Capítulo 4 – Pânico e Plano
Por mais desesperador que fosse Natalie ter sumido, isso não era o pior. A Marca Negra jazia reluzente no céu estrelado. Como isso era possível se Voldemort já havia sido destruído? Para todos isso só podia significar uma coisa: Voldemort estava de volta.
Ninguém sabia explicar bem o que tinha acontecido naqueles poucos segundos. E ninguém conseguia consolar Hermione pelo seqüestro de Natalie.
O ano virou e ninguém pareceu se importar com isso. A maioria dos convidados foi embora logo depois do susto. Talvez por medo do que poderia acontecer depois...talvez...talvez não: com certeza todos os convidados que haviam ido embora o fizeram com medo da Marca Negra, que demorou bem uns 40 minutos para se apagar. Os mais próximos, tais como Dumbledore, McGonagall e Hagrid ficaram até mais tarde para apoiar a família.
- O que será que vai acontecer com a minha filhinha? – soluçava Hermione de tanto chorar. – por que ela? Porque?
- Calma Mi-mi – falou Rony tentando consola-la. – ela vai ficar bem. – ele mesmo parecia inconsolável. A criança não tinha nem um mês ainda. Não era forte o suficiente para agüentar qualquer besteirinha que fosse.
A Sra. Weasley estava congelada. Parecia que o susto havia realmente feito efeito, porque ela estava pálida e nem sequer saia do lugar. O Sr. Weasley a abraçava, também numa tentativa frustrada de consolo.
Harry não sabia o que sentir, não sabia o que pensar, não sabia como agir. Só sabia que tinha que fazer alguma coisa. De um certo modo sentia-se culpado. Ele era o padrinho e o pior: ele era especialista em Defesa Contra as Artes das Trevas. Ele. Ele era Harry Potter, que já havia derrotado Voldemort no mínimo umas sete vezes. Como isso pudera acontecer assim, debaixo do seu nariz, sem mais nem menos, de uma hora pra outra? Tinha de haver uma explicação...mas qual? Harry não conseguia chegar a uma solução.
O clima na casa estava indescritivelmente tenso. Todos se consolando e pensando em um jeito de ao menos tomar uma iniciativa. Já era quase de manhã quando alguém se pronunciou:
- Agente precisa procurar a Natalie – disse Rony.
- Mas como? – quis saber Gina.
- Não sei. Só sei que eu não posso deixar que eles levem a minha filha assim sem mais nem menos. Precisamos pensar em um plano.
- É. O Ron tem razão – disse Hermione levantando-se e ajoelhando-se no tapete em frente à mesinha de centro. Conjurou um papel e falou: - quais as pistas?
- Bom...havia a marca de você-sabe-quem...e...ele não existe mais, então...eu não sei o que isso quer dizer – concluiu Rony confuso.
- Eu sei uma pista. – anunciou Harry e todos olharam para ele surpresos e ansiosos – a voz era de uma mulher.
- É verdade – concordou a Sra. Weasley – eu estava mais próxima dela e ouvi. A voz era fina de mais para ser a de um homem.
- Exato. Quem poderia ser? Vamos...já eliminamos 90% dos suspeitos. O Lorde das Trevas não tinha muitas mulheres ao seu redor. – falou Harry tentando induzir todos ao nome que tinha em mente.
- É...quem poderia...? – pensou Rony em voz alta
- Eu sei em quem o Harry está pensando – disse Hermione pondo-se de pé de uma só vez. – só pode ter sido a Belatrix Lestrange.
- O que? – exclamou o Sr. Weasley
- É claro. Não percebem como tudo indica que foi ela? Ela era a única mulher comensal, e era muito fiel a Voldemort. Provavelmente até hoje não se conforma com o fim definitivo de seu senhor. – explicou Harry.
- E o que a Nati tem a ver com isso? – perguntou o Sr. Weasley sem entender.
- É exatamente o que estou me perguntando – disse Harry tornando a ficar reflexivo.
