A Fênix e o Sapo de Chocolate



Harry estava em um cemitério. Não tinha idéia de onde era. Ele caminhava a passos largos, passando por diversos túmulos e por duas árvores que se inclinavam formando um arco. Ao seu lado estava uma mulher.

- Milorde, tem certeza que deve se arriscar?

- Bella, você está me insultando!

- Mil perdões Mestre, mas nós podemos pegá-lo, sem problemas.

- Cala a boca Bella! Não me faça querer castigá-la. – disse Harry parando e virando-se para a mulher.

- Desculpe-me Mestre. Perdão, por favor.

Bellatrix fez uma reverência a ele. Neste momento Harry se inclinou e beijou-a levemente nos lábios. Acordou de pronto, sentindo um formigamento na cicatriz e um nojo crescente. Olhou para Rony e viu que ele dormia profundamente. Harry não conseguiu mais dormir. Levantou e olhou pela janela. O dia estava amanhecendo. Deu-lhe uma vontade imensa de pegar sua firebolt e sair voando. Esquecer da guerra, Voldemort ou qualquer outra preocupação. Um ronco mais forte do amigo lhe despertou dos devaneios. Resolveu descer e preparar o café. Daria uma folga à Hermione, afinal ela vinha preparando todas as refeições, desde que eles saíram da Toca. Colocou um bule com água no fogão, enquanto colocava umas salsichas na frigideira. Estava absorto na tarefa e não viu quando a amiga entrou na cozinha.

- Nossa! Parece que está ótimo! – disse ela chegando perto do fogão – Me admiro o seu amigo não ter despertado também. Aquele ali vem guiado pelo cheiro.

Harry riu.

- Desci porque não consegui mais dormir. Sonhei com ele.

- Regulus de novo?

- Não! Voldemort! Na verdade não foi sonho. Eu estava “nele”.

- Harry, Dumbledore cansou de pedir a você para praticar oclumêcia.

- Eu sei, mas...

- Ok, ok. Como foi o sonho?

Harry contou todo o sonho para ela.

- Você acha que é o mesmo cemitério que você caiu com Cedrico no fim do Torneio do 4º ano? O lugar onde Voldemort voltou?

- Sei lá, Mione. Cemitério é tudo muito parecido. Estava de noite. A única coisa que me chamou a atenção foram duas árvores que formavam um arco.

- O que será que ele está procurando?

- O que ou quem! Bellatrix disse que eles poderiam “pegá-lo” sem problemas. Podia ser um objeto ou uma pessoa.

- Harry, é melhor avisarmos alguém da Ordem para que eles fiquem de olho por aí.

- Tem razão.

Ele pegou o pingente e chamou por Gina. A menina atendeu-o com uma cara de sono.

- Harry! - ela bocejou – Que horas são?

- Gina, desculpe, mas é importante. Preciso que você dê uma recado para McGonagall o quanto antes.

Ele contou a história. A menina disse que avisaria e depois falaria de novo com eles sobre o que descobriu na sala de Dumbledore.
Harry e Hermione aguardaram Rony acordar para tomarem café juntos. Harry contou o sonho a ele.

- Eca, você beijou aquela Comensal?

- Eu não! Ele!

- Mas você sentiu.

- Ainda bem que foi rápido. – ele acabaram rindo um pouco.

Eles então resolveram aguardar o contato de Gina. Aproveitaram para tirar o quadro da Sra. Black da parede de vez e guardaram no antigo armário de vassouras, onde outrora ficava Monstro. Novamente passaram toda a manhã no quarto de Regulus. Consultaram livros e entraram na penseira de novo, mas o que viram não foi nada relevante. Logo após o almoço, Gina fez contato com eles.

- Não posso me demorar muito porque tenho aula daqui a pouquinho. – disse a menina.

- Falou com McGonagall? – perguntou Harry.

- Falei! Mas concordo com o que ela me disse: Sem saber o que eles estão procurando, fica difícil eles fazerem alguma coisa ou armarem um contra-ataque.

- Eu achei que a resposta dela seria algo parecido.

- De qualquer forma, ela me disse que falaria com Moody para ficarem atentos.

- E a sala do diretor? – perguntou Rony.

- Estive ontem a noite por lá. McGonagall foi junto, mas eu consegui que ela me deixasse sozinha na sala. Fawkes ainda está lá, sabia, Harry? – disse e continuou – Bem, olhei em diversos cantos para achar algo que falasse ou desse alguma pista sobre a destruição do medalhão, mas não achei nada. Então...

- Nada, Gina? – impacientou-se o irmão.

- Calma, maninho! Eu ainda não acabei. – disse ela – Bem, então eu acabei resmungando baixinho algo como: “Droga, como eles vão destruir o maldito medalhão?” Aí aconteceu algo estranho.

- O quê? – perguntou Hermione.

- Fawkes voou de onde estava e pousou na mesa de Dumbledore. Bem, na mesa dele havia uma jarra com balas e doces, dentre eles, sapos de chocolate. Fawkes colocou o bico para dentro, puxou um dos sapos e largou aos meus pés. Eu não entendi nada, lógico. Ela voltou para o poleiro dela e ficou me olhando, como se quisesse que eu pegasse o chocolate.

- E então? – perguntou Harry.

