Jantar a dois ou a quatro?
Simplesmente Esquecido – Capítulo 16 – Um Jantar a Dois ou a Quatro?
Ela parecia tão calma. Serena. Uma criança que renascia em seu sono, mostrando a verdadeira face doce e inocente dela. Como se não houvesse um único problema no mundo. Como se não houvesse as guerras, se não houvesse as brigas, as confusões do mundo mágico e do mundo bruxo. Como se o mundo fosse rodeado por paz e tranqüilidade. Como se ela mesma não tivesse todos os problemas em sua mente.
Harry estava relutante, mas sabia que era preciso acordá-la. Tinha que explicar todo o mal entendido.
- Gina, acorde! – o moreno chama, receoso.
- O quê? – ela perguntou longe, perdida em seus sonhos.
- Gina, acorde! É importante!
Ela abriu os olhos, vagarosamente, numa mescla entre confusa e sonolenta. Sua visão acostumou-se rapidamente com a escuridão do quarto. E o que viu a fez fechar os olhos, imediatamente. Uma sombra grande, difusa de um homem ameaçador, com alguma arma mortífera em suas mãos. Seria um bruxo? Ou um trouxa com algum daqueles, como era mesmo o nome...ah, revólveres!
- Por favor, não me mate! – ela levantou os braços, rendendo-se, enquanto ainda mantinha as pálpebras totalmente fechadas – Não me mate!
- Mas eu não quero matar você... – Harry disse, confuso. O que raios ela estava dizendo?
- Certo. – Gina suspirou, aliviada, puxando as cobertas para si. Sua voz saia engasgada e amedrontada – Então, leve tudo o que quiser, eu não me importo. Só, por favor, vá embora!
Ela esperou uns instantes. Por que ele não estava indo embora então? O que ele estava fazendo ali ainda?
- Gina, o que você está dizendo?
- Você me conhece? Por Merlin, - ela engoliu o medo. Aquilo não podia estar acontecendo! Por que as coisas horríveis têm que acontecer todas no mesmo dia? Ela não podia viver em paz por um dia que fosse?
- Gina, claro que eu conheço você! Ei, sou eu, Har... – Harry tentava se explicar, mas a uiva não dava a mínima chance.
“Se ela ao menos abrisse os olhos...por que essas coisas acontecem bem comigo?” pensou ele.
- Eu não conheço você! Eu juro! Eu não vi seu rosto e eu não vou contar nada à ninguém! Agora, por favor, pegue o que quer e saia!
Harry ouvia a voz chorosa dela, ainda não acreditando. Quem havia bebido, ele ou ela?
- Gina! – ele deixou a garrafa no chão e começou a lhe chacoalhar, segurando em seus finos braços gelados pelo medo – Sou eu! Harry!
Gina abriu um olho, apenas, deixando que a luz da lua iluminasse os olhos do moreno a sua frente. Aquele verde esmeralda só pertencia a uma única pessoa. E aquela cena era inacreditável! Ela abriu o outro olho lentamente, transformando seu semblante de pavor para ódio e confusão. Harry a soltou ao notar sua expressão zangada.
- Harry, você me assutou! – ela jogou as cobertas de lado.
Apanhou a varinha sobre a mesa de cabeceira e acendeu a vela ao lado. A pequenina vela clareou o quarto todo num instante, e a ruiva vestiu o robe, antes deixado na cabeceira da cama e calçou os chinelos de pano.
- Harry, - ela suspirou profundamente, tentando retomar a calma – o que você está fazendo aqui às – apanhou seu relógio de pulso e depois o jogou na cama – duas horas da manhã?
- Bem, - o moreno receou perante a sobrancelha levantada dela. Qual era o motivo mesmo? Pensou por um momento e se lembrou do vinho aos seus pés – eu vim lhe retribuir o vinho.
- Vinho? Que vinho? – ela bocejou, lentamente.
- O seu vinho. – ele entregou-lhe a garrafa – Eu, bom, eu acabei bebendo o seu inteiro, enquanto esperava por você.
- Está bem, - ela recebeu a garrafa em suas mãos, acalmando-se – O que você veio fazer aqui, quero dizer, de verdade?
Harry passou as mãos pelos cabelos negros. Como ele poderia explicá-la que a culpa não era dela? Que ele já sabia de tudo e que esperava que Gina o perdoasse por tê-la deixado?
- Vim convidar você para jantar. Alias, você está me devendo um. – Gina sorriu, levemente e encabulada. Por quanto tempo Harry esperou por ela? E há quanto tempo mesmo ele ainda a esperava?
- Harry, me desculpe. Eu realmente não pude voltar tão depressa quanto quis, olhe, meu pai...
- Eu sei. – ele a interrompeu, repentinamente – Eu já sei de tudo, não se preocupe.
- De tudo? – ela se surpreendeu – Como que...?
- Rony me contou. – ele sorriu, indicando confiança.
- Oh. – Gina entendeu de imediato – Então foi você!
- Eu? Eu, o quê? – Harry perguntou, sem entender.
- Não. – a ruiva respondeu sorrindo. Como ela amava o irmão! Rony sempre a ajudava, mesmo quando ela pensava que nada teria solução – Não mesmo.
Gina sorriu amplamente e deixou o vinho sobre a cama.
- Você está disponível para um jantar? – ele perguntou, cruzando os braços de uma maneira sensual.
- Claro. Eu só não posso nos próximos três ou quatro dias, porque, não me pergunte como, eu prometi a minha mãe que a ajudaria com algumas idéias que ela teve ultimamente.
