às aulas. Para nada mais. Existem leis muito rígidas referentes ao uso dos vira-tempos. Você pode imaginar que tipo de coisas podem acontecer se eles caírem em mãos erradas? Pouquíssimas pessoas têm permissão para usá-los, e para pouquíssimos fins. Eu convenci o ministério de que você era confiável, ergui nas costas a responsabilidade por isso. Você entende a gravidade do que estou dizendo?
— É claro, professora.
— E a segunda regra... Enquanto estiver voltando no tempo, você não pode ser vista. Ninguém, nem mesmo seus amigos ou seus pais, podem saber que está fazendo uso de um vira-tempo, está me entendendo? Mantenha tudo em sigilo, e se alguém fizer perguntas, despiste. Fui clara?
— Sim. Fique tranqüila, professora.
— É óbvio que não ficarei. Mas já disse que confio em você. Vamos logo para o banquete.
As duas saíram da sala, Hermione receando que não pudesse esconder devidamente sua felicidade. A caixinha vermelho-vinho repousava em seu bolso, em segurança e em sigilo.
Hermione e Harry entraram no salão principal, meio constrangidos pelo atraso. Ao chegar à mesa da Grifinória, sentaram-se cada um de um lado de Rony, que guardara os lugares. Hermione percebeu que os alunos do primeiro ano já estavam divididos entre as mesas.
— Que pena... — disse. — Perdemos a seleção.
— Que era, hein? — perguntou Rony, alternando olhares entre ela e Harry, mal escondendo sua imensa curiosidade.
Harry pareceu que ia começar a explicar, mas neste momento Alvo Dumbledore levantou-se.
— Bem-vindos a mais um ano em Hogwarts — disse o diretor. — Em primeiro lugar, gostaria de dizer a todos que, por ordem do ministério da magia, os guardas de Azkaban estão postados em cada entrada da escola. Como vocês devem saber, Sirius Black é o primeiro e único foragido da prisão dos bruxos, e é este o motivo pelo qual os dementadores estão aqui. Lembrem-se de que dementadores não deixam-se enganar por truques ou disfarces... Nem mesmo capas de invisibilidade. E não é da natureza deles serem piedosos... Portanto, não se aproximem deles. Peço atenção especial aos monitores quanto a isso.
Houve uma pequena pausa, em que o silêncio pairou pesadamente pelo salão. Mas o diretor prosseguiu, agora com outro tom: — Falemos de coisas mais agradáveis. Este ano, temos dois novos professores.
Surpresa geral nas mesas das casas; todos sabiam que haveria um novo professor, de Defesa Contra as Artes das Trevas. Mas quem seria o segundo?
— Primeiro, o prof. Remo Lupin, que ensinará Defesa Contra as Artes das Trevas.
Os aplausos não foram muito entusiasmados, exceto da parte de Hermione, Rony, Harry, Gina e Neville. — E tenho a satisfação de informar que, devido à aposentadoria do antigo professor, a disciplina de Trato das Criaturas Mágicas ficará agora sob a responsabilidade de ninguém menos que Rúbeo Hagrid, nosso guarda-caça.
Agora sim, os aplausos foram ensurdecedores, especialmente na mesa da Grifinória. Hermione, Rony e Harry entreolharam-se, num misto de alegria e surpresa.
— Nós devíamos ter desconfiado! — exclamou Rony. — Quem mais nos mandaria comprar um livro que morde?
O rosto de Hagrid, que estava sentado na mesa dos professores, estava corado atrás de sua barba grande e volumosa. Ele agradecia os aplausos.
O banquete foi delicioso, especialmente depois de duas notícias tão boas na mesma noite. Hermione de quando em quando tocava a caixinha do vira-tempo em seu bolso, emocionada. Assim que a festa foi dada por encerrada e os monitores começaram a levar os alunos para suas casas, Hermione, Rony e Harry correram até a mesa dos professores.
— Hagrid! — Hermione exclamou.
— Graças a vocês três! — ele disse, os olhos marejando. — Grande homem, o Dumbledore... Me chamou assim que o outro se aposentou... Meu sonho!
— Agora tratem de ir dormir — disse a profa. McGonagall, e os três obedeceram imediatamente.
Só durante a subida tumultuosa pelas escadas apinhadas foi que Hermione percebeu como estava cansada. Percy tomou a frente de todos para dizer a senha ao retrato da mulher gorda, fazendo-a abrir passagem.
