O novo administrador



O Novo Administrador

Caminhou rapidamente pelo corredor de pedra até o vagonete, ainda absorto em pensamentos, era difícil de assimilar tudo que tinha descoberto em pouco tempo. Ao chegar no seu destino viu que o duende dormia com a cabeça pousada sobre o braço que estava escorado na guarda do vagonete. Pigarreou e viu o pequeno acordar-se assustado.

– Perdoe-me Sr. Potter, mas fiquei acordado até tarde ontem reforçando os feitiços de segurança de minha casa e estou muito cansado, e então como o senhor estava demorando achei que não faria mal cochilar um pouquinho, mas acabei caindo no sono, prometo que não vai se repetir, foi um deslize que não acontecerá novamen..... – ia explicando apressadamente Urge até que Harry o interrompeu.

– Tudo bem Urge, não precisa se explicar – disse o garoto fazendo um gesto com a mão para que o duende se acalmasse – Eu realmente permaneci tempo demais lá dentro, é normal que você tenha ficado entediado. Agora se não se importa vamos ao cofre dos Black que já que estou aqui vou aproveitar e ver tudo que me pertence – Completou o garoto já entrando dentro do vagonete.

– O senhor que manda Sr. Potter – falou o duende – E se me permite dizer, um belo anel esse que o senhor está usando, encontrou-o dentro de um dos cofres? – Perguntou interessado.

– Sim Urge – disse o garoto colocando a mão dentro do bolso – Pediria que não comentasse com ninguém sobre esse anel, tudo bem? Não gostaria que ninguém descobrisse que estou com ele.

– Claro Sr. Potter, o seu segredo está seguro comigo, e desculpe-me pela indiscrição de ter perguntado, mas eu sempre adorei jóias e esta realmente é uma bela peça. – falou Urge – O senhor não comenta com ninguém lá em cima sobre esse pequeno cochilo e tem minha palavra de que nada sobre esse anel sairá da minha boca.

Harry havia estudado sobre os duendes em história da magia, e o pouco que se lembrava é que os duendes dificilmente quebravam sua palavra. Também tinha gostado do duende e decidiu que era melhor parar de falar na jóia, provavelmente nem tinha dado tempo de ele ver ela direito. Com a mão ainda no bolso retirou o anel deixando-o ali dentro e decidido em mudar o rumo da conversa se pronunciou:

– Ok Urge, esse é o nosso segredo, mas agora vamos logo ao cofre dos Black, pois pretendo ir embora do banco ainda hoje.

– Seu desejo é uma ordem senhor, agora se segure firme que a subida daqui é um pouco mais complicada.

Complicada certamente era a palavra certa para definir aquela viagem. Certamente para dificultar que algum ladrão escapasse ali de baixo com facilidade tiveram que dar varias voltas por trilhos intrincados até começarem a subir realmente. Depois de algum tempo de viagem e sentindo o estomago embrulhado Harry viu que o vagonete começava a perder velocidade, parando em frente a um corredor muito semelhante ao de onde tinha vindo.

– É aqui senhor – falou o duende – Embora não tenha tanta segurança quanto os cofres dos Potter esses também são fortalezas quase impenetráveis. Sinta-se à vontade para demorar o tempo que quiser e dessa vez prometo que me manterei desperto.

– Esta bem, vou tentar ser o mais breve possível – disse o garoto já entrando no corredor escuro.

O corredor tinha o mesmo estilo do anterior, embora a escuridão aparentasse ser normal. Como nenhum archote se acendeu resolveu iluminar o local usando a varinha. Sacou-a das vestes e mentalizou Lumos . Prontamente o feixe de luz acendeu-se mostrando ao garoto o caminho pelo qual precisava seguir.

Ao chegar no fim do corredor se deparou com uma antecâmara úmida. Viu que haviam alguns archotes ali, apagou o feixe de luz e mentalizou o feitiço Incêndio . A tocha logo se acendeu, e com um sorriso nos lábios repetiu o processo acendendo as restantes. Estava se tornando realmente bom em feitiços não-verbais, e havia melhorado em muito sua oclumência, e devia tudo isso a Snape. O que o ex-professor não conseguira ensinar dando aulas havia feito ele aprender em pouquíssimo tempo só com uma frase.

Bloqueado outra vez e outra e mais outra, até você aprender a manter a boca e a mente fechadas, Potter.A frase ecoava ainda em sua cabeça e havia prometido para si mesmo que da próxima vez que encontrasse Severo Snape estaria preparado, e era bom seu ex-professor ser realmente tão bom quanto diziam, pois senão não sairia do encontro com vida.