- Ah, sim...Compreendo. – o moreno riu, baixo.
- Não ria de mim! – ela se divertia também. – Como posso fugir das garras de Molly Weasley? – a ruiva pôs as mãos na cintura fina.
- Impossível! Mas... – ele tentou não rir mais, para ser mais compreensível – boa sorte, então!
- Muito obrigada. – Gina agradeceu, ironicamente.
Todos sabiam que quando Molly Weasley colocava algo na cabeça, problemas surgiriam, na certa. E dessa vez, Gina seria a vítima de seus planos malignos contra as tardes calmas e tranqüilas da pobre filha.
- Sexta-feira está bom para você? – Harry retomou o assunto, um pouco ansioso.
- Está ótimo. – Gina o fitou em silêncio. Havia algo de errado nele, mas ela não conseguia entender o que. Até que percebeu. Aquilo era realmente ridículo. – Harry, você está de pijamas? – perguntou, segurando o riso.
Harry olhou para baixo, sentindo-se nu. O que ele tinha na cabeça quando resolveu visita-la no meio da noite? Talvez fosse isso que Rony tentara avisar tantas vezes. Droga, tinha que sair dali o mais depressa possível!
- Ah, não, quero dizer...
- Quer dizer que você costuma sair assim pelas ruas no meio da noite? – a ruiva riu, livremente.
- Não. – ele negou, seriamente. Aquilo não podia estar acontecendo.
- Fico mais aliviada. – ela retomou o fôlego – Prometa que não irá se vestir assim na sexta, está bem?
- Hahaha. – Harry retrucou sarcástico – Fique sabendo que eu só uso esse traje em ocasiões especiais.
- Devo esperar você vestido assim no restaurante?
- Em primeiro lugar, não, porque eu não costumo repetir roupas. – ele continuou com o tom irônico – E em segundo lugar, por que você acha que eu levarei você a um restaurante? O que fez você concluir isso? – ele perguntou, apesar de já estar em seus planos leva-la ao melhor restaurante da cidade.
- Bom, - a ruiva entrou na brincadeira – o simples fato de que eu não vou mais arriscar minha vida em uma cozinha.
- Arriscar sua vida? Confesso que cozinhar nunca foi um dos seus pontos fortes,mas não sabia que você lutava quanto contra as panelas!
- Não sou eu quem luta, são elas! – ela riu – Só a minha presença já faz com que elas se rebelem.
- Pelo menos, você assume que a culpa é sua, não é? – ele a provocou, ainda mais. Todos sabiam que Gina era um pesadelo com as panelas. Somente sua entrada na cozinha já causa uma grande confusão, mesmo sem nem encostar em uma única colher.
- A culpa não é minha! – Gina se defendeu – São delas!
Harry riu baixo e resolveu mudar de assunto. Já havia piadas o suficiente naquela conversa, agora estavam quites.
- Então, posso passar aqui lá pelas...ah...oito horas? – depois de alguns momentos.
- Oito horas está ótimo.
Gina sorriu, ruborizada, sem saber o real motivo. Por incrível que parecesse, o relacionamento deles estava finalmente dando certo. E aquilo era algo para se comemorar!
- Vejo você depois, então. – ele circulou a cama, aproximando-se dela – Quem sabe eu não passo aqui para fazer uma visitinha.
- Bom, eu esperarei. – ela levantou-se para beijá-lo, quando ouviu o chamado inesperado.
- Gina, você está aqui? Oh, Harry? O que está fazendo aqui? – Hermione perguntou, entrando no quarto repentinamente. Primeiro preocupada, mas depois curiosa.
- Olá, Hermione. – Harry cumprimentou, querendo mais uma vez naquelas últimas horas, sumir.
- Hermione, você me assustou! – Gina bufou, enquanto se afastava do moreno que ainda a envolvia.
- Não se preocupem! – a morena sorriu amplamente – Rony já me contou tudo!
Gina se perguntou se isso era bom ou ruim. Ao que tudo indicava, Rony estava se tornando um tremendo linguarudo.
- Mas eu quero saber de todos os detalhes! – ela mudou o tom de voz, provocando – Principalmente por que Harry está aqui na sua casa, às duas e meia da manhã e de pijamas. – ela enfatizou as duas últimas palavras, divertindo-se.
- Ah, Hermione, garanto que há uma boa explicação para isso. – Harry afastava-se cada vez mais da ruiva.
- Eu tenho certeza que sim. – Hermione tentava não rir, mas era impossível. Harry parecia uma criança levada que se recusava a ir dormir. – Agora, se você já acabou a sua conversa com Gina, acho melhor você voltar para sua casa e dormir, porque hoje você vai começar bem cedo.
- Obrigada pelo conselho, Mione. – ele agradeceu, debochando – Mas se eu não me engano, você também tem que estar no ministério daqui a 5 horas.
Ela riu, satisfeita.
- Bom, você está realmente enganado. Não iremos trabalhar hoje, porque...er...não posso conversar sobre meu trabalho. – o sorriso dela sumiu de seus lábios, tornando seu semblante sério. – Mas acredite em mim. Precisamos de uma folga.
- Eu acredito, sim. – o moreno suspirou, pesadamente. Podia imaginar coisas horríveis sobre o trabalho de Hermione, mas aquela não era a hora de pensar sobre isso. – Vejo você depois, Gina. – e aparatou.
A morena suspirou, enquanto a cunhada sentava na cama, cansada.
- Eu sei de tudo, mas quero os detalhes. – Hermione sorriu, novamente, colocando as mãos na cintura fina.
