Sentimentos maduros
(3 dias para o baile)
Draco finalmente conseguira tirar Ginny de seus pensamentos. Estava caminhando pelos jardins ao lado de Pansy e as outras garotas que fizeram à maldita aposta.
-Então é isso? Você se cansou de ficar correndo atrás da Weasley feito um idiota?
-Será que não deu para notar que sim? Aliás, esta brincadeira já estava virando loucura! Vocês conseguiram dar um nó na minha mente...
Pansy bufou indignada, e parou de frente à ele. Ela o encarava indignada e Draco ficou assustado com a reação da garota.
-Vamos, Draco. Confesse!
-Confessar? O que?
-Quer mesmo que eu diga na frente das garotas...?
Draco fez menção de abrir a boca, mas antes que ele pudesse falar qualquer coisa, Pansy apontou para a porta do castelo e as garotas seguiram para lá como se fossem cachorrinhos adestrados.
A morena continuava à encará-lo com raiva. Draco não estava entendendo nada do que aquilo tudo queria dizer...
-Qual é a tua, hein?! Você tinha tudo para ficar com ela, seu idiota! Ela te adora, faria qualquer coisa que você mandasse! Se você mandasse ela se matar no lago, ela se mataria! Por que desistiu???
-Olha aqui, Pansy! Acho que já estou um pouco grandinho para ficar com essa besteira de aposta e brincadeirinhas de “ohh, estou apaixonado” e “Nossa! Eu amo uma Weasley!” Não vê que isso é impossível? Cresça um pouco Pansy, isso foi só uma idiotice!
Ele se desviou dela e continuou caminhando. A cabeça rodando à mil, coisa que ela fazia muito à quase duas semanas.
-Com quem você vai ao baile?
Pansy insistiu em acompanhar o loiro e começou a caminhar ao lado dele, enquanto brincava com os próprios dedos.
-Não sei, talvez eu nem vá, aliás vou sair de Hogwarts. É meu último ano...
-Não é o último ano dela...
Draco fingiu que não ouviu nada do que a garota lhe dissera e continuou a caminhar com o nariz empinado e a cabeça erguida.
-Vou começar a seguir a pessoa que eu quero...
-Você realmente quer segui-lo...?
O olhar de Draco agora caia para o chão, mas ele continuava fingindo que não ouvia nada do que a garota dizia, se dependesse dele, ele costuraria a boca dela naquele mesmo instante.
-Vou ter minha vida, com meus amigos...
-Quem é você?
Draco parou de caminhar e se virou na direção dela, à olhou irritado e assim ficou durante alguns minutos. Começou a pensar que se Pansy o perguntasse novamente quem ele era, ele ficaria mudo novamente, pois ele se lembrava bem que nem ele mesmo se conhecia.
-Você não é o Draco Malfoy que eu conheço! Sabe por que? Por que o
Draco Malfoy que eu conheço nunca desistiria de uma coisa tão fácil. Ele era
muito teimoso. E mesmo que não fosse para conseguir o que queria, ele insistiria nela, para poder provar para todo mundo que conseguiu mais um troféu!
Pansy deu às costas ao loiro e começou a caminhar em direção ao castelo. Um caminhar decepcionado, acompanhado de acenos negativos com a cabeça.
-Eu não preciso provar nada! Você sabe que não preciso!
-Então prove para você mesmo que não ama ela! Prove para ela que ela que não é louca por você! Prova para mim que não me pediu ajuda quando precisou por que se sentiu totalmente confuso quando descobriu que a sua paixão estava te machucando.
-Eu não preciso provar nada...!
-Precisa poder enxergar que essa sua pose de adulto é uma mentira!
Inventada para esconder essa loucura que você retribui à ela! E sabe o que me deixa com raiva, Draco? É que você não dá ouvidos para o que eu falo! Você não sabe o que é gostar de alguém? Eu sei! Então enfia uma coisa nessa sua cabeça platinada! Você ama ela com todas as suas forças!
Draco à encarava incrédulo. Ela não podia estar falando sério. Ela não podia saber o que se passava dentro dele. E não sabia, pois nada do que ela falará fora verdade. E ele tinha certeza. Ele sabia exatamente que aquilo tudo era uma loucura que Pansy tirara de um livro de romance qualquer.
-Eu não amo ela! Eu não tenho um estoque de amor guardado em mim, como você acha! Eu nem sei o que é amor! Soa até ridículo na minha voz!
Será que você não consegue ver que isto tudo é mentira? Está se enganando e tentando me enganar!
Pansy se aproximou dele e começou a sussurrar com os dentes cerrados, de forma tão séria que até assustou Draco.
-Sabe. Você sente ela antes de tocá-la, quando está à alguns centímetros...
Draco sentiu-se levado por uma onda de lembraças torturosas em sua mente. Lembranças que ele tinha medo que pudessem fazê-lo chorar.
Lembranças de antes. Antes de deixar Ginny e suas próprias idéias “infantis” dentro daquela ala hospitalar, no pior dia de sua vida.
Sua cabeça rodava confusa e ele só conseguia entender as lembranças de algumas palavras dela.
“Eu rosto, seu sorriso, seu corpo. Risadas. Rosto arteiros e mãos pequenas.
Carinhos e desejos. Ternura e Tentação. Sensual, angelical.”
-Não sente ela nos outros...
“Estava à beijar Lass. Mas não sentia Ginny. Queria beijar Lass e sentir Ginny. Sentir Ginny e beijar Ginny. Abraçá-la. E beijá-la de novo. Que falta de seus lábios...”
-Não confunde ela...
“Ginny, tinha certeza. Boca, era à dela. Um sorriso, era o dela. E qualquer amor era o dela. Calor dentro de si mesmo, era ela. Ela estava lá.”