Afastando esses pensamentos da cabeça dirigiu-se até uma das duas portas que se encontravam ali. A porta era de aço bruto e tinha o brasão dos Black em alto relevo feito de prata. O garoto tentou abrir a porta e viu que ela nem se mexia, tentou a outra e nada. Experimentou dizer seu nome, mas antes de acabar de pronunciar já sabia que não iria adiantar. Acendeu a varinha em busca de pistas e encontrou as seguintes inscrições na parede entre as duas portas:

Somente aqueles que tiverem no sangue o direito de abrir essas portas é que poderão conhecer os segredos que se encontram atrás delas

Já imaginando o que teria de fazer se aproximou novamente da porta. Ao iluminar abaixo dos seus pés viu algumas manchas que lembravam sangue seco, o que só confirmava sua teoria de como abrir a porta. Perguntou-se conseguiria abrir a porta com o seu sangue, mesmo não sendo um Black, mas como era o herdeiro por direito resolveu tentar. Apontou a varinha para o dedo indicador e murmurou:

Diffindo.

Um pequeno corte surgiu na ponta do dedo do garoto e começou a sangrar lentamente. Harry apertou o dedo para acelerar o processo e quando achou que já havia sangue suficiente contornou rapidamente o B de prata. Viu o sangue ser absorvido e um pequeno clarão surgir, este se apagando rapidamente. Com um pequeno som de “click” o B se rachou no meio, e segundos depois com um alto estrondo a porta se dividiu, cada metade entrando em um lado da parede.

Levou o dedo a boca e chupou para estancar o sangramento, enquanto entrava a passos lentos analisando a sala que se abrira para ele. Diferente dos iluminados e belos cofres dos Potter aquele cofre tinha um aspecto sombrio. Era como se fosse uma caverna natural, sem detalhe nenhum e até com infiltrações nas paredes. A iluminação era feita por velas flutuantes que bruxelavam por toda a sala, sendo essa uma iluminação precária. As prateleiras que se encontravam à esquerda da sala estavam abarrotadas de livros castigados e mofados, que em sua maioria deveriam ser sobre as Artes das Trevas. A direita vários armários, bancadas, estantes e mesas guardavam a mais variada gama de objetos, desde jóias, bengalas e belas vestes até artefatos mágicos de aparência muito suspeita. Ao fundo, sob o destaque de uma melhor iluminação como se estivesse sobre o destaque de holofotes trouxas, uma estatua ladeada por duas tapeçarias negras. A estatua vestia uma bela cota de malha, de anéis negros de um material desconhecido, e as tapeçarias possuíam escritas em prata indefiníveis daquela distancia.

Já que a estatua parecia estar em destaque resolveu ver ela primeiro. Ela retratava um homem alto, cujas feições estavam quase completamente ocultas por um capus esculpido na pedra, deixando a mostra apenas um sorrisinho irônico. A cota de malha era bem leve e o material preto desconhecido parecia muito resistente. Aproximando a varinha das tapeçarias pode constatar que elas relatavam a historia daquele homem:

Essa é a estatua de Ramon August Baltês, o maior ladrão e assassino da historia do mundo mágico e não mágico. Responsável por roubos inacreditáveis e assassinatos muito bem planejados no final do século XIV, será sempre lembrado por deixar no local dos crimes sempre sua marca registrada, a sigla R.A.B. Os trouxas o conheciam apenas por Black, pelo fato dele sempre usar preto e aparentemente sumir na escuridão. O que poucos sabem é que depois de acumular riqueza espantosa Ramon se aposentou e para evitar que as autoridades bruxas o procurassem resolveu adotar como sobrenome o apelido que os trouxas haviam dado pra ele. Assim nasce a família Black, uma das mais ricas e respeitosas famílias bruxas desde a Idade Média. A cota de Ramon bem como sua poderosa e mortal azagaia apenas esperam um descendente habilidoso o suficiente para retornarem a ativa.

O garoto não achou aquela revelação tão espantosa. Os Black sem duvida nenhuma não eram pessoas de boa índole, e nada mais normal do que o patriarca da família ser um ladrão e assassino renomado. Espantoso era o fato de ele usar a sigla R.A.B, a mesma que havia dentro do medalhão falso que ele e Dumbledore tinham pegado no dia da morte do diretor. Se aquilo não passava de uma grande coincidência ou se o ladrão do medalhão havia usado a sigla a uma alusão ao R.A.B. original o garoto não sabia. Imaginou até se não seria a mesma pessoa, pois um ladrão tão habilidoso poderia até mesmo ter roubado uma pedra filosofal. Voltou a fitar a estatua e viu que a mão segurava o ar, a arma havia sido retirada dali. Retirou a cota de anéis da estatua e enfiou-a dentro da bolsa, após isso resolveu dar uma olhada rápida no resto da sala.

