-Reencontro Relutante-



-OMI- Capítulo X-


-Recomeço relutante-


Então era aquilo que o fora.
Uma ótima palavra para começar um capítulo sem compromissos mais sérios.
Juliana já não entenderia mais, nem ao menos parecia representar algo parecido com o que sempre lhe parecia. No veloz e confuso torpor dos acontecimentos, esquecera-se de aceitar as interrogações que sempre lhe aconselhavam atrás da orelha. Aquela certeza incerta de conhecimento do desconhecido. Sim, suas dúvidas eram antíteses.
Bem, por enquanto, não mais.
Seca ali no pátio, recostava-se distante, junto a um coluna “pilarítica” rebentado a heras esmigalhadas pelo tempo. Do outro lado da praça, aguardando a cada canto, os participantes do acaso em si causado por moralidades conflitantes deixavam-se vigiados por seus protetores.
O sexto e sétimo guarda lamentavam uma conversa sossegada com o Monitor justiçado, recordando os velhos tempos que viriam a realizar em mais um ano.
Paulo, cansado e escorado em uma fonte regada a um despropósito aqüífero enxuto, recolhido em si mesmo, recuperando sua respiração difícil, acompanhado por um Liar desacompanhado de temor ou realidade.
Esse era o castelo, então? Parecia-lhe maior do que imaginara, imaginava ele. Para que todo esse tamanho...? O que teriam para praticar que exigisse essa magnificência e ostentação — pensava em subjugadas palavras mais castas, no desentendimento de seu sentimento. Seu irmão sempre lhe prevenira contra essa tendência vangloriosa da pomposa sociedade bruxa. Então... Porque manda-lo para cá...? O que teria à aprender entre essas variadas escadas...? Seus degraus levariam ele a algum lugar diferente do que pretendia os aposentos tendenciosamente mal iluminados de sua casa?
Não sabia pretender. Calado, olhava-se no castelo, indagando-se agora, e talvez, sobre o trem que abandonara e sobre as razões que tiveram para leva-lo a isso. Não era idiota, ou coisa pior. Só não estava acostumado com todo esse tipo de acontecimento.

-Ah, sim, considerei que alguma... distração desse tipo talvez pudesse acontecer.- considerou o diretor, procurando por uma das pequenas frestas laterais a praça sempre tão desabitada pelos confins do abandono do castelo.
-Distração! Alvo, ele atacou um professor!- atacou a professora McGonagall, segura da compreensão mutua entre seu quase divertido interlocutor.
-Bem, era um limite entre alunos e professores que precisava ser quebrado.- brincou ele, sempre sereno e sorridente- Ou pelo menos demonstrado, em suas piores conseqüências...
-Não diga uma coisa como está. Se outro professor é que estivesse em meu lugar, ele certamente...
-Minerva, fico grato por sua compreensão e feliz por ser você quem estava em seu lugar, recepcionando calorosamente nossos alunos.
Minerva McGonagall não reclamaria mais nada. Já concordava com seu diretor antes da consulta, antevendo sua propositada decisão.
O medo e acuamento costumam motivar os atacantes. Afinal, como dizem, o ato é sempre a melhor defesa. Nem todos concordariam, exemplificando em algumas outras situações.
Dumbledore ensaiou seus olhos entre os estudantes que aguardavam vigiados por algum julgo mais definitivo.
-Deixei Weasley a cargo de organizar tudo e acompanhar o novo professor.
-Ah, sim. Obrigado Minerva.
-Acha que ele irá mesmo se adaptar?
-Sim, sim- afirmou o professor, perdido entre seu estar meio bobo entre a janela- O conheço a algum tempo. Já esteve por aqui algumas vezes.
-Não estava me referindo ao novo professor, Alvo.
-Ah... Bem, não imagino porque isso não aconteceria... Mas, não devemos contribuir para impedi-lo, não acha?
-Como assim?
-Acho que ele deveria ser recepcionado por igual com outros principiantes. Hagrid sempre dá uma primeira ótima impressão do que pode lhes esperar durante o nosso ano de aprendizados.


Pensando bem, tudo era como deveria ser.
Iniciar um ano é sempre uma tarefa atarefada, deveres a mais nunca fazem diferença. Pelo menos não para os desatarefados.
-Detenção?
-Sim, senhorita Cohen. Para todos os presentes.- excluiu a professora os vigilantes ao seu lado.
-Com a senhora, professora?- perguntou o Monitor, oportunista.
-Bem, senhor Muller, ainda não decidimos as tarefa a serem (cobradas) compridas, mas vamos pensar cuidadosamente no assunto.- declarou.
-Tarefas?- voltou Juliana.
-Ah, sim,- imitou a mulher o diretor, num tom quase triunfante- Grandes danos – físicos ou morais, queria acrescentar- são “vingados” com grandes trabalhos.
-Mas...!
-Desculpem, mas a detenção será igualmente cobrada para todos os participantes.
