Reviravolta

Harry pensara em Hermione a aula de Adivinhação inteira, adivinhando onde ela estaria agora. Não sabia como ela ainda estava com ele, depois de todos os erros que ele havia cometido. Talvez fosse assim mesmo. Talvez eles devessem brigar e se separar, talvez eles fossem melhores sendo amigos. Talvez ela fosse muito boa para ele. Talvez...
- Harry! – Rony cutucou-o com o cotovelo e apontou com a cabeça para a professora Trelawney.
- O que, professora?
- O que o senhor está vendo na sua folha de chá, Potter?
- Eu vejo... ã...uma árvore...eu acho.
- Bom, muito bom. Significa a pureza natural. Sra. Patil...
Harry e Rony se olharem e Harry fez uma cara de “ufa!”.

~~*~~

Hermione simplesmente não conseguia parar aquele beijo. E por incrível que pareça, não era porque ela não tinha forças, mas sim porque ela não queria. Ela queria que o tempo parasse naquela hora. Foi quando pensou em Harry: não podia fazer aquilo. Interrompeu o beijo e saiu correndo. Passou o dia inteiro no banheiro.
***
De noite, quando finalmente teve coragem de sair do banheiro, foi à sala comunal e encontrou Harry e Rony fazendo algum dever de casa. Hermione apertou a boca, tomou coragem e falou:
- Rony, você pode me dar licença? Eu preciso falar com o Harry. – Rony sem hesitar subiu para o dormitório masculino.
- Harry, eu...
- Não fale nada. Quem tem que dizer alguma coisa aqui, sou eu. Eu não sei o que deu em mim, ultimamente. Eu estou super preocupado com você, eu sei. Mas é porque eu te amo e eu não consigo imaginar eu te perder. Eu não tenho mais motivos pra viver sem ser você, Hermione. A tua felicidade está acima da minha, pra mim. E é por isso... – Harry engoliu o seco. Estava prestes a fazer uma coisa que nunca imaginava que ia fazer. Hermione já chorava desde que ele falara que a amava. Harry esperou alguns segundos para continuar. Quando voltou a abrir a boca, não agüentou e desatou a chorar. – É por isso que eu acho melhor a gente não ficar mais junto.
Hermione, quando ouviu a última parte, teve um treco e começou a chorar histericamente.
- Não, Harry! Isso é apenas uma fase, a gente vai superar! – tentou abraçar Harry e beijá-lo, mas Harry resistiu.
- Não, Hermione! É o melhor, eu tenho certeza! Você não merece alguém como eu, que só traz encrencas, que não dá valor às coisas boas que tem! Você é maravilhosa, Mione, e eu certamente não sou a pessoa certa pra você.
- Harry, por favor! Eu te imploro. Uma vida sem você não existe...eu não consigo viver sem você na minha vida! A cada dia eu te amo mais ainda! Você será o pai dos meus filhos... – Hermione não conseguiu terminar a frase, tinha sido vencida pelo choro. Ambos Harry e Hermione choravam, e era difícil dizer quem chorava mais.
- Isso dói mais em mim do que em você, Hermione. – finalmente falou Harry.
Hermione tinha o rosto escondido atrás de suas mãos. Respirou fundo e falou, fraquinho:
- Eu vou ficar te esperando, Harry. O dia que você me amar de novo, eu vou estar te esperando pra tentar mais uma vez. Nunca te esquece disso. – Hermione deu um beijo na bochecha de Harry e subiu para seu quarto. Estava pensando em se matar.
~~*~~

Malfoy teve vontade de vomitar. Tinha beijado uma sangue-ruim. Mas o maior nojo de tudo, é que ele realmente tinha gostado. E se não fosse por todas as coisas que separavam eles dois, ele investiria nela. Não podia gostar dela porque, além de tudo, o Lorde pedira para ele fingir gostar dela; e não, gostar.

~~*~~

Harry simplesmente não acreditava que tinha feito isso. Teve vontade de invadir o dormitório feminino e gritar para que todos ouvissem que nada que ele dissera tinha sentido, porque a vida sem Hermione é uma vida incompleta. Sentiu um nó na garganta; queria gritar, mas não podia porque seus companheiros de quarto estavam dormindo. Ou pelo menos fingindo.
~~*~~