- Bom, não posso me demorar mais – anunciou Dumbledore que havia ficado até mais tarde. Até então ele não tinha dado uma única palavra. Apenas tinha observado tudo muito distantemente, como se tirasse suas próprias conclusões e não as quisesse compartilhar por incerteza. – Harry, será que você poderia me acompanhar até o portão da frente?
- Claro, professor – respondeu o “garoto” sem prestar muita atenção.
Dumbledore e Harry saíram e andaram em silencio até o portão da frente. Quando por fim Dumbledore se encontrava um passo a fora da propriedade e Harry um passo a dentro, o professor questionou:
- Harry, você tem pesquisado sobre priore e marjorie encantaten? – de repente Harry lembrou-se disso como se tivessem jogado um balde de gelo sobre a sua cabeça. Ele havia esquecido completamente.
- Não. Me desculpe, eu esqueci. Foi tanta coisa pra eu fazer essa semana que...acabei me esquecendo. – falou ele envergonhado.
- Não tem problema. Mas assim que puder, faça isso. Pode ser muito importante para resolver toda essa confusão. Te vejo daqui a alguns dias em Hogwarts. – e dizendo isso desaparatou sem nem ao menos dar a Harry uma chance de perguntar o que aquilo queria dizer.
Harry passou o resto do domingo na casa dos Weasley, só foi desaparatar lá por volta das sete da noite, quando já não estava mais suportando a tensão.
A primeira coisa que fez quando chegou a Hogwarts foi se dirigir à biblioteca. Tirou todos os livros de feitiços que encontrou, desde Aprenda a enfeitiçar pessoas com uma varinha torta (o que teria sido muito útil a Rony quando eles estavam no segundo ano) a Encantamentos muy peligrosos.
Passou quase duas horas pesquisando e achou pouquíssimas coisas. Alguns diziam o que ele já sabia sobre o priore encantanten:
“O priore encantaten se refere ao encontro de duas varinhas irmãs, e é muito raro de se acontecer. Se o dono de uma (ou das duas) varinhas tiver horcruxes, é possível que suas vítimas ressurjam.”
Harry já estava quase desistindo, e sabia que precisava descansar, porque no outro dia daria aula para a turma do quinto ano nos dois primeiros períodos. Foi aí que ele teve um estalo: ainda não procurara na seção restrita. Lembrou-se que no seu primeiro ano entrara lá sem permissão, mas agora não precisaria mais usar a capa da invisibilidade como fez quando tinha onze anos; era professor agora.
Então assim fez. Entrou na seção restrita e procurou todos os livros que se referiam a encantamentos ou feitiços. “Aposto que aqui tem coisa muito mais útil” – pensou consigo mesmo. E não estava errado. Encontrou três livros que lhe foram muito úteis. Um falava mais a respeito do priore encantaten, outro citava o marjorie encantaten, enquanto que o terceiro aprofundava-se bastante no segundo encantamento:
“O marjorie encantaten é um encantamento que exige a varinha e sangue do inimigo, mais o sangue de uma parente distante de um servo fiel, mais o sangue do mesmo servo fiel e ainda da varinha da pessoa que se quer ressuscitar e deve ser feito em lua cheia.. Através desse encantamento poderosíssimo é possível fazer com que alguém que foi morto pelo priore encantaten ressurja. A pessoa que ressurge de um marjorie encantaten torna-se imortal se mantiver uma alimentação a base de sangue de unicórnio, mas, como já é sabido, os unicórnios são criaturas puríssimas, e mata-los é um crime terrível, ao ponto de conceder á pessoa que bebe seu sangue uma semivida, ou seja, uma vida amaldiçoada”.
“Isso não seria um problema para Voldemort. Ele já fez isso uma vez, porque não faria de novo?” – pensou Harry – então é isso. A Belatrix Lestrange quer a Natalie para me atrair, para então...
- O que você disse, Potter?
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