-Mas, professora, foi ele quem...!- começou o Monitor, terminando a uma fungada fulminante da orientadora.
E quando foi que as ladainhas desdenhosas dos alunos funcionou? Bem, a sempre uma chance impossível. Já é alguma coisa.
-E o que vamos fazer agora?- veio Paulo, um tanto distante- Digo, agora, nesse momento...?
-Esperar pelos outros, senhor Unrigart, aguardar pelo banquete de início.
-Aqui?- veio Juliana.
-Estão livres para circular pelo castelo, exceto pelas áreas proibidas, como vocês já devem bem saber...- pensou em relembradas detenções- O dormitório ainda está interditado, não adianta tentar interrogar ninguém por senhas- ninguém as saberia, se houvesse alguém que as soubesse- Paulo, por favor, não nos perca de vista o senhor Black, e faça com que ele evite novos incidentes.
-Ma ainda são uma e meia! Nós vamos ter que esperar aqui fora até de...
-Recebam isso como um suave início de castigo.
Não era o tipo de coisa que poderiam recusar a receber.


Sabe, pensando agora, deveria fazer parte do imaginário de quase todos os estudantes, em sua devida atenção às particularidades de cada situação, um dia assim de tanta liberdade diante de infinita enormidade do castelo. Tantos buracos para esclarecer, tantos rumores para certificar... É claro que tanto sorte sempre vinha junto com um infortúnio. Grandes explorações só são possíveis na companhia de grandes pessoas, e não muito provavelmente sem elas. Uma pessoa não saberia o que fazer, em qual tabela se jogar, não em a segurança de estar sempre certa. Certeza essa sempre coordenada pelo grupo. Essa era a infelicidade da solidão. Nunca se sabia o certo o que fazer, e o que deixar de praticar.
O dilema abateu-a como uma sombra diurna, roncando no seu estomago matinalmente insatisfeito. Olhou para os galhos suculentos. Não, não comeria uma bétula.
-Meu estômago...- concluiu ela.
-O que tem ele?- questionou ele.
-Tá morrendo de fome...- jurou seu corpo inteiro.
Bem, a essa altura dos acontecimentos, acho melhor não mencionar um calamitoso exagerou.
-Pegue uma fruta...?- sugeriu Paulo, incerto do que dizia. Não sabia bem o que um terreno bombardeado por pelo menos um milênio com magia poderia desfrutar. Não parecia uma proposta sem perigo- Quer dizer, acho melhor procurarmos a cozinha, então...
A idéia não era tão ruim, quero dizer, se ao menos houvesse uma cozinha na escola. Não... espera... Já não tinha ouvido algo a respeito?
-Sabe, acho que me lembro do caminho...- continuou Paulo, procurando algumas fugas na memória.
-Você quer dizer que... tem um cozinha no castelo?-voltou a menina, surpreendendo-se com o pensamento. A comida simplesmente aparecia nos banquetes, nunca pensou que... Bem, cozinhas são geralmente algo tão não mágico! Desconsiderando todo o tipo de coisa que pode acabar surgindo com alguns meses sem limpeza.
-É claro que sim- continuou o garoto, desconcertado. Esquecia-se que uma vez já desconsiderara os fogões alertas desse jeito- Eu, o Cássio e o Bruno ficamos presos lá por quatro horas enquanto esperávamos o Filch parar de nós seguir desconfiado...- lembrou, enquanto deletava as cenas em que obrigava os dois parceiros a ajuda-lo com os testes de transfiguração, treinando até tarde em alguma sala sem licença- Bem... Nós simplesmente aparecemos por lá, não sei bem... Foi algo que o Bruno disse, acho, depois de esbarrar num quadro estranho.... Cheio de frutas, acho...
-Apareceram?
-É... assim que jogamos o livro naquele maldito gato...- fechou a simpatia para Madame Nor-r-ra, correndo do caderno de Cássio que havia atirado na vigilância sem maiores considerações- Acho que ainda sei chegar lá...
Bem, depois de toda a história, já não considerava mais uma boa possibilidade. Bem, de qualquer jeito, seu estômago a venceria. Afinal, o que somos nós além de instintos brutalmente submetidos às ilusões de humanidade?
-Está bem.- “...uhn... espero que saiba o que está fazendo” respondeu seu resto de consciência humanizada- Eu... O que ele está fazendo?- voltou a menina, achando o outro garoto deslizando o pulso mais abaixo na campina, entregue a uma grande árvore, margeando as sombras da floresta extensa.
-Desisti de entender... Mas acho que ele mesmo não saberia dizer.- ergueu-se Paulo da grande raiz.
-... não saberia...?- voltou a menina, tentando desconsiderar.
Paulo avançou a passos lentos até descendo pelo gramado.
-Ei, Liar, nós vamos para dentro. Você vem junto. Pelo menos é o que eu acho melhor... o que...? Que é isso?