Hermione chorava descontroladamente. Toda a sua postura final fora apenas um teatro: estava sendo comida viva por dentro. Pensou em abrir a janela e se atirar dali. “O quê?” Afastou logo esse pensamento. Mas de uma coisa estava certa: diria que estava doente e não assistiria às aulas no outro dia. Era muita coisa pra ela agüentar. Não queria ver Harry, nem Rony, nem Gina, nem Parvati, que faria a contar e reviver os míseros detalhes, não queria ver McGonagall e muito menos Malfoy.
Harry e Hermione passaram a noite inteira rolando de um lado para o outro da cama, relembrando a cena, chorando mais um pouco ou pensando nos momentos que compartilharam. Malfoy, por outro lado, teve uma tranqüila noite de sono profundo, o que era muito raro, e, sem se dar conta, adormeceu com um pequeno sorriso no rosto.
***
Hermione acordou no outro dia, e tomou uma decisão. Chorar e morar no quarto não ia adiantar nada e muito menos ia mudar o que tinha acontecido na noite anterior. Ela precisava ser forte, precisava se concentrar nos estudos e precisava de uma distração para esquecer-se de tudo. Não se tem muitas coisas para se fazer em um dormitório de Hogwarts. Arrumou-se e desceu. Sentou-se com Parvati e Lilá, tentou se divertir um pouco. Estava fazendo um ótimo trabalho, até Malfoy aparecer do seu lado e alegar “Eu preciso falar com você”. Acontece que Hermione, devido todo o estresse que a conversa com Harry lhe causara, tinha esquecido o pequeno “incidente” com Malfoy mais cedo naquele dia. Como se num flash tudo apareceu diante dos seus olhos: seus pés molhados, a grama debaixo da ponta dos seus dedos, a boca quente de Malfoy. Hermione ficou nervosa, mas mesmo assim se levantou. Ajeitou a franja e tentou parecer natural. Deu um sorriso nervoso e respondeu:
- Sim?
- Vamos dar uma volta lá fora?
Hermione acenou positivamente com a cabeça. Os dois deixaram o Salão Comunal, mas não notaram que Harry seguiu os dois com os olhos até eles saírem de vista. Um soco naquela cara nojenta do Malfoy faria ele entrar na linha.
***
- Desculpa por ontem. Eu não sei o que aconteceu comigo, sério.
- Não se desculpe. E não se preocupe também. – Hermione viu que Malfoy franziu o cenho, confuso – Harry acabou comigo.
- Sinto muito.
Hermione respirou fundo.
- Por que você fez aquilo? Quer dizer, eu só preciso de um motivo.
- Eu te dou vários. Primeiro porque você é linda, segundo porque você é muito legal e terceiro porque...
“Porque o Lorde das Trevas mandou, em troca da minha vida” completou mentalmente Malfoy.
-... Porque nesses últimos dias eu venho notando que você é muito mais do que eu pensava.
Hermione começou a rir. Mas um riso de felicidade, Malfoy tinha dito umas coisas muito legais pra ela. Antes de pensar duas vezes, ela grudou sua boca na dele.
~~*~~

Harry passara o resto da café imaginando o que Malfoy e Hermione estariam fazendo. Sentia seu peito queimar de tanta raiva, Hermione era uma baita vadiazinha, e Malfoy era mais do que um homem morto. Sentia ódio, nojo dos dois.
- O que foi? – Rony interrompeu a linha de pensamento de Harry. – Você está vegetando legal.
- Eu já, já vou cortar o barato deles dois. – disse Harry se levantando e deixando Rony com uma cara de confuso.

