Tudo o que passou



(2 dias para o baile)

Draco levou a coruja até uma das janelas e ela levantou vôo. Ele continuou ali, observando toda aquela imensidão azul. Da cor dos olhos dela.

-Granulados azuis...

Draco se lembrara do apelido que pusera em Ginny. Era realmente engraçado, tentava imaginar seu próprio rosto enquanto à chamava de apelidos ridículos, mas carinhoso.

-É azul, a cor de seus olhos. Azul, da cor do céu claro de todas as manhãs!
Azul do mais límpido mar, do olhar mais lindo , ou seja o dela. – ele murmurou, se lembrando daquelas idiotices que ele falava para ela.

Por mais estúpido e idiota que parecesse, ele não ligava, gostava de tratá-la assim, de forma idiota e estúpida. Era uma sensação maravilhosa, falar aquelas idiotices para ela. Pois, ela sorria.

Agora ele podia ver. Não havia crescido, não havia sido infantil, não estivera louco, não fora idiotice... Fora simplesmente, uma mistura de coisas boas.

Precisava falar com ela rápido. Pedir desculpas, pedir que o perdoasse. Acabara de descobrir que naquele dia, na enfermaria, ele não deixara Ginny e sua infância para trás, ele deixava a ruiva e um pedaço dele mesmo.

-Ginny...

Draco saiu correndo, novamente, de dentro do corujal e desceu as escadas em disparada, olhos para os lados, nenhum sinal dela. Então foi na direção da ponte, com certeza ela estava no castelo. Nossa, Draco estava péssimo em adivinhações.

Lá estava ela, encostada em uma das pilastras, olhando na direção do castelo, de forma que o loiro não fosse visto, sozinha.

Ele parou. Chegaria para ela e... Bem, ele não sabia o que iria falar.
Então começou a caminhar, na direção da ruiva. Seu coração batia rápido e seus olhos ardiam, sua boca ficara seca e suas mãos ficaram geladas. O corpo ficou trêmulo, e a expressão normal ficou instável. Caminhou um pouco mais, e sentiu que a cada passo que dava, parecia que Ginevra se afastava mais ainda dele. Fechou os olhos com força e continuou caminhando. Quando voltou a abrir os olhos, ela estava à alguns centímetros. De costas, sem vê-lo.

Os cabelos ruivos tão próximos o faziam querer agarrá-la ali mesmo. O cheiro dela o envolvendo e a pele alva o chamando para mais perto.
A blusa branca como a pele, grudada ao corpo, só não estava tão impecável como normalmente. Estava meio amassada. A saia, como sempre, curta e cheia de pregas.

Como se fosse algo o perseguindo, o vento que à minutos antes brincava com seus cabelos no corujal, agora se arrastava por entre eles, fazendo ondular os cabelos ruivos e os loiros, fazendo se encostarem levemente. Draco sorriu.

O mesmo vento fez a saia dela ondular junto ao seu cabelo, fazendo com que um dos lados de Draco sentisse uma imensa vontade de dar uma ajuda ao vento e levantar logo a saia dela e... Já o outro lado dele sabia que ele deveria pedir desculpas.

-Ginny.

-Ãhn?! – ela se virou assustada.

-Desculpa, eu não queria te assustar...

-Tudo bem, esquece. –ela se virou novamente.

Draco ficou à observando sem se mover do lugar. Seria um pouco mais complicado do que imaginou. Quando à viu ali, ele pensou que simplesmente chegaria até ela e lhe daria um beijo na boca e ta tudo bem... Mas quando estava perto dela, ele ficou sem reação.

-Você está esperando alguém?

Ginny se virou e o encarou séria.

-Estou.

-Quem...? Quero dizer... Pode me dizer quem é?

-É o Harry, por que? –ela perguntou já se irritando.

-Eu não quero!

Draco se assustou com o que acabara de berrar.

-O que você não quer?!

-Sei lá, Gi! Por que não me pergunta o que eu quero?!

-O que você quer merda?!

Draco virou o rosto, não queria olhar mais para ela. Era doloroso saber que ela o odiava. Estranho era saber que uma pessoa que um dia disse que o amava, agora gritava com ele e não ligava para o que ele queria.

Draco foi até ela e a abraçou.

-O que você acha?

-Que você está tentando me enganar de novo!

-É isso que você acha? Que eu te enganei? –ele começou a murmurar- Não.
Não pense assim de mim.