O garoto virou-se perdido em seu próprio movimento, afrouxando a varinha lânguida em sua mão, sem perder o movimento.
Juliana desceu desentendida, curiosa como sempre pela falta de perguntas ou respostas. Depois do susto, o impulso desconfiado de um fundo neurótico suspeito voltava a cativa-la.
-São tronquilhos.- encerrou a discussão, voltando sua atenção para a dança que coreografava para os curiosos galhos animados. Quer dizer, eles não pareciam tão animados quanto a isso.
-Chocrilhos? Isso não é...
-Mas o que...!? Pare com isso! Você está machucando eles!
A cada leve estocada que o garoto distraído investia contra o contrariado amontoado de lenha rebelada, os bichos-de-galho se atiravam sem cessar a impossível missão de envolver os pés do atacante em uma armadilha. Não era parecia algo fácil de se ter sucesso. Ma o que mais podiam fazer?
-São só animais.- explicou Liar em sua naturalidade excessivamente inocente e confiante- E deveriam saber disso,- voltou-se para os galhos que falhavam- me atacaram quando eu fui estudar a cerejeira.- não fez questão de apontar a fina árvore que pendia delicados brotos esbranquiçados.
-Deveriam?- caluniou Juliana num tom escandalizado de escárnio- É você que deveria saber que os animais atacam! É o instinto!- roncou o seu estômago, concordando em primeiros planos.
Sabe, não imporia quanta explicação pudesse se dar. A primeira imagem não é sempre a que fica, mas ajuda muito a ilustrar. Quero dizer, o garoto obviamente era culpado por tudo aquilo, dos tronquilhos aos estragos, da briga à dentenção.
-Eu sei. E é por isso que estou respondendo a eles- continuou, simples em sua observação, provocando com sua voz clara e sem provocações.
-..eles são...!- voltou Juliana, procurando algo para se defender.
-Ahn... pessoal, acho que não precisamos brigar por isso e...
Uma sombra enorme encobriu o grupo, torcendo seus ânimos numa cautela urgente.
-Ola...! Vejo que acharam a minha “plantação”. Só espera vocês daqui a algumas horas...- veio a voz rouca, confusamente animada entre a grande barba que decorava um espaçoso casaco remendado- Não são uns bichinhos curiosos, esses tronq... Ei! O que você pensa que está fazendo!- voltaram-se todos para o vultoso guarda-caça.
A gigantesca sombra descobriu-se desajeitadamente rápida, avançando a passos temerosos de dois metros, balançando ameaçadoramente sua expressão de simpático aviso, levando Juliana e Paulo a pularem desavisados do caminho.
-Deixe-os em paz! Eles não são perigosos!- gaguejou o gigante ao meio, puxando o inexpressivo garoto, surpreendido pela falta de surpresa.
Liar flutuou alguns metros, firme nas seguras mãos do guarda-caça, aguardando ganhar novamente controle dos seus próprios movimentos, em uma postura precipitada de defesa.
-Hagrid! Cuidado! Ele não...!- começou Juliana alerta, preocupando-se com o garoto que recebia impactante o fim de seu vôo por guindaste.
-Você tem que acalma-los com comida.- argumentou Rubéo Hagrid voltando-se para o garoto que depositava controladamente ao chão, enquanto tentava lidar com os tronquilhos que lhe rasgavam injuriados o casaco a procura do malfeitor- Se não eles podem ficar um pouco incomodados... veja!- continuou licenciando- O que o professor “K” iria pensar se eu lhe entregasse todos os bichinhos remendados?- voltou-se novamente para os galhos exigentes por justiça- Calma amiguinhos, aqui, olhem...!- enfiou a grande mão em um bolso ainda maior, em que suspeitava Paulo caber pelo menos as três cabeças juntas de cada um, retirando um empulhado de larvas e ovos.- Aqui... isso...- deixou alguns atacantes comerem em sua mão, jogando o resto ao pé da árvore.
Comida sempre foi mais importante que justiça. Era o primórdio da sobrevivência. Juliana já começava a concordar o mesmo.
-Ovos de fada.- disse como a quem ensina a um Liar desavisado, que ainda esperava enguard por maiores desavenças. Depois do meio dia em que se enfiara, já não teria mais idéia de quem realmente culpar pelos estragos que ele mesmo podia fazer.
-Uhn... Nós os tratamos com bichos-de-conta, ano passado, Hagrid. Muito mais prático e menos volumoso,- olhou para os ovos se desfazendo nas minúsculas bocas dos bichinhos, com os ânimos nasais quase cedendo ao nervosismo estomacal- foi o que o “K” disse.
-Ah, bem, ele está certo, claro...- voltou o guarda-caça- Sempre está. Um sujeito entendido, o professefor Kettleburn. E bem experimentado, ninguém poderia dizer o contrário...- bem, uma analogia perfeita sobre as experiências do professor se explicaria numa comparação bem exclusiva com aqueles caldeirões velhos, bem usados, com o cobre se desfazendo, vazando à buracos, que curiosamente preparam poções como nenhum outro. Como já dizia o mau gosto ditatorial dos mais antigos, “caldeirão velho é que faz uma poção boa”.