- Então, sente-se. – Gina a puxou, em direção a cama, sentando-a ao seu lado – porque a história é longa.
***
Apesar do cansaço que passara na manhã seguinte, com somente as duas horas que tivera de sono, a semana de Harry passara tão rapidamente, que quando se dera conta, já era sexta-feira.
Entrou em seu escritório e depois de se organizar, seguiu até o calendário grudado na parede, a frente de sua mesa. Com a pena na mão, riscou o dia anterior. Adquirira esse hábito depois da reunião que tivera com o Ministro. Harry queria provar que Malfoy só estava atrapalhando a missão. Riscou, sem pensar, até que leu, no quadrado seguinte: Jantar com Gina.
Ele surpreendeu-se. Realmente a semana passara muito rápido. Com todos os problemas que estavam enfrentando, com Malfoy dando palpite em tudo e com os planos indo de mal a pior, não era novidade saber que não tivera tempo para pensar em mais nada.
A revolta dos duendes, os comensais ainda fugitivos, os pedidos dos Gigantes, o problema com os dementadores e ainda ter que ver aquela cabeleira platinada, todos os santos dias, lhe dizendo o que fazer, com quem falar, por onde andar. Era certamente estressante.
Harry não tinha idéia de que os aurores tinham que cuidar de tantos problemas. Ele se perguntava o que então sobrava para as outras áreas do ministério fazerem. E ele ainda procurava essa resposta.
Mas, enfim, era sexta-feira e em poucas horas, harry estaria com Gina, no melhor restaurante de Londres, com champagne e luz de velas. Velas românticas e aromatizadas, não essas baratas que o ministério costumava comprar. Seria tudo perfeito.
Ou ele, pelo menos, acreditava que sim.
Pensando nela, Harry nem o ouviu entrar.
- Contemplando o futuro, Potter? – Draco perguntou, entrando na sala e avistando o moreno que observava o calendário, sonhadoramente.
- O que você quer, Malfoy? – harry tornou-se sério, repentinamente.
Ele seguiu até sua mesa, sentando-se e começando a organizar algumas pastas espalhadas por ali. Não que realmente estivesse fazendo algo de útil,mas era só para tirar Malfoy dali e mostrar que ele estava ocupado o dia todo.
- Já soube da última? – o loiro encostou-se no batente da porta.
- Qual? – Harry sorriu, cinicamente – A de que você resolveu fazer uma viagem para o Triângulo das Bermudas e nunca mais voltar?
Draco calou-se por uns instantes.
- Muito engraçado, Potter. – o loiro continuou, sem emoção – Pettigrew foi visto.
Harry levantou-se, bruscamente.
- Onde?
- Vem comigo. – apressado, Harry o seguiu.
***
Gina acordara tarde naquela sexta-feira. O Sol já se aproximava do meio do céu, muito azul naquela manhã. Os raios amarelados já alcançavam a extensão de sua cama. E quando avançaram sobre os olhos da ruiva, ela acordou.
Ainda sonolenta, ela tomou café lentamente e escolheu um leve vestido branco, com pequenas flores desenhados por todos os lados.
Escolheu uma sandália preta e simples, quando finalmente se dera conta de que dia era. Finalmente chegara. Ela ansiara por isso a semana toda e agora Gina teria a noite perfeita ao lado de Harry.
Isso era o que ela pensava.
Sentou-se na cama e olhando ao seu redor. Sim, ela estava sozinha. Apesar de ter passado muito tempo casada e, contudo solitária, aquilo era bem diferente. Não havia um homem, um marido para pensar nele. Gina estava realmente sozinha.
Ela podia pensar em Harry ou ainda ansiar por encontrá-lo, mas não era a mesma coisa. Ela não sabia se o amava de verdade. Se aquilo era real ou se ainda teria futuro. Alias, nunca dera certo.
Será que poderia dar certo dessa vez?
Gina tentou se lembrar de como era antes. De tudo que os dois viveram juntos, mas só lhe vinham lembranças dolorosas e angustiantes, até que recordou de algo, que até então, havia esquecido.
Flashback
Luzes e feitiços por toda a parte. Ela realmente não queria morrer daquele jeito! Mas se ela soubesse que ainda teria que enfrentar batalhas muito piores que aquela, Gina certamente não estaria com tanto medo quanto estava.
Gina corria o mais rápido que suas pernas permitiam, desviando dos feitiços que zunia, em seus ouvidos como balas disparadas de um revólver trouxa.
Hogsmade não parecia a mesma naquela noite. Os comensais avançavam rapidamente, enquanto poucos aurores, ela, Harry e Rony tentavam a todo custo detê-los.
Uma batalha como tantas outras. Inesperada, horrível, fatal. Estavam em um número muito menor e mais e mais comensais surgiam a todo o momento. Era praticamente impossível ganhar! Ou, ao menos, sair vivo.
Seguiu até o centro do povoado e largou-se no chão, embaixo dos bancos que circundavam um pequeno jardim, aquela altura, destruído. Ali ela estaria segura.
Estuporou um comensal que se aproximava quando uma luz verde cegou seus olhos assustados. John Mattew caiu à sua frente, paralisado, com uma expressão de terror no rosto muito branco.
Gina gritou, antes que pudesse se conter, e sentiu os olhos marejarem rapidamente. Afundou-se ainda mais, encostando as costas no concreto gelado do banco.
Gina sabia que agora era o fim. Podia ver os sapatos pretos do comensal se aproximando, lentamente como se a procurasse. Ela não tinha mais chance.