Ele afastou o rosto dela, e se inclinou um pouco, como se fosse beijá-la, mas ao invés disso, somente encostou sua testa à dela. Depois segurou suas mãos, num toque delicado. O loiro acariciou a mão dela, fazendo à menina olhar dentro de seus olhos. Não tinha mais aquele olhar intrigado e infantil.

Ela tinha um olhar febril e sedutor. Ela não era mais uma menina e Draco não conseguia encarar que sua pequena crescera mais rápido que ele mesmo.

-Não sabe o que eu quero?

Ele soltou a mão dela, e de leve, os dedos no rosto dela. Ela fechou os olhos, como se estivesse se entregando ao momento, ao toque, àquela pequena carícia dele. Mas logo abriu os olhos e o encarou.

-Não, Draco. Isso tudo foi um grande engano. Você tem que entender...

-Entender o que...?

Ginny se afastou dele e Draco pôde ver que ela tinha lágrimas nos olhos.

-Que eu gosto sim! Eu adoro te sentir, tocar você! Gosto quando você toca em mim, gosto quando me beija e adoro quando você fala bobagens para mim! Adoro te provocar e ver como você fica todo cheio de si, achando que está arrasando, ou ficando ‘animado’... Adoro olhar para você e saber que já te beijei, e que talvez possa beijá-lo de novo...

-Então, o que...?

-Eu não amo você! Eu amo meu namorado!

-Gi...

De repente, Draco ouviu sons de passos pelo chão da ponte. Ginny sorriu de repente e o loiro se virou, para deparar-se com Harry.

-O que houve? Você está bem? –ele perguntou à ruiva.

-Claro que estou bem, Harry. Vamos, eu queria assistir minhas aulas, tah
bom?

Os dois saíram da ponte abraçados e Draco ficou lá, parado. Querendo socar Harry e agarrar Ginny se atirando, logo depois, junto à ela por aquele abismo cortado pela ponte.

-Você gosta, não é? –ele berrou para que ela ouvisse.

Ginny, que continuava a andar pela ponte ao lado de Harry, se virou para o loiro e o olhou irritada, mas logo voltar a olhar para frente e continuou andando com o namorado.

-Você gosta não é? Gosta quando eu encosto em você... É, você se arrepia toda! E quando eu te beijo. Você treme. Eu sinto você tremer. Se derrete toda, quando encosta em mim. É por isso que você deixa eu te agarrar! Por que você gosta!

Harry, que já estava com sua paciência mais do que esgotada. Largou o braço de Ginny e olhou aborrecido para a ruiva, como se a culpa do que estava acontecendo fosse dela.
Draco perdeu a cor de seu rosto quando percebeu que levaria outro soco do Potter. Mas ao invés de fugir ou gritar, ou até mesmo ir para cima de Harry, ele tentou tirar a varinha do bolso. O que de nada adiantou, pois Harry o socara no meio do nariz.

-Você é tão babaca a ponto de não saber brigar com varinhas? –Draco caçoou.

Sem pensar duas vezes, Draco acertou um soco na cara de Harry também.
Harry parecia assustado com a reação do loiro, normalmente Draco sairia correndo e gritando pela escola. Mas já que Malfoy revidara, ele não iria sair na pior. Acertou o queixo de Draco, que virou o rosto numa velocidade tão rápida que assustou Ginny.

-Parem! Agora!

Draco e Harry continuaram a se socar. Neste momento, Draco acertava um outro soco na boca do estômago de Harry. Quando Harry se encolheu abraçando a barriga, Draco empunhou a varinha e a apontou para o moreno. Assim que Potter voltou a ficar de reto, viu a varinha apontada para o seu rosto.

Malfoy deu alguns passos na direção de Harry e pressionou a ponta da varinha contra o pescoço de Harry. Ginny continuava a berrar desesperada para que eles parassem.

Draco estava tão concentrado em lançar um feitiço no moreno que demorou um pouco para ouvir e atender o pedido da ruiva. O loiro abaixou a varinha, à apontando para o chão.

–Você é um idiota. E você... Olha Ginny, me esqueça. Esqueça tudo o que já se passou. Finja que eu nunca existi.

Ele deu as costas à ruiva e continuou andando em direção do castelo, enquanto ouvia Harry e Ginny berrarem um com o outro. Coisas como: ‘Do que ele estava falando?’ e ‘Deveria confiar em mim!’ Tudo aquilo estava se tornando uma torturante experiência.

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