De volta a Hogwarts.
- Achei uma vazia! – exclamou Hermione abrindo a porta da cabine, onde entraram Harry e Rony. Hermione se acomodou no ombro de Harry e ficou observando-o. Como ele era lindo. Harry notou o olhar perdido de Hermione e encontrou os seus olhos com os dela. Os dois sorriram e se beijaram. Rony virou a cara. Era difícil ver isso.
- Todas as outras cabines estão cheias, só me resta esta aqui. – Malfoy interrompeu o beijo do casal.
- Ninguém te quer aqui, Malfoy – cortou Harry.
- Onde estão seus amigos, Malfoy? – indagou Hermione.
- Se dividiram entre as cabines. Essa é a única que tem lugar.
Hermione olhou para Harry com um olhar de quem espera uma aprovação. Harry suspirou
- Se você tentar qualquer coisa eu juro...
- Fica frio, Potter, não é em você que eu estou interessado.
Harry se impulsionou, pronto para socar Malfoy, mas Hermione foi mais rápida, segurando-o. Sussurrou em seu ouvido “Não vale a pena, amor”. Harry bufava de raiva e Rony se esgueirava contra a parede, parecendo não querer se “contaminar” com o Malfoy. Ninguém trocou uma palavra durante o trajeto inteiro. Hermione dormia encostada no peito de Harry, e o último fuzilava Malfoy com os olhos.
Ao chegar a Hogwarts, Neville se junto a eles e perguntou:
- O que Malfoy estava fazendo com vocês?
- Ele está todo amiguinho da Hermione agora – retrucou Rony
- Mentira! As outras cabines estavam todas cheias. E, além disso, ele foi muito gentil comigo no Beco Diagonal.
- Não disse? – ignorou Rony – toda amiguinha. – Hermione deu um tapa na cabeça dele.
No salão comunal, eles se juntaram à Lilá, Parvati e Dino e começaram a contar sobre suas férias. Depois do típico discurso de boas-vindas (agora realizado por McGonagall) e do banquete, os alunos foram esvaziando o Salão Comunal aos poucos. Harry, Rony e Hermione estavam quase saindo quando Hermione sentiu um puxão no seu braço, mas como os alunos estavam fazendo muito barulho, Harry e Rony nem perceberam que ela tinha ficado para trás. Hermione se virou e se deparou com um par de olhos acinzentados.
- Malfoy!
- Eu só queria te agradecer por ter me deixado ficar na mesma cabine que vocês. Parece que seus amigos não gostaram muito.
- Bom, até parece que você não deu motivos suficientes pra eles te odiarem né?
- “Eles”? Então quer dizer que você não me odeia.
- Ahn, bem, não...quer dizer, não mais...Depois de...como você falou, eu nunca fiz nada pra você.
- Exceto aquele tapa.
Hermione sorriu, embaraçada e Malfoy continuou:
- Bom, boa sorte com a monitoria chefe. Você é a pessoa mais adequada ao cargo. Quer dizer, além de mim, é claro.
Hermione sorriu. O que estava acontecendo com ela? E com ele? Ele nunca tinha feito-a rir antes.
- Eu vou subindo – disse Hermione, olhando ao seu redor, eles eram os únicos no Salão Comunal – Harry provavelmente deve ter-se dado conta que eu sumi.
- É, eu também. Crabbe e Goyle não conseguem nem achar a porta para a casa da Sonserina sozinhos.
- Ahn, Malfoy, espera. Posso te perguntar uma coisa? – ele assentiu – porque você anda com eles dois?
Malfoy sorriu:
- Quando seu pai é um comensal, as pessoas não esperam muito de você. É por isso que eu ando com eles, são os únicos que não se importam.
- Se você fosse legal com os outros, eles até gostariam de você.
- Valeu pela dica. Agora se você não se importa, o seu namorado realmente está me incomodando com essa pose aqui atrás de você.
Hermione se virou e Harry estava, estático, encostado na parede. Hermione saiu correndo, sem se despedir de Malfoy, e tentou alcançar Harry, que subira as escadas.
- Harry! – Hermione chamou. Mas Harry continuara subindo as escadas e não virara para trás. – Harry! Espera aí.
- Pra quê? Pra você sumir com aquele idiota de novo?
- Harry, você não entende...