Fechou os olhos, desejando que aquilo fosse apenas um sonho, como fazia tantas vezes. Alias, aquele hábito surgira em sua primeira batalha, depois de Hogwarts, quando um comensal lançou um feitiço mortal sobre ela, que por pouco, sobrevivera.
Ela podia sentir o comensal parado a sua frente, abaixando-se vagarosamente, pronto para atacá-la. Gina viu toda a sua vida passar pelos seus olhos, até que decidiu abri-los e encara a morte com dignidade. E o que viu não era bem o que esperava.
- Harry?
- Gina, o que está fazendo aqui? Estava procurando você em toda a parte!
- Harry, você matou John? – ela levantou-se, receosa. Não, Harry não podia ter feito aquilo.
- Esse não é John Mattew.
- Como não, Harry? Olhe bem para ele! – Gina apontou para o corpo do garoto, estirado a seus pés. Seus olhos ainda estavam vidrados no vazio.
- Não, não é ele. – Harry discordou, impaciente – John Mattew está na Espanha agora. Está em uma missão para a Ordem. Estou lhe dizendo que esse aí não é John Mattew.
Gina fitou o garto no chão. Os olhos muito azuis, combinando com os cabelos loiros e enrolados. As feições de um anjo. Mas, então, abaixo-se para ver mais de perto. A pele, antes muito branco, tornou-se bronzeada de Sol, as feições delicados se tornaram rudes e envelhecidas e John Mattew havia se tornado Charles Morrison.
- Morrisom? – ela perguntou em tom baixo, perplexa, enquanto se levantava – Eu o odiava.
- Poção Polissuco. – Harry passou seu braço ao redor dos ombros dela. Ele esperou paciente, até que ela se acalmasse, mas apesar disso, não conseguia deixar os olhos parados. Vigiava todo o lugar e apurando os ouvidos a espreita do menor ruído.
- Já acabou? – Gina perguntou, saindo do transe, e o abraçando, instantes depois.
- Quase. Matamos alguns e muitos estão fugindo. – ele afagou os cabelos dela, carinhosamente. – Mas eu preciso voltar.
- Eu irei com você.
- Não. – Harry a segurou pelos braços, a fitando seriamente. – De jeito nenhum! Quero que você volte para a Ordem e avise que estamos bem aqui. E que não sofremos nenhuma baixa. Ainda, pelo menos, mas, de qualquer forma, eu vou voltar e acabar com isso.
- Não posso deixar você aqui, sozinho!
- Eu não estou sozinho! Temos vários de nós lá e eu não posso permitir que você fique aqui, nem mais um minuto. Vá para lá agora!
Gina sabia que não adiantaria discutir. Deu-lhe um beijo curto e afastou-se, pronta para partir.
- Estou esperando por você, Harry. – ela fechou os olhos, mas ele a interrompeu.
- Gina?
- O q-? – a ruiva não tivera tempo de perguntar.
Harry a puxara para perto de si, dando-lhe um longo beijo. Quente e apaixonado. Ela ficara sem fôlego enquanto a língua dele a embalava com sofreguidão.
- Eu amo você. – ele disse, depois que a soltou.
- Eu também te amo, Harry. – e fechando os olhos, novamente, aparatou.
Fim do Flashback
Gina fechou os olhos, lembrando-se do olhar carinho que Harry havia lhe dado e do incrível beijo que podia sentir novamente em seus lábios, e sem perceber, ela sorriu levemente.
Sim, houve muitos momentos bons no namoro dos dois, ela se lembrava de uma porção deles, agora. Mas isso não significava que dessa vez daria certo. Contudo, Gina sabia que tinha que tentar.
Harry sempre estivera a seu lado. Protegendo-a com sua própria vida, desde seu primeiro ano em Hogwarts. Sempre por perto, esperando o melhor momento. Gina confessava que esse momento demorara demais para acontecer, mas isso não mudava o fato de que Harry a amava. Sempre a amou e ainda amava.
Levantou-se depressa e checou o relógio. Sobrara-lhe poucas horas, apenas, para se arrumar. Ela tinha que estar perfeita naquela noite. Gina não sabia porque, mas sabia que tinha que ser assim.
Aquele não ia ser um encontro casual...
***
Apesar do dia cansativo, Harry estava mais bem humorado do que nunca. Todos os músculos de seu corpo doíam intensamente, mas ele não se importava com isso. Estava feliz demais para se lembrar da dor.
Aquele deveria ser o dia mais feliz de sua vida, pelos menos nos últimos cinco ou seis anos. Depois de meses de trabalho, de buscas infundadas, de todas as broncas do ministro e as perdas de colegas queridos, o batalhão dos aurores havia conseguido capturar Pedro Pettigrew.
A partir de agora tudo seria mais fácil. Pettigrew já havia dito mais do que planejara e em poucos dias, não haveria mais um único comensal solto pelo Europa.
E tudo o que Harry lutara e ainda lutava, teria um sentido, afinal, e valeria a pena. Todo o esforço seria recompensado.
Harry arrumava o nó perfeito da gravata azul marinho. Seu terno escuro continuava tão novo quanto da primeira vez que o vestira.
O casamento de Rony foi uma data memorável. De bons e maus momentos, mas mesmo assim, inesquecível. Seus amigos estavam tão felizes que ele não conseguira partir depois da chegada de Gina com Malfoy, logo no fim da cerimônia. Para variar, Malfoy estava em uma missão ultra secreta do ministério e não pudera retornar no horário previsto, atrasando assim, a irmã do noivo, a próxima noiva da família Weasley. Harry permanecera, apenas, porque se sentia no dever de partilhar aquele momento único com Rony e Hermione, até o final.