~~*~~

- Eu não quero que você pense que eu quero fazer ciúmes no Harry. Até acho melhor a gente não aparecer em público, todos vão pensar que eu sou uma vagabunda que pula de garoto em garoto e Harry vai achar que eu estou fazendo de propósito.
- Deixe que pensem! Quero ver eles terem coragem de falar isso na tua cara; também se falarem, nunca mais vão falar mais nada na vida deles. Além do mais, eu quero te exibir por aí.
Hermione riu e deu um beijo em Malfoy.
- Por favor, não deixe Harry descobr...
- Olhem, a putinha de Hogwarts! – riu Harry aparecendo do lado de Hermione.
- O que você disse? – Malfoy se levantou e peitou Harry.
- Você não se sente mal, Malfoy? Por ser a segunda opção e estar sendo usado para fazer ciúmes em mim?
- Parece que está funcionando, não é? Não deu valor pra ela e agora não aceita que ela partiu pra outra. Típico de criancinha. Só lamento, Potter. Eu vou conseguir fazer ela feliz.
Hermione ficara quieta durante todo esse tempo, só pensando. Isso não podia poder acontecendo, nunca tivera dois meninos na sua vida, muito menos brigando por ela. Principalmente Malfoy.
Harry ficara sem resposta e tivera que apelar.
- Ótimo, se você quiser ter um amor iludido, vai em frente. – se virou para Hermione – Eu estou com nojo de você, Hermione.
Ela sentiu seus olhos se encheram de água. Abriu a boca para responder, mas não deu tempo. Malfoy acertou um soco no olho de Harry, que fez abaixar-se de dor. Quando se levantou, recebeu outro soco. Mas dessa vez se esquivou. Os dois se atracaram no meio dos jardins de Hogwarts. Hermione não sabia o que fazer, tentou parar os dois inúmeras vezes, mas não conseguiu. Saiu correndo e entrou no salão comunal para chamar Rony. Pegou-o pela mão e puxou-o pra fora. Enquanto Rony segurava Harry, Hermione fora atrás de Malfoy. Os dois estavam sagrando muito e parecia que a briga estava acabando, mas foi quando Harry derrubou Malfoy e começou a socar o rosto dele como nunca tinha feito antes. Toda a raiva que ele estava sentindo, toda a tristeza por causa de Hermione, toda a frustração por causa do acontecimento que ele acabara de presenciar, tudo, fora reprogetado no seu punho. Ele queria matar Malfoy.
- PÁRA, VOCÊ VAI MATAR ELE! – Hermione chorava e gritava ao mesmo tempo, tentando bater em Harry, mas sem forças. – HARRY! - Rony tentava tirar Harry de cima de Malfoy, que estava indefeso, talvez até inconsciente de tanto que apanhara. Ao mesmo tempo, Rony e Hermione pegaram a varinha e gritaram:
- Levicorpus!
- Estupefaça!
Harry voou dali e Rony fora atrás dele. Hermione se atirou de joelhos na frente de Malfoy e limpou com a manga todo o sangue que jorrava do nariz e da boca dele. Deu um beijo na sua testa e o abraçou, apertando seu rosto contra seu peito, como se ela quisesse que cada gota do seu sangue manchasse a sua roupa, como uma forma de punição; a maior culpada da história inteira era ela.
***
Hermione ajudou Draco a se levantar e o levou até a enfermaria. Rony tentou fazer o mesmo, mas Harry negou a sua mão, se levantou e foi embora, com Rony atrás dele.
- Me desculpa, Draco. – sussurrou Hermione. Malfoy sentiu toda a sua dor se esvairar: ela o chamara de Draco.
***
Harry se apressou até o banheiro. Queria rasgar Malfoy todo, queria mutilá-lo, nunca odiara tanto uma pessoa.
Lavou as mãos e o rosto, ambos muito ensangüentados. Começou a chorar, mas quando ouviu Rony entrando no banheiro, tratou de se endireitar. Depois de um tempo de um silêncio constrangido e nervoso, Harry suspirou:
- Ela me estuporou.
Rony simplesmente franziu a boca e abanou a cabeça
***
Hermione segurava fortemente a mão de Draco, que estava deitado em um dos leitos da enfermaria, esperando a poção de Madame Pomfrey ficar pronta. Ela nunca havia notado quão bonito ele era. Ele tinha aquele perfil de deus grego, com os cabelos mais loirinhos que ela já tinha visto, e com olhos extremamente penetrantes. Ela estava pensando, se, há um mês, alguém dissesse que ela não estaria mais com Harry e sim com Draco Malfoy, ela riria com gosto da cara dessa pessoa. Harry fora o amor da vida dela por tanto tempo; e agora estava sendo substituído.
***
Harry falou de mansinho, sem encarar Rony.
- Rony... tem uma coisa que eu preciso contar...que eu mantive comigo esse tempo todo... não sei bem o porquê. Acho que eu não queria acreditar...antes do começo das aulas, eu tive um sonho...um pesadelo. Com Hermione. E Malfoy. Voldemort mandava Malfoy se aproximar de Hermione para conseguir me atingir. Sabe, para me deixar com ciúmes e fraco. E é por isso que eu preciso da sua ajuda para separar os dois. Ele está usando-a e sabe-se o quê Voldemort fará com ela. – Harry sentiu os olhos encherem-se de água quando pensou no quê ele poderia fazer.
- Você não acha que talvez seja uma armadilha, como foi com o...bem, Sirius?
- Não, eu tenho certeza dessa vez que aconteceu. Sabe, eu só sinto.
- Cara, você tem que contar pra ela.
- Mas como? Ela nunca vai acreditar em mim. Eu poderia contar para a Ordem da Fênix inteira, mas todos se lembram da última vez que eu tive um sonho e pensei que fosse verdade.
- Deixa que eu falo com ela então, eu espero que, em mim, ela acredite.

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