-E você não acredita!
Draco sacudiu a cabeça como se quisesse esquecer de tudo o que passará ao lado e Ginny.
-Não sinto nada por ela... Foi só uma besteira de criança. –uma pausa- Impressionante como eu cresci de um dia para o outro.
-Você não cresceu Draco. Parece até que você regrediu!
Pansy deu às costas ao loiro e começou a caminhar para o castelo. Agora parecia definitivo. Ela o odiava e não estava fazendo parecer que voltaria para ajudá-lo.
Pansy o odiava. Ginny o odiava. As garotas, amigas de Pansy o odiavam. Ele mesmo se odiava. Toda a escala odiava ele. Seus pais tinham este mesmo sentimento por ele. Não... sua mãe, talvez ela... Custava caro tentar?
Draco correu. Tinha que ir at´o corujal imediatamente, precisava mandar uma carta para a sua mãe. Urgentemente.
Quando passou correndo pela ponte que ligava o castelo ao corujal, ele esbarrou em alguém que ele preferia nem ter visto.
-Ah, Malfoy. Era você mesmo que eu estava querendo ver hoje!
Potter que parecia estar soltando fogo pelas ventas se virou na direção de Draco e lhe segurou pelas vestes. Fazendo Draco o olhar assustado.
-O que???
Draco não teve tempo de raciocinar direito, em um minuto ele estava correndo, no outro minuto ele estava parado e no minuto seguinte, ele acabara de ganhar um soco na cara.
-O que eu fiz...?
Draco, que havia cambaleado um pouco para trás, agora avançava para cima de Harry, furioso. Mas antes que ele pudesse fazer qualquer coisa. Harry se pôs a falar.
-É por causa daquilo que você fez com a Ginny! Ela pediu para não fazer nada... Mas aproveitando a ocasião de te ver desprotegido, eu tive necessidade de te socar... Mas, eu não preciso te dar explicações!
Potter saiu andando em direção ao castelo, como Pansy fizera com Draco, e ele ficou parado ali com o nariz sangrando e sua cabeça doendo.
-Idiota...
Draco se assustou com a própria reação, normalmente, ele iria sair correndo ou até mesmo devolveria o soco em Harry. Mas ao contrário do esperado, ele simplesmente ficou parado, com o sangue caindo sobre seus lábios e a mente pairando na imagem da queimadura de Ginny. Já fizera besteira demais, seria melhor continuar seu rumo em direção ao corujal.
Quando acabara de subir os últimos degraus do corujal, ele pegou um pergaminho dentro da mochila que ele havia levado e se sentou na escada para escrever uma carta para a sua mãe.
“Narcisa,
Tenho certeza que você está tão desconfortável em receber está carta quanto eu estou desconfortável em mandá-la para você. Aconteceu uma coisa esquisita, e não quero que meu pai fique sabendo sobre isso. Eu fiz uma aposta com algumas garotas, e era o seguinte: Eu tinha uma convidar: UMA garota, e levá-la ao baile entre casas rivais. Mas aconteceram coisas que me fizeram uma coisa estranha. Não sei mais o que está acontecendo, não faço idéia de nada mesmo. A Pansy me disse que eu estou apaixonado. Sei que vai parecer loucura, mas é pela Weasley. A única garotaWeasley. É tudo muito estranho. Preciso da sua ajuda....
Até.
Draco Malfoy”
Draco se levantou do degrau e o vento da manhã bateu em seus cabelos os jogando levemente para trás. Ele dobrou o pergaminho e começou a caminhar para dentro do corujal.
-Vá embora, Pichí! –uma voz, que já era bem baixa, murmurava- Sai daqui!
Vai embora!
-Não faça isso! Um dia meu pai me contou, que o chefe dele expulsou uma coruja anão do escritório dele e algumas horas depois ela voltou do tamanha de um dragão e destruiu tudo!
-Meus pêsames para o chefe de seu pai, tudo bem? –Ginny sorriu irônica.
-Tudo bem! Ele já conseguiu se livrar das noites sem sono por medo de dragões.
Draco entrou pelo corujal e deu de cara com Luna Lovegood e Ela conversando, enquanto Ela fazia carinho numa coruja tão pequena que quase cabia na palma de sua mão. Ele continuou caminhando em direção à uma coruja das neves que estava sossegada em seu cantinho, enquanto observava, não tanto quanto Draco, Luna e Ginny conversarem e ‘se resolverem’ com a corujinha.
-Vamos embora! –Ginny falou risonha.
O riso dela cessou quando ela viu que Draco estava ali, à observando. Ela o encarou por muito tempo, ele continuava à encará-la. A ruiva não sorria e ele muito menos. Ambos calados, se acompanhando com o olhar.
-Acho que ele vai dizer sim. Ninguém resiste à uma Weasley! –Ginny implicou indiretamente com o garoto. Enquanto este continuava a acompanhá-la com o olhar.
Quando à encarou direito, pôde vê-la como se lembrava de tê-la conhecido. Os cabelos ruivos presos num rabo-de-cavalo, os olhos azuis faiscando, a saia, como sempre curta demais e a blusa solta por fora das roupas. A Ginny por quem ele se apaixonara, mesmo que sendo improvável. Era ela.
Mas não parecia ser a menininha Weasley que gostava de encantar e seduzir garotos e depois fazê-los se desmancharem em lágrimas por cause de um belo par de chifres. Tinha um ar determinado e sério. Mesmo com aquela pontada de sarcasmo na voz. Ginny havia crescido mais de um dia para o outro do que Draco. Ela parecia mais atenta, mais lúcida, mais mulher e provocante do que realmente era. Parecia cada vez mais Ginny. E ele, apenas um falso Malfoy.
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