- Ah eu entendo muito bem. Quer saber, é você que não entende! Você que não sabe o que é passar as noites em claro, preocupando-se contigo! Você não sabe o que é ter pesadelos todas as noites, que mostram Voldemort te matando! Você não sabe o que é sentir medo 24h por dia! Medo de ti perder! Medo de nunca mais ouvir a tua voz! Quem não entende alguma coisa aqui, é você!
Hermione começou a chorar. Essa foi a coisa mais linda (e a mais assustadora!) que alguém já tinha dito pra ela. Em vez de dar outro discurso, a garota simplesmente venceu a distância dos dois e beijou seu namorado. Sem ter medo de serem pegos, ficaram lá, se beijando.
~~*~~
No outro dia, enquanto o trio estava tomando café, Malfoy apareceu.
- Granger, pode vir aqui?
- Se você tem alguma coisa a dizer para ela, pode dizer na nossa frente – censurou Harry
- Tudo bem. Eu estava desfazendo as malas ontem à noite e encontrei isto. Pensei em te emprestar.
Malfoy alcançou um livro chamado “As Areias do Nilo”.
- É bem interessante, então, se você quiser pode pegar. Só não repare nas anotações nos cantos das páginas.
Hermione estava muda, assim como Harry e Rony. Pegou o livro e fitou-o, ainda muda.
- Bom, se qualquer coisa você não entender, me pergunte, é uma linguagem antiga, sabe, é difícil de entender...
- Pode sair, Malfoy. Já encerrou a cota de puxa saquismo do dia.
- Bom, você sabe onde me encontrar. – completou Malfoy, piscando de um jeito que deixou Harry irado.
Depois que Malfoy estava a uma distância considerável, Harry explodiu:
- Hermione, vai dizer que ele não quer alguma coisa a mais? Eu vou quebrar a cara desse canalha, se ele continuar usando você.
- Olha, Harry, pra mim parece muito pessoal...
- Realmente, Hermione, é pessoal sim: além de filho de um Comensal que é unha e carne com Voldemort, ele é extremamente nojento e irritante. E eu não quero ele perto de você.
- Harry, vai demorar até você mandar em mim, sinceramente. E além do mais, tenho certeza que se fosse outra pessoa você nem estaria dando bola.
- Realmente, se Neville ou Gina estivessem misteriosamente pagando pau pra você, eu nem me importaria porque, afinal, eles já fazem parte do seu fã clube.
Ao ouvir o nome da irmã, Rony se levantou, ofendido, e sentou longe deles, com Simmas e Dino.
- O quê? Harry, você está se tornando completamente neurótico! Isso vai acabar fazendo mal pra você mesmo.
- Eu não tenho tempo pra me importar com isso, Hermione. Você já me traz problemas demais se metendo com gente que não devia.
- Ah! Então quer dizer que agora você é meu pai, por acaso, pra me falar com quem eu devo andar ou não.
- NÃO, EU SOU SEU NAMORADO E EU TENHO O DIREITO DE TE PROTEGER! VOCÊ SÓ PENSA EM VOCÊ NÉ? QUER QUE EU REPITA TODO O DISCURSO DE ONTEM A NOITE?
- Harry, pára de gritar...
- POR QUÊ? VOCÊ ESTÁ COM VERGONHA? EU TE DIGO O QUE É VERGONHA: MINHA NAMORADA FALAR COM O CARA QUE EU MAIS ODEIO NO COLÉGIO!
- ENTÃO TALVEZ EU NÃO DEVA MAIS SER SUA NAMORADA! – Hermione se levantou e saiu, chorando. Toda a mesa da Grifinória estava em silêncio, acompanhando a briga. Gina fora atrás de Hermione.
Harry deu um soco na mesa, esbaforido de raiva. Arrependeu-se depois, pois sua mão começou a realmente doer. Ele era um idiota, não conseguia ficar um minuto sem discutir com Hermione. Talvez ele não a merecesse, afinal. Talvez ela devesse ficar com Rony, ou até mesmo com Malfoy. Virar Comensal e poupá-lo da morte natural.
~~*~~
- Mione, você realmente não quis dizer tudo aquilo, não é? – Hermione e Gina estavam no banheiro feminino, que, felizmente, estava vazio. – Quer dizer, aquela parte do então-talvez-eu-não-deva-mais-ser-sua-namorada, e coisa toda. Porque, olha, você e Harry foram feitos um para o outro. Não abra mão dele, o que vocês têm é muito raro.
