Expressão vertical do desejo h
Capítulo XII
I’m standing in the shadows
With the words struck in my throat
A música suave, lenta e tediosa tomava conta dos ouvidos de todos os (poucos) bruxos que se reuniam na grande mansão Malfoy. Em outros tempos, Bella sabia, haveria uma disputa a tapas por convites para uma festa daquelas. Agora, no entanto, mais ou menos quarenta ou cinqüenta bruxos – a grande maioria Comensais da Morte que não estavam encarcerados e suas respectivas famílias – espalhavam-se pelo amplo salão de dança cujo piso de madeira clara refletia as chamas das poucas tochas que iluminavam o local e dava um aspecto sombrio e surreal ao cenário.
Bellatrix não estava bem certa de se gostaria mesmo de estar ali. Certamente havia muito tempo, muitos anos na verdade, que não comparecia a uma festa por menor que fosse, mas todo aquele clima de forçada cordialidade a enojava. Era bastante claro que ninguém estava ali porque queria.
Observava Narcisa, entretida em dar ordens aos elfos domésticos. A irmã parecia ter nascido para aquilo; uma verdadeira senhora de família. Ou talvez ela estivesse apenas buscando um meio de fingir que a prisão de Lúcio não fora um sério revés na sua vida e na de Draco. Mas Narcisa não era realmente uma boa atriz. Mais de uma vez a vira cobrir o rosto pálido com as mãos e apertar os olhos como se esperasse acordar de um pesadelo. Em seguida, ela enxugava as lágrimas que porventura houvessem escapado de seus olhos e dava um falso sorriso que dizia claramente: “Estou bem, não se preocupe, é apenas uma crise passageira...”, e seguia dando ordens a seus empregados.
“Você está bonita, Bella. Roxo é definitivamente sua cor.” – Disse Narcisa, aproximando-se.– “Gostaria de saber onde comprou essas vestes.”
“Ganhei” – respondeu simplesmente, e ante ao olhar questionador da irmã, completou: - “Do Lorde das Trevas”.
“E esses daí?” – Narcisa apontou para o belo par de brincos de esmeralda que adornava suas orelhas. – “Também foram o Lorde das Trevas?”
“Não; esses foram o Rodolfo”.
Narcisa calou-se, pensativa, observando alguns casais rodopiarem ao som da valsa lenta e triste.
“Você é uma mulher de sorte, Bella”
“Você acha mesmo?” – surpreendeu-se Bella.
“Sim. Você tem um marido que te ama e aposto como o Lorde das Trevas faria qualquer coisa que você pedisse...”
“Olha, se você está pensando em pedir para que Draco...”
“Não estou falando disso. Eu quero dizer... Bem, não são muitas que caem nas graças do Lorde das Trevas dessa maneira... É estranho pensar que você não está tirando proveito da situação, quando qualquer mulher em seu lugar...”
“Que está sugerindo?” – perguntou Bella rispidamente
“Nada” – respondeu Narcisa encolhendo os ombros. – “Devo ir agora, antes que Mobby derrame mais Cerveja Amanteigada naquela toalha de mesa francesa...”
Bella observou a irmã se afastar em direção à mesa para brigar com um de seus elfos. Não sabia direito o que pensar... Havia razão nas palavras de Narcisa, sabia. Por outro lado... Como podia esperar tirar proveito de uma situação se nem ao menos sabia em que tipo de situação estava metida?
Ela levantou-se e caminhou até a mesa de bebidas. Encheu um copo de vinho, e mal o levara à boca, quando viu Rodolfo se aproximar.
“Vamos dançar?” – ele disse, e sem esperar pela resposta, puxou seu braço e a levou para a pista.
Bellatrix adorava dançar, e modéstia à parte, era algo que ela sabia fazer bem – ou pelo menos, lembrava-se vagamente de sabê-lo - mas isso não quando seu par mal sabia a diferença entre o piso e seu próprio pé. Rodolfo a segurava com firmeza, conduzindo-a e praticamente obrigando-a a seguir seus passos descompassados. Rodopiou meia dúzia de vezes; porém, no último de uma série de giros particularmente ridículos, seu salto não resistiu e quebrou. Bella xingou baixinho, empurrando Rodolfo para longe.
“Me deixe em paz!” – exclamou revoltada, e saiu mancando em direção ao banheiro.