— Boa noite Harry, Rony — Hermione disse, tomando o caminho do dormitório feminino.
Já no quarto, trocou as vestes da escola pela camisola e soltou Bichento. Guardou cuidadosamente a caixinha vermelho-vinho dentro do malão. Tão logo se deitou, adormeceu.
No café da manhã do dia seguinte, os alunos receberam seus novos horários. Hermione observava o seu, satisfeita. Rony, que estava sentado ao seu lado, disse:
— Mione... Tem alguma coisa errada com o seu horário, não tem? Não dá tempo de assistir a dez aulas por dia.
Hermione estremeceu pensando no vira-tempo, que usava escondido dentro das vestes. Não podia contar a Rony, nem a Harry, nem a ninguém mais.
— Eu me arranjo — disse, no tom mais desdenhoso que conseguiu fingir. — Já combinei tudo com a profa. McGonagall.
— Mas... Aqui diz que você tem Aritmancia às nove horas... Mas às nove horas nós vamos ter Adivinhação; você teria que estar em duas aulas ao mesmo tempo.
Ela prendeu a respiração por um momento. Será que ele adivinharia tudo assim, no primeiro dia?
— Não seja bobo, Rony. Como alguém poderia estar em duas aulas ao mesmo tempo?
— Mas...
— Por favor, me alcance o suco — disse ela, já impaciente, ansiosa por desviar o rumo da conversa.
Rony suspirou, alcançou a ela a jarra de suco de abóbora e não fez mais perguntas; desistira. Harry, que observava a cena calado, continuou sem se manifestar.
Os três seguiram, tão logo terminaram a refeição, para a aula de Adivinhação. Foram longas caminhadas e subidas de escadas, até que chegaram à sala de aula. Ao invés de carteiras, havia dispostos pela sala diversos sofás, pufes e mesinhas circulares com cadeiras. Todas as janelas e cortinas estavam fechadas, e a lareira acesa, deixando o ambiente um pouco carregado pelo calor, pela falta de luz e por um forte cheiro de incenso.
Hermione, Rony e Harry sentaram-se em uma das mesas circulares. A seguir, adentrou a sala a bruxa mais estranha que Hermione já vira: ela usava óculos enormes, cujas lentes aumentavam absurdamente o tamanho de seus olhos, longas vestes vermelhas cravejadas de pedras brilhantes e tinha os braços cobertos por pulseiras, e os dedos, por anéis. Fazia uma entrada pomposa, em que seus passos lentos e seu rosto em uma expressão enigmática deviam significar alguma coisa, tentar criar um clima sobrenatural, como tudo naquela sala. Hermione achou tudo simplesmente patético.
— Bem vindos, meus queridos, à aula de Adivinhação. Eu sou a profa. Sibila Trelawnay, e é provável que não tenham me visto muitas vezes desde que estudam em Hogwarts; acredito que misturar-me aos outros professores prejudica minha visão interior. — ela fez uma pausa, fechou os olhos e levantou as mãos, como se estivesse captando alguma coisa do teto. Depois desatou a falar outra vez. — Já os aviso que, para obter bons resultados em Adivinhação, vocês precisam possuir a clarividência; é uma disciplina em que livros não os ajudarão, os levarão somente até certo ponto.
Hermione franziu o cenho. Que tipo de professor alegava que livros não ajudariam no estudo de alguma coisa?
— No primeiro trimestre — continuou a professora. — nos dedicaremos à leitura das folhas de chá. Peço que formem pares; você, querido, — dirigindo-se a Neville — se não se importa, poderia trocar sua xícara por uma das azuis? É que você irá quebrar umas quantas, eu posso ver, e as minhas preferidas são estas cor-de-rosa. Obrigada.
“Que ridícula”, pensou Hermione. “Basta perguntar para algum outro professor para descobrir que Neville era capaz de quebrar qualquer coisa posta na frente dele. É esta a clarividência que ela possui?”
— E quanto a você, querida... — a professora se dirigiu a Lilá Brown. — Aquela coisa que você receia acontecerá na sexta-feira, dezesseis de outubro.
“Se o almoço for uma coisa de que ela não gosta no dia dezesseis de outubro, terá acontecido uma coisa que ela receia. Se ela cair e torcer o pé no dia dezesseis de outubro, terá acontecido uma coisa que ela receia. Se ela tirar uma nota baixa com Snape no dia dezesseis de outubro, terá acontecido uma coisa que ela receia. Se ela detesta chuva e chover no dia dezesseis de outubro, terá acontecido uma coisa que ela receia”.
