O recomeço




Dois anos atrás, Harry derrotou Lord Voldemort, considerado o maior bruxo das trevas de todos os tempos. Como ele fizera isso, era um mistério, uma vez que logo após derrotar Voldemort, Harry ficou inconsciente e só acordou um ano e meio depois, sem se lembrar de praticamente nada do que acontecera na noite em que a profecia que falava sobre ele e Voldemort finalmente se cumprira.
O fato é que o corpo de Voldemort fora encontrado sem vida, caído alguns metros do corpo de Harry, inconsciente, mas ainda com o coração batendo. O corpo de Voldemort fora cremado e suas cinzas, enterradas sob uma cela em Azkaban. Cela que a partir de então não pode mais ser utilizada para aprisionar nenhum outro bruxo.
Tal medida talvez possa parecer exagerada, mas muitas pessoas só se sentiram seguras mesmo após tudo isso ter sido feito. 2 anos depois, tudo parece tranqüilo e as principais notícias no Profeta Diário tendem a ser notícias felizes, sendo que uma sessão inteira no jornal era dedicada ao quadribol, e a outros poucos esportes mágicos praticados na Inglaterra, como o Trancabola e o xadrez de bruxo.
A principal notícia na sessão de esportes, no entanto, não era nada atrativa para Harry Potter. Ele, que ainda era conhecido como “O menino que sobreviveu”, “O Eleito” e mais recentemente “O menino que derrotou Você-Sabe-Quem”, apesar de já ser um adulto, ainda era conhecido como apenas um menino. Mas as últimas matérias sobre Harry Potter não lhe davam elogios ou congratulações por ter derrotado Voldemort, mas como o apanhador que fracassara tão rapidamente na partida entre o Puddlemere United e o Montrose Magpies. Sem o seu apanhador, o União fora massacrado por 220 a 30. Uma partida que durara pouco mais que meia hora.
Olívio, que se tornara o novo capitão do time do União na última temporada, e Gina, que era artilheira reserva do União agora, foram bastante compreensivos com Harry e o apoiaram naquele momento difícil. O restante do time achava que Olívio se equivocara ao trazer um apanhador sem muita experiência no jogo e colocá-lo de titular logo de cara. Poderia ter sido reserva como a Gina. Olívio, no entanto, fora firme em sua decisão de mantê-lo como titular.
No segundo dia após o jogo eles já tinham que estar treinando mais uma vez para a partida contra o Kenmare Kestrels no sábados seguinte.
- Tivemos sorte que o Magpies não decidiu tentar prolongar um pouco a partida. – disse Olívio em seu monólogo tradicional naquele treino de segunda - Saímos com 190 pontos negativos na nossa primeira partida do ano, mas podemos recuperar isso. Vai ser difícil conseguir muitos pontos sobre o Kenmare Kestrels sábado que vem. Eles têm uma excelente marcação e um excelente ataque também, portanto Harry, deposito mais uma vez a minha confiança em você. Precisamos que você capture aquele pomo de ouro ou estaremos fritos.
Harry não disse nada, apenas fez que sim com a cabeça. O restante do time, no entanto, não pareceu muito confiante. Para eles, Olívio devia colocar Harry de banco.
- Não me entenda mal Potter. – disse Frederico Olsen, antigo artilheiro da Corvinal. Ele se formara no ano em que Grifinória fora campeã quando Harry cursava seu terceiro ano em Hogwarts. – Eu vi você jogando em Hogwarts. Você não era nada mal, mas ainda não tem experiência no quadribol profissional. Quero dizer, praticamente todo mundo que joga quadribol profissional fica um ano, as vezes mais, como reserva e só depois disso consegue uma vaga de titular. E você já começou jogando. Isso é bastante incomum.
De fato, essa era a idéia geral dos críticos de quadribol. Para eles, a culpa não era inteiramente de Harry, mas em maior parte de Olívio, que colocara o jovem para jogar logo no início de sua carreira, sendo que eles tinham o Afonso Cricket, que era titular no Chudley Cannons, mas aceitou disputar a vaga de titular com Harry no União para quem sabe conseguir finalmente ficar famoso.
Afonso era um bom apanhador. Seu número de capturas era bom levando em consideração a péssima proteção que recebia dos rebatedores do Chudley Cannons. No ano passado, ficara satisfeito com a reserva no União, já que Sean Bettis era o titular do time, um apanhador renomado, que defendera a seleção da Inglaterra em várias partidas internacionais. Mas com a sua aposentadoria, Afonso tivera esperanças de pegar o seu lugar de titular, mas não fora assim que as coisas aconteceram. Olívio contratara Harry Potter, um novato no quadribol profissional, o que só aumentara as esperanças de Afonso. Mas, ao invés de deixar o jovem no banco, como seria de costume, colocou-o para jogar logo na estréia do campeonato e insistia em mantê-lo assim.