Irritada, arrancou o outro sapato do pé e caminhou descalça até o corredor que levava ao cômodo.
De repente, quando andava pelo corredor mais escuro da ala leste da mansão, observada pelo retrato de uma mulher muito gorda e seus três filhos pequenos, sentiu a vista escurecer e um par de mãos puxa-la para trás da tapeçaria.
“Quem...?” – ela resmungou, enquanto debatia-se para se soltar do abraço.
“Shhhh!” – ordenou uma voz que Bella reconheceu imediatamente e respondeu com um sorriso.
“Eu falei que detestava festas” – ele disse num sussurro, tomando sua boca na dele. – “Mas elas podem se tornar interessante quando feitas a dois...”
“Hmmm...” – Ela respondeu com uma exclamação sugestiva e aproximou-se ainda mais. – “Atacando donzelas indefesas...”
“Você está longe de ser uma donzela... E indefesa, só nas minhas mãos...”
O que, Bella pode constatar, era a mais pura verdade. Voldemort correu as mãos pelo seu corpo, procurando o fecho das vestes.
“Elas se ajustam magicamente ao corpo...” – sussurrou.
Um segundo depois, Bella ouviu o som de pano rasgado e suas próprias vestes serem arrancadas violentamente de seu corpo. Um outro segundo após, achava-se espremida entre a parede de pedra fria e o corpo dele. Foi sua vez de correr as mãos em busca da maneira mais rápida de livra-lo da roupa, embora acabasse se decidindo por rasga-las também, na ânsia de quebrar a única barreira que os separava...
“Tem crianças aqui, por Merlin!” – guinchou a mulher gorda, tapando a vista de seus três filhos.
Voldemort apontou a varinha para o quadro e simplesmente fechou as cortinas que o emolduravam, ante um novo guincho da mulher.
“Podem nos achar aqui...” – falou Bella, embora àquela altura não fizesse muita diferença se alguém os achasse no estado em que se encontravam.
“Eu sou o Lorde das Trevas; posso fazer o que eu quiser, na hora que eu quiser, onde eu quiser...” – ele respondeu vagamente, afundando o rosto entre seus seios e apertando-a mais contra a parede.
As cortinas do quadro tornaram a se abrir.
“Pelas barbas de Merlin...! ” – exclamou a mulher, e no instante seguinte não restava mais sequer a moldura de seu quadro.
“Por que você está descalça?” – ele perguntou; o rosto vermelho como Bella jamais pensaria que pudesse ficar.
“Meu salto quebrou... Muito me surpreende que ele tenha resistido o tempo que resistiu, considerando que Rodolfo tem a delicadeza de um trasgo montanhês...”
“Talvez se você escolhesse o parceiro certo... Talvez se tivesse uma opção melhor...”
“Quê...?”
Bellatrix sequer completou a pergunta, e quando deu por si estava girando graciosamente em alta velocidade; seus passos conduzidos com delicada firmeza até se desequilibrar e cair diretamente nos braços dele.
“Eu não sabia que você dançava.” – Bella falou, rindo.
“Nem eu... Acho que não o faço desde a formatura...” – Voldemort respondeu; o rosto tomado de uma expressão totalmente nova. E foi apenas alguns minutos mais tarde que Bellatrix se deu conta de que ele estava rindo!.
“A dança é a expressão vertical do desejo horizontal...”
“Então acho que devíamos nos esforçar mais da próxima vez...” – ele respondeu e tornou a beijá-la.
Quando, então, subitamente, ambos sentiram uma rápida lufada de ar e uma exclamação aguda vinda de baixo, pouco acima do chão.
“Meu senhor Lorde das Trevas! E a Senhora Bellatrix! Mil perdões...” – guinchou o pequeno elfo doméstico horrorizado.
“Elfo idiota!” – Bella xingou.
“Mil desculpas, senhores... Mobby irá se castigar severamente...”
“Espero!” – bufou Bella, e saiu da tapeçaria no encalço da criaturinha. – “Desculpe, Mestre...!”
Voldemort não respondeu: já saíra sorrateiramente e desaparecera na curva ao fim do corredor
[...]
“Onde você esteve? Está toda amarrotada! E suas vestes estão rasgadas...” – Exclamou Narcisa, como se a falta de zelo da irmã com a própria aparência fosse um crime hediondo.
“Estive por aí... Tomando um ar...” – respondeu vagamente, enquanto servia-se do ponche.
