Obsessão
Pirraça soltou uma gargalhada infame ao ver o lindo, antiqüíssimo e inestimável armário Dourado ,que Filch tão zelosamente amava, totalmente destruído no chão do segundo andar.
“UHU, ele vai ficar tão bravo comigo!”, pensou em voz alta, ao mesmo tempo em que procurava fazer uma rima infame com o ocorrido. “ Dourado com Acabado, Destruído talvez seja com...”
“PIRRAÇA, SEU DESGRAÇADO!”, ouviu o poltergeist com um sorriso malvado nos lábios brancos.
Acompanhado de sua inseparável e bizarra companheira, a famigerada Madame Nor-r-ris, vinha Filch com um instinto assassino transparecendo no olhar. “ Não é justo, NÃO É JUSTO!”, pensava ele com fúria, fazendo sua boca retorcida tremer de raiva. “ Foi um presente do antigo diretor, o desgraçado não poderia....”
“O Armário Dourado
Ficou inteiro despedaçado”, começou o quase-fantasma, com bastante animação.
“E com ele assim destruído...
O Filch estará fu....”
“ NÃO OUSE TERMINAR ESSA RIMA!”, gritou o zelador, ao que sua gata complementou com um miado. “ Pirraça, QUANDO EU PUSER MINHAS MÃOS EM VOCÊ...”
“Vai fazer carinho até eu dizer “Miau”?”, sugeriu ele, com uma nota de escárnio e rodopiou sobre as cabeças dos dois.
“ O diretor ficará sabendo disso!”, ameaçou Filch, com os olhos faiscando de ódio.
Pirraça soltou uma risada. Em primeiro lugar, ele não tinha, nem nunca tivera, medo de Dumbledore. “Basta olhar pra cara dele!”, pensou o poltergeist ainda rindo. Em segundo lugar, sabia exatamente qual era a opinião do ‘diretor’ sobre ele.
“ O Pirraça me diverte”, tinha dito Dumbledore a alguém, certo dia “ Além do quê, alguém tem que contrabalancear a carranca do Filch, não é mesmo?”
“É um serviço sujo, mas que alguém tem que fazer”, havia pensado Pirraça na hora, e continuava concordando com isso.
“Ou, melhor ainda...”, complementou Filch, fazendo o poltergeist voltar a realidade. “ Quem sabe o Barão Sangrento irá gostar de saber do seu descaso pela propriedade da escola. Sabia que o Armário Dourado foi um presente para a Sonserina, do Diretor Dippet?”
Filch tinha consciência de que era um truque deslavado, o que acabara de dar. Sabia no seu íntimo que nunca teria coragem de ir até o fantasma sonserino para relatar sobre Pirraça. “Só posso torcer para que o estúpido acredite”, pensava ele.
O que parecia dar certo, até o momento. Pirraça emudeceu na hora, e pediu encarecidamente que Filch não contasse nada para o Barão.
“ Então SUMA JÁ da minha frente e não me volte a aparecer”, gritou ele, ao que Pirraça prontamente atendeu.
Madame Nor-r-ris olhou feio para seu dono e balançou a cabeça, em desaprovação.
“Eu sei que perdi uma chance de finalmente pegar o Pirraça, minha querida”, cochichou ele, enquanto abaixava para recolher os cacos do vidro do Armário. “ Mas pense, sem Pirraça por aqui, qual é a nossa principal função?”
A gata continuou encarando seu dono, sem entender muita coisa.
Enquanto isso, no andar de cima, Pirraça suspirava aliviado. Sua face de terror rapidamente desapareceu, ao surgir em sua mente a idéia de mais uma terrível aventura conta o zelador de Hogwarts.
Pirraça esquecia das ameaças de Filch, pois é criatura de momento. E logo voltava a suas tramóias, pois sabia que o homem precisava dele.
E no fundo, sabia que ele também precisava do homem.
Pura.
Simplesmente.
Obsessão.
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