-Com certeza... Ah, tudo bem Liar, esse aqui é o Hagrid, guarda-caça do castelo.- apresentou Paulo, um tanto divertido com a interrogação na varinha do colega.
-Bem, é claro que você já deve saber, não é mesmo?- apresentou-se o guarda-caça- Alguém grande e desajeitado como só eu posso ser não conseguiria se esconder por muito tempo.- habituado com o discurso- Enfim, anos que eu recebo todo mundo. O professor Dumbledore diz que eu já sou mesmo uma tradição da escola.- anunciou, humildemente orgulhoso- Ah, sim, eu sei que não me lembro de ter visto você em algum barco.- explicou a menção de explicação de Paulo- Deve ser o aluno novo, não é mesmo? A professora McGonagall me explicou a situação agora apouco.- ponderou- Mas não devia tratar os tronquilhos assim. Não é uma boa maneira de começar o ano em uma escola nova.
Bem, só o grande Rúbeo Hagrid consideraria uma má sorte assim. Ignorava qualquer outro desentendimento que possa ter sido comentado há pouco.
-Desculpe Hagrid, ele não tinha a intenção.- intencionou Juliana, levando seu tom crítico para um Liar que abaixava a guarda e começava a se levantar, entendendo um pouco do que deveria se entender, para uma saudável continuação de sua existência.
-Ah, sim, eu tenho certeza de que não.- virou-se para a menina, percebendo-a de fato pela primeira vez- Mas não deveriam estar por aqui perto da floresta, senhorita Colhem.
-Uhn... é que o perdemos e...- continuou Juliana, ignorando o nome errado que não tinha- ...achamos ele aqui.
-Bem, não tem importância, os tronquilhos estavam precisando de um pouco mais de exercício. Estão muito parados, sabe. É claro que tudo vai mudar quando os alunos chegarem para se divertir com eles.- virou-se carinhoso para os bichinhos que quase estraçalhavam um ao outro por mais um disputado pedaço de larva.
-É, é claro... não é?- procurou a menina a aprovação de Paulo, que começava a se aproximar do gigante caçador.
-Sim, acho que sim. É... Nós temos que ir Hagrid, boa sorte com os tronquilhos. O pessoal do terceiro ano vai ter ótimos momentos esse ano...- concluiu, dando um tapinha amigável no cotovelo do grandalhão- Tirando farpas da pele e coisa e tal...- acrescentou para si mesmo.
-Bem, se não acontecer mais algum imprevisto.- voltou-se Hagrid, acenando para os dois que empurravam o perdido terceiro campina acima.



O castelo estava silencioso como nunca estava, a não ser a noite, mas ninguém saberia dizer, quero dizer, os ocasionais passeios noturnos normalmente eram proibidos. Isso, é claro, não quer dizer que eles não aconteciam em uma boa porcentagem. Coisas a tramar, pessoas a visitar, encontros particulares a encontrar. O zelador se surpreenderia com o número de pessoas que ele deixa de flagrar em suas eternas madrugadas de vigilância. Afinal, a lei dos homens só se aplica à pessoas sem influência que se deixam capturar. Bem, as coisas são bem mais fáceis assim.
-Não me lembro bem dessa estátua... Deve ser por aqui.- guiou-os Paulo, procurando vegetais e afins.
-A cozinha não deveria ser tão escondida assim...- fazia parte da ordem natural das coisas, chorou Juliana, tentando esconder o seu estômago em algo comestível e agradável.
-........- não queria dizer Liar, vagaroso atrás, investigando as paredes com a desimportância que algumas merecem.
A menina reparou no reflexo do garoto distraído em sua confusa perdição, ao cruzarem com um lustrado balaústre que em seu fino mármore sustentava uma outra opção pelas escadas.
Ainda não entendia e, depois do acidente de hoje sedo (o qual se tornara, injustamente - lamentava ela - vítima e acusada), procurava segurar o seu afogo de entender. Não parecia confortavelmente saudável, pelo menos não para todas as partes do seu corpo que não era seu anseio investigativo. Bem, pelo menos por enquanto conseguia afogar o costumeiro aceno inconsciente do mistério para seu estomago exigente, que agora tentava afundar de sua barriga à procura de algum lugar mais fértil.
“O nome dele é Liar... Como é que se pronuncia isso? Ele é um calouro, mas... é tão... quer dizer, não é pequeno, mas não é grande o bastante para... Ai...” esquecia do vazio, procurando os traços que ainda não tinha certeza que reconheceria no garoto. “Eu... já vi ele antes, não vi?”, continuou para si mesma, esperando alguém lhe responder. Isso não acontecia com freqüência, exigia muito trabalho. Anos de meditação num refúgio desolado a troco de um ingrato segundo de verdade e iluminação. As coisas não seriam mais sem graça depois disso?