“Tomando um ar? Entendo...” – falou Narcisa, fitando os rasgos mal-concertados das vestes roxas. – “Tome mais cuidado com os espinhos da próxima vez.”
Quando Bella voltou o olhar para a irmã, deu de frente com um olhar frio e calculista como jamais a vira sustentar. Dando de ombros, virou-se para sair. Ao fazer isso, seu próprio olhar cruzou com o do homem alto e imponente que acabara de entrar pouco após Bella, e os olhos castanhos se estreitaram maliciosamente. Todo o salão voltou a atenção para os dois.
“Boa-noite, Bellatrix” – Voldemort a cumprimentou, curvando os lábios num sorriso irônico – “Faz tempo que não a vejo”.
“Boa-noite, milorde. Muito tempo mesmo.” – respondeu também sorrindo. – “Espero que a festa esteja do seu agrado...”
“Oh sim, minha cara. Está, e como.” – disse, e seus olhos se estreitaram ainda mais. – “Suponho que você esteja acompanhada de Rodolfo?”
“Deveria, milorde, mas ele desapareceu... Acho que voltou para casa depois do pequeno acidente.”
“Então acho que você não se importará em me acompanhar num pequeno passeio pela propriedade?” – disse, fazendo um gesto quase imperceptível com a cabeça em direção à saída.
“Certamente que não...” – respondeu muito formalmente, e acompanhou os passos rápidos de seu Mestre até o jardim.
“Narcisa precisa de elfos domésticos menos intrometidos.” – Voldemort disse ao chegarem no grande jardim da Mansão Malfoy, de onde ainda era possível ver e ouvir os sons da festa que se desenrolava lá dentro. – “Um inferno, essa festa.” – acrescentou, dirigindo um gesto vago à casa.
Eles caminharam em silêncio, toda a extensão do gigantesco gramado cujos grandes arbustos por podar eram enfeitados por brilhantes fadinhas vivas e gnomos de jardim corriam a persegui-las.
“Amanhã as pessoas estarão falando todo tipo de coisas a respeito desse nosso pequeno passeio...” – Bella disse, por fim, quando sentiu uma necessidade urgente de quebrar o silêncio incômodo que envolvia os dois.
“Bem, todo boato tem seu fundo de verdade...” – ele respondeu, parando de repente. – “Minha casa ou sua?”
“Sua” – ela disse, e ambos desaparataram no mesmo instante.
[...]
“Por que resolveu me aceitar agora?” – Bella perguntou, encarando o teto fixamente, como se esperasse ver alguma coisa interessante nele.
Eles estavam deitados na grande cama da suíte da Mansão Riddle, e Voldemort encarava o teto da mesma maneira que Bella. Ele pareceu pensar por um longo momento até responder:
“Preciso me divertir às vezes...”
“Só por isso?”
Ele pensou novamente, dessa vez por um período menor.
“Estive treze anos sem corpo. A sensação não é agradável...”
Bella parou, tentando imaginar por um momento qual seria a sensação.
“Nem tente.” – ele avisou, e Bella desistiu imediatamente.
“E por que me rejeitou tantas vezes?”
Dessa vez ele demorou quase um minuto para responder.
“Acho que estava um pouco apavorado”. - E completou – “Sem mais perguntas, Bella.”
Bella fechou os olhos e tentou imaginar novamente a sensação de simplesmente não ter corpo. Surpreendeu-se ao não ser repreendida. Forçou os músculos a relaxarem completamente; esvaziou a mente, ignorando qualquer estímulo externo, embora seu ombro esquerdo teimasse em coçar irritantemente... Lentamente, os pensamentos foram virando nada além de fiapos de consciência, até que, por fim, nada havia em sua mente que não fosse o abismo escuro do vácuo mental; o corpo totalmente dormente... E nesse momento, Bella abriu os olhos, horrorizada.
“É... horrível!” – disse, por fim, virando-se para encara-lo. Topou com os olhos castanhos, apertados numa expressão tão intensa que Bella mal pôde suportar olhar. – “Desculpe, Mestre; eu falhei... Deveria ter ido lhe procurar, mas eu nunca, nunca fiz idéia... Eu não sabia...” – Seus olhos encheram-se de lágrimas que ela forçou-se a não derramar, mas não pôde conter a expressão de pura angústia que sabia estar impressa em seu rosto.
