Surpresas



Harry acordou com a voz de Rony falando com Hermione. Ele colocou os óculos e se levantou, vendo os dois no corredor.

- Olha, eu prometo não falar mais disso, ok? – disse o ruivo.

- Acho bom! Chega de papo sobre Vítor Krum! Ele me decepcionou muito no casamento do seu irmão. Não quero mais ele como meu amigo. - falou Hermione

- Então você reconhece o que eu sempre disse a você?

- Bem, ele foi abusado, mas nunca tinha sido assim. Acho que ele bebeu demais. De qualquer forma, é como eu disse: vamos parar de falar nele, definitivamente. Vamos fazer um pacto? Mas você tem que cumprir.

- Então já está feito! – e estendeu a mão e ela apertou-a, selando o pacto.

- Até que enfim as discussões vão diminuir um pouco. – chegou Harry com um sorriso – Pelo menos um dos assuntos parece que não vai mais existir.

- Espero mesmo, Harry! – disse a menina olhando para o ruivo.

- Epa, não me olha assim não! A gente apertou as mãos, lembra?

- Vocês já tomaram café? – perguntou Harry.

- Ainda não. Estávamos esperando por você. – disse Rony.

Após tomarem café, eles foram para o quarto de Regulus. Leram atentamente os pergaminhos escritos por ele.

- Parece que Regulus compartilhava praticamente as mesmas descobertas e desconfianças de Dumbledore. – disse Harry – Ele reconhece que o anel de Marvolo, o diário e o medalhão de Slytherin são horcruxes. Ele tem quase certeza que Nagini, a cobra do maldito, também é um horcrux. Também desconfia que Voldemort deve ter escolhido itens relativos aos fundadores de Hogwarts para dividir sua alma, porém só tinha certeza do medalhão.

- Então vamos ver o que temos até então. – disse Hermione com anotações nas mãos – O anel e o diário estão destruídos. Um por Dumbledore e outro por você, na Câmara Secreta. O medalhão está conosco. Só temos que descobrir como destrui-lo. Ficarão faltando: uma coisa de Gryffindor ou de Ravenclaw, uma de Hufflepuff, que deve ser a tal taça, Nagini talvez e..., bem... o próprio Voldemort.

- Mas o que poderia ser de Gryffindor? – perguntou Rony.

- Ou Ravenclaw. – disse a menina.

- Eu duvido! – ele disse – Gryffindor sempre foi o oposto de Slytherin. Se Você-Sabe Quem é descendente do fundador da Sonserina, tenho certeza de que ele escolheria uma coisa do rival. Até para provar que ele é melhor. Para desafiar, sei lá. – ele olhou para garota – Você não acha que eu posso estar certo?

Hermione olhou surpresa para o garoto.

- Ron, acho que você está mais do que certo! – ela sorriu para ele – Mas não podemos descartar totalmente a idéia de alguma coisa de Ravenclaw.

- Então, voltando à pergunta: O que poderia ser de Gryffindor? – perguntou Rony novamente.

- Bem – disse Harry – o que sabemos que era de Gryffindor e está em Hogwarts?

- A espada. – disse Hermione.

- O chapéu seletor também era dele. – disse o ruivo.

Harry ficou pensativo.

- Meus pais, antes de eu nascer, foram se esconder em Godric’s Hollow. O Vale de Godric. Inclusive é lá que eles estão enterrados e para onde eu disse, ano passado, que iria. Será que tem algo a ver?

- Realmente há menção disso em “Hogwarts, Uma História”. Godric Gryffindor fundou esta cidade. Em homenagem a ele, foi chamada Godric’s Hollow. Mas como um horcrux poderia ser uma cidade inteira?

- É estranho mesmo. – disse pensativo – Mas vamos pensar melhor nisso depois, mesmo porque eu não mudei de idéia em relação a visitar os túmulos dos meus pais. Precisamos destruir o medalhão, até para enfraquecer um pouquinho o miserável. – disse Harry.

Nesse momento o pingente de Harry começou a emitir a luz. Ele segurou-o e a imagem de Gina se materializou na sua frente.

- Mais calmo? – ela deu um sorriso.

- Gina, olha eu não quero falar nisso, ok? Eu quero esquecer o fato que Malfoy enfiou a língua na sua boca. Vamos mudar de assunto.

- Então Hermione contou?

- Contei sim! – Hermione chegou na frente do holograma – Você mandou ele perguntar. Agora ele sabe tudo.

- Você contou tudinho mesmo? – ela piscou o olho para a amiga.

- Tem mais do que aquilo? Espera aí! – disse Harry.