Uhn... E agora, ele estava ali, incomodo por nunca incomodar. Não havia realmente acontecido um começo para os dois, pensava a menina, nem ao menos pareciam ter sido apresentados (a não ser pela exigente circunstância). Bem, o início do dia não lhe parecia realmente uma boa iniciativa. De qualquer jeito, tentaria um recomeço? Talvez não muito cedo, para ela o garoto ainda estava preso a um limiar de culpa semi-intencionada. O pior tipo dela.
Liar virou-se para olhar a escada, chocando-se com a sua imagem a ser estudada sem aviso. A garota deixou-se em seus pensamentos, olhando fundo para o outro do garoto no espelho. “...Ei, esse rosto... eu acho mesmo que eu já...” contornou uma familiaridade na face escura do reflexo descolorado do menino.
“...é...” desviou o olhar desconcertada, Juliana descoberta, envergonha com sua própria falta de descrição. Claro, não é tão sério assim, mas sempre parece.
-Parece que é aqui.- anunciou o guia.
-Aqui...? Mas...- quase esbarrou na dianteira, a menina.
Não parecia um bom lugar para uma cozinha. Aliais, não parecia com o ambiente que normalmente se espera de uma.
Agora tinha certeza de que tudo não passava de mais uma daquelas brincadeiras idiotas. Uma cilada para um bobo que confia. Bem, ela costuma exagerar.
-É... Agora... como será...?- continuou Paulo, pensativo diante de uma maçã enorme que quase escapava de um grande quadro, Juliana notava agora, juntamente com algumas outras frutas intensamente provocativas.
Bem, já era um começo, ou pelo menos alguma espécie de tortura.
-Paulo... isso não é engraçad...
-Não tente a pêra.- sugeriu o passo submisso que se aproximava, despercebido.
-... que?- virou-se a garota acompanhando Paulo , deparando-se com um Liar que presidia a chegada da voz com a varinha sempre em mãos.
A voz se encolheu em si mesma, protegendo-se com as mãos.
-Por favor, meus senhores, não me ataquem ainda, posso ser-lhes útil.- voltou o elfo-doméstico, lamentando por estar dizendo isso, injuriando-se- É tudo o que eu mais quero...- acrescentou para si mesmo em um sussurro pegajosamente convincente.
O precipitado abaixou sua defesa antes de algum sermão. Elfos não foram inventados para atacar seus superiores, explicara seu irmão... “...não a contra-gosto ou sem uma ordem explícita de seu mestre...”.
-Ah, não, desculpe... É que estávamos procurando a cozinha e... acabamos nos perdendo, acho- veio Juliana, antes de qualquer iniciativa de qualquer um.
-Perdão! Meus senhores, perdão!- voltou o elfo, curvando-se ainda mais, humilhando-se como era sua função- Não queria interromper o engano dos senhores.- acrescentou apressado- E nem corrigi-los, meus senhores!- tremeu, pondo-se ao chão, ofendido com o medo de ofender.
-Não estamos perdidos, nós só não sabemos...- começou Paulo.
-Não, não, se levanta, só estamos procurando a cozinha...- interrompeu a menina, encabulada com o tratamento. Sabe, não sabia ao certo como sua mãe se virava quando não estava em casa para lembra-la do almoço e colocar as torradas para assar.
-Queremos que traga-nos alimento. A garota está com fome.- começou Liar, numa imitação milímetrada de seu mordomo, ordenando do jeito correto de se fazer- Algo leve, para mantê-la até o jantar.- continuou com a voz confiante, diferente da confusa desordem de costume.
-Não... Eu vou, não precisa.- tentou Juliana, tarde de mais, ao ver o doméstico se levantar agradecido.
-Obrigado meu senhor, qualquer coisa, meus senhores.
Estalou os dedos e desapareceu no ar, deixando uma curiosa impressão de uma atmosfera mais seca.
Juliana ficou a observar o elfo que não estava mais lá, processando o tom rude imperativo com que o garoto parecia entoar quando se tratava de tratar outras pessoas.
-Eu poderia muito bem ter ido procurar algo sozinha.- volto-se para o garoto, satisfeito de seu trabalho bem feito, retribuindo o favor em um tom quase intencionalmente depreciativo- E da próxima vez seja mais legal com eles, OK?- ok, já estava ficando até bem claro que a menina não parecia simpatizar muito com ele. Além do mais, ela sentia um prazer secreto em dar lições a quem achava que merecia, mas quem não sentia?
-É... Ele só estava tentando arranjar um pouco de comida, eu acho que...- veio Paulo remediador como estava agora sempre tentando ser.
-É, eu sei, e com pouca educação.
Juliana se ofendia muito fácil pelos outros. Uma espécie de martírio psicossomático.