- Bem, eu me abaixei e peguei o sapinho de chocolate. Ela fez um pequeno movimento de cabeça e eu entendi que era para comer. Aí eu abri, peguei o sapo e mordi, olhando para o pássaro. Quando acabei de comer, nada aconteceu. Mas o que eu queria, né? Que eu me transformasse em uma bruxa perita em adivinhação?

- Mas e aí, Gina? Por que Fawkes fez você comer o chocolate? – perguntou Hermione.

- Aí que está amiga! Depois é que eu percebi que ela queria que eu pegasse a figurinha. O cartão dentro da embalagem.

- O cartão dos bruxos famosos? – questionou o irmão – E de quem era a figura?

- De Dumbledore! – disse Gina.

- E aí? – novamente perguntou o irmão.

- Aí, que eu estou aqui contando para vocês. Particularmente eu continuei sem entender coisa alguma, mas acredito que ela não faria aquilo do nada. Não teve significado para mim, mas talvez tenha para vocês.

- E realmente tem, Gina! – exclamou Hermione.

- Tem? – perguntaram os dois garotos ao mesmo tempo.

- Claro! Ou vocês esqueceram o nosso primeiro ano?

Os dois se entreolharam meio confusos.

- O cartão com a foto de Dumbledore! Vocês não lembram o que estava escrito?

- Bem, eu lembro que falava que ele derrotou um bruxo famoso há muito tempo... – disse Harry.

- Falava também dos 12 usos do sangue de dragão... – disse Rony.

- E? – incentivou a amiga.

Ele pensaram por alguns segundos.

- Nicolas Flamel! – disseram os dois, juntos novamente.

- Bingo! – exclamou Hermione.

- Eu não estou entendendo nada! – disse Gina – Mas não tenho tempo agora. Vou para a aula de DCAT. Finalmente vamos ter aula com a tal professora nova. No dia em que chegamos, ela ficou sentada lá na mesa dos professores e só deu um pequeno aceno quando foi apresentada. Bem, depois nos falamos. – e a imagem sumiu.

- Hermione, em que Nicolas Flamel ou a pedra filosofal podem nos ajudar a destruir o medalhão? – perguntou Rony.

- Flamel destruiu a pedra há 6 anos, Ron. A essa altura, ele está morto, apesar de eu não saber quanto tempo o tal elixir que Dumbledore disse que ele tinha, o manteria vivo. – disse Harry e depois virou-se para a amiga que tinha a testa franzida, concentrada em algo. – Mione, afinal, vai nos dizer o que Flamel tem a ver com tudo isso ou não?

- Harry, Flamel era um alquimista. Aliás o tal cartão dizia que Dumbledore trabalhou com ele nisso.

- O que verdadeiramente faziam os alquimistas? – perguntou o ruivo.

- Mexiam com metais e trabalhavam em elixires para prolongar a vida. – ela respondeu – Na verdade, no caso dos metais, eles transformavam metais inferiores em metais preciosos, tipo prata e ouro.

- Metais, metais... – Harry estava pensativo – Metais! – ele exclamou – O medalhão é de metal, lógico!

- Isso! A ligação está aí! – disse Hermione.

- Mas se eles transformam metais em prata ou ouro, o que isso tem haver aqui? O medalhão já não é de prata? Ou você acha que há algum tipo de poção que reverta o processo e possa destruir o medalhão? – perguntou o ruivo.

- Acho não, Ron. Tenho certeza! Essa foi a dica de Fawkes. Talvez o próprio Dumbledore tivesse comentado algo sobre isso na sala dele, antes de sair na busca com Harry.

- Ótimo! Continuamos na mesma! Como vamos descobrir a tal poção? – disse Harry.

- Deve haver alguma coisa a mais na sala de Dumbledore. Gina não sabe todos os detalhes das coisas. Nós temos que ir até lá! – disse a garota – Como eu disse: Dumbledore também mexia com alquimia, afinal trabalhou com Flamel. Quem sabe ele mesmo não criou essa poção e ela está na sala dele? Ele já deveria ter arquitetado alguma forma de destruir o medalhão, quando vocês foram buscá-lo naquela caverna. Ele só não sabia é que ele era falso. – completou.

- Bem, eu não queria ter de ir até lá por enquanto, mas já que estamos na “chuva”...

- E como iremos? Aparatando? – perguntou Rony.

Hermione revirou os olhos.

- Ron, quantas vezes eu tenho que dizer que não se pode aparatar e desaparatar em Hogwarts? Francamente! – disse a menina dando um suspiro.

- Oops, é mesmo! Esqueci! – disse ele e depois acrescentou – Podemos então aparatar em Hogsmeade e, de lá, ir para Hogwarts.

- É uma boa idéia! Podemos deixar McGonagall ou Hagrid de sobreaviso para abrir o portão para gente. – disse Hermione.

- Ou então entrar pela Casa dos Gritos. Não gostaria que nenhum Sonserino nos visse entrar. Poderia cair nos ouvidos do peçonhento. – disse Harry.

- Mas Harry, estaremos dentro da Escola. Seremos visto uma hora ou outra. – disse Hermione.

- Não se usarmos a capa de invisibilidade. – disse Rony olhando para ela – E não adianta dizer que eu sou alto hein. Eu posso perfeitamente me abaixar.

- Então está decidido! Amanhã iremos à Hogwarts bem cedo. Depois avisaremos à Gina.

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