Sem dizer adeus



Ele abriu os olhos, calmo e ainda sonolento. Pelo jeito, parecia que havia dormido por horas, o que, depois, ele descobriu que fora a mais pura verdade. A luz agora era fraca, bem mais fraca do que ele sem lembrava.

Era agradável estar ali, lembrou-se de como fora bom deitar-se ali. Mas, agora era diferente, não era tão quente como era antes, a cama agora estava fria, sem o conforto que ele tivera.
Lembrou-se então que havia ido dormir com uma ruiva ao seu lado, e reparou que agora, a cama só era ocupada por ele.

-Ginny? – ele murmurou.

Olhou em volta, a enfermaria vazia, a não ser pelas camas, também vazias. Sentiu uma enorme raiva crescendo dentro dele. Por que ela não ficou? Por que ela foi embora sem se despedir?

Tirou as cobertas de cima de seu corpo e ficou de pé ao lado da cama. Não demorou muito à perceber que a poção o deixara atordoado, pois sua cabeça rodou e ele caiu fortemente no chão.
Manteve os olhos fechados, o corpo quente fazendo contato com o chão frio da enfermaria. O corpo estirado no chão.

-Senhor Malfoy, o que você está fazendo aí?

A voz de Madame Pomfrey ecoou irritantemente no seu ouvido e ele abriu os olhos. Deu de cara com a enfermeira o encarando espantada.

-Estou vendo se é mais macio que a cama!

Draco não estava muito paciente para responder calmamente a pergunta dela. O que ela achava? Que ele havia se jogado no chão???

-Onde está a Weasley? – ele perguntou tentando disfarçar o interesse.

-Ela disse que você pediu para trocar de cama com ela por que a sua ficava
debaixo da janela, te falou algumas coisas que eu não ouvi, e tenho certeza que você também não, pois estava dormindo, e depois foi embora. Mais alguma coisa?

Ele sentiu uma pontada de curiosidade em saber o que Ginny havia falado para ele enquanto ele dormia profundamente.

-Tem certeza que não ouviu nada?

-Tenho. Agora vá embora! Tenho muitas coisas à fazer...

Draco deu às costas à enfermeira e saiu da ala hospitalar, ainda pensando no que Ginny lhe dissera enquanto dormia. Será que ela sabia que ele não podia ouvi-la? É claro que sabia, ou ela não teria nem aberto a boca.

Saiu correndo pelo castelo, à procura de Ginny. Como em muitas outras vezes. Mas, pelo menos desta vez, ele não à achou. Já estava voltando para a sala comunal enquanto a sua cabeça rodava à mil por hora.

“Realmente é difícil pensar que eu dormi ao lado dela, junto à ela... abraçados!”

Aquilo era uma experiência nova para ele, nunca fora assim, com ninguém, em lugar nenhum. Nem naquele conforto quente e aconchegante que ela lhe passou naquele dia. Nunca havia gostado tanto de uma garota do jeito que ele estava gostando de Ginny.

-Draco! Draco! Eu preciso falar com você!

Uma voz, que Draco conhecia muito bem soou em todo o corredor e parecia que iria soar naquelas masmorras para o resto de sua vida. Como se o condenasse a ouvir aquelas palavras sempre que se lembrasse de Ginny.

-O que você quer, Lass?

-Eu vim só te avisar que você perdeu a aposta.

-O que...? Do que você está falando?

-A Weasley nunca vai aceitar ir ao baile com você. E se ela aceitar, sinto lhe dizer, mas o namorado dela vai dar um ataque!

Seu estômago gelou, sua cabeça rodou, seus olhos congelaram e a única coisa que ele conseguia ouvir era a voz irritante de Lass lhe dizendo que

Ginny tinha um namorado.

Aquilo era impossível, a algumas horas, ele estava ao lado dela. Eles haviam se beijado, haviam dormido juntos! (mesmo que Draco não tivesse consciência do que acontecera durante seu sono). Ela não podia estar namorando!!!

-Quem é o namorado dela?

-Até parece que você não sabe, Draco! A galinha Weasley conseguiu o que tanto queria!

Draco já sabia exatamente de quem Lass estava falando, era óbvio demais.

-Está namorando Harry Potter?

-Bem óbvio, não? E é claro, ele nunca vai deixar ela ir ao baile com você! E duvido muito que ele deixe ela ir com qualquer sonserina!

Draco se desligou do mundo. Sentiu como se a garota que lhe aporrinhava os ouvidos não estivesse mais ali, não queria saber. Simplesmente, se sentiu a criatura mais inferior do universo, mais inferior até que um elfo doméstico imundo.

Não, ele não suportaria aquilo tudo. O mundo estava explodindo e as coisas rodavam confusas em sua cabeça. Não sabia mais de nada. Não sabia o que estava sentindo. Não sabia o que ela queria. Nem o que o idiota do Potter estava fazendo com ela agora. Por que ele e não Draco?

Não iria fazer aquilo, não podia fazer aquilo. Ou talvez fosse o correto.
Começou a correr pelos corredores, desesperado. Não!!! Ali não, que
agüentasse pelo menos até chegar na sala comunal.