Liar não respondeu. Bem, não saberia responder até descobrir onde estava sempre errado. Tinha vontade de agradar, ainda não sabia porque. Sempre se dera bem consigo mesmo. Mas, ele não sabia que pensava assim, sempre tivera seus queridos muito perto. Agora todos pareciam descolar a sua volta, levando-o a solidão desacompanhada e, desconhecia, começava a incomodar.
No fundo, só queria novos amigos.
Bem, não sei se melhoraria ao longo do resto do dia, ele parecia suficientemente grande para novas oportunidades de falhar outra vez.



O vento fresco trazia uma lembrança da primavera abafada pelo outono, como ele costuma fazer numa linguagem rebuscada, o que era consideravelmente curioso, uma vez que estamos deixando o verão.
Ah, sim, voltamos à bétula novamente, o tipo de lugar ideal para uma fuga estomacal.
Estendidos pela raiz, despreocupados como alguns costumavam estar quando possível, comiam uma parcela ínfima do enorme bolo de abóbora que o elfo doméstico tinha salvo do banquete de abertura (seu destino original). Bem, pensemos de um outro jeito, pelo menos ele não estava deixando de cumprir sua função de estofar algum espaço sedento de vazio com seu gracejo açucarado. O bolo, e não o elfo.
-... que droga...!- implicou Paulo consigo mesmo, descobrindo o suco derramado na camisa pela terceira vez- Acho que vou ter que desistir de lavar minhas roupas...- continuou, procurando um guardanapo.
-Aqui.- achou na mão de Juliana que o oferecia- Eu nunca como bolo no banquete...- considerou- Não sei por que, a torta de espinafre sempre me pareceu saborosa...- recriminou-se.
-Espinafre!?
-É... bom, quando se mora com a minha mãe...- lembrou-se da batata crua que ganhou como bolo de aniversário. Inesquecíveis dez anos.
-Uhn...- não soube o que dizer. É claro que não precisava- Ei, você não vai comer esse seu pedaço de bolo?- admirou-se com Liar, que fitava o prato açucarado sem motivo.
-Ele não é meu.- revelou o garoto, indiferente
-Ah...
-Não estou com fome.
-Certo... Passe para cá, então.
-Você não vai comer, depois de ter feito aquele elfo demorar uns quarenta minutos para encontrar a cobertura mais “adequada”?- Juliana, incrédula na resposta que já esperava, nas palavras do próprio elfo, orgulhoso.
-Não. Eu não estou com fome agora.
-Você já disse isso...- procurou a próxima acusação- Mas na hora em que obrigou o elfo a encher uma cesta inteira- era fato, a cesta- você estava, não estava?- cinismo nunca é suficiente.
-Não.
-Ei, Juliana, deixa o cara, se ele não está com fome, eu como no lugar del...- Paulo, começando a se irritar com a perseguição.
-Então porque pediu!?- voltou a menina, finalizando a voz rouca por justiça. A verdade é que não importa o que acontecesse, por enquanto Liar ainda era culpado.
-Eu pedi para você.- respondeu o garoto, simplório.
Bem, é sempre desconcertante... Ainda mais quando as pessoas agem de uma maneira que você não agiria, em seu nome.
“... afh... não acredito...” suspirou a menina, desistindo por agora, esquecendo-se de agradecer, inconformada.
O sol já contornava as árvores mais altas do horizonte negro da floresta, encaminhando-se para seu turno de descanso abaixo das terras altas.
Todos satisfeitos, não saberiam o que fazer agora. Pra onde iriam? Não para o castelo... Era desconfortante lá dentro. Sozinhos, era como se a grande tonelada dos séculos esmagassem suas expectativas, levando-os a um alto grau de individualidade pessimista. É o que acontece quando temos somente a nós mesmos para nos distrair. É claro, você pode sempre escrever alguma coisa.
-Está ficando frio...?- afirmou Paulo, procurando a aprovação geral.
-...é, está bem friozinho...
Estamos nas terras altas, nunca é realmente quente. Como no deserto, a noite desmancha tudo.
-Mas não sei se quero entrar...- acrescentou Juliana a sua última frase. Tinha a impressão de que tudo estaria pior em algum aposento vazio do castelo.
-Talvez devêssemos procurar algum professor, ou coisa assim... Talvez o Filch...- não considerou realmente a última opção.
-Não sei... Acho que sim... Ele não tem que ir pra estação?- voltou a menina, acenando com a cabeça para o outro garoto, sentado mais abaixo.
-É, tem. É bom agente elevar ele para alguém.- concluiu Paulo- McGonagall, acho melhor.
-Não deveríamos ter aposentos próprios?- dirigiu-se Liar aos dois, quebrando seu costume de silêncio. A situação estava finalmente começando a incomodá-lo.
-Nós temos, é que...- Paulo interrompido.
-É que nós ainda não deveríamos ter chegado...- gelou a menina, desnecessariamente, a um Liar que agora fitava-a sem saber responder. Não entendia agressão.
Sabe, normalmente ela era uma menina amável. Acho que a angústia, a fome prolongada e a demora de resposta, a tornavam meio impassível demais.