— Mione, — disse Rony, perplexo. — o que é que você está resmungando aí?
— Nada, só estava pensando alto.
O tempo pareceu arrastar-se conforme a professora servia o chá, os colegas o bebiam e depois tentavam identificar dos resquícios de ervas desenhos que significassem alguma coisa conforme o livro. A professora passava por entre os alunos, orientando-os. Aproximou-se da mesa de Hermione, Rony e Harry.
— O que têm aí? — perguntou a Harry. Ele disse o que achava que estava vendo na xícara de Rony.
— Muito bem. E quanto a você? — perguntou a Rony, que tomou a xícara de Harry.
— Parece um... carneiro mas... Bem...
A professora tomou dele a xícara, suavemente.
— Deixe-me ver, querido. — depois de uma pausa, atirou a xícara de volta e saiu correndo; foi sentar-se perto da lareira com uma cara de tragédia. — Oh não! Pobre garoto! Não me peça para lhe dizer, é melhor não dizer!
Hermione estava perdendo a paciência. A professora voltou e retomou a xícara. Os colegas aos poucos rodearam a mesa, curiosos.
— Você tem o Sinistro, querido.
Alguns taparam a boca, apavorados. Outros não entenderam; Hermione e Harry entre eles. A professora demonstrou alguma impaciência com estes. — O Sinistro, ora! O pior agouro... Agouro de morte!
Hermione engoliu em seco. Como a professora se atrevia a prever a morte de alguém, especialmente de Harry? Quando todos sabiam que Sirius Black estava à solta e os dementadores rodeando a escola? O que ela queria, instaurar o pânico absoluto? Ela levantou-se para enxergar melhor a xícara na mão da professora.
— Eu não acho que seja um Sinistro. — disse, sem se alterar.
— Sinto muito, querida. — disse a professora, olhando-a como se sentisse muita pena dela. — mas não vejo muita aura ao seu redor. Muito pouca receptividade para as ressonâncias do futuro! — e voltou-se novamente para a xícara.
— Preciso ir ao banheiro. Encontro vocês na sala de aula — Hermione disse, abandonando Rony e Harry no meio do caminho para a sala da profa. McGonagall, onde teriam aula de Transfiguração.
Ela foi até um canto escuro, pousou a mochila no chão e tirou, sempre cuidando se ninguém apareceria, o vira-tempo de dentro das vestes. Olhou-o por algum tempo, antes de girar a ampulheta uma vez. Depois de ter feito isso, sentiu-se como se estivesse sendo arrastada para trás a uma velocidade enorme, e no instante seguinte a sensação passou.
Hermione tornou a guardar o vira-tempo dentro das vestes e caminhou até a sala de aula de Estudo dos Trouxas. Depois do fim da aula, fez o mesmo para assistir à aula de Aritmancia. Só então retomou o caminho para a aula de Transfiguração. Sentia fome, afinal, tinha vivido três vezes o mesmo período, o que, trocando em miúdos no horário normal, já teria passado da hora do almoço. Sentia-se cansada também, mas nada com que não pudesse lidar.
A aula de Estudo dos Trouxas tinha sido interessante, porém monótona. Como Hermione era filha de trouxas, não houvera novidade alguma. Tinha poucos colegas cursando a matéria, todos de famílias bruxas que pareciam desesperados diante de tanta informação nova sobre aquele mundo do qual não tinham o menor conhecimento. Já a de Aritmancia tinha sido fascinante; o objetivo da disciplina era estudar a influência dos números na vida das pessoas e, através de uma construção toda baseada em lógica, formar relações numéricas que pudessem dar noções sobre o futuro, de acordo com as relações numéricas já concretizadas.
“Não apenas ver um desenho em uma borra de chá e tirar conclusões idiotas, sem a menor base em nada”, ela pensava enquanto andava pelo corredor. Acabou alcançando os colegas antes de chegar na sala de Transfiguração.
— Mione, você não ia ao banheiro? — disse Rony, surpreso. — Você saiu do nosso lado há dez segundos dizendo que ia e já está de volta?
Harry, que geralmente ausentava-se completamente das discussões entre Hermione e Rony, dessa vez também a olhava surpreso. Num improviso, ela sorriu e disse:
— Ora, desisti; não quero correr o risco de me atrasar para a primeira aula da profa. McGonagall este ano.
— Mas estamos adiantados!
— Ora essa, Rony — disse Harry. — Até parece que você não conhece a Mione.