Ele passou as mãos pelos cabelos de desalinhados e tentou não se irritar. Sabia que nada adiantaria naquela selva negra que cobria sua cabeça. Resolveu deixar isso de lado. Colocou a mão no bolso interno do paletó e encontrou o que procurava. Estava ali. Não poderia se esquecer daquilo por nada no mundo.
Saiu do quarto e já na sala, apanhou as chaves do carro. Sim, alguns passeios exigiam métodos trouxas. E o conversível preto que comprara também era perfeito para noites em que não havia nada para fazer.
Ele apagou as luzes do apartamento e aparatou na garagem.
A partir daquele instante sua sorte estava lançada e Harry desejava que sua noite tivesse o final perfeito que tanto esperara.
***
O empregado do restaurante, muito bem uniformizado, abriu a suntuosa porta do Model’s, o melhor – e mais caro – restaurante bruxo de toda Londres.
Harry deixou que Gina entrasse primeiro e tirou-lhe o casaco, passando para o segundo empregado que por pouco não deixou seu chapéu oval, e muito engraçado, cair. Todos tinham essa reação quando reconheciam Harry, desse modo, ele já estava acostumado. Deixou com o jovem o seu casaco, também.
- Se-senhor, por aqui, por favor. – o garçom, com o uniforme de coloração diferente, este último vestia um tom verde-musgo, enquanto os outros um vermelho-tijolo, os acompanhou até a mesa.
Model’s era realmente o modelo perfeito de um restaurante perfeito.
Fino. Elegante. Grandioso.
A nata de londres, somente, freqüentava ambientes como aquele, onde todos os seus pedidos eram atendidos com o maior prazer.
Pratos sofisticados e melhores safras dos melhores vinhos, uísques e todas as bebidas da realeza. Exclusivamente o melhor.
E logo na entrada se era capaz de notar sua arrogância e magnitude. Duas extensas portas de vidro com o brasão da família que gerenciava o local, em dourado. Inúmeros empregados em seus uniformes de veludo, engomados e impecavelmente corretos para servir as carteiras recheadas de moedas douradas. Castiçais de ouro, iluminavam as mesas e paredes, dando um tom brilhante ao piso de mármore branco. Mas a peça que mais insinuava riqueza era o lustre pendurado no centro do teto alto. Todo feito de cristal e ouro, ele fora o prêmio de uma batalha em 1803, onde a família Model derrotou sua principal rival em terras, fortuna e poder. O “troféu” ficava exposto para mostrar o poder e exigir o respeito que mereciam.
- Harry, esse lugar é fantástico! – Gina sorriu, enquanto o garçom lhe entregava o Menu.
Ele sorriu também, recebendo um livro preto, igual ao dela.
- Fico contente que tenha gostado. Preparei tudo pensando em você. Quero tornar essa noite especial. – Harry buscou a mão da ruiva sobre a mesa e a segurou carinhosamente.
Gina ruborizou, soltando a mão no instante seguinte.
- Nossa! Tem tantas coisas aqui, que nem sei o que escolher! – Gina mudou de assunto, escondendo-se atrás do enorme Menu.
Harry suspirou, dando de ombros. Tudo já havia sido preparada.
- Não precisa disso. – ele tirou o livro das mãos dela – Nosso prato já está a caminho. – ele levantou uma das mãos, chamando o garçom. – Traga meu vinho, por favor.
O garçom meneou a cabeça, afirmativamente e partiu. Harry havia ajustado tudo em sua primeira visita ao local. Ele não entendia porque as coisas pareciam fora do tom, mas despreocupou-se. Nada poderia estragar a noite deles.
- Ora, ora, ora. Quem está por aqui! – Harry ouviu aquela voz arrastada que tivera de aturar o dia inteiro. Não, não podia ser possível.
- Draco! – Gina exclamou surpresa, virando-se para a mesa ao lado. Sentiu que as coisas, talvez, não fossem seguir o rumo esperado.
- O que faz aqui, Malfoy? – Harry resmungou, não acreditando no que estava vendo.
- O que você acha que estou fazendo em um restaurante? Um teste de vôo? – o loiro fez uma pausa, ouvindo a riso fino se sua acompanhante, com prazer – Estou em um encontro. – ele segurou uma das mãos delicadas de Lilá Brown.
Gina a fitou, enraivecida. Não sabia porque, mas suspeitava que a culpa era o ciúmes que sentia no momento. E tinha menos conhecimento, ainda, se esse ciúmes era por Harry ou por Draco.
- Olá, Lilá. – Harry cumprimentou, acenando levemente, um pouco desconcertado. Por que tinha que ser ela?
- Olá, Harry. Quanto tempo! – ela sorriu, passando as mãos pelos cabelos pretos – Dois anos não é mesmo?
- É. – ele respondeu firmemente, mas percebendo o olhar furioso de Gina continuou – Eu acho, quer dizer, não tenho muita certeza.
- Ah, mas eu me lembro perfeitamente! – ela sorria amplamente, enquanto Draco divertia-se com a cena – São exatos dois anos...hoje! – exclamou, batendo palmas alegremente – Se ainda estivéssemos namorando, estaríamos comemorando!
- É, claro que estaríamos. – ele concordou envergonhado, recebendo um chute em sua canela, em seguida.
Harry lançou um olhar severo para a ruiva, ainda sentindo a forte dor da ponta do sapato fino em seu tornozelo. Gina deu de ombros e antes que ele pudesse dizer algo a respeito, Lilá continuou.