A suspeita de que o R.A.B que havia roubado o medalhão e o lendário ladrão eram a mesma pessoa aumentaram quando chegou até uma mesa. A escrivaninha simples que havia provavelmente sido colocada ali para que as pessoas pudessem estudar rapidamente tinha um único livro sobre ela. O livro tinha um aspecto muito destruído, a capa preta estava toda lascada e a única palavra do titulo que podia ser lida era Imortalidade. Invadido pela curiosidade tomou o livro nas mãos e somente quando foi abri-lo é que se lembrou que tinha pouco tempo. Guardou-o na mochila afim de analisa-lo com calma mais tarde no seu quarto, e foi então que reparou na capa que se encontrava aos seus pés.

Abaixou-se e pegou a capa nas mãos. Sabia que capa era aquela e já havia a reconhecido antes mesmo de ver o broche que estava presa nela, e a caveira com uma cobra saindo da boca só confirmava que aquela era uma capa de comensal da morte. A capa tinha muitos cortes e algumas manchas de sangue, e o que fazia ali o garoto não sabia. Já que sua mochila aparentemente não tinha fundo resolveu leva-la também, pois poderia vir a ser um ótimo disfarce.

Pegou diversos livros, a maioria de Artes das Trevas, embora também tenha encontrado bons livros de poções, disfarces e duelos. Certamente seria bom conhecer alguns feitiços e azarações mais poderosos que um simples estuporamento, já que prender comensais não era bem o que tinha em mente.

Deu uma rápida olhada no resto da sala e não viu mais nada útil. A única coisa que lhe chamou a atenção foi um armário recheado de medalhões e colares que se encontrava com a porta aberta. Tomado por excitação só de pensar na possibilidade de que R.A.B. tivesse guardado o medalhão ali analisou item por item, mas constatou que o de Slytherin não estava se encontrava dentro do armário.

Resolveu ir até o outro cofre logo para poder ir logo embora do banco, não via a hora de ver a luz do sol de novo. Repetiu o processo para abrir a porta e adentrou na sala. Esta parecia ser mais sombria que a anterior, pois era iluminada por um fogo negro que se encontrava dentro de canaletas no chão. A sala se encontrava lotada de armas e armaduras de todos os tipos e em todos os estados. Lanças, espadas e machados se encontravam espalhados por ali, algumas em ótimo estado e outras trincadas e enferrujadas, haviam também armaduras e escudos conservados que contrastavam com outros furados e rachados.

Sem tempo e a menor vontade de analisar aquela infinidade de itens o garoto resolveu que era hora de ir embora. O dia no banco havia sido muito produtivo e tinha lhe dado muitas coisas para pensar mais tarde. O que ele mais queria era ir logo para o seu quarto ler a carta dos pais e dar uma olhada nos inúmeros livros que tinha adquirido.

A viagem de volta à superfície foi tranqüila, o garoto e Urge nem conversaram direito, ele absorto em pensamentos e o duende um tanto quanto desconcertado com o fato de ser pego cochilando. Despediu-se do acompanhante e se encaminhou até a sala de Grampo, tinha certeza que ainda tinham coisas a acertar e não se enganou, pois quando chegou na sala viu que o duende o esperava na porta.

– Espero que tenha encontrado tudo que desejava Sr. Potter, entre temos mais algumas coisas para acertar – falou o duende já entrando na sala.

O garoto se encaminhou e sentou-se na mesma poltrona em que havia estado horas antes. Antes mesmo que pudesse falar alguma coisa o duende se manifestou.

– Bom Sr. Potter, aproveitei o tempo em que o senhor estava visitando os seus cofres e fiz um levantamento de todos os seus bens e ações, e gostaria de saber o que vai fazer quando assumir a maioridade e tiver que tomar conta de tudo isso? – questionou o duende.

– Sabe que eu não faço a menor idéia Grampo? A verdade é que eu nem sei o que tenho, muito menos sei como administrar isso. O banco não pode continuar a cuidar dos meus negócios?

– Tecnicamente sim senhor, mas embora Gringotes seja um grande banco e tenha ótimos funcionários nenhum tem tempo de dar a atenção necessária que seus bens necessitam. Se quiser minha opinião acho que o senhor deveria contratar alguém de sua confiança e qualificado para administrar no seu lugar. – Falou Grampo com um brilho estranho nos olhos.