Não que Afonso viesse jogando bem melhor que Harry nos treinos. Na pré-temporada, Harry jogara muito bem e disputara pau a pau a vaga de titular com Afonso, portanto, nessas ocasiões, o capitão do time tende a deixar o jogador mais experiente de titular, mas não Olívio.
Quando ele anunciou que mesmo após o vexame de Harry na estréia do União no campeonato, ele permaneceria com seus planos inicias de deixá-lo de titular, não só os críticos de quadribol, mas até os poucos entendidos no assunto acharam um absurdo.
O ano passado marcara a estréia de Olívo como capitão. Também bastante novo para a posição, muitos acharam estranho tal decisão do presidente do Puddlemere United, mas após a brilhante temporada no ano passado, não ganhando o campeonato por pouco e tendo terminado em segundo lugar, Olívio adquirira uma tremenda confiança com os torcedores do União e principalmente com o presidente do clube. Confiança essa, que tinha caído um pouco quando ele anunciara que Harry seria titular no final da pré-temporada daquele ano, mas, Olívio era um capitão bastante revolucionário. Muitas de suas idéias no ano passado foram estranhas, mas deram certo, por isso, muitas pessoas estavam confiantes de que Harry iria se sair bem na primeira partida, mas ele ter anunciado que deixaria Harry de titular mesmo após aquela terrível estréia contra o Montrose Magpies era ridículo!
O próprio presidente do União foi tirar satisfações com Olívio e saber por que ele manteria Harry de titular. A resposta de Olívio fora firme e direta.
- Não colocarei Potter no banco, presidente. – disse ele – Sei que ele tem um grande potencial, só que ele ainda não se recuperou muito bem do duelo que teve com Você-Sabe-Quem e suas habilidades estão um pouco enferrujadas e adormecidas pelo longo tempo em que ele não jogava quadribol, mas espere e o senhor verá este jovem se tornando um dos melhores apanhadores da liga.
- Não estou dizendo que Potter não sabe jogar ou que não tem boas habilidades. – disse o presidente do Puddlemere United - Se você me diz que ele é bom eu confio em você, mas por que não esperar até que suas habilidades despertem com ele de reserva? Deixe o garoto treinar um pouco mais contra o time titular pra ele pegar o jeito. A liga britânica não é como a pequena liga de Hogwarts, Olívio. Não é sensato mantê-lo de titular sem experiência na liga profissional.
- Pelo contrário, presidente. – respondeu Olívio. – Tudo que Potter precisa é da emoção de uma partida de verdade para que suas habilidades se liberem e ele possa se tornar o apanhador que eu sei que ele pode ser, e não de uma semana de treinamento rigoroso. Acredite em mim quando digo que Potter pode se tornar um substituto a altura para o nosso velho Sean.
Na sexta-feira antes da partida contra o Kenmare Kestrels, os jogadores do União só treinavam pela manhã e tiravam a tarde de folga para não se cansarem para a partida no dia seguinte. Harry aproveitara aquela tarde para ir visitar os Weasley. Ele desaparatara da casa que ele comprara com o dinheiro que conseguira vendendo a velha mansão dos Black( mesmo ainda tendo uma boa quantidade de dinheiro das heranças de seus pais e de Sirius ) e aparatara nos jardins da velha Toca, onde vivia a família pela qual ele tinha mais carinho no mundo.
Ele batera na porta da casa dos Weasley e lá de dentro a sra. Weasley perguntou:
- Quem é?
- Sou eu, Harry! – respondeu ele.
- Ora Harry, francamente. – disse a sra. Weasley, ao abrir a porta da frente para o jovem. – Já não lhe disse que não precisa de tanta cortesia quando vier nos visitar? Você é da família, pode muito bem ir entrando sem se anunciar.
Harry apenas riu ao comentário da sra. Weasley, mas logo após o longo abraço que ela lhe dera, ele perguntou:
- Rony ainda está no ministério?
- Sim... Esse treinamento que está fazendo para se tornar um auror é muito rigoroso e cansativo. Fico feliz em ver que ele está se esforçando e estudando bastante.
- E a Gina?
- Ah sim... Foi ela a propósito que disse que você talvez viesse aqui hoje. Ela foi fazer algumas compras para mim, mas já deve estar voltando.
Harry imaginou que a sra. Weasley estava se sentindo bastante solitária ultimamente. Estivera sempre acostumada em ver a casa cheia, já que teve 7 filhos. Mas agora, Rony e Gina eram os únicos que viviam com ela, sendo que os dois quase não paravam em casa. Rony estava treinando muito para se tornar um auror e Gina treinava todo dia com o time do União. Mas afinal, ela sempre ficava um pouco solitária quando os filhos iam para Hogwarts estudar.
Gina, por sua vez, estava satisfeita. Adorava jogar quadribol e podia ver Harry o dia todo. Na verdade, era ela talvez a grande responsável por Harry ter se recuperado da luta contra Voldemort. Ela o visitava praticamente todos os dias, e os médicos no St. Brutos começaram a perceber que Harry sempre parecia um pouco melhor após as visitas da garota. Até que um dia, durante uma dessas visitas de Gina, Harry finalmente acordara, quando a maioria dos médicos no hospital diziam que ele talvez jamais acordasse.
