Menos Um
Os três saíram da sala embaixo da capa, com Harry levando o caldeirão. Gina ía a frente, levando os ingredientes. Os corredores estavam mais cheios, afinal era o intervalo do almoço. Eles tinham que ficar atrás da ruiva para não esbarrarem em ninguém. No meio do caminho, cruzaram com Pansy Parkinson, junto com Emilia Bulstrode.
- Ei, Weasley! – Ela parou Gina, colocando a mão no ombro dela.
- Sim, Parkinson. – provocou Gina, imitando a voz da menina sonserina, que não percebeu a ironia da ruiva.
- Aonde pensa que vai com essa tralha toda aí? – disse pegando um vidro nas mãos – Enxofre? Novo shampoo para seus cabelos cor de fogo do inferno? – deu uma risada sarcástica.
Harry sentiu que Gina estava ficando vermelha de raiva. Ela estava com as duas mãos ocupadas, carregando os ingredientes, mas ele tinha certeza que ela queria pegar a varinha.
- Eu conheço alguém que adorava brincar com meus cabelos, como você disse mesmo? Ah, cor de fogo do inferno. – Gina disse com a voz mais calma que pôde.
- É mesmo? – caçoou rindo – Quem era o idiota?
- Draco! – ela disse em desafio.
Harry sentiu seu estômago revirar e também a mão de Hermione em seu braço, pedindo calma. Pela expressão de Parkinson, pareceu-lhe que ela sentiu o mesmo que ele: Ciúmes.
- Você e..., vocês dois... o que... o que v-você quer dizer... – balbuciou ela bufando de ódio.
- Ora, Pansy, você é monitora-chefe! Deve ter um mínimo de neurônios nessa sua cabecinha. Acho que consegue somar dois mais dois.
Ao seu lado, Harry viu que Hermione sorria triunfante. Ele não pôde deixar de sentir orgulho da língua afiada da namorada. Pansy respirou fundo e mudou o assunto:
- Acho que vou ter que confiscar estas coisas. Será que McGonagall vai gostar de saber que uma das monitoras anda com isso pelos corredores? – ela disse, parecendo a dona da situação.
- Foi a própria McGonagall quem me pediu para levar isso para Slughorn. Se quiser perguntar a ela, eu espero aqui mesmo. Não tenho pressa alguma. – Gina balançou os ombros
- Weasley, não seja insolente ou eu lhe dou uma detenção!
- Ah, não apela garota! Não tem mais o que fazer não? – disse Gina, já perdendo a paciência.
- Eu sou a monitora-chefe! Eu posso...
- Só porque Hermione não está aqui! – interrompeu Gina.
- A sangue-ruim? Faça-me rir! – e ela riu junto com a companheira sonserina.
Harry viu que Hermione segurou Rony, que fazia menção de puxar a varinha.
- Weasley, Weasley, você acha mesmo que a diretora iria dar a função de monitora-chefe para uma insossa, idiota e nojenta como a Granger? Uma bruxa de sangue impuro?
Harry olhou para a amiga que crispava os lábios e estava vermelha. Ele sabia que daquilo não viria boa coisa. Ou viria! Uma muito boa, na verdade.
- Pansy, eu tomaria mais cuidado com o que você fala? – Gina disse.
- Por quê? Sua amiguinha não está aqui! Ou ela é tão poderosa assim e vai me lançar uma azaração de onde estiver? Ei, Graaangeeer, cadê vocêêê? – e ela riu ironicamente.
Não demorou um segundo e o rosto da menina começou a encurrilhar, enchendo-se de rugas. O nariz começou a crescer e, na ponta, apareceu uma enorme verruga.
- Ai! O que... o que é isso? Weasley! Emilia! O que é isso?
Gina começou a rir tão alto que atraiu a atenção dos outros alunos do corredor. Todos que passavam, paravam para rir de Pansy Parkinson, que parecia uma verdadeira bruxa dos contos de fadas trouxas. A menina escondeu o rosto e saiu correndo pelo corredor, em direção a ala Hospitalar, com a amiga atrás. Harry, se aproveitando do barulho das risadas no corredor, explodiu em gargalhadas embaixo da capa, acompanhado dos amigos.
- Hermione, você é louca! Se ela descobrisse a gente aqui? – disse ele ainda rindo.
- Aquela “coisa” pediu! E ela deu sorte, porque se eu pudesse me mostrar, ela levaria coisa pior. – disse a menina.
Gina, quase sem fôlego de tanto rir, conseguiu murmurar:
- Amiga, você é a minha mentora! Meu ídolo!
- Vamos logo, antes que essa vaca resolva voltar. – Hermione disse.
- Com aquele rosto e aquele nariz? Se eu fosse ela, sumiria por uns dois meses. – disse Rony ainda rindo também.
Eles voltaram a andar pelo corredor, até que chegaram ao banheiro do 2º andar. Estava vazio como sempre. Percebendo o movimento dos garotos, Murta apareceu, dando uma rasante sobre eles.
- Murta! Quer matar a gente! – disse Rony assustado.
O fantasma da garota deu uma risadinha e fechou a cara.
- Você quer dizer que eu tenho uma cara assustadora?
- Não, não, é só que... – o ruivo tentou se explicar.
- Você quis dizer isso mesmo! – e começou a chorar alto.