- É uma pena que nosso namoro tenha acabado. – a morena suspirou teatralmente.
- Não posso dizer o mesmo. – Draco comentou, dando um beijo na mão dela.
- Nem eu! – Gina colocou sua mão entre as de Harry.
O moreno a segou carinhosamente, ainda confuso com a situação e agradeceu aos céus a chegada do garçom com o vinho que pedira.
Draco e Lilá retornaram a atenção para a sua mesa e Harry pôde estar a sós novamente com Gina.
- Não fique assim. – disse Harry bebericando sua bebida.
- Assim como? – ela perguntou, na defensiva. Ainda estava furiosa, sem nem ao menos saber o porquê.
- Gina, em primeiro lugar, eu não sei como, mas eu sei que Draco armou tudo isso! Não pode ser apenas uma coincidência. E em segundo lugar, - ele riu baixo – Lilá não significou nada para mim.
- E quem disse que eu estou preocupada com isso?
Harry a fitou, divertindo-se com o olhar zangado que ela ainda mantinha. A sobrancelha arqueada, numa expressão provocativa. Por fim, ela suspirou, controlando-se. Estava sendo ridícula, afinal.
- Desculpe. Vamos esquecer isso tudo. Ele não vai estragar nossa noite.
Harry sorriu e brindou com ela, pedindo interiormente que nada mais estragasse a noite deles. Mas eles não sabiam o que a noite ainda prometia.
***
O primeiro prato que Harry pedira já chegara e Gina achara o pato incrivelmente saboroso. Era um prato suave, fino e sofisticado.
O vinho, também, fora o melhor que já havia provado.
- Harry, está delicioso! Nunca havia provado pato antes.
- O chefe me recomendou seu melhor prato. – ele disse, sorrindo.
- Draco, - Lilá resmungava, de olho na mesa ao lado – por que você não pediu pato para nó? É meu prato favorito! – ela largou os talheres, tomando um gole de sua bebida, com uma expressão mimada.
O loiro levantou uma sobrancelha, com um fino sorriso formando-se em seus lábios. Ele se aproximou da mesa ao lado, posicionando sua cadeira um pouco mais para a direita.
- É isso que você pediu? – ele enfatizou o “isso” com um tom de desprezo.
Harry lançou-lhe um olhar irritado. Por que raios ele não podiam se engasgar com sua bebida?
- Você não tem a mínima classe, Potter! – o loiro riu, debochando, enquanto meneava a cabeça negativamente – Não se pede pato em um encontro romântico! Ninguém nunca lhe ensinou isso?
- Não, Draco, coisas inúteis eu prefiro nem querer saber... – Harry apoiou a cabeça em uma das mãos, impaciente.
- Não se é recomendado numa situação desse tipo. Pato tem um gosto forte e provocante.
- Perfeito para nosso encontro, então... – ele murmurou para Gina, com um sorriso no canto dos lábios finos.
– Além do mais...- Draco levantou-se, seguindo até a mesa deles – O vinho que você escolheu é de péssima safra! – ele apanhou a taça de Gina, a girou, remexendo seu conteúdo, experimentou o aroma e em seguida provou um pequeno gole – Como eu imaginava. Um vinho muito seco. Pouco recomendado para um prato tão forte. Uma escolha sem sofisticação, Potter.
Harry apoiou as costas no encosto da cadeira, ouvindo a voz arrastada de Draco, irrequieto. Gina, ao contrário, abaixara a cabeça, escondendo-a entre as mãos. Por que Draco estava agindo daquela forma? Ele não podia simplesmente sumir de vez de sua vida? Ou será que aquilo era um sinal, informando-a de que talvez ele não devesse desaparecer de seu coração?
- Para um prato como esse, - o loiro ainda continuava, com o ritmo de um professor chato e tedioso – escolhe-se um vinho um pouco mais doce, para balancear o gosto forte do pato. Entendeu?
- Você é o que agora, Malfoy? Chefe de cozinha ou resolveu assumir de vez sua homossexualidade?
Draco arqueou uma sobrancelha, sarcástico. Mas Lilá veio, em seguida, a seu socorro. Não que ele precisasse de sua ajuda, tinha mais de cinco frases feitas para repelir aquela provocação, mas a opinião de uma mulher contaria dez vezes mais que sua própria.
A morena riu, divertindo-se tolamente. Sua risada era fina e estridente.
- Acho que você está errado, Harrysinho. – Lilá enfatizou o diminutivo com um tom de afrontamento – Eu sou a prova viva de que Draco é o homem mais...homem que há nesse mundo! – ela afirmou com uma convicção duvidosa, com a escolha das palavras e resolveu concertar em seguida – Pelo menos, o homem mais homem que já conheci.
Harry piscou lentamente, no mesmo instante em que sua taça de água explodiu à sua frente. Lilá poderia ter dito qualquer coisa, menos aquilo. Draco mais homem que Harry? Hum, essa ele queria ver... As mulheres poderiam afirmar qualquer coisa a seu respeito. Que ele era doido, que a guerra o havia afetado mentalmente, que ele estava passando por problemas com depressão, bebidas ou o que fosse, mas menos...menos que ele não era homem o suficiente.
Ele respirou profundamente, ajeitando-se na cadeira.
- Pergunte para o Malfoy quem estava fugindo de um bando de comensais hoje, Lilá. Ele vai adorar lhe contar a história de como eu salvei a vida dele, sendo um homem de verdade.
O moreno sorriu, irônico, enquanto Gina sorriu interiormente. Aquela conversa até que poderia se tornar divertida, afinal.