Hermione, que estava trabalhando no St. Brutos agora, fora uma das poucas que acreditara que Harry podia sim se recuperar. Ela trabalhara duro para descobrir que feitiço Voldemort usara para deixar Harry naquele estado. Ninguém sabia ao certo o que o atingira. Muitos acreditavam que Voldemort havia o atingido com o Avada Kedavra, mas que Harry conseguira se proteger parcialmente de alguma forma, como acontecera com ele quando ele tinha apenas um ano de idade. Hermione no entanto, descobriu que não fora nenhum feitiço utilizado por Voldemort, mas sim pelo próprio Harry. O fato é que, depois de tanto dano feito em sua própria alma ao criar tantos horcruxes, o pedaço de alma que sobrou no corpo de Voldemort se tornara tão inútil quando Harry destruiu os seus horcruxes, que mesmo que fisicamente ele estivesse bem, sua alma era tão insignificante que não podia mais ser destruída com feitiços como o Avada Kedavra.
A teoria de Hermione envolvia um feitiço que Dumbledore inventara em 1945 para derrotar Grindewald. O Avada Kedavra usava o ódio que o bruxo tinha em seu coração para assassinar uma pessoa. Já o feitiço que Dumbledore inventara usava do sentimento mais puro que um ser humano pode sentir: o amor. Hermione ganhara a vaga de Chefe dos Residentes graças a essa descoberta.
Infelizmente, o cansaço sofrido pelo corpo de Harry ao conjurar a bola de energia proporcional ao amor que ele sentia por Gina Weasley deixou-o tão exausto que tudo que os médicos no St. Brutos puderam fazer foi enchê-lo de feitiços que livravam-no de dores, apesar de não saberem se ele realmente estava sentindo dores, já que aquele era um caso único no mundo.
Talvez fosse pelo dano destrutivo ao próprio corpo do bruxo que Dumbledore jamais registrara oficialmente aquele feitiço no Ministério da Magia. Por que Dumbledore também não sofrera dos mesmos efeitos colaterais que Harry era mais um mistério (ou será que ele, de fato, sofrera?). Ou ainda, como Harry aprendera o feitiço? Tais perguntas só mesmo o próprio Harry poderia responder.
Mas naquela tarde de sexta, Harry não se preocupava com isso e ficou feliz em constatar que a sra. Weasley também só era sorrisos. Ela não mencionara as críticas que ele tem recebido pela partida de estréia contra o Magpies, nem parecia preocupada com isso. Ela deixara Harry sozinho na sala, ouvindo a rádio dos bruxos, e fora para a cozinha preparar um lanche para ele.
Gina chegara logo em seguida, trazendo um monte de sacolas de compras do Beco Diagonal para a sua mãe.
- Harry! – exclamara ao vê-lo. Deixou as sacolas caídas no chão e fora dar um beijo no namorado. Os dois reataram o namoro assim que ele acordou no hospital St. Mungos.
Eles passaram a tarde toda comendo sanduíches de carne que a sra. Weasley fizera, conversando e escutando música. Harry e Gina jogaram algumas partidas de xadrez de bruxo e no finzinho da tarde foram desgnomizar o jardim da Toca para a sra. Weasley. Infelizmente, enquanto jogavam os gnomos para além da cerca, Harry e Gina acabaram iniciando aquela triste conversa sobre o quadribol.
- Você não deve se deixar abalar por essa má fase Harry. – disse Gina, e arremessou um Gnomo por cima da cerca dos jardins – Quero dizer, você foi um dos melhores apanhadores que Hogwarts já viu, você vai se dar bem no quadribol profissional, só precisa pegar o jeito.
- Nem sempre é assim que as coisas acontecem Gina. Muitos grandes jogadores em Hogwarts quando tentam entrar no quadribol profissional não conseguem se adaptar. Talvez eu devesse aceitar aquela proposta do Quim e fazer o mesmo treinamento que o Rony está fazendo para se tornar um auror.
- De jeito nenhum Harry! Você já salvou o mundo vezes de mais para se tornar um auror. O ministério pode se virar sem você agora que Você-Sabe-Quem está morto.
- O que eu não entendo é por que Olívio insiste em me manter de titular. Eu ficaria bastante satisfeito com a posição de reserva por uns tempos. Sabe, ficar só treinando com o time para pegar o jeito, como você e o resto dos novatos na liga britânica. Por que ele quer tanto que eu jogue de titular, mesmo depois do meu vexame contra o Magpies?
- Porque você é melhor que o Afonso, Harry. Ele sabe disso. Eu sei disso. Você só precisa do incentivo certo para voltar a ser o grande apanhador que você era em Hogwarts.
- Ah é... grande incentivo que eu tenho recebido da torcida e do pessoal do Profeta Diário, né?

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