Ela respirou aliviada. Mesmo assim, sentia algum peso na consciência por ter de esconder deles a história toda do vira-tempo. Eram seus melhores amigos; sempre contavam-lhe tudo. Ao entrar na sala de aula e dar de cara com Minerva McGonagall, no entanto, o peso na consciência tornou-se um grão de areia perto do medo de desapontar a professora. Afinal, McGonagall se comprometera com o Ministério da Magia por causa dela.
Hermione surpreendeu-se um pouco por ouvir cochichos entre os colegas sobre o ocorrido na aula de Adivinhação. Por um momento, pensou que depois de tanto tempo passado desde o final da aula, eles já deveriam ter esquecido o assunto. Foi quando lembrou-se de que não tinham se passado mais do que alguns minutos.
A turma estava tão dispersa que passou praticamente despercebido o fato de que, no meio da aula, a professora declarou que era um animago – um bruxo capaz de transformar-se em um animal – e diante dos olhos de todos virou um gato com profundas marcas de óculos ao redor dos olhos.
— O que há com vocês? — perguntou a professora em determinado momento.
Como ninguém dissesse nada, Hermione disse:
— Na verdade, acabamos de assistir à primeira aula de Adivinhação e...
— Ah, claro. Não precisa dizer mais nada. Quem vai morrer este ano?
Silêncio sepulcral na sala de aula. Todos dirigiam olhares a Harry. Hermione começava a sentir uma prazerosa sensação de triunfo; em poucos momentos, McGonagall provaria a todos como a aula de Trelawnay era inútil.
— Eu — disse Harry.
— Pois saibam que todos os anos a profa. Trelawnay prevê a morte de um dos alunos. E até hoje nenhum deles morreu. Na minha opinião pessoal, a Adivinhação é um dos ramos mais imprecisos da magia. Você, Potter, me parece estar gozando de ótima saúde. Não se preocupe, porém, porque se você morrer, não precisa me entregar o dever de casa.
Hermione riu com gosto. Esperava que os outros estivessem convencidos agora.
— Anime-se, Rony — disse Hermione, sentada ao lado do amigo no Salão Principal, servindo-se avidamente de um pouco de cada prato servido no almoço. — Você viu o que McGonagall disse, não há razão para se preocupar.
Ele encarou-a como se ela estivesse dizendo algo sem sentido.
— O Sinistro! O cachorro negro, significa morte, Hermione! Será que este livro você não leu?
— Rony, isso é pura superstição.
— Vi um cachorro negro perto da minha casa, no dia em que fui para o Caldeirão Furado — disse Harry. Rony pareceu ainda mais desesperado.
— Provavelmente um cão sem dono. — ela disse, calmamente.
— Todos morrem de medo dele, e vê-lo é um péssimo agouro! — Rony retrucou, apavorado. — Meu tio viu um e...
— Provavelmente ele não é um agouro de morte, e sim a causa da morte. As pessoas o vêm e morrem de medo...
— Você não sabe do que está falando!
Ela pegou na mochila o livro de Aritmancia.
— Adivinhação é muito confuso... Prefiro mil vezes aritmancia. — Começou a folhear, procurando a página que queria.
— Não havia nada de confuso com o Sinistro naquela xícara! — ele retrucou mais uma vez, alterado.
— Claro que não era confuso, senão por que você teria pensado que era um carneiro, não é?
— A profa. Trelawnay disse que você não tinha a aura necessária. Você não gosta é de ser ruim em uma matéria para variar!
Hermione fechou o livro de Aritmancia com estrépito, magoada.
— Se ser boa em Adivinhação é fingir ver algo que não estou vendo, então não sei se quero continuar estudando isso por muito mais tempo! Essa aula foi uma idiotice completa comparada à aula de Aritmancia!
Agarrou a mochila e retirou-se. Lágrimas escorriam-lhe pelo rosto enquanto amaldiçoava Rony mentalmente, mas algo a fez parar de andar no meio do caminho para a torre da Grifinória. Lembrou-se, subitamente, de que só tinha assistido oficialmente às aulas de Adivinhação e Transfiguração naquele dia, mas acabara de dizer a Rony que assistira à de Aritmancia.
Hermione fechou os olhos, mordeu o lábio inferior e tocou a ampulheta, oculta sobre as vestes. Secou as lágrimas e desistiu de ir à torre; assistiriam à primeira aula de Hagrid após o almoço e ela não queria atrasar-se de jeito nenhum.
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