“Tudo bem.” – Voldemort respondeu rispidamente – “Eu já disse que a perdoava. Agora, os outros...”
“São uns traidores; não merecem nada, nem respirar o ar que o senhor respira...” – Bella soluçou.
“Você entende, não é?”
“Entendo, meu senhor, entendo...” – ela respondeu aflita, e ergueu uma mão para afastar uma mecha do cabelo castanho que tapava parte do rosto dele, no que teve a mão repelida.
Aproximou os lábios para beijar-lhe a testa, mas Voldemort ergueu a cabeça de modo que os lábios vieram beijar sua boca.
Ele desceu com os beijos desde os lábios até os seios, parando para concentrar-se neles, até que Bella não mais conseguiu reprimir um gemido. Levantou o rosto, encontrando um sorriso brincando nos lábios dela, e encarando-o como incentivo, continuou a descer por toda a extensão da barriga, detendo-se no umbigo; brincando de fazer voltar com a língua ao redor do umbigo, continuou descendo, até atingir um ponto em que Bella, concentrada que estava em observa-lo (e dar glórias a si mesma por estar no lugar em que estava), simplesmente sentiu que era a hora de mandar o resto do mundo para o inferno, e seus lábios formaram mais dos gemidos e suspiros sugestivos que pareciam incitá-lo a continuar... E quando Bella definitivamente havia mandado não só o mundo, mas tudo que houvesse acima e abaixo dele para o inferno, ou algo equivalente; quando sentiu que poderia explodir a qualquer momento se ele não a tomasse ali e agora, sentiu o foco das atenções dele mudar: os lábios desciam por suas pernas, pela parte interna das coxas até quase o tornozelo, quando ele tornava a subir até o vértice de suas pernas e, por fim, parava. Confusa, Bella o procurou na escuridão de seus olhos fechados: não se atrevia a abri-los, temendo acordar de um sonho; mas quem o achou não foram seus olhos, mas seus outros sentidos – e ela os abençoou naquele momento; ouvindo a própria respiração ligeira e ofegante, o cheiro inebriante de pimenta e uísque de fogo tão próprio dele, o gosto de seus beijos, e por fim, o contato da pele contra a pele quando ele a penetrou: seus corpos se encaixavam com tal perfeição que Bella se perguntava se seriam metades de um mesmo ser jogadas em formas opostas e lançadas ao sabor dos ventos que regiam a ordem do Universo.
Por fim ele se deu por satisfeito – não antes que Bella o fizesse duas vezes – e caiu para o lado, sonolento e cansado, porém ainda acordado o suficiente para ouvir Bella dizer:
“Eu realizei o sonho de metade do mundo mágico...”
“Eu diria dois terços...” – respondeu Voldemort e fechou os olhos.
Bella ergueu a mão e afagou seu rosto, e dessa vez, não teve a mão afastada, mas Voldemort a tomou e, passando os dedos pelas linhas da palma da mão como se lesse algo, disse:
“Você tem uma Linha da Vida muito curta...”.
“E uma da sorte bastante grande...” – ela disse, analisando a própria mão direita, mas ele já caíra no sono.
//*//*//*//*//*//*//*//*//*//*//*//*//*//*//*//*//*//*//*//*//*//*//*//*//*//*//*//*//*//*//*//*//*//*//*//*//*
*Abrindo as garrafas de champanhe*
Finalmente eu consegui! Aleluia, eles foram pro vamo ver de verdade! Superei minha limitação literária \o/ *chora de emoção*...
Agora isso pode ser classificado como NC-17, certo?
OK, nada a comentar sobre esse capítulo. Mas que eu mereço parabéns, mereço hehe =PP
Acho que esse capítulo também pode ser classificado como “enxeção de lingüiça”, apesar das ceninhas pervas e tudo o mais. A verdade é que pelo menos os próximos cinco ou seis capítulos serão mais lingüiça, mas se vocês quiserem (só se vocês quiserem) eu apronto mais NC-17... Assim pelo menos fica sendo uma lingüiça Sadia de 1a (esse negócio de lingüiça já ta pegando mal, hein? =P)... Mas eu também estou preparando coisas grandes e boas para os capítulos mais para frente, mas é que as coisas têm de acontecer no momento certo!!
Ah e antes que eu esqueça: A frase homônima ao título é do ótimo filme "Shall we dance"...
Love you,
Lillith ;D
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