- Murta, por favor, precisamos de silêncio aqui! – disse Harry.
Ela virou-se para ele e parou de chorar.
- Ah...Harry – ela deu uma risadinha – estava com saudades de ver você... – ela chegou bem perto dele, que tentou se afastar – Principalmente de ver você pelado! – ela completou e voou rindo pelo banheiro.
- Pelado? – disse Gina – Que história é essa de pelado?
- Gina... eu... isso foi... assim... há alguns anos... eu...
- Você aparece pelado para ela há alguns anos?
Murta dava risadinhas.
- Harry, não sabia que você gostava de meninas fantasmas. – disse Rony rindo.
Murta novamente começou a chorar.
- Murta, eu não quis dizer...
- Quis sim! – e ela sumiu dentro de uma privada, levantando água.
- Harry Potter, estou aguardando sua explicação! – disse Gina bufando.
- Eu tive que tomar banho no banheiro dos monitores uma vez, para descobrir o segredo daquele ovo do torneio Tribruxo. Ela estava lá e me viu. Foi só isso! – ele disse mirando a ruiva.
- Bem, já pode dizer que ficou pelado na frente de uma menina! Um fantasma na verdade. Mas uma menina de qualquer forma. – brincou Rony.
Harry e Gina se entreolharam. A menina corou imediatamente.
- Gente, vamos nos concentrar na poção. – disse Hermione mudando de assunto ao ver a cara dos dois – Vem Ron, não é você quem quer prepará-la?
- Certo! – disse Rony sentando ao lado da garota – Cadê a fórmula?
- Está aqui! – ela mostrou o pergaminho para ele – Preste atenção, nós não vamos deixar nenhum ingrediente de fora, só vamos errar nas medidas, ok?
- Você manda! – ele disse.
E Rony foi colocando um a um os ingredientes no caldeirão. Seguindo instruções de Hermione, ele colocava um pouco menos de um ou outro ingrediente e exagerava um pouquinho em outros.
- Agora o último! – ela disse com o vidro de enxofre – Aqui diz dez gotas. Vocês acham que a gente deve aumentar ou diminuir a dosagem?
- O que você acha? – perguntou Harry de volta.
Ela mordeu o lábio e franziu a testa.
- Não sei. Como eu disse: enxofre não é boa coisa.
- Então vamos arriscar! – disse Rony – Pior que Você-Sabe-Quem não existe, então vamos vencer o mal com o mal!
Ele pegou o vidro das mãos de Hermione e despejou quase metade do líquido.
- Ron! – exclamaram os três.
O líquido do caldeirão começou a borbulhar ferozmente, fazendo-o sacudir-se violentamente sobre o fogo. Fagulhas voavam para tudo quanto é lado. Os garotos tiveram que se esconder e Murta apareceu soltando gritinhos de pavor. De repente o caldeirão parou e fcou sereno. O líquido em seu interior era de um verde gosmento, mas nem mais fervilhava. Gina disse:
- E agora? Jogamos o medalhão aí, ou pegamos um pouco e despejamos sobre o medalhão?
- Eu sou a favor de destruir a droga logo! Mergulha ele aí dentro Harry! – disse Rony com convicção.
Hermione preferiu não dizer nada e aguardou a decisão do amigo.
- Vamos ver se você “acertou” a fórmula, Ron! – disse e jogou o medalhão dentro do caldeirão.
Neste momento o caldeirão deu um forte solavanco, fazendo os garotos recuarem um pouco. Eles então se aproximaram novamente e viram o líquido gosmento sendo sugado para o fundo do caldeirão. Então se deram conta de que, na verdade, o líquido estava sendo sugado pelo medalhão. O líquido então sumiu do caldeirão, deixando no fundo o medalhão, intacto. Eles se entreolharam meio cabisbaixos e Harry disse:
- Por Merlin! Não deu certo! O medalh...
Ele não terminou sua frase, pois uma dor insuportável em sua cicatriz o fez cair no chão.
- Harry! – gritaram os amigos se abaixando junto a ele.
Ele tinha a mão na cicatriz, que latejava fortemente.
- Ih, vejam só a jóia que vocês jogaram aqui dentro! – disse Murta, mirando o caldeirão.
Harry se levantou com esforço. Ele e os amigos olharam para dentro do caldeirão. O medalhão estava se corroendo e derretendo, até que virou uma mancha escura no fundo do caldeirão. Na mesma hora em que foi destruído, Harry sentiu a dor na cicatriz sumir completamente.
- Conseguimos! – disse exultante, ainda com a mão na testa.
- Você está bem, Harry? – perguntou Gina.
- Agora eu estou! Mas ele não! Está furioso, o maldito. Ele deve ter sentido alguma coisa quando mais um pedaço da alma dele se foi. Por isso a minha dor.
- Devagar, devagar a gente vai conseguir acabar com ele! – disse Rony com um sorriso triunfante.
Nesse momento McGonagall adentrou o banheiro com uma cara assustada.
- Meninos! – ela disse – Precisamos da ajuda de vocês! Agora!
- O que houve, Professora? – perguntou Harry surpreso.
- Comensais! Em Hogsmeade!
- Meu Deus! – exclamaram eles e saíram atrás da Professora.
N/A: Obrigada pelos comentários! Que bom que estão gostando. Isto me deixa satisfeita! Valeu!
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