-Pro castelo, então.- ergueu-se Paulo, tomando a frente, como sempre.
Juliana levantou-se em silêncio apoiando-se na raiz.
Liar, ainda distraído, achou rápido a varinha em suas vestes, apontando para toda a tralha do lanche ocasionalmente ao mesmo instante em que a menina abaixava-se novamente para juntar os pratos.
Não deu um bom resultado. Vocês sabem disso.
-Ai!- pulou para traz,a menina, exclamando algumas coisas indecentes que não sabia que sabia- O que você pensa que está fazendo!?- respondeu ao prato que flutuara até seu rosto, esmigalhando algumas migalhas de bolo contra o cabelo da menina- Estou cansada de acidentes...!- choramingou- Eu vou subir. Quero ficar a uma distância segura de vocês...- saiu decidida, passando a frente do Paulo que virava-se surpreendido por ouro acidente que não presenciara.
-O que foi?- acompanhou a menina se afastando, notando creme que lhe escorria pelas mechas.
Virou-se para Liar, com um olhar significativo, encontrando os objetos que flutuavam, se ordenando dentro da cesta. Lembraria-nos um porta-aviões. A Paulo e a Liar, não.
-Eu... Acho que só estava tentando ajudar.- tentou Liar, começando a duvidar de si mesmo.
Paulo avançou para a cesta que terminava seu serviço, fez menção de pegá-la, mas o outro já a conduzia flutuante entre as árvores.
-Ei, onde será que você aprendeu tudo isso...?- perguntou enquanto avançavam, errando palavras com pensamentos- Estudou em alguma outra escola?
-Não. Meu irmão me ensinou.
-Uhn... Segredos de família, certo?- brincou Paulo- Bem, ele parecia estar fazendo um bom trabalho, acho que ele não deveria te mandar pra cá... Sabe, aqui agente aprende muita coisa, e tem muita coisa à disposição, mas, sei lá... É quase sempre muito maçante, a aprendemos algumas coisas tão chatas também... e de uma forma tão lenta... Seu irmão não deveria ter feito isso.
-Não.
-Não...?
-Não.
-Não o que?
-Não deveria.
-Ah... Bem, mas ele fez... não fez?- não sabia o que perguntar.
-Sim.
-Muito trabalho.
-Não.
-Não?
-Não.
-Não o que!? Oras...
-Ele não tinha muito trabalho.
-Ah... Então porque...?
-Estava no testamento.
-Testamento...? Eu não estou conseguindo pegar alguma coisa...
Silêncio no entardecer.
-Bem, você devia conversar com o se irmão...- sugeriu Paulo- quem sabe.
-Não.
-Não?
-É.
-É o que?
-Não.
-Droga! Da para me dizer o que está acontecendo?- explodiu Paulo, sem ira.
-Não é possível conversar com o meu irmão.
Não ainda.
-Uhn... Ele é daqueles autoritários.
-Não sei.
-Então, porque...?
-Porque ele está morto.
Paulo estancou por um segundo muito rápido, em que jurou que era um idiota e que deveria ter percebido. Bem, Liar não ajudava. Era uma parede de sentimentos inexpressivos. Inexpressivos demais, o bastante para se ter uma boa idéia deles, calcularia uma mente mais atenta.
-Desculpe.
-Não.
-Não desculpa...?
-Não precisa se desculpar.
-Ah...
-....
-Mesmo assim, deveria ser um sujeito legal, seu irmão...
Paulo estancou novamente.
-Ela não deveria estar ali.- disse para si mesmo.
Já era possível descobrir para onde a menina os tinha abandonado. Paulo descobriu que poderia ser um abandono permanente.
-Juliana! Saia daí!!- correu, explodindo o mais rápido que pode. Era grande e lento, nunca seria rápido o bastante, não nesse momento.
Juliana pós se a procurar, sem entender o chamado estridente. Sentada a pouco, olhando para o chão dos próprios pés, sentindo falta do trem que traria seus “verdadeiros” amigos, não conseguia identificar a voz de alerta que lhe corria ao encontro, ainda infinitamente distante.
Levantou-se um tanto consternada, tentando entender o próximo grito.
-É O SALGUEIRO-LUTADOR!!
Sim, era. E poderia ser também tarde demais.
Juliana demorou a entender. Seu pensamento processava o que e qual era a função de um salgueiro que lutava, procurando em volta. Já ouvira isso antes, alertava alguém em sua cabeça. Mas, só pode ser uma espécie varia de salgueiro. Calma, passiva e inanimada, como se espera de qualquer árvore. Pelo menos uma árvore que tenha a decência de ser-lo.
Atrás da menina, os poderosos galhos despertavam com a algazarra.
Em lenta resposta à sombra que se movia sorrateiramente com o vento, Juliana virava lentamente encima de seus pés, achando o comportamento natural que só esperava em um daqueles filmes “B” de terror interiorano. Bem, eles estavam no interior.