- Olha, Gina, eu não sei de nada no momento. A única coisa que eu sei é que se nós não pararmos de brigar, eu não vou conseguir agüentar. É demais pra mim, sabe? Voldemort está pronto para atacar o mundo-bruxo, onde pessoas como eu não são bem-vindas. Ainda por cima alguém que me odiava até duas semanas atrás começou a se interessar por mim. Sem contar Hogwarts, que, agora sem Dumbledore, está desqualificada. Só quero ver o que será dos alunos neste ano. Talvez seja melhor eu e Harry sermos somente amigos, pelo menos no momento, porque, se as coisas continuarem assim, nem amizade nós teremos mais.
***
- Você é um idiota, Harry. – condenou Rony.
- Eu estava pensado a mesma coisa.
- Eu odeio dizer isso, mas você viu o jeito que Malfoy foi legal com ela. Quer dizer, será que você não pode tentar acreditar que ele realmente mudou? As pessoas mudam, Harry.
- É, mas pessoas como ele não. Principalmente com a namorada do seu inimigo, que, ocasionalmente, é o inimigo do seu mestre. Malfoy está por trás de alguma coisa, eu tenho certeza. O problema é que à base de socos eu não vou conseguir arrancar dele, e eu seria expulso de Hogwarts.
- Isso pode esperar. Nossa aula já vai começar. – terminou Rony, se levantando.
***
- Hermione, a aula está prestes a começar. – comentou Gina.
- Olha, Gina, nem que eu quisesse eu me levantaria e encararia Harry. Vai você, eu acho que eu vou ficar um pouco mais aqui. Até que o banheiro me aparece bastante acolhedor.
Hermione acompanhou com os olhos Gina indo embora. Estava, finalmente, sozinha, e suspirou fundo, encostando a cabeça na parede. Não entendia como tudo poderia estar bem até alguns dias atrás, e, de repente, tudo mudasse. Levantou-se, enxugou o rosto. Ela não deixaria umas briguinhas estúpidas interferirem no amor dos dois, até porque ele era enorme.
Depois te tomar esta decisão, ela finalmente resolveu sair do banheiro. Mas não queria ir pra aula, pra ser ignorada por Harry e ainda ter que prestar atenção. Iria para o seu quarto, ler um pouco ou estudar. Os corredores estavam vazios, ela agradeceu. Mas falou cedo demais. Encontrou Malfoy, perambulando pelos corredores silenciosos.
- O que você está fazendo aqui? Matando aula?
- Você que me diga! Hermione Granger matando aula, onde o mundo vai parar?
- Ah, eu estou indo para o meu quarto. Não estou me sentindo muito bem. E você? Ainda não respondeu a minha pergunta.
- Eu também não estou afim de um pouco de Trelawney no momento. – os dois riram. – em vez de ir até o seu quarto, não quer dar uma volta no lago?
- Por mim, tudo bem. Quer dizer, com tanto que a gente não perca a próxima aula...
- Fechado.
~~*~~
Draco e Hermione estavam molhando seus pés no lago, sentados no sol. Eles conversaram sobre tudo que veio à cabeça. Pareciam bons amigos que se conheciam há anos.
- Se o Potter me ver aqui contigo, ele me mata. – riu Malfoy
- E depois me mata.
- É verdade. – debochou Malfoy. Um tempo depois, ele arriscou - Você gosta dele?
- Eu o amo. Como eu nunca amei ninguém – Hermione sentiu seus olhos se encherem de água. Começou a rir – ai eu pareço uma boba, chorando desse jeito.
Malfoy permaneceu em silêncio. Voldemort teria que ser muito generoso depois com ele, porque ele estava conversando com a sangue-ruim namorada de Harry Potter;
Como viu que Malfoy ficara calado, Hermione continuou:
- Mas do jeito que está agora, com as brigas e tudo mais, eu não sei se vai durar muito. Até porque eu não vou querer daí. Eu acho que tudo acontece por um motivo, e, se aconteceu, é por que era o melhor.
- Até isto? – perguntou Draco e foi se aproximando de Hermione. Puxou a nuca de Hermione com as duas mãos e a beijou.
Comentários (0)
Não há comentários. Seja o primeiro!