Bons Sonhos



‘-Draco, o que está fazendo aqui? – ela andava em sua direção enquanto ele a observava.

-Vim ver minha namorada, não posso?

Ele riu à abraçando.

-É claro que sim, seu bobo! Eu adoro suas visitas!

Ela lhe deu um beijo rápido e ele continuou abraçado à cintura dela.

-Sabe, quando estou com você, e tão diferente.

-Deve ser por isso que você, o meu namorado, não é o Malfoy que eu conhecia.

-O que quer dizer com isso, Ginny?

-Você está muito mudado, Draco, o amor faz isso com a gente, muda as coisas e destorce as situações.

-Acha que eu estou apaixonado por você?

Draco riu, fazendo graça com a garota enquanto roçava o seu nariz nas bochechas da ruiva. Ela sorriu e o envolveu pela nuca, fazendo com que ele abraçasse mais ainda a sua cintura.

-Eu te amo.

Ele murmurou em seu ouvido, fazendo com que os lábios roçassem levemente pela sua orelha.

-Eu também te amo, demais.

-Jura para mim?

-Jurar o que?

-Que me ama mais que tudo no mundo e que nunca me deixaria para ir
seguir qualquer outra pessoa, a não ser meus passos?

-Você é quem deveria me jurar isso.

-Jura?

-Eu juro.’

-Draco, acorda!!!

As vozes cada vez mais claras castigando seu ouvido; que o deixassem dormir! Era só isso que ele pedia, sossego, paz e...

-Draco, acorda!!! Você já deveria estar de pé!

-É Draquinho, você tem muitas coisas para fazer, além do mais, a Weasley voltou a te odiar.

Aquele monte de garotas incômodas que o haviam acordado de seu sono, agora o perturbavam para que ele levantasse; e ainda jogavam na cara dele, o que ele já sabia à séculos. Ginny o odiava.

-O que vocês querem?

Ele perguntou se espreguiçando na cama. Puxou as cobertas até seus ombros e se virou sob o cobertor.

-Nós trouxemos uma coisinha para você!

-É uma poção do amor? Uma poção que tenha a mesma utilidade de um Impérios? É a Ginny?

-Certo!!! – Pansy berrou.

Draco pulou umas três vezes na cama e parou sentado na beira da cama,
encarando aquele grupinho de garotas o observando atentamente.

-Está brincando.

-Não, não estou.

Uma garota idêntica a Ginny saiu do meio da multidão. Braços cruzados, a cara fechada, os cabelos ruivos presos, vestida com o uniforme da escola e a negra capa com o símbolo da Grifinória no peito.

-Poção Polissuco! Essa aí não tem nada a ver com a Weasley. Nem de longe parece com a original! – Draco falou com ar de desprezo.

Ginny lhe acertou um tapa na cara, que logo levou a mão até o rosto e começou a massagear sua bochecha direita, que agora estava vermelha.

-Ginny???

-É claro que sou eu!

-Bem, deixemos o casal em paz e voltemos mais tarde. Vamos meninas!

Pansy saiu do quarto e suas amigas à acompanharam dando risadinhas idiotas, para que todos ouvissem.

-O que está fazendo aqui??? Como entrou???

-Entrar foi fácil, com a ajuda daquelas loucas de pedra que são suas ‘amigas’. – Ginny demonstrou um pouco de rancor ao citar as garotas. – E eu vim aqui por que elas me convenceram de que você precisava conversar comigo. É verdade?

-Mais ou menos eu...

Draco à encarou por um certo tempo, tudo estava perfeito, ele estava ali sozinho com ela, tinha a chance de fazer o que queria a muito tempo, mas não sem antes dizer o que ele sentia.

-Que merda, Ginny! Por que garotas são tão complicadas? Seria tão fácil se elas aceitassem ficar comigo e depois irem embora sem fazer perguntas. E nunca foi assim comigo, pelo menos na maioria das vezes. O problema foi que você foi embora, simplesmente me largou como se nada tivesse acontecido e quem ficou sentindo a dor foi eu! Eu tenho saudades de você e é por isso que eu estou com olheiras. E aí, está tudo bem? Estou com olheiras por sua causa! Eu não consigo dormir e quando consigo, eu sonho com você!

Por um momento ele se calou. Falara demais, como sempre, tinha dito o que não era para dizer. Sentou-se na cama, mas logo depois se levantou. Recostou-se na parede, mas logo depois ele caminhou até ela e parou a alguns centímetros.

-Pode me dizer o que está havendo comigo? Pois se não puder,

A voz dele se tornou fraca e baixa. Uma coisa bem esquisita de se ouvir, principalmente por que todos estavam acostumados a ouvir aquela voz forte e arrastada que ele carregava por aí e ficava espalhando aos sete ventos.

Ele agora tinha lágrimas nos olhos.

Por que aquilo estava acontecendo com ele? Logo com ele??? Nunca teve uma necessidade tão grande de chorar quanto tinha agora. Queria somente que ela se sentasse na cama e o pusesse no colo, fizesse carinho nele. Até as vontades dele o assustavam, ele nunca sentira falta de carinho, e nunca quis um pouco disso. Por que queria carícias logo naquele momento? No pior que ele poderia ter? E da pessoa menos esperada.

-...você não terá utilidades se não puder, pode ir embora.

-Sabia que eu sonhei com você? – ela sorriu.

-O que???

-No meu sonho, você me beijava e eu deixava você me beijava. Por que era isso o que eu queria.

Draco à observou por um momento.

-Vá embora. Por favor.

Ele se virou e jogou-se na cama.

Um pouco antes de voltar a chorar silenciosamente, ele sentiu as mãos macias o cobrirem com os cobertores pesados e escuros. Logo depois os lábios delicados e doces tocaram de leve sua bochecha alva. Ele virou o rosto na direção oposta ao dela. Não queria nada que viesse dela.

-Já mandei ir embora.

Ela se afastou lentamente, e ficou o observando.

-Agora! – ele berrou;

A voz dele estava embargada, mas forte o bastante para fazê-la chorar junto à ele e sair correndo do dormitório. Não sem antes murmurar para o loiro:

-Bons sonhos.

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