-Sal...gueiro... lutador...?
Seria rápido, ameaçava o enorme galho que à instantes arrancaria em sua direção.
-Juliana!- Paulo não queria ver, mas forçou-se a um olhar aberto.
Algo roçou em seu ombro, avançando numa velocidade que não se esperaria de uma bala.
-O que!?
O galho desceu, errando ao chão diretamente. Juliana caia ao lado, com o braço direito doendo uma absurdo entre o outro. Ao lado, espalhando a cuidadosa prataria, a cesta voltava do impacto animada para uma próxima jogada.
Paulo virou-se para encontrar Liar passando-o veloz, varinha em riste, guiando com seus dedos o cesta que galopava o ar, procurando atenção.
O lutador deixou-se persuadir, erigindo seus esforços para falhar na captura da cesta corajosa. Não sabia quanto tempo poderia-se enganar.
Paulo tinha que fazer alguma coisa. Voltou a correr, procurando desesperadamente a varinha entre as roupas.
“Achei!” vacilou seus dedos, derramando a varinha que o pé chutava mais a frente. “Droga! Como sou burro!”.
A arma avançara mais que o outro garoto, agora quase entrando na galhada zona de combate.
“Eu tenho que ir! Eu tenho que fazer isso! É assim que tem de ser!” deixou-se determinar herói mais uma vez.
Jogou-se à frente de Liar, pelo chão, erguendo o braço esquerdo, temendo uma represália natural. Alcançou a varinha, firmou-a entre os dedos.
O que faria? O que usaria? Qual feitiço, vamos, qual feitiço?
-PETRIFICUS TOTALUS!
Tudo pareceu paralisar por algum instante. Puro engano da esperança.
-Droga!- rolou Paulo para o lado, escapando de um soco engatilhado por três galhos, empurrado pela cesta que lhe salvava a direção.
Liar sentia passos rápidos se aproximar.
Paulo olhou para a menina dolorosa ao chão. “Preciso tirar ela daí, preciso tirar ela... preciso...”. Era uma idéia.
-ACCIO JULIANA!
Juliana sentiu-se puxar pelo umbigo, capotando sobre si mesma, rolando a consciência pelo chão.
“Funcionou!”.
Sim, havia funciona, chamando ainda mais atenção.
O salgueiro não parecia disposto a deixar essa pessoa específica que era Juliana incomoda-lo mais alguma vez em toda uma hipotética existência temporal.
Quase perdendo a presa à margem de sua mira, comandou galhos mais finos atirar-se como estacas, destruindo a cesta que Liar trazia num suplício fraco detê-la.
Paulo firmava o pulso, tentando intensificar o chamado urgente. Sentia a derrota invadir seu peito inseguro. Não era mais possível, falhara outra vez... Não podia... Não mais!
Um galho sortudo escapou ao nó que Liar tentava aplicar a todo o corpo, num desesperado sucesso ínfimo, engasgando na roupa da menina, que Paulo tentava com todo o esforço continuar a rodar.
Logo tudo estaria perdido, perdeu Paulo.
-Liar! Faça alguma coisa!!- gritou, sem esperança de evitar a mais trágica das escolhas.
Algo ascendeu em Liar, sua varinha faiscou estridente, soltando luz para as direções desgovernadas que apontava enquanto corria.
Paulo viu o garoto cruzar seus pés diante de seus olhos.
“Não! O que ele vai fazer!? O que...”
-Liar! Não!
Era inevitável, sabia.
Bem, o exagero ás vezes pode ser uma das maiores virtudes.
“Era eu quem deveria fazer isso”.
Com um ruído surdo, o ar secou estalando para todos os lados.
Paulo sentiu-se pressionado pelo chão, contra o chão, preso pelo céu noturno. Não entendia. Tudo o que via era Liar desaparecer para o lado, empurrado por um outro estalo forte.
As estacas retorceram e explodiram ao trombar com a labareda de uma sombra congelada
Com outro movimento, Juliana também era atirada para trás, aterrissando perto de Liar, mantendo-se, assim como o garoto, relaxada e aparentemente inconsciente e inflexível, a alguns centímetros perto do gramado.
Paulo sabia que nunca mais veria algo tão impressionante quanto aquilo. Talvez não pretendesse, realmente.
Tentou se levantar, ainda preso por si mesmo, procurando uma resposta. Poder assim, calculou erroneamente, tinha certeza de que só duas pessoas deveriam possuir. Descartando uma possibilidade mais sombria e, sabia que era um devaneio, impossível, agora levantava-se para saudar o diretor, o homem a quem aquele-que-não-deve-ser-nomeado sempre temeu.
Estava errado, surpreendidamente errado.
A silhueta negra acusadora de Severo Snape, professor Severo Snape, emergia do contraste com o morto por do sol, o homem a quem “ele” - uma fusão das duas hipóteses anteriores - sempre confiou.










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