- É, o que mais vocês fizeram? – perguntou Rony, na frente da imagem.

Gina começou a rir.

- Gina, você não sabe como são esses dois? Pára com isso, senão eles vão achar que você está falando sério. – disse Hermione rindo com ela.

- Seus bobos! – disse a Harry e ao irmão – Foram só uns beijinhos. Acabou!

- Acho bom! – disse Harry.

- E então Gi, como está por aí? – perguntou Hermione, mudando de assunto.

- Bem, nós chegamos sem problemas. Vários alunos não retornaram, como era de se esperar. McGonagall é a nova diretora, mas ela continua na sala dela. A de Dumbledore está fechada, mas ela já me deu livre acesso, conforme ele pediu.

- Você já esteve lá? – perguntou o irmão.

- Ainda não. Preciso que vocês me peçam ou me digam o que fazer. Eu estou meio por fora das coisas. – disse ela e continuou – Mione, advinha quem ficou com a vaga de monitora-chefe?

- Ana Abott? – ela arriscou.

- Pansy Parkinson. – Gina disse.

- O quê? McGonagall enlouqueceu? Como ela escolheu “aquilo” para ser a monitora-chefe?

- Ela é da Sonserina! A profess..., quer dizer, a Diretora está demente? – disse Rony.

- Ela disse o porquê, Gi? – perguntou Harry.

- Bem, ela me disse que seria a Mione, mas já que ela não voltou, ela disse que teve seus motivos para escolher Parkinson, mas não deu muita explicação.

- E o pessoal da Sonserina?

- Crable e Goyle estão por lá, mas parecem meio perdidos sem o Malfoy. Não se desgrudam e vivem aos cochichos.

- É bom ficar de olho neles.

- E na vaca da Parkinson também. – completou Hermione.

- Podem deixar. Ah, esqueci. Temos uma nova professora de DCAT. Uma tal de Sra. Stairovisk.

- Ela é daqui?

- É Tcheca. Estudou na Durmstrang e parece que deu aula lá também.

- Durmstrang? Agora é fato: McGonagall está maluca mesmo! – disse Rony – Onde já se viu escolher uma professora da Durmstrang? Aquela Escola é um reduto de bruxos da Trevas, ou idiotas como o... – ele parou vendo a cara de Hermione.

- Ron! – ela exclamou.

- Desculpe, saiu sem querer. Mas o fato é que é estranho ela ter escolhido essa professora.

- Eu concordo com o Ron. – disse Harry.

- Bem, parece que ela chegou a estudar 2 anos em Hogwarts. Na época, a família dela estava na Inglaterra. De qualquer forma só posso contar mais depois. Ainda não tive aula com ela. O 6º ano vai ter 2 tempos de DCAT amanhã.

- Gi, mudando de assunto: precisamos que você vá até a sala de Dumbledore. – disse Harry.

E ele contou a historia de Regulus e o verdadeiro medalhão.

- Harry, eu posso ir lá hoje a noite. Vou falar com McGonagall, depois eu falo com vocês. Agora deixa eu ir, porque vou ter aula de Herbologia agora. Beijos! - e a imagem sumiu.

- Vamos aguardar então. – disse ele.

Harry e Rony permaneceram no quarto de Regulus até a hora do almoço e Hermione deu uma passada no Beco Diagonal para comprar mantimentos para a casa. Quando chegou, ela preparou algo para comerem e depois eles voltaram ao quarto de Regulus. A quantidade de livros era tão grande que eles ficaram procurando algo que os ajudasse com a destruição do medalhão.

- Gente, nós não vamos descobrir isso aqui. Vocês acham que o tal Regulus já não tentou tudo antes de bater as botas? – disse Rony se jogando em uma cadeira.

- Ron, Regulus não é Hermione, esqueceu? – Harry brincou.

A menina estava tão concentrada em um dos livros que pareceu nem ouvir o comentário do amigo. Harry não ligou e se dirigiu à outra prateleira. Quando puxou um dos livros, fez-se um barulho de algo se arrastando. Os três olharam surpresos quando a prateleira se dividiu em duas e se abriu, revelando um cubículo escuro.

- Merlin! Se a gente ficar fuçando mais, de repente a gente acha até uma passagem secreta para Hogwarts. – disse Rony pegando sua varinha e se aproximando do cubículo com os amigos.

- Lumus – disse Harry e sua varinha iluminou o local.

- Parece um armário de vassouras. – disse Hermione.

- Mas é mais que isso. Veja! – disse Harry, que ía mais a frente e chegou de lado para que os amigos vissem.