Draco, contudo, não se abalou com isso, ele puxou sua cadeira e sentou-se na mesa com ambos. Lilá fez o mesmo e esperou a resposta que Draco daria a ele.
- Vamos, Draco, conte a ela nosso passeiosinho por entre as travessas do subúrbio.
- Claro, Potter. Mas, por favor, conte-nos quanto tempo mesmo você e seu subordinado, o meu ex-cunhado, ficaram procurando por Pettigrew, antes de o ministro me pedir ajuda? – Harry engoliu em seco – Um mês? Dois? Ou não, foi um ano.
Um silêncio mórbido invadiu a conversa. Harry o fitava, profundamente. Se um olhar matasse, Draco já estaria morto.
- Seguimos falsas pistas. Se nós tivéssemos os contatos que você tem, certamente que teríamos achado Pettigrew muito antes!
- Claro, mas vocês não são perfeitos, como eu. – ele sorriu amplamente – Alias, sempre achei que o chefe dos aurores deveria impor respeito e manter contatos que nenhuma outra pessoa poderia ter. Porém, vejo que você não é tão qualificado assim...
- Pessoas boas e com virtudes não mantêm contatos com o pessoal da sua laia, Malfoy. Ao contrário, eu sempre rejeitei os traidores.
- Não sou um traído, Potter. – seu semblante tornou-se sério, repentinamente.
- Ah, não? Você é o que então? Um vira casaca? – Harry cruzou os braços, irritado. Se estivem do lado de fora daria uma boa lição naquele loiro oxigenado.
- Apenas segui meus instintos, Potter. Tentei ser uma pessoa melhor, mas pelo menos, não fui eu que fiz o papel de herói para o mundo! Não fui eu quem foi protegido e impedido de pisar fora dos padrões que Dumbledore lhe estipulava, porque eu não me achava no dever de salvar o mundo!
- Eu nunca pedi para salvar o mundo... – ele murmurou, sem certeza.
- Você nunca pediu nada, Potter. Você ia lá e fazia, só para ganhar o crédito por algo que você nem deveria saber! E muito menos fazer! Você queria ganhar sempre. Ser o melhor em algo que ninguém competia. Você tinha...como posso dizer...uma vontade de salvar o mundo, um mundo que não precisava de um herói!
- Se eu não fizesse tudo o que fiz, Malfoy... – Harry respondeu, depois de uns instantes de silêncio – Voldemort ainda estaria vivo e você, provavelmente, morto.
Draco arqueou as sobrancelhas, ainda o fitando severamente. Já estava na hora daquela guerra terminar, mas antes que uma delas pudesse dizer alguma coisa, o garçom se aproximou, com seu tom usualmente polido.
- Devo juntar as mesas, senhores?
- Não. – responderam os quatro, em uníssono.
- Está bem, então. – o garçom, deu de ombros, surpreso.
Draco e Lilá levantaram-se e se acomodaram novamente em sua mesa, sem nenhum olhar para um lado uma única vez.
Harry chamou o garçom mais próximo, que veio logo em seguida.
- Deseja alguma coisa, senhor?
- Sim. O senhor pode me arranjar outra mesa, por favor? – o moreno perguntou, lançando um olhar rápido ao casal da mesa ao lado.
- Desculpe-me, mas...não temos mais nenhuma mesa vaga.
- Harry, não tem problema. – Gina disse calmamente. Tão calma que nem ela conseguia compreender como – Muito obrigada, senhor. – ela agradeceu ao garçom, que partiu – Não vamos nos preocupar com isso, está bem? – sorriu confiante.
- Desculpe-me. – Harry disse, sincero – Eu queria apenas que essa noite fosse...inesquecível.
Gina sorriu levemente.
- Mais inesquecível que já está? Não posso entender como! – ela riu, fazendo-o sorrir também.
Mas harry ainda estava furioso.
Por que Draco tinha que estragar tudo? Por que ele tinha que ter trazido Lilá? Aquilo acontecera a tanto tempo... e por que ele tinha que estar ali, em primeiro lugar? Não poderia ser uma coincidência tão grande! Como que...
Mas Harry parou de se perguntar por um segundo. De repente tudo se encaixava. Como um clarão que iluminara sua mente por completo.
Flashback
- Contemplando o futuro, Potter? – Draco perguntou, entrando na sala e avistando o moreno que observava o calendário, sonhadoramente.
Fim do Flashback
- Ele sabia...sim, ele sabia de tudo... – Harry murmurou sozinho, diabólicamente.
Draco entrava e saia de sua sala o tempo todo, assim, facilmente ele poderia ter anotado a data que Harry marcara em seu calendário. E também seria muito fácil descobrir o restaurante, já que ele poderia ter seguido o moreno, mas o mais fácil ainda seria convidar Lilá para jantar com ele. Ela estava sozinha a meses, dessa forma, aceitaria o convite de qualquer pessoa.
Como Harry havia sido descuidado...
- Harry? Harry você ouviu o que eu disse? – Gina estralou os dedos a frente dos olhos verdes dele, o tirando de sua nuvem de pensamentos.
- Oh, o que...desculpe, não, não ouvi não.
Ela suspirou, sorrindo.
- Onde você estava? - perguntou ainda sorrindo, mas o moreno nem notara. Ele olhava para a mesa ao lado, onde um lugar estava vazio.
- Eu já volto. – e sem nem olhar para ela, levantou-se, saindo do salão.
Harry seguiu por uma porta lateral e caminhou até a placa indicando o banheiro masculino. Tinha umas contas a tratar com aquele loiro imprestável.