Estava à alguns metros da porta da sala comunal. Conseguira entrar e agora corria em direção ao seu dormitório.

Entrou em seu dormitório, estava vazio. Chutou algumas almofadas que estava o chão, e antes de chegar até a sua cama... se jogou. Se jogou no chão e caiu com um enorme estrondo. Bateu com o lado esquerdo do rosto em um tapete que içava ao lado de sua cama.

Seus olhos transbordavam em lágrimas e sua garganta cuspia soluços roucos. Ele se contorcia no chão enquanto seus olhos continuavam a expelir lágrimas que escorregavam por suas bochechas. Então se deitou virado para o teto e ficou encarando a escuridão do quarto.

Porque tudo parecia tão confuso à ponto de fazê-lo chorar de um jeito que ele não chorava à tempos? De um jeito que ele nunca chorou.

Draco se sentou, ainda no chão e encarou tudo aquilo que estava o rodeando. O dormitório, as camas, os falsos amigos, aquela escola idiota.
Tudo isso era uma grande besteira! Mas, agora ele se lembrava o por que dele ainda não ter esquecido tudo aquilo. O poder. O poder que Lord Voldemort lhe daria quando ele se tornasse um comensal.

Havia se esquecido completamente daquilo. Não poderia ter se esquecido, disso, nunca!

O peso dentro do peito de Draco diminuiu, aliás, de nada adiantaria ter Ginny, se ele viraria um comensal e ela lhe jogaria muita coisa na cara antes de o entregar ao Potter.

Era isso! Ginny era só uma idiota que mesmo que ele à tivesse, não poderia ficar com ela. Por mais que parecesse simples eles dois ficarem juntos.

-Draco, você...?

A porta do dormitório se abriu e por ela entrou Pansy. Com suas feições preocupadas. Parecia analisar o garoto sentado no chão. Certamente ela havia reparado que Draco havia chorado. Aliás, o rosto dele ainda estava molhado e seus olhos vermelhos como os cabelos de um Weasley.

-Você estava chorando? – ela perguntou cautelosa, se aproximando dele.

-Não, eu só...

-Deixa de ser idiota! É claro que estava chorando! – ela se aproximou dele e se ajoelhou ao seu lado. – O que houve? Nunca te vi chorado.

-Quer me deixar em paz? – ele berrou, secando os olhos.

-Não! Eu não vou te deixar em paz enquanto não me dizer o que houve! Sra que é tão difícel compreender que alguém se preocupa?

Ele a encarou.

-A merda da porta está aberta. – ele murmurou.

Pansy se virou em direção à porta empunhou a varinha, lançando, logo após, um feitiço que fez com que a porta de fechasse. Novamente, ela se virou para ele, séria, e cruzou os braços.

-Fala.

-A culpa é tua.

-Minha? Eu sei lá o que eu tenho a ver com isso!

-Já esteve apaixonada?

-O que??? –ela se assustou- AHA!!! Draco você está apaixonado!

Draco corou, ficou vermelho feito um pimentão e virou o rosto na direção oposta à garota.

-E se não me engano, este seu rosto vermelho foi devidamente copiado de sua ‘amada’.

-Cala a boca, Pansy... Eu simplesmente não sei o que é. E eu não quero mais a sua ajuda, se quer saber, não está servindo para nada!

Draco se levantou do chão e puxou Pansy pelo braço, à levou até a porta.

-Pode ir embora.

-Esse é o seu problema Draco. Se já tivesse dito isso à ela, ela não estaria namorando o Potter.

Draco pareceu pensar por um momento no que a garota, ainda parada à porta, disse. Voltou os olhos para ela e sorriu.

-Como é estar apaixonado?

-Não sei... já perguntou ao Potter?

-Do que está falando???

-Quem melhor do que o cara apaixonado pela sua Weasley para lhe dizer como é estar apaixonado... por ela?

Draco à encarou mortalmente sério. Ela estava brincando, não estava?

Achava mesmo que ele ia até o Potter perguntar como era estar apaixonado por Ginny? Nem que ele tivesse um problema mental bem problemático!!!

-Quer saber se gosta dela, não é? –uma pausa- Então pergunte à alguém que tenha certeza que gosta dela! Se os sintomas forem os mesmo! Você estará doente... Se apaixonar faz mal Draco, não desejo isso à ninguém.

-Está louca?

-Draco, eu sou uma garota. Sei dessas coisas!

Pansy se virou e saiu caminhando. Deixando um Draco confuso para trás. Ele à analisou por um momento, ou ela estava realmente louca, ou ela era um gênio.

Quanto à isso, ele descobriria depois. Entrou no seu dormitório e foi para o banheiro. Precisava tomar o banho, aliás dormira o dia todo, naquela ala hospitalar imunda. Só não sabia de onde ele ia tirar um pouco de vontade de dormir. Pois a última coisa que ele poderia sentir aquela noite, era sono.

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N/A: Nossa!!! Como demorou!!! Mas chegou!!!!!!! Enrolei para fazer esse capítulo, mas fiz!!!

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