- Isso parece uma... – começou Rony.

- Penseira! – completou Hermione.

- Me ajudem a levá-la para o quarto. – disse Harry.

Os três arrastaram a penseira até o quarto e ficaram olhando-a meio abobados. Após um tempinho, Rony disse:

- A gente vai ficar só olhando para ela que nem idiotas, ou vamos entrar aí e ver o que tem?

- Harry? – a amiga o chamou como que para acordá-lo.

- Sim! Vamos ver o que há aí.

Harry encostou a varinha no líquido, que começou a girar freneticamente. Eles se aproximaram e foram sugados para dentro. Caíram em um jardim. Levantaram-se e olharam em volta.

- Esse é o Jardim de Hogwarts! – disse Hermione.

- Vejam, aquele deve ser o Regulus! – apontou Rony para um rapaz de uns 15 anos.

- É ele mesmo. Está igualzinho ao que vi na fotografia. – confirmou Harry.

Regulus estava acompanhado de uma garota. Ela tinha cabelos escuros. Não deu para ver mais porque ela estava de costas. Eles se aproximaram para ouvir o que diziam.

- Regulus, infelizmente não tem jeito. Vou ter que sair da Escola. – a garota tinha a voz embargada. Devia estar chorando

- Mas Nancy, seus pais deveriam deixar pelo menos você terminar o curso.

- Eu já implorei. Não tem mais jeito. – ela enxugou uma lágrima – Vou sentir saudades.

- Eu também! Muitas! – e deu um beijo nela.

Os garotos viram quando se levantaram para voltar ao castelo. Quando os dois se viraram, Harry exclamou:

- Por Merlin!

- O que foi, Harry? – disseram Rony e Hermione ao mesmo tempo.

- Essa Nancy! Ela..., ela...

- Fala, cara!

- Essa menina é a Violet! – ele disse.

- Quem é Violet, Harry? – perguntou Hermione.

- Ela é a mesma menina que estava com meu primo, no dia em que ele e meus tios morreram!

- A trouxa? – espantou-se Rony.

- Claro que não era trouxa, Ron! – disse Hermione e depois virou-se para Harry – Mas como, Harry? Essa lembrança deve ter uns 18 anos!

- Não sei como, mas é ela mesma. Tenho certeza! – ele depois disse – Vamos voltar!

Eles então retornaram ao quarto.

- Como pode ser isso? – Harry falava inquieto, andando de um lado para outro do quarto – Ela era namorada de Regulus e depois namorada do meu primo?

- Você não está se confundindo, Harry? – perguntou o ruivo.

- Já disse, cara! Tenho certeza! É a mesma menina!

- Isso é quase impossível, Harry! – exclamou Hermione.

- Quase? O que você quer dizer com “quase”?

- Bem, a não ser que ela seja uma bruxa metamorfomoga temporal.

- Temporal? Como assim?

- Bruxas metamorfomogas são muito raras. Tonks é uma delas. Mas bruxas metamorfomogas temporais são mais raras ainda.

- Fala inglês, Hermione! – pediu Rony.

- Elas não têm a capacidade de se transformar em outra pessoa, como Tonks tem. Elas só podem se transformar em si mesmas, dentro do seu período de vida.

Harry e Rony piscaram aturdidos para ela.

- Olha, uma bruxa dessas pode transformar sua aparência para mais nova ou mais velha, dependendo do que ela desejar. Por exemplo, no caso dessa Nancy ou Violet aí. Bem, se a idade dela, na lembrança que vimos, era real, hoje ela deve ter uns 33, 34 anos. Para enganar seu primo, ela pode ter voltado à aparência que tinha quando era adolescente. Entenderam? Se for da vontade dela, ela pode mudar a aparência para que ela tenha 80 anos.

- Mas afinal, quem era essa garota? Parece que os pais queriam que ela saísse da Escola. Regulus era mais novo que Sirius, mas não sei quantos anos. Vai ver, naquela época, Voldemort estava forte ainda e a família dela tinha medo. – disse Harry.

- Mas ela acabou trabalhando para ele. Não foi ela quem matou seus parentes? – disse Rony.

- Não existem provas, mas eu tenho que certeza que sim.

- E o que vamos fazer?

- Essa é uma informação para ficar guardada. A princípio não temos como fazer nada a respeito, apenas aguardar para ver se essa Nancy ou Violet dá as caras de novo. – disse Harry – Temos que nos concentrar em destruir o medalhão e procurar os outros horcruxes. – ele encarou os amigos – É melhor aguardarmos a visita de Gina à sala de Dumbledore.

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