Entrou no espaçoso banheiro, no instante seguinte. O local era tão luzuoso quanto o resto do restaurante. A pia de mármore branco reluzia em contraste com o chão escuro, a luz de castiçais de ouro que se encontravam embaixo dos oito espelhos ovais. Na outra extremidade havia as cabines e da terceira saiu Draco.
- Não consegue ficar longe de mim, não é verdade? – ele sorriu, enquanto lavava as mãos.
- Por que está fazendo isso? Por que não consegue me deixar em paz? – Harry segurou a varinha, dentro de seu bolso.
- Potter, - Draco fechou o cenho, jogando a toalha branca ao lado – Gina é minha. E nada que você fizer poderá mudar isso!
Eles se fitaram, longamente. Harry conteve-se para não sacar a varinha e mata-lo ali mesmo, instintivamente. Pelo menos seria o fim de seus problemas. Mas ao invés disso, ele bufou irritado, tirando as mãos dos bolsos. O que tiver que ser será.
- Você está errado. A Gina não é mais sua e você não a terá de volta nunca mais. Eu lhe prometo isso.
Ele estava decido e apesar de não sair como o planejado, Harry iria fazer o que tinha que ser feito. Draco não a teria de volta. Nunca mais.
Ambos permaneceram em silêncio, por um tempo que não souberam contar. Nada mais precisava ser dito. Tudo o que queriam ter dito, já haviam feito naquela noite. Agora era a hora de Harry agir.
E sem pensar duas vezes, Harry voltou ao salão, o mais rápido que pôde, em um passo acelerado. Avistou Gina, que no segundo seguinte seria capaz de arrancar toda a cabeleira preta da ex-colega de escola, ao lado, e tirando do bolso um saco de moedas, jogou em cima da mesa.
- Vamos embora!
- O que? – a ruiva perguntou, assustada, primeiro com barulho das moedas de ouro se chocando com a mesa e em seguida pelo puxão que Harry lhe dera para que se levantasse.
- Não podemos ficar mais aqui. Draco vai estragar tudo de novo e eu não vou permitir!
- Mas, Harry, espera! – ela caminhava apressada ao lado dele, que já se encaminhava para a porta principal.
- Não, não posso esperar nem mais um segundo! – Harry parou, bruscamente a frente da porta. O empregado do restaurante já abrira a porta, ao vê-lo se aproximar – Não posso perder você de novo.
Gina o olhou docemente, sem entender uma palavra do que ele estava dizendo. Mas antes que pudesse perguntar, Harry já a puxara novamente, trazendo-a para o lado de fora.
A chuva forte que caia, ensopara os dois nos primeiros segundos, e o penteado de Gina, sumira com a mesma rapidez.
- Harry, eu... – ela tentou dizer, mas ele já tirava uma pequena caixa do bolso interno do paletó.
Se não conhecesse bem aquele tipo de caixa ela iria começar a despejar a lista de ofensas que estava guardando para ele. Primeiro pela saída repentina, depois pelo seu vestido caríssimo que já estava arruinado, o penteado desfeito também acarretaria em umas dezenas de palavras, mas o frio que ela estava passando, esse sim, seria o ponto máximo de sua lista.
- Gina, você quer casar comigo? – ele perguntou, com a voz suave e os olhos suplicando por uma resposta afirmativa.
Gina não sabia o que fazer diante daquela pequena caixinha azul com o anel mais bonito que já vira. Os cabelos ensopados deles, com as roupas pingando uma cachoeira de gostas, a Lua em sua posição perfeita naquele céu pouco estrelado; se não fosse por tudo o que estava sentindo, sua resposta talvez fosse diferente.
- Harry, olhe... – ela tentava não olhar para a caixa, que também já estava encharcada.
- Gina, por favor, me escute. – Harry disse, firmemente. O empregado do restaurante que segurava seus casacos, ficou de lado, tentando não interromper o que poderia ser um pedido de casamento aceito.
- Harry, eu não...
- Gina, olhe aqui... – ele segurou sua face, com uma das mãos, aproximando seus olhos o mais próximo possível – Eu não quero saber se você está confusa ou se essa não é a melhor situação para esse pedido. – ele lançou um olhar, desculpando-se – Esqueça sua família, esqueça Draco, esqueça Rony e Hermione, quero que você me diga o que você sente. Não pense por aqui – ele pousou um dedo em sua testa – pense por aqui – levou a mão até o coração dela.
Gina estava em choque, sim, choque seria a palavra perfeita para definir o que ela sentia naquele momento. Não sabia realmente o que dizer, não sabia o que pensar e ainda por cima estava furiosa consigo mesma por não saber a resposta que queria dar.
- Eu esperei anos por isso, Gina. E eu sei que você também...
Ela suspirou, olhando para baixo. Não podia olhar para os olhos dele, novamente.
- Gina, você quer se casar comigo?
Ela levantou seus olhos, na direção dos dele. Já sabia a resposta que iria dar.
N/A: Fim do capítulo! ^^
Haha....demorou eu sei...mas o próximo será mais rápido.
Esse caítulo foi bem comprido, alias, eu precisava resolver grande parte das coisas aqui, para não deixar tudo para o último. Sim, o último...resolvi não fazer mais dois capítulos e sim apenas um.
Explicarei na próxima NA, senão vcs vão me matar.. hehee
De qualquer forma o que eu queria dizer era que o próximo capítulo vai ser mais curto.
Bom, estou com muita pressa, comento tudo o que tenho pra dizer no próximo capítulo...
É sempre triste o fim...
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