O garoto reparou de cara que o duende adoraria cuidar pessoalmente dos seus negócios, e pensando bem essa nem era uma má idéia, já que Grampo parecia ser realmente competente.

–Posso pagar mais do que o banco e tenho certeza que você não irá me decepcionar Grampo, afinal o pouco que tratei com você foi o suficiente para reparar que você é muito competente. Gostaria de administrar tudo por mim? – perguntou o garoto. Viu um raro sorriso surgir na face do sempre sério duende.

– Seria uma honra Sr. Potter, desde pequeno sempre gostei de administração. Administrava os negócios da minha família, mas como depois da morte de você-sabe-quem os bruxos praticamente pararam de procurar serviços dos duendes armeiros tive que abandonar a pequena fábrica de armas e vir trabalhar no banco. O Gringotes está quase parado, a guerra faz com que os clientes tenham medo de investir em novos negócios que venham a ser destruídos, e como recebo comissão o salário não está nada bom. Eu já estava pensando em pedir demissão e voltar a ajudar a família, meu irmão falou que diversos bruxos já o procuraram para reformar ou produzir novas armas, mas administrar sempre foi minha vocação.

– Bom então estamos acertados, a partir de agora você trabalha para mim – disse o garoto estendendo a mão que logo foi apertada por um Grampo muito sorridente.

– Vou montar o escritório em um dos prédios aqui do beco diagonal, tem algum pedido a fazer Sr. Potter?

– Na verdade tenho. Em primeiro lugar gostaria que me chamasse de Harry, nunca gostei muito dessas formalidades. Em segundo, pedir para que você conversasse com os gêmeos Weasley para acertar a documentação da nossa loja, eu emprestei dinheiro para eles e fui nomeado sócio, mas nós nunca acertamos direito essas burocracias e sua experiência pode ajudar. E por ultimo gostaria que contratasse duendes qualificados para fazer um trabalho para mim, vá até o cofre dos Black e pegue todas armas que estão lá, depois reforme-as e troque o Brasão delas por uma fênix. Quando acabar me avise que eu digo onde entregar. Agora acredito que eu tenha uma porção de papéis para assinar não? – questionou em tom cansado.

– Na verdade só precisa assinar esse documento que me declara o administrador, o resto eu posso cuidar Sr. Pot... quer dizer, Harry – falou Grampo entregando um papel para ele.

Não pode deixar de sorrir ao ver que o duende já havia deixado o documente pronto, provavelmente ele tinha certeza que o garoto iria preferir entregar os negócios nas mãos de alguém mais experiente. Deu uma lida no papel e viu que estava tudo certo, quando sentiu um leve ronco no estomago é que se lembrou que não havia almoçado e já se passavam das 2:00 da tarde.

– Então era isso, vou indo, até mais ver Grampo – Despediu-se o garoto.

– Espere Harry, fiquei tão animado com o fato de você ter me escolhido como administrador que esqueci de lhe entregar o outro presente do banco. Espero que tenha gostado da mochila, este aqui é um cartão de crédito de um banco trouxa cujo dono é um bruxo que fez um convenio com o Gringotes. – Falou o duende entregado um cartão para o garoto.

– Obrigado Grampo, a mochila é ótima e o cartão vai ser muito útil. A propósito, como eu faço para tirar as coisas de dentro dessa fantástica bolsa? – perguntou curioso.

– É simples, basta colocar a mão dentro e pensar no item que você quer tirar, se não lembrar de tudo basta virar ela de boca para baixo e desejar esvazia-la. Tem algum compromisso na quinta de manhã?

– Não, tenho que te encontrar que horas e onde?

– O horário você decide, a partir da 8:00 fica bom pra mim. Até lá já vou ter montado o escritório, é o numero setenta e oito. Acho mais fácil você aparatar aqui no banco, já que para entrar pelo Caldeirão Furado vai estar um inferno.

– Mas porque não posso simplesmente aparatar na rua? – questionou o garoto.

– Acho melhor ler o jornal Harry... – ia falando ele, mas foi interrompido por um ronco alto da barriga do garoto – Mas antes de ler acho que devia comer alguma coisa – completou rindo.

– Bom então até quinta – despediu-se o garoto um pouco envergonhado, passando a mão sobre o estomago. Saiu andando do banco com uma alça da mochila jogada sobre os ombros, imaginando o que de tão importante Scrimgeour havia dito no jornal para que fosse mandado lê-lo duas vezes.

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Ta aí o capitulo.... próximo já ta no forno e tem noticias novas..... continuem comentando e votando